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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

DÚVIDAS SOBRE LOJA DE MESA

DÚVIDAS SOBRE LOJA DE MESA
(republicação)

Em 03.04.2014 o Respeitável Irmão Daniel Massaroni, membro da Loja Conciliação e Justiça, REAA, GOSP – GOB, Oriente de Presidente Prudente, Estado de São Paulo, solicita os seguintes esclarecimentos sobre Loja de Mesa:
j1daniel@terra.com.br

RITUAIS ESPECIAIS - Ritual de Banquete: Organizei recentemente uma Loja de Mesa e algumas dúvidas surgiram o que gostaria que o Irmão nos explicasse quanto ao correto e se possível a origem: 

1) Tudo foi organizado segundo preceitua o Ritual editado em 1999, aprovado pelo Decreto 0259 de 26/05/1999 - existe uma nova versão distribuída pelo GOB? 

2) Na página 60, as luzes são em número de 15, assim distribuídas: 7 luzes em frente ao Venerável Mestre; 5 luzes em frente ao 1º Vigilante e 3 luzes em frente ao 2º Vigilante. Um Irmão informou que como se trata de Ritualística do Grau de Aprendiz, o número correto de lâmpadas seriam no total de 3 (três) uma lâmpada em frente ao Venerável, uma em frente ao 1º Vigilante e a última em frente ao 2º Vigilante. Como não possuo argumentos para explicar o número de luzes, além da foto da referida página, estou recorrendo ao Irmão para o que puder me auxiliar. 

3) Finalmente, na Cadeia de União, organizei com os Irmãos como faríamos: segurando a faca com a mão esquerda e que nessa mão ficaria a ponta do guardanapo do Irmão logo a sua esquerda, assim como a mão direita pegaria a ponta do guardanapo do Irmão que estivesse logo a sua direita. Também fui procurado dizendo que deveríamos fazer a Cadeia de União como a que sempre fazemos em Loja. Cruzando os braços e depois pegando as pontas dos respectivos guardanapos. Não entendi desse último jeito, quando interpretei o que estava escrito na página 80 do Referido Ritual, até porque dificultaria muito a organização de todos que estavam na Mesa. Mas, como será assunto para a próxima reunião, gostaria de uma maior explicação do Irmão quanto ao que fazer corretamente e se alguma outra informação quanto ao Ritual de Banquete merece mais atenção quanto ao desenvolvimento ritualístico.

Considerações: 
Antes dos comentários aos tópicos solicitados, eu gostaria de salientar que esses Rituais Especiais do GOB não têm a minha colaboração, até porque isso me parece ser uma criação da Obediência e no meu modesto entender eles estão muito longe da realidade e da estrutura maçônica, o que deles faz uma miscelânea de procedimentos que na sua grande maioria estão equivocados. 

Assim, em estando os ditos legalmente aprovados eles merecem o seu cumprimento pelo motivo legal, todavia nesses pormenores eu não me atrevo a investir, justamente pelo fato de vislumbrar nos ditos uma imensa quantidade atos, ações e procedimentos que não condizem em nada que possa se associar a realidade histórica tanto na Maçonaria em geral quanto nos ritos e costumes em particular. Às questões propriamente ditas: 

1 – O que eu posso informar é que em 2.013 a Secretaria Geral está ainda com um modelo de Rituais Especiais, dentre os quais está um Ritual de Banquete. Nesse sentido o que me parece estar ainda em vigência é o sofrível, mas legal, de 1.999. Isso também não isenta o de 2.013 que é também um aparato de invenções e enxertos copiados de rituais ultrapassados. Como não fui consultado para nada nesse particular, o jeito é dizer amém. 

2 – Primeiro que essa imensa quantidade de Luzes não condiz com a tradicional Loja de Mesa (nome mais apropriado). Esses enxertos têm mais o compromisso de coincidir com o misticismo (sete braços – menoráh), assim como a soma dos números inerentes aos três Graus. É desse resultado (quinze) que “arrumaram, ajeitaram” a Lenda do 3º Grau com o número 15, que seria corretamente 12. Veja como as coisas se espalham sem explicação. O número de luzes acesas em uma Loja de Mesa é de apenas “três”, já que elas fazem parte da Maçonaria Moderna associadas ao Grau de Aprendiz, bem como das tradições dos Canteiros do passado (primeiro nas Guildas, posteriormente nas tabernas e casas de duelos) - geralmente os serviçais eram Aprendizes recém-admitidos. 

3 – A Cadeia de União em Loja de Mesa também não é unânime, embora tradicional em se tratando de Ritos na Maçonaria Moderna – alguns a utilizam, outros não. Então não é o caso de se generalizar. A mais comum nessa oportunidade é a dos participantes se darem as mãos normalmente (sem cruzar os braços), ou através das “bandeiras” guardanapos de pano, quando os protagonistas ligam-se uns aos outros segurados pelas respectivas pontas. Agora fazer unir os Obreiros pelos talheres é um belíssimo exemplar da mais pura invenção. Ainda outras considerações: 

1 – As Lojas de Mesa realizam-se tradicionalmente nos solstícios e em alguns costumes, também nos equinócios. 

2 – Não há como confundir Loja de Mesa com os tradicionais brindes oriundos dos (as) ágapes bastante tradicionais na Maçonaria inglesa. 

3 – Dentre tantos enxertos espalhados, o mais grave no meu modo de entender, são aqueles rituais que apregoam o absurdo de se ficar à Ordem sentado e ainda por cima compondo sinal penal, geralmente o de Aprendiz, com um talher ao pescoço, não raras vezes com a faca (alfanje) ou com o garfo (picareta). 

4 – Eu poderia enumerar muitos outros tópicos, todavia prefiro não comentar esses absurdos, até porque esse arrazoado se tornaria prolixo e enfadonho. 

5 – Pesquisas se fazem cheirando pó dos arquivos, montando com método acadêmico o mosaico histórico para elaboração da grade primária de documentação, o que geralmente leva um imenso período de tempo (anos e anos). 

Enganam-se aqueles que querem pegar a “coisa” pronta na imensa quantidade de escritos ritualísticos em rituais ultrapassados, rançosos, equivocados e revogados, assim como uma grande parte (não toda) de uma literatura que anda por aí espalhada. 

Finalizando, devo salientar que fiz alguns estudos nessa área e busquei condensar os costumes tradicionais dos antigos estatutos (partindo do Século XIV) e adaptei-os ao simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito (no Século XIX), os quais se tornariam um anteprojeto das Lojas de Mesa – uma Equinocial (primavera e outono) e outra Solsticial (João, o Batista e o Evangelista – verão e inverno), ambos elaborados para o Grande Oriente do Brasil – Paraná. 

Assim esses rituais não são oficiais, senão elementos de estudo e comparação, cujos quais eu estarei lhe enviando para o vosso conhecimento, pelo menos no modo aproximado de como deveria ser um ritual de Loja de Mesa. 

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.419 Florianópolis(SC) domingo, 3 de agosto de 2014.

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