DÚVIDAS SOBRE LOJA DE MESA
(republicação)
Em 03.04.2014 o Respeitável Irmão Daniel Massaroni, membro da Loja Conciliação e Justiça, REAA, GOSP – GOB, Oriente de Presidente Prudente, Estado de São Paulo, solicita os seguintes esclarecimentos sobre Loja de Mesa:
j1daniel@terra.com.br
RITUAIS ESPECIAIS - Ritual de Banquete: Organizei recentemente uma Loja de Mesa e algumas dúvidas surgiram o que gostaria que o Irmão nos explicasse quanto ao correto e se possível a origem:
1) Tudo foi organizado segundo preceitua o Ritual editado em 1999, aprovado pelo Decreto 0259 de 26/05/1999 - existe uma nova versão distribuída pelo GOB?
2) Na página 60, as luzes são em número de 15, assim distribuídas: 7 luzes em frente ao Venerável Mestre; 5 luzes em frente ao 1º Vigilante e 3 luzes em frente ao 2º Vigilante. Um Irmão informou que como se trata de Ritualística do Grau de Aprendiz, o número correto de lâmpadas seriam no total de 3 (três) uma lâmpada em frente ao Venerável, uma em frente ao 1º Vigilante e a última em frente ao 2º Vigilante. Como não possuo argumentos para explicar o número de luzes, além da foto da referida página, estou recorrendo ao Irmão para o que puder me auxiliar.
3) Finalmente, na Cadeia de União, organizei com os Irmãos como faríamos: segurando a faca com a mão esquerda e que nessa mão ficaria a ponta do guardanapo do Irmão logo a sua esquerda, assim como a mão direita pegaria a ponta do guardanapo do Irmão que estivesse logo a sua direita. Também fui procurado dizendo que deveríamos fazer a Cadeia de União como a que sempre fazemos em Loja. Cruzando os braços e depois pegando as pontas dos respectivos guardanapos. Não entendi desse último jeito, quando interpretei o que estava escrito na página 80 do Referido Ritual, até porque dificultaria muito a organização de todos que estavam na Mesa. Mas, como será assunto para a próxima reunião, gostaria de uma maior explicação do Irmão quanto ao que fazer corretamente e se alguma outra informação quanto ao Ritual de Banquete merece mais atenção quanto ao desenvolvimento ritualístico.
Antes dos comentários aos tópicos solicitados, eu gostaria de salientar que esses Rituais Especiais do GOB não têm a minha colaboração, até porque isso me parece ser uma criação da Obediência e no meu modesto entender eles estão muito longe da realidade e da estrutura maçônica, o que deles faz uma miscelânea de procedimentos que na sua grande maioria estão equivocados.
Assim, em estando os ditos legalmente aprovados eles merecem o seu cumprimento pelo motivo legal, todavia nesses pormenores eu não me atrevo a investir, justamente pelo fato de vislumbrar nos ditos uma imensa quantidade atos, ações e procedimentos que não condizem em nada que possa se associar a realidade histórica tanto na Maçonaria em geral quanto nos ritos e costumes em particular. Às questões propriamente ditas:
1 – O que eu posso informar é que em 2.013 a Secretaria Geral está ainda com um modelo de Rituais Especiais, dentre os quais está um Ritual de Banquete. Nesse sentido o que me parece estar ainda em vigência é o sofrível, mas legal, de 1.999. Isso também não isenta o de 2.013 que é também um aparato de invenções e enxertos copiados de rituais ultrapassados. Como não fui consultado para nada nesse particular, o jeito é dizer amém.
2 – Primeiro que essa imensa quantidade de Luzes não condiz com a tradicional Loja de Mesa (nome mais apropriado). Esses enxertos têm mais o compromisso de coincidir com o misticismo (sete braços – menoráh), assim como a soma dos números inerentes aos três Graus. É desse resultado (quinze) que “arrumaram, ajeitaram” a Lenda do 3º Grau com o número 15, que seria corretamente 12. Veja como as coisas se espalham sem explicação. O número de luzes acesas em uma Loja de Mesa é de apenas “três”, já que elas fazem parte da Maçonaria Moderna associadas ao Grau de Aprendiz, bem como das tradições dos Canteiros do passado (primeiro nas Guildas, posteriormente nas tabernas e casas de duelos) - geralmente os serviçais eram Aprendizes recém-admitidos.
3 – A Cadeia de União em Loja de Mesa também não é unânime, embora tradicional em se tratando de Ritos na Maçonaria Moderna – alguns a utilizam, outros não. Então não é o caso de se generalizar. A mais comum nessa oportunidade é a dos participantes se darem as mãos normalmente (sem cruzar os braços), ou através das “bandeiras” guardanapos de pano, quando os protagonistas ligam-se uns aos outros segurados pelas respectivas pontas. Agora fazer unir os Obreiros pelos talheres é um belíssimo exemplar da mais pura invenção. Ainda outras considerações:
1 – As Lojas de Mesa realizam-se tradicionalmente nos solstícios e em alguns costumes, também nos equinócios.
2 – Não há como confundir Loja de Mesa com os tradicionais brindes oriundos dos (as) ágapes bastante tradicionais na Maçonaria inglesa.
3 – Dentre tantos enxertos espalhados, o mais grave no meu modo de entender, são aqueles rituais que apregoam o absurdo de se ficar à Ordem sentado e ainda por cima compondo sinal penal, geralmente o de Aprendiz, com um talher ao pescoço, não raras vezes com a faca (alfanje) ou com o garfo (picareta).
4 – Eu poderia enumerar muitos outros tópicos, todavia prefiro não comentar esses absurdos, até porque esse arrazoado se tornaria prolixo e enfadonho.
5 – Pesquisas se fazem cheirando pó dos arquivos, montando com método acadêmico o mosaico histórico para elaboração da grade primária de documentação, o que geralmente leva um imenso período de tempo (anos e anos).
Enganam-se aqueles que querem pegar a “coisa” pronta na imensa quantidade de escritos ritualísticos em rituais ultrapassados, rançosos, equivocados e revogados, assim como uma grande parte (não toda) de uma literatura que anda por aí espalhada.
Finalizando, devo salientar que fiz alguns estudos nessa área e busquei condensar os costumes tradicionais dos antigos estatutos (partindo do Século XIV) e adaptei-os ao simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito (no Século XIX), os quais se tornariam um anteprojeto das Lojas de Mesa – uma Equinocial (primavera e outono) e outra Solsticial (João, o Batista e o Evangelista – verão e inverno), ambos elaborados para o Grande Oriente do Brasil – Paraná.
Assim esses rituais não são oficiais, senão elementos de estudo e comparação, cujos quais eu estarei lhe enviando para o vosso conhecimento, pelo menos no modo aproximado de como deveria ser um ritual de Loja de Mesa.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.419 Florianópolis(SC) domingo, 3 de agosto de 2014.
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