EM PÉ OU SENTADO

EM PÉ OU SENTADO

(republicação)

Em 15.04.2014 o Respeitável Irmão José Valdeci de Souza Martins, membro da Loja Ordem e Progresso, 25, REAA, GLEMS, Oriente de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, pede esclarecimento sobre falar em pé ou sentado no Oriente da Loja.

valdeci3pontocom@gmail.com

Meu Irmão sou membro de uma Loja das Grandes Loja de Mato Grosso do Sul. Tanto na minha Potência quanto nas outras duas que existem aqui em meu Estado, isto é: do GOB e da COMAB, têm Irmãos, que quando estão em Loja, abaixo do Sólio, uns ficam de Pé e a Ordem, outro falam sentados.

Gostaria de saber do Irmão qual é o correto: é falar sentado ou de Pé a Ordem? Existe algum documento que regula e nos orientam em relação às três Potências?

Considerações: 

Primeiro há que sempre se considerar o que exara o respectivo Ritual em vigência. Nele havendo referência sobre o questionado, cumpre-se primeiro o que está legalmente escrito, mesmo sendo uma ação questionável. Geralmente essas questões não são abordadas, o que torna comum a dúvida sobre o procedimento.

A questão no Oriente da Loja no Rito Escocês e o modo de falar em pé, ou sentado, provem das já extintas Lojas Capitulares num período pós-criação dos rituais dos três graus simbólicos do escocesismo a partir de 1.804 na França. Assim, nos primeiros rituais não havia nenhuma divisão que indicasse limite do quadrante do Oriente.

À moda antiga da prática maçônica relacionada à Moderna Maçonaria, o próprio Rito Escocês com base nas Lojas Azuis norte-americanas, copiava o sistema (sem desnível e demarcação do Oriente), importando então que o Oriente era apenas o espaço ocupado imediatamente à frente da parede oriental.

Com o advento das Lojas Capitulares criadas no Grande Oriente da França no primeiro quartel do século XIX, este evocava para si o controle das Lojas desde o simbolismo criado em 1.804 para o Rito até os seus Graus Capitulares, ficando os outros restantes (do 19º ao 33º) com o Segundo Supremo Conselho na França.

Instituía-se então para o grupo desses Graus compostos a partir do 1º até o 18º as Lojas Capitulares em cujo costume e práticas assumiam, dentre outros, para todos esses Graus o ambiente do Oriente elevado e demarcado (balaustrada).

Nesse costume, à moda capitular, no Oriente todos os ocupantes do espaço poderiam falar indistintamente sentados, salvo se algumas atividades ritualísticas exigissem a atuação em pé.

Como as Lojas Capitulares seriam posteriormente extintas, já que Supremo Conselho retomava para sua tutela os Graus do 4º até o 18º ficando com o Grande Oriente da França apenas e corretamente os Graus simbólicos, a prática inerente a essa questão deveria também ser extinta, todavia, à moda latina, acabou permanecendo no simbolismo a demarcação e elevação capitular no Oriente e, junto com esse, dentre outros, a ideia de que todos indistintamente, também no simbolismo, poderiam ali se manifestar estando sentados.

Com a evolução e o aperfeiçoamento dos rituais simbólicos na França, já no século XIX ficaria determinada a prática de que o Venerável e as Dignidades do Orador e do Secretário pudessem falar sentados (salvo se algumas passagens ritualísticas demandassem o contrário), destacando-se que se estes preferissem falar em pé, então se posicionariam à Ordem (corpo ereto, pés em esquadria e a composição do Sinal).

Assim, a norma virou consuetudinária e tem se tornado prática corriqueira no simbolismo do Rito Escocês. Essa mesma norma se refere aos Vigilantes que são os únicos que falam sentados no Ocidente (salvo se o ritual determinar o contrário). Todos os demais que ocupam o Ocidente obrigatoriamente ao se manifestarem o fazem em pé (à Ordem).

Finalizando: pelo exposto, muitos respeitáveis ritualistas dignos de crédito às vezes se referiam ao fato de que eram de direito dos ocupantes do Oriente falarem indistintamente em pé, o que estaria relativamente correto se relacionada às hoje extintas Lojas Capitulares.

Como as ditas hoje legalmente não mais existem, os costumes a elas relacionados também acabariam por desaparecer, ressalvando-se a atitude para os cargos do Venerável, do Orador e do Secretário no Oriente e dos Vigilantes no Ocidente (as cinco verdadeiras Dignidades de uma Loja).

T.F.A. 

PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com

JB News – Informativo nr. 1.434 Madrid, segunda-feira, 18 de agosto de 2014.