DE COSTAS PARA O OCIDENTE
(republicação)
Em 10.04.2014 o Respeitável Irmão Cláudio Martins, membro da Loja Divino Mestre, 2.844, GOB-PR, REAA, Oriente de Umuarama, Estado do Paraná, apresenta a questão seguinte:
triavel@yahoo.com.br
Ocorre que em nossa Oficina, na abertura dos trabalhos do Grau de Companheiro Maçom, tem sido adotado um procedimento que não acho correto. Na página 29, quando da verificação se todos os presentes na Colunas são Maçons, o Venerável ordena: "Em pé e à Ord∴, meus IIr∴. "Todos nas Colunas e no Oriente levantam-se, ficam à Ordem e voltam-se para o Oriente".
Em nossa Loja, os Irmãos que estão no Oriente também se voltam, ficando a maioria, de cara com a parede, inclusive o Venerável, que preside os trabalhos, fica de costas para a Loja.
Argumentei várias vezes que não acho isso correto, fui buscar rituais mais antigos e neles o procedimento é para que somente os Irmãos das Colunas se voltem para o Oriente, consultei o manual de "Procedimentos Ritualísticos do 2º Grau", na página 23 está bem claro, "Os Irmãos das Col∴ N∴ e S∴ deverão postar-se de frente para o Oriente".
Entendo que fica bem claro que só os Irmãos das Colunas devem ficar de frente para o Oriente, pois quem está no Oriente não tem como ficar de frente para o Oriente e também como não serão examinados, não tem sentido virar as costas para o Ocidente.
Apresentei tudo isso em Loja, muitos Irmãos concordaram comigo, mas alguns não ficaram convencidos, inclusive o Venerável, que incumbiu-me de efetuar esta consulta ao querido e competente Ir∴ Pedro Juk.
Aguardo sua orientação, comprometendo-me apresentá-la como instrução no Tempo de Estudos, em Loja de Companheiro.
Realmente esse é um grave erro contido no ritual em vigência. Ocorre que o de Mestre já foi corrigido, quando inclusive nem mesmo no Grau 03 os Irmãos do Oriente se voltam para a parede oriental e ficam de costas para o Ocidente. Isso simplesmente não existe porque no Oriente não há telhamento. Esse erro por fim acabou aportando no Grau 02 e ainda não foi corrigido, posto que já reivindiquei essa correção ao GOB. Estamos aguardando.
No Grau de Companheiro e de Mestre o telhamento pelos dois Vigilantes é executado apenas e tão somente no Ocidente começando por aquele que estiver mais ao extremo do Ocidente. Os Cargos ocupados não são examinados porque esses são exercidos impreterivelmente por Mestres e assim já foram reconhecidos pelo Oficial que lhes revestiu a respectiva joia.
No Oriente, como é local privativo de Mestres, o Venerável sempre informa que ele é o responsável pelos ocupantes daquele espaço. Então no Oriente não existe essa “estória” de se voltar de costas para o Ocidente. Isso é uma verdadeira aberração – note, reforçando, que isso não ocorre mais no Grau de Mestre. Se no Terceiro Grau isso não acontece, muito menos deveria acontecer no Grau de Companheiro.
Ilustrando: esse costume de se voltar de costas para o Ocidente é enxerto dos que “acham bonito”, porém não sabem explicar, de costumes maçônicos (ritos ou trabalhos) que não possuem a demarcação de um espaço para o Oriente.
Nesses casos o Oriente é apenas a “parede oriental” e o espaço ocupado imediatamente à sua frente. Esse, entretanto, não é o caso do REAA∴ que desde as extintas Lojas Capitulares, mantém ainda o Oriente elevado e separado por uma balaustrada.
O problema maior é que “certos luminares” não se apercebem dessas sutis diferenças e “acham” que tudo é igual em Maçonaria, esquecendo-se esses, que a Sublime Instituição é composta por Ritos e Rituais que lhe dão perante esses as suas próprias características, sejam elas culturais, ou doutrinárias.
Aliás, me atrevo a dizer que boa parte dos integrantes da Ordem não sabe o que estão fazendo dentro da Loja. Contemplativos, por excelência, geralmente se apegam aos escritos anacrônicos, não importando a qualidade do procedimento, mesmo que esse esteja errado. A questão é explica-lo.
Finalizando, ainda no Ritual de Companheiro em vigência, o que reforça o arrazoado e contradiz os anacronismos e os defensores de procedimentos que não tem explicação alguma, basta notar que na sequência ritualística do Ritual abordado o Venerável diz: “sentai-vos” e não “sentemo-nos”.
Então para os defensores de ações que não condigam com o bom senso pergunta-se: e os que estariam ainda em pé? Assim permaneceriam? Até quando? Já que a questão é “sentai-vos” (para alguns) e não “sentemo-nos” (para todos, inclusive para o Venerável).
Tenho alertado aos Irmãos o uso do bom-senso, não que com isso esteja eu me insurgindo contra um ritual legalmente aprovado. Existem momentos na vida que são passíveis de decisão. Afinal se as interpretações maçônicas beirassem a literalidade, pobre do Companheiro golpeado na cerimônia específica. Imagine, faltaria espaço nas cadeias para acomodar tantos assassinos do Mestre a cada cerimônia maçônica.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.421 Florianópolis(SC) terça-feira, 5 de agosto de 2014.
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