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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

SOIS MAÇOM?

SOIS MAÇOM?
Osmar Ventris

Na condição de Maç∴Apr∴, minha principal obrigação é de observar, estudar, aprender e praticar.

Participando de mais uma rica cerimônia de Iniciação, observando, sentindo, vivenciando-a, senti a necessidade de expor aos IIr∴ neste trabalho, os questionamentos que durante a cerimônia me invadiram o coração, para ao final, compartilhar tais questionamentos com todos para que cada um, com seus botões, também façam a reflexão que julgarem pertinentes.

Não é segredo que a cerimônia de iniciação maçônica possui uma riqueza de simbolismos de perseverança, coragem, solidariedade, humildade e espírito de fraternidade, assim como tem um grande poder de gravar em nossos corações um dos momentos mais significativos de nossas vidas.

Em trabalho anterior, fizemos a comparação com a Cerimônia de Casamento que, sem dúvida é uma marca na vida de um homem. Momento de realização de um sonho, momento que marca uma nova fase em nossas vidas; momento de juramento e de assunção de responsabilidades e de mudança de comportamento social e, as vezes, mudança até de companhias e locais que frequentava. É o momento marcante de início de uma vida nova, vida em comum! Constituição de uma nova família!

Demonstráramos, naquele trabalho, que a Cerimônia de iniciação maçônica se constitui em marco significativo do início de uma nova vida. Não de constituição de nova família, como a cerimônia de casamento, mas de se integrar, assumir e pertencer a uma nova família: a família maçônica!! 

O ponto alto em comum em ambas as cerimônias é o juramento e o compromisso assumido de honrar novo estilo de vida, de comportamento social e responsabilidades para com uma família.

A iniciação maçónica presenta claramente o inicio do polimento da pedra bruta visando a sua transformação em pedra cúbica perfeita, harmônica e útil para ser empregada na construção de uma humanidade mais justa, fraterna e solidária.

O polimento visa, exatamente, nos levar à luz do conhecimento através da aprendizagem proporcionada pelo convívio em família, sob a batuta do Ven∴ M∴, Mestres, Primeiro e Segundo Vigilantes e Companheiros.

O polimento da pedra bruta consiste em afastar a ignorância e fazer florir a sabedoria que o G∴A∴D∴U∴ nos concedeu, porém que a sufocamos através de nossos egoísmos, fogueiras de vaidades, vícios e ganâncias, nos escravizando em um mundo de escuridão.

Lembrando que a ignorância, em seu sentido mais amplo, é a causa de todos os vícios e seu princípio é NADA SABER; SABER MAL O QUE SABE, E SABER COUSA OUTRAS ALÉM DO QUE DEVE SABER. E repercutindo as lições do nosso Manual de Aprendiz: “ o ignorante não pode se medir com a sábio, cujos princípios são a Tolerância, o Amor Fraternal e o respeito a si mesmo. Eis porque os ignorantes são grosseiros, irascíveis e perigosos; perturbam e desmoralizam a sociedade, evitando que os homens conheça seus direitos e saibam, no cumprimento de seus deveres, que mesmo som contribuições liberais, um povo ignorante é escravo. Os ignorantes são inimigos do progresso, que para dominar, afugentam as luzes, intensificam as trevas e permanecem em constante combate contra a Verdade, contra o Bem e contra a Perfeição.”

A Ignorância leva ao Vício, que é o oposto da virtude. Lembra o Ven∴ M∴ na cerimônia de iniciação. 

Durante a Cerimônia iniciática, o Ven∴ M∴ em tom firme, alerta o profano iniciante: O vício É o hábito desgraçado que nos arrasta para o mal; e é para impormos um freio salutar a esta impetuosa propensão, para nos elevarmos acima dos vis interesses que atormentam o vulgo profano e acalmar o ardor das paixões, que nos reunimos neste Templo.

Aqui trabalhamos para acostumar o nosso espírito a curvar-se às grandes afeições e a não conceber senão ideias sólidas de bondade e de virtude, porque é só regulando os nossos costumes pelos princípios eternos da moral, que poderemos dar à nossa alma esse equilíbrio de força e de sensibilidade que constitui a sabedoria, ou antes, a ciência da vida.

Mas este trabalho, senhor, é penoso e, contudo, a ele deveis sujeitar-vos, se persistes no desejo de pertencer à nossa Ordem.

- Persistis em ser recebido maçom?

Em seguida, acrescenta: - Toda associação tem leis particulares e, todo associado, deveres a cumprir...

- Um de vossos deveres e o que faz com que a Maçonaria seja o mais sagrado dos bens, além de ser a mais nobre e mais respeitável das Instituições, é o de vencer as paixões ignóbeis, que desonram o homem e o tornam desgraçado; praticar continuamente a beneficência; socorrer os IIr∴; prevenir as suas necessidades; minorar seus infortúnios; assisti-los com vossos conselhos e as vossas luzes.

- Toda ocasião que se perde de ser útil é uma infidelidade; todo socorro que recusa é um perjúrio; e, se a terna e a consoladora amizade também tem seu culto no nosso Templo, é menos por ser um sentimento, que um dos fundamentos de nossa comunidade.

Após essa rica e significativa exposição, o Venerável Mestre questiona, mais uma das inúmeras vezes que o faz: “Agora que conheceis os principais deveres de um maçom, dizei-me se vos sentis com forças e se persistis na resolução de vos sujeitardes à sua prática”?

Após resposta afirmativa do iniciante, o Ven∴ M∴ alerta que será exigido um juramento de honra, a ser prestado sobre a Taça Sagrada. 

E, assim, o juramento é prestado pelo candidato iniciante!!

E o compromisso maçônico é assumido!!

Hoje, decorrido quase um ano após minha iniciação, meu coração se põe a questionar...

E eu convido a todos que aceitarem se submeter a esta reflexão que também busquem respostas em seus corações sobre os seguintes questionamentos:

Até onde, realmente, estamos empenhados e honrar nosso juramento e compromisso assumido no sentido de procurar, de fato, a mudar nosso estilo de vida e afastar a ignorância que nos escraviza?

Até onde, após um ano de maçonaria, a nossa conduta social, familiar e laboral foi minimamente polida, de tal forma a honrar a instituição milenar maçônica?

O que, realmente estamos fazendo melhorar a humanidade? Ou seja: para afastar a ignorância que escraviza a humanidade?

Seriam as reuniões semanais meros encontros sociais? Ou de polimento interior que venha refletir na construção de um mundo exterior melhor?

O que cada um de nós fizemos neste ano que está prestes a se encerrar para que a reputação da maçonaria continue sendo respeitada, honrada e venerada? Lembrando que ser membro de uma família é, também, ser responsável pela reputação dessa família e, que reputação é o conceito que a sociedade tem sobre a instituição e seus membros. Em que, a reputação da maçonaria e dos maçons melhorou com as nossas atitudes sociais e fraternais?

Seríamos nós, meros profanos travestidos dos paramentos maçônicos ou, realmente nos dedicamos a nos polir e praticar a verdadeira maçonaria?

Nosso comportamento em L∴ com os IIr∴ é de mera amizade, companheirismo ou de fraternidade maçônica?

Até onde cada um de nós conhecemos nossos IIr∴? Seus ideais, sua profissão, suas preferências culturais, de lazer, de música, de alimentação, etc? 

Aliás, em nossa L∴ com um grupo tão reduzido, sabemos o nome completo de nossos IIr∴ tão próximos?

A maçonaria está entrando em nossos espíritos e está polindo nosso interior a tal ponto de refletir em nossa conduta, ou somos nós que simplesmente entramos na maçonaria por mero diletantismo?

IIr∴, estas reflexões, que assolaram minha alma durante a última cerimônia de iniciação, torno público com a finalidade de juntos, fazermos um balanço de nossas condutas, compromissos e juramentos para podermos, com a tranquilidade, responder com orgulho, com nossa consciência em paz e com a sensação de termos contribuídos de fato para uma humanidade mais justa e perfeita, ao responder ao questionamento semanalmente feito em nossas reuniões em Loja:

- Sois Maç∴?

- MM∴ IIr∴ C∴ T∴ M∴ R∴!

Osmar Ventris, grau A∴M∴
A∴R∴L∴S∴ Cavaleiros de São José – Cerquilho-SP – GOP
TRABALHO APRESENTADO EM LOJA NO DIA 07/10/2015

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