Dispõe a atual Constituição do Grande Oriente do Brasil, no seu artigo 179 que fica instituído o dia 20 de agosto como o dia do Maçom.
Por sua vez o Regulamento Geral da Ordem no seu artigo 245 diz que se deve comemorar em toda a jurisdição do Grande Oriente do Brasil, o dia 20 de agosto, dia do “Maçom”.
Indaga-se portanto o seguinte: qual a razão de se ter escolhido o dia 20 de agosto como o dia do “Maçom Brasileiro”.
Para o deslinde da matéria necessário se faz voltar à história do Brasil, mais precisamente no ano de 1822, nos meses que antecederam a proclamação da Independência.
Como é do conhecimento público, a Maçonaria brasileira, naquela época teve papel destacado em prol da proclamação da independência, tendo admitido em seus quadros o príncipe D. Pedro I, que entrou na Maçonaria no dia 13 do 5º mês Maçônico, ou seja, em 13 de julho de 1822, tendo o mesmo recebido ensinamentos Maçônicos e sido influenciado para proclamar a independência do Brasil de Portugal, principalmente pelos Maçons José Bonifácio de Andrade e Silva e Gonçalves Ledo.
Tenório de Albuquerque no seu livro “A Maçonaria e a Grandeza do Brasil” ano 1º, ata do dia 20 do 6º mês Maçônico de 1822 que “tendo sido convocados os Maçons membros das três Lojas Metropolitanas, para uma sessão extraordinária, foi a mesma presidida pelo primeiro Grande Vigilante, Joaquim Gonçalves Ledo, tendo o mesmo proferido do sólio em veemente discurso, demonstrando, com sólidas razões que as circunstâncias políticas da pátria, do rico, fértil e poderoso Brasil, demandavam e exigiam imperiosamente que a sua categoria fosse inabalavelmente firmada com a proclamação da independência.
“Explicou o mesmo o Grande Vigilante Joaquim Gonçalves Ledo a necessidade de ver a sua moção discutida, para que aqueles que pudessem ter receio de que fossem convencidos, pelos debates, de que a proclamação da independência era a âncora da salvação do Brasil. Em conseqüência do que, dando a palavra a quem quisesse especificar seus sentimentos, falaram vários membros e todos aprovaram a moção reconhecendo a necessidade imperiosa de se fazer a Independência do Brasil”.
Vários outros historiadores de méritos se referem a data de 20 de agosto de 1822, data da memorável sessão realizada pela Maçonaria, como a data da efetiva proclamação da independência do Brasil, sendo que o Grito do Ipiranga em 7 de setembro foi tão somente a ratificação do ato público do que havia sido decidido pela Maçonaria, sendo que é bom não esquecer que nesta época D. Pedro já havia sido proclamado Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil. O escritor Pandia Calógeras, no seu livro Formação Histórica do Brasil, página 109 escreve que “a 20 de agosto, o Grande Oriente proclamou, por proposta de Ledo, que era chegado o tempo da separação definitiva e completa de Portugal”.
No mesmo sentido, o Barão do Rio Branco, secundando Varnhagen diz que de fato a independência já fora proclamada pela Maçonaria na sessão de 20 de agosto, em Assembléia Geral do povo Maçônico, reunidas na sede do apostolado as três Lojas Metropolitanas. Deve salientar-se que em 20 de agosto ficou também resolvido pelo Grande Oriente que a data mais provável para a proclamação da independência seria o dia 12 de outubro, aniversário do Príncipe Regente. Entretanto, vindo de Santos para São Paulo, D. Pedro recebeu despachos do Rio de Janeiro que lhe davam notícias das Ordens intransigentes das Cortes para a sua volta e do envio de expedições militares.
Gustavo Barroso, autor insuspeito, por tratar-se de historiador inimigo e rancoroso da Maçonaria diz que entre os papéis que foram entregues a D. Pedro pelos portadores Paulo Bregaro e Antonio Cordeiro, estava uma prancha do Grande Oriente comunicando o que havia ocorrido no dia 20 de agosto na reunião das Três Lojas Maçônicas, Comércio e Artes, União e Tranqüilidade e Esperança de Niterói e aconselhando-o a abreviar a data da proclamação da Independência.
O príncipe D. Pedro, a cavalo, rodeado dos dragões de sua guarda de Honra, uniformizados a austríaca e membros da sua comitiva, amarfanhou os papéis, arrancou a espada, pronunciou as palavras que abriram novos horizontes ao Brasil “Independência ou Morte”.
Era a declaração pública do que já estava resolvido desde o dia 20 de agosto na reunião das Três Lojas Maçônicas.
Não contasse D. Pedro com o apoio integral da Maçonaria e não teria disposto da coragem imprescindível para proferir o “independência ou Morte” em São Paulo.
Fica assim explicada a razão de se ter escolhido o dia 20 de agosto, como o dia do Maçom, por ser o dia em que o povo maçônico deliberou que a proclamação da independência teria que ser feita o mais rápido possível ainda no ano de 1822.
Temos que louvar esta deliberação corajosa dos Maçons brasileiros, que sabiam que iriam enfrentar uma reação violenta de Portugal.
Com a união, porém, da Maçonaria, do Príncipe Regente D. Pedro e do povo que já estava maduro para a separação, os portugueses sofreram sérios reveses e em pouco tempo tiveram de reconhecer o fato consumado da independência do Brasil.
Comemoremos, o dia 7 de setembro, data da Proclamação da Independência, mas não esqueçamos o dia 20 de agosto, quando Maçons valorosos, tomaram uma decisão histórica em prol do Brasil.
(SALVADOR FERREIRA DOS SANTOS, Revista Consciência, nº 17, 1994, pág. 33, Grande Loja Maçônica do Estado de Mato Grosso do Sul).
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