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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

MALHO E CINZEL

MALHO E CINZEL
(Desconheço o autor)

A Ordem Maçônica, seguramente de todas as instituições concebidas pelo gênero humano, é sem dúvida a mais antiga, perdendo-se no tempo de sua criação, chegando a confundir-se com a própria história da humanidade, e de todas a mais bela, por ter sido criada sob a inspiração do Grande Arquiteto do Universo, visando de modo incessante o aperfeiçoamento moral e espiritual do indivíduo.

O processo de busca da perfeição, de elevação moral e espiritual do Maçom, se desenvolve tanto em loja como na vida profana, sempre entre homens de bons costumes, livres e aceitos.

Na maioria das vezes, nós, como Maçons pensamos que as lições aprendidas, sobre os símbolos são mais que suficientes para o nosso aperfeiçoamento moral e espiritual e tentamos por assim dizer, nos tornar homens sábios e virtuosos, pois assim a maçonaria é composta, como dizem alguns rituais. Entretanto, não é bem assim que acontece. A grande maioria recebeu em um ou duas ou mais instruções, numa linguagem simples, o significado de cada símbolo. Terminada as instruções, apenas mantemos gravado em nossas mentes o que o símbolo representa. Tudo parece muito simples. E poder-se-ia achar que a tarefa está concluída e não haver mais necessidade de se pensar no assunto.

Mas a instrução apenas mostrou o caminho, portanto a lição não terminou, e por isso é dever nosso continuar estudando, pesquisando e decifrando o assunto com insistência, meditação e zelo, procurando descortinar algo que se acha oculto, pois, por trás das coisas simples há algo profundo e belo. 

Que mérito teria um aluno que recebesse de se professor, todos os temas, exercícios e respostas, já prontos, sem fazer o mínimo esforço? Na certa descobriria no final de seu curso, o seu fracasso. Assim, de certo modo muitos Irmãos fracassam como Maçons, por não terem encontrado algo interessante para o seu aperfeiçoamento e por esta razão abandonam a Ordem.

O iluminado Buda disse aos seus discípulos: "prepara-te porque deves marchar só. Os mestres não podem fazer mais do que mostrar o caminho".

Significa dizer, que nós iniciantes e aprendizes devemos colher os ensinamentos que nos são ministrados em loja, pois se constituem no caminho a ser seguido, por, essa caminhada deverá ser precedida de muito estudo, pesquisa, trabalho e reflexão constante.

Para empreendermos a preparação dessa caminhada rumo ao nosso aperfeiçoamento, vamos necessitar de alguns utensílios, que se constituem em elementares e básicas ferramentas de labuta, sobretudo as do aprendiz maçom.

Metaforicamente, através do vasto acervo simbólico e ritualístico diz-se que o aprendiz maçom deverá empreender seu trabalho de desbastar a pedra bruta utilizando-se de duas ferramentas fundamentais, quais sejam: o malho (ou Maço) e o Cinzel.

O Malho como nos é ensinado é uma as três Jóias móveis acompanhando na trilogia, o Cinzel e a Pedra Bruta.

A origem do Malho provém da Idade da Pedra quando o homem primitivo, entendeu de amarrar em uma haste, uma pedra de tamanho adequado para poder executar certas tarefas domésticas, como de defesa e posteriormente, para adaptar as pedras a fim de colocá-las de modo a conseguir a primeira construção que seria seu abrigo.

O Malho (ou Maço) tem sua origem primitiva no braço e punho do ser humano e expressa um dos primeiros atos de inteligência e por esse motivo é que se diz que o Malho significa a inteligência.

Essa trilogia Malho, Cinzel e Pedra Bruta, expressam o vocábulo maçom, de vez que simboliza com perfeição o trabalho, a "ópera" que a atividade manifesta do maçom.

Na Maçonaria, o Malho destina-se exclusivamente, ao desbastamento ou esquadrejamento da Pedra Bruta.

Antes que o braço impulsione o Maço, a mente "constrói" o plano de executar, com cuidados específicos; assim, surge a necessidade de imprimir maior ou menor esforço de conformidade com o que a mente ordena.

Já o nome correto do Cinzel, considerando-se a sua função, seria "escopro", do latim scalprum, derivando a palavra "esculpir".

A função do Cinzel maçônico, assim como o Malho, é o desmatamento da Pedra Bruta que demanda uma ação de esforço dada a dureza da pedra.

O primeiro contato do Maçom com tais ferramentas, se dá durante a cerimônia iniciática, quando são entregues ao Neófito o Maço e o Cinzel, paralelamente, deve receber a orientação do manejo.

O aprendizado exige a orientação dada por um Mestre. Não há discípulo sem Mestre; nem Mestre sem discípulo. É a força do binário.

Por outro lado, é da conjugação entre Malho e Cinzel, onde o primeiro bate no segundo sem provocar faíscas e calor, mas apenas seu som característico abafado, mas onde o Cinzel por sua vez, fere a Pedra Bruta produzindo energia propagadora.

Como Símbolo, o Cinzel expressa a educação, pois pelo seu meticuloso trabalho vai desbastando a ignorância, simbolizada pelas arestas.

O uso conjugado dessas ferramentas, como sabemos serve para desbastar as arestas da Pedra Bruta que a torna imperfeita para a construção. Para torná-la em condições, usamos o Malho e Cinzel, com força e inteligência, e sem piedade, com golpes fortes para quebrar algumas arestas maiores que muitas vezes pelo impacto e pelo atrito saem faíscas.

A significação alegórica, é o uso do Malho e do Cinzel em nós mesmos, onde devemos usar com vontade, inteligência e determinação para quebrar algum defeito ou vício já que somos Pedras Imperfeitas, porém que a mente e o corpo sintam o impacto. Veremos então que as lições não são tão fáceis de aprender como se imagina.

O desafio maior do Maçom talvez seja exatamente aplicar a si próprio o Malho e Cinzel. Creio que sim. Mas há uma grande diferença. Geralmente aplicamos o Malho e o Cinzel na Pedra Bruta, como disse antes, com força e inteligência, mas quando aplicamos em nós mesmos, sempre e com suavidade e na maioria das vezes somos levados à indecisão se devemos ou não aplicar o golpe, porque cada impacto para erradicar uma aresta, por mais suave que seja, dói e isso nos incomoda para combater um mau hábito ou vício.

Vez ou outra durante o cotidiano, algo acontece que nos deixa aborrecidos ou nos incomoda moralmente. Geralmente são pequenas questões geradas pelo nosso orgulho, pela vaidade e pela falta de tolerância, e para piorar a situação, sempre julgamos o nosso semelhante pelo prumo que achamos corretíssimo. O direito de julgar o nosso semelhante pelo prumo que ele ostenta, e não pelo nosso, isto é: pelas leis morais e sociais.

Nesse sentido, que devemos também dia a dia esculpir a Pedra Imperfeita que somos, pois esse é o dever do Maçom.

Ser Maço não é tão fácil como se pensa.

E é por isso que somos eternos aprendizes porque estamos sempre aprendendo as nossas lições pois a vida se constitui numa longa marcha, onde estamos constantemente construindo nos trilha, e quiçá, se possa dizer como ja disse o poeta:  "caminhante não há caminho, o caminho se faz ao andar"

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