Páginas

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

LEMA: AMOR FRATERNAL, AJUDA E VERDADE

LEMA: AMOR FRATERNAL, AJUDA E VERDADE
Autor: Guilherme Cândido

De forma geral, vê-se maçons e não-maçons terem sempre na ponta da língua o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” para definir os princípios maçônicos. Entretanto esta tríade só é coerente com os ritos latinos (os que tem origem francesa) devido aos históricos de envolvimento da Maçonaria em revoluções daquelas nações de onde se originaram.

“Amor Fraternal, Ajuda e Verdade”, esta é a divisa da Francomaçonaria norte-americana e a que faz mais sentido ao analisarmos a essência dos ritos anglo-saxônicos (de origem inglesa), que são os ritos mais antigos e mais próximos da filosofia operativa encontrada nas Antigas Obrigações.

Estes três princípios são considerados, pelo Rito de York, os mais importantes e essenciais preceitos da crença maçônica.

Representado em Lojas norte-americanas pela imagem de duas figuras humanas cumprimentando-se em uma estrada, é através do exercício do Amor Fraternal que os maçons são ensinados a olhar a raça humana como uma só família: o alto e o baixo; o rico e o pobre, todos criados por um Pai Todo Poderoso e habitando um mesmo planeta, devendo ajudar e proteger uns aos outros. É assim que a Maçonaria se torna um instrumento de união de homens de todos os países, credos, raças, culturas e opiniões, promovendo a verdadeira amizade entre aqueles que poderiam, de outra forma, permanecer toda uma vida sem nunca terem se conhecido.

Mas a questão é: será que estamos mesmo praticando este Amor Fraternal? Será que amamos ao menos os irmãos de nossa Loja? Ao menos tentamos aceitá-los com seus defeitos assim como esperamos que eles nos aceitem com os nossos? Ao menos estamos tentando ajudá-los no desbaste diário de suas asperezas? Estamos evitando fazer comentários maldosos de um irmão em sua ausência? Tudo isso e muito mais precisamos repensar e praticar, e de outra forma seremos nada mais do que propagadores de palavras ao vento, hipócritas e demagogos que nada estarão contribuindo para o progresso da humanidade.

Por meio da Ajuda (no sentido de socorro, alívio ou ainda amparo) aos mais necessitados, um dever de todos os homens, os maçons estão unidos por uma cadeia de sincera afeição. Ajudar os infelizes, solidarizar-se com eles em seus infortúnios, compadecer-se de suas misérias e restaurar a paz em suas mentes que estão atribuladas devem ser os objetivos formadores da base sobre a qual os maçons devem estabelecer suas conexões e formarem suas amizades. Seu símbolo é uma figura humana socorrendo a outra embaixo de uma árvore e junto a um animal (burro), ou um homem dando de beber a outro.

Muitos maçons dizem por aí ser a Maçonaria uma entidade filantrópica e que age em sigilo, não gostando de propagar suas benevolências. É uma verdade, mas também é uma verdade que utilizamos como trincheira para nos escondermos de nosso real dever! Desde quando nossas Lojas não se engajam em uma ação verdadeira? Desde quando apenas juntamos roupas usadas e doamos cestas básicas? Não que isso não seja válido, mas a ajuda, o amparo e o alívio, vão além disso. Essas virtudes dizem respeito ao acalento a um coração sofredor, referem-se à doação de tempo e amor aos que são carentes, e carentes não são só os desafortunados financeiramente falando. Quantas vezes não abrimos comissões para escolherem uma boa entidade beneficente para ser beneficiada com uma filantropia quando os irmãos velhinhos de nossas Lojas, que tanto trabalharam conosco, estão esquecidos em suas casas ou até mesmo em asilos? Até quando iremos nos engajar tanto às causas da Loja e acabarmos por não perceber ou ouvir as angústias que afligem nossos familiares em nossas próprias casas?

Fundamento de toda virtude, a Verdade é um atributo divino e é representada através de um pergaminho, livro aberto e iluminado sobre uma rocha no mar, ou ainda por uma figura feminina segurando um livro e um incensário e sendo iluminada pelos céus. Ser bom e verdadeiro é a primeira lição que o maçom aprende na Maçonaria. Desta forma, enquanto influenciados por este princípio, a hipocrisia e a falsidade são desconhecidas em seu meio. Sinceridade e probidade são joias distintas de um maçom. O coração e a língua juntam-se para promover apenas o bem estar do próximo e regozijar-se de suas vitórias e sua prosperidade.

E o que de fato é a verdade? É nada mais do que o que sabe a nossa própria consciência sobre nós mesmos. A verdade é tudo aquilo que pensamos, falamos e fazemos quando estamos a sós, sem ninguém para nos julgar. Agora paremos e pensemos: sabendo tudo o que sabemos a nosso próprio respeito, será que nos presentearíamos com uma bola branca em um escrutínio? Quantas vezes julgamos indignos os candidatos a ingresso em nossas Lojas sem ao menos dar-lhes o benefício da dúvida e o direito a defesa, e sabendo que no fundo (quando estamos sozinhos) pensamos e agimos igual ou pior do que julgamos que eles tenham agido.

Estas colocações não têm a intenção de soarem como uma crítica, e sim de entoarem como uma reflexão, pois todos sem exceção, como humanos que somos, enfrentamos imensas dificuldades para praticar estas três virtudes e somos tentados a todo momento a nos distanciarmos delas. Ora, mas não é esse o dever de um Maçom? Erguer o Templo da virtude, e reerguê-lo depois de destruído pelo vício, e depois reerguê-lo novamente, e novamente, e novamente? De que adianta sermos mestres em ritual, liturgia, filosofia e história maçônica quando não praticamos de fato os principais e essenciais preceitos maçônicos em nossas vidas diárias?

Estas três virtudes que estão tão intimamente ligadas e dependentes entre si, não poderiam representar melhor a essência da Maçonaria e o objetivo da sublime instituição para o progresso de seus membros e da humanidade. Como pode haver Amor Fraternal sem a Verdade ou sem a Ajuda?

Sem o Amor Fraternal entre os irmãos maçons e entre os irmãos terrenos, sem a ajuda aos mais necessitados e sem a propagação da Verdade em todos os instantes de nossas vidas, jamais conseguiremos concluir a Obra na qual o Grande Arquiteto do Universo nos empregou.

Portanto, amemo-nos como Irmãos, auxiliemo-nos nos momentos de aflição, respeitemo-nos e nos honremos com a verdade, e com certeza estaremos um dia reunidos na colocação da pedra chave e conclusão de nosso Templo, brindando uma eterna e harmoniosa amizade.

Fonte: https://pavimentomosaico.wordpress.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário