Em cada Grau Maçônico o Livro da Lei é aberto em um determinado trecho da Bíblia, trecho esse que tem afinidade com os ensinamentos filosóficos preconizados pelo Grau.
A fórmula de reconhecimento do Maçom no Grau de Aprendiz é “M∴I∴C∴T∴M∴R∴”, que indica com clareza ser a Fraternidade uma das virtudes fundamentais que o Maçom deve praticar, sobretudo em relação a seus Irmãos. Ademais, a Fraternidade também está presente na trilogia Maçônica Liberdade – Igualdade -Fraternidade.
Assim, no Rito Escocês Antigo e Aceito praticado no Brasil, que é o objeto desse nosso estudo, abre-se o Livro da Lei, no caso a Bíblia, no Livro dos Salmos, especificamente naquele que exalta a excelência do amor fraternal.
A palavra Salmo vem do grego psalmós, que significa “cântico acompanhado pelo saltério”, um antigo instrumento de cordas.
Nas Bíblias editadas pelas Sociedades Bíblicas Protestantes, esse Salmo leva o número 133 e o autor da tradução, o Pastor Calvinista João Ferreira de Almeida, o apresenta com o seguinte texto:
Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!
É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Aarão, e que desce à orla de seus vestidos.
Como o orvalho de Hermon, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre.
Nas Bíblias editadas pela Igreja Católica, geralmente a tradução do Padre Antonio Pereira de Figueiredo é substituída pela do Padre Leonel Franca e este Salmo recebe o número 132, em razão de terem sido unidos os Salmos 9 e 10, havendo, portanto, a partir daí, um desencontro numérico entre as edições Protestante e Católica, diferença esta que vai até o Salmo 146, que foi dividido em dois distintos Salmos. A versão Católica do Salmo 133 (132) é:
Oh! Como é bom e agradável aos irmãos viverem juntos.
Como o óleo perfumado na cabeça, que desce para a barba de Aarão; Que desce para a orla de suas vestiduras.
Como o orvalho de Hermon que desce sobre as montanhas de Sião. Ali derrama o Senhor a benção, a vida para todo o sempre.
Atribui-se a autoria dos Salmos ao Rei Davi, pai de Salomão. Diz-se que o Rei David além de poeta era músico e cantor, um artista que compôs os Salmos para serem cantados sob o acompanhamento do saltério.
Neste Salmo 133 (132), o autor compara o prazer de se viver em fraterna união com o prazer que o Sumo Sacerdote, (no caso personificado por Aarão, que foi o primeiro) sente quando é consagrado e se lhe derramam sobre a cabeça o óleo perfumado cuja fórmula foi determinada pelo próprio Deus a Moisés (Êxodo 30:22-25: mirra, canela, cálamo, cássia e azeite de oliveira).
Ao mesmo tempo, compara essa consagração do Sumo Sacerdote (com o óleo perfumado que lhe escorre pela barba até à orla de suas vestes) com a bênção de Deus sobre seu povo (com o orvalho descendo abundantemente do Hermon para fecundar as terras).
Sob o ponto de vista místico e religioso, o óleo tem um sentido purificador, a cabeça é associada ao centro vital da existência, a barba é um emblema da honra e as vestes simbolizam a honestidade e o pudor, significando que o Iniciado deverá manter um equilíbrio perfeito em seus pensamentos, ações e atitudes.
A Fraternidade (Grau de Aprendiz) e o Trabalho conduzido em reta conduta (Grau de Companheiro), pressuposta na consagração do escolhido como Sumo Sacerdote, proporcionam a bênção de Deus e levam à vida para sempre (Grau de Mestre).
Excertos do livro Simbologia Maçônica dos Painéis: Lojas de Aprendiz, Companheiro e Mestre do Irm∴ Almir Sant’Anna Cruz
Fonte: Simbologia Maçônica Dos Painéis
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