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terça-feira, 12 de maio de 2020

E ELES ESTÃO SATISFEITOS?

Em 13/02/2020 o Respeitável Irmão Marco Nascimento, Loja José Caraver, 101, GLEMERGS (CMSB), REAA, sem mencionar o Oriente, Estado do Rio Grande do Sul, solicita o seguinte esclarecimento:

ESTÃO SATISFEITOS?

Uma curiosidade sobre a pancada com a palma da mão sobre o avental, para afirmar que os Obreiros estão pagos e satisfeitos, como se originou este sinal?

Sei que é oriunda da Maçonaria Operativa, seu trabalho publicado em 16 de maio de 2016 cujo Título é "Estão satisfeitos?". Gostaria de saber se este procedimento foi inserido após aquele período?

Fico agradecido pela sua atenção de sempre.

CONSIDERAÇÕES:

Antes da resposta à sua questão, vai republicado abaixo o texto que fora escrito em atenção à dúvida de um Irmão em anos passados. Entendo que assim fica mais completa a presente consideração.

"E Eles Estão Satisfeitos" - O termo foi muito usado em antigos rituais cujo procedimento fora haurido das construções do passado e a Franco-Maçonaria (Maçonaria Operativa). 

De modo prático quando era concluída uma etapa da construção, geralmente antes do período do inverno, os operários recebiam os seus salários conforme a sua produção no canteiro. Assim o Mestre da Obra geralmente indagava a um dos seus auxiliares imediatos (atual Primeiro Vigilante), se todos os Obreiros haviam sido pagos e estavam satisfeitos. Se a resposta fosse afirmativa, então o Mestre da Obra autorizava o Vigilante a encerrar os trabalhos no canteiro e despedir os obreiros, recomendando, porém o retorno de todos na próxima estação (no inverno não havia trabalho) para a continuidade dos afazeres da construção.

Obviamente que se algum operário se sentisse injustiçado com o salário recebido ele declarava seu descontentamento e as contas eram averiguadas para que se processassem as justas remunerações.

Graças a esses costumes é que muitos rituais da Moderna Maçonaria reviviam essa prática quando o Venerável, antes do encerramento dos trabalhos, indagava simbolicamente ao Primeiro Vigilante se os Obreiros estavam contentes e satisfeitos. De modo simbólico eles assim afirmavam e então o Venerável mandava fechar a Loja. 

Com a evolução de muitos rituais, atualmente essa reminiscência tem se apresentado apenas durante a abertura dos trabalhos quando o Venerável pergunta ao Primeiro Vigilante a razão dele ocupar aquele lugar no Ocidente. Em resposta o Vigilante profere que do mesmo modo como o Sol se oculta no Ocidente para terminar o dia, ali é colocado o Primeiro Vigilante para fechar a Loja, pagar os Obreiros e despedi-los contentes e satisfeitos.

Assim essa prática se tornou somente uma regra simbólica de usos e costumes e não de modo literal uma pergunta individual ou à coletividade da Loja, até porque na Maçonaria Simbólica se um Obreiro se sentir prejudicado, ele fará apelação na forma da Lei ao Venerável ou diretamente ao Orador da Loja, ou mesmo ao representante do Ministério Público Maçônico, conforme o Rito. 

Desse modo e nas atuais circunstâncias, ninguém esperaria o encerramento dos trabalhos da Loja para manifestar seu eventual descontentamento que viesse prejudica-lo seus direitos.

Finalizando: não está mais prevista no Ritual nenhuma pergunta objetiva nesse sentido, daí qualquer resposta relativa seria improcedente. (Resposta escrita em 2015 – JB News).

Em relação à questão atual, o costume de bater com as mãos espalmadas sobre o avental é apenas uma alusão simbólica ao que ocorria no período da Maçonaria de Ofício como acima explicado. O ato em si - o de bater com as mãos espalmadas sobre o avental para demonstrar contentamento pelo salário recebido - é um gesto especulativo. Obviamente que no período operativo isso não ocorria (bater as mãos sobre o avental). Cabe lembrar que a forma de trabalho operativa era literalmente de ofício e não de modo ritualístico como o exercido em algumas das atuais Lojas de Maçons Aceitos.

Na Moderna Maçonaria - especulativa por excelência - o obreiro não trabalha para o seu sustento de sobrevivência, porém labuta para o seu aprimoramento pessoal, levando-se em conta que na Maçonaria dos Aceitos, o operário é simbolicamente também a matéria prima. Nesse sentido, sua remuneração é o seu aprendizado e a sua evolução iniciática. Desse modo, seu contentamento pelas lições recebidas é demonstrado, em alguns ritos especulativos, com o gesto de se bater com as mãos espalmadas sobre o avental. É bom que se diga que essa não é uma prática generalizada, porém adotada por apenas alguns ritos especulativos, destacando ainda ser esse um costume praticamente em desuso (anacrônico) na atualidade.

Devo salientar que o costume de bater com as mãos espalmadas sobre o avental não é um "sinal" maçônico, porém um gesto de contentamento. "Sinal maçônico" é algo muito mais amplo e profundo, trazendo consigo importantes significados iniciáticos, o que não é o caso do bater sobre o avental.

Por fim, bater sobre o avental é atitude da Maçonaria Especulativa para "relembrar" aspectos do cotidiano dos nossos ancestrais que meritoriamente recebiam seu ordenado na época do Ofício.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

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