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terça-feira, 28 de julho de 2020

LOJA EM RECREAÇÃO

LOJA EM RECREAÇÃO
(republicação)

Em 23/10/2015 através do Respeitável Irmão Aquilino R. Leal do jornal semanal A Folha Maçônica do Oriente do Rio de Janeiro, membro da Grande Loja do Rio de Janeiro, me foi passada a seguinte questão formulada pelo Respeitável Irmão Francisco Jadson Miranda Viana, REAA, GLMRJ: 
aquilinoleal@ibest.com.br
jadson.miranda@gmail.com

Quando a loja em colocada em recreação, para um evento em que nele participarão profanos e depois retornando os trabalhos, por exemplo, O Livro da Lei é fechado, o Painel do Grau fechado e as colunas dos vigilantes movimentadas. A partir desse momento, recomenda- se que não se faça mais sinais.

A pergunta: Como a loja está "fechada", ou seja, com os trabalhos suspensos, o Mestre de Cerimônias continua tendo a obrigação de continuar circulando portando o bastão? Eu entendo que estando a Loja com os trabalhos suspensos e com a presença de profanos, os trabalhos ritualísticos estão suspensos, não se utiliza nenhum instrumento de trabalho. Perguntei a membros da comissão de liturgia e se enrolaram para me confirmar, pois fiz um reconhecimento conjugal em na Loja Vigilância no 1, em Niterói, e o Venerável, muito gentil, me passou o Malhete para dirigir os trabalhos e oficiar a cerimônia de reconhecimento conjugal. Após eu colocar a Loja em recreação o Mestre de Cerimônias me perguntou se ele deveria usar o bastão quando fosse chamar os convidados para adentrarem ao templo e eu disse que, como a Loja estava na condição de recreação e nenhum Irmão estava usando instrumento de trabalho, isso se aplicava a ele. Nesse instante um MI da Loja, muito deselegante, disse que o Mestre de Cerimônias tem que ficar o tempo todo com o bastão mesmo com a Loja em recreação. Para não contemporizar e estragar a egrégora aceitei, mas não me conformo.

Podes me ajudar?

CONSIDERAÇÕES:

Quando existir a possibilidade de que não iniciados adentrem ao recinto para assistir os trabalhos da Loja, o que acontece mesmo é que ficam, na presença deles, suspensos os Sinais.

Assim, no que diz respeito aos Sinais Penais maçônicos (Gut∴, Cord∴ e Ventr∴) revelados somente aos iniciados são apenas aqueles que possuem elo com as obrigações assumidas por ocasião dos juramentos que um maçom faz durante a sua Iniciação, ou quando dos seus respectivos aumentos de salário na Elevação e Exaltação (em se tratando do simbolismo do REAA). Desse modo esses Sinais é que são os verdadeiros segredos maçônicos, já que uma eventual revelação a respeito daria ao conhecedor desses, figuradamente o direito de ingressar nos trabalhos da Loja.

O que não se deve confundir com Sinal Penal - aqueles que exigem postura velada e à Ordem - é a atitude assumida por um protagonista com um instrumento de trabalho (malhete, bastão, espada, bolsas, etc.), ou as circulações por ocasião dos deslocamentos e ainda outros gestos secundários que, repito, não são Sinais em estado de segredo.

Infelizmente ainda existe o equívoco de se achar que determinadas posturas auferidas pelo uso do instrumento de trabalho são Sinais maçônicos. Dentro desse conceito cabe observar que não se faz sinal com um objeto de trabalho. Isso significa então que não se usa o objeto (instrumento) para com ele fazer o Sinal. Exemplo: um Mestre de Cerimônias não passaria o bastão na região gut∴, ou um Cobridor colocaria a espada nessa oportunidade sobre a garra∴, etc.

Assim sendo, como mencionado, as posturas assumidas em Loja com objetos de trabalho por dever de ofício, absolutamente não são Sinais maçônicos, daí, mesmo em presença de não maçons (não iniciados) nas sessões que assim permitam os seus comparecimentos, os usos desses utensílios são perfeitamente exequíveis e estão muito longe de revelarem qualquer segredo maçônico. Portanto nessas oportunidades (mesmo diante de profanos) usam-se normalmente os instrumentos ou objetos de trabalho na ritualística maçônica.

Aliás, todo esse embrolho ritualístico só existe porque como “latinos” que somos “inventamos”; a despeito de que muitos ainda adoram ficar se exibindo diante de não maçons em sessões e procedimentos fantasiados por alguns rituais, cujo objetivo nem mesmo se sabe bem o porquê (verdadeiras inutilidades), já na verdadeira e tradicional Maçonaria, essas “firulas” maquiadas como sessões maçônicas de reconhecimento, confirmações, brancas, pompas, etc., além de inexistentes, sempre foram perfeitamente dispensáveis. 

Diz a verdadeira da sabedoria da Arte Real: “na construção alegórica do Templo de Jerusalém não se ouvia de lá nenhum ruído das ferramentas ali empregadas”, então... A discrição é uma das virtudes elementares na edificação idealizada.

Já no que implica o uso do termo “Loja Fechada” mencionado na vossa questão, me parece não ser essa a expressão mais apropriada, senão a que mencione a suspensão de alguns procedimentos que porventura possam fazer revelações a não maçons - é o caso da execução do Sinal Penal que obrigatoriamente é feito sempre com a(s) mão(s), na presença de maçons e em Loja regularmente aberta.

No que diz respeito ao fechamento de uma Loja, a mesma para ser fechada regularmente ela deveria primeiro cumprir todos os procedimentos litúrgicos para tanto, o que me parece não ser esse bem o caso.

Se eventualmente no mesmo período ela (a Loja) viesse a ter novamente a volta dos seus trabalhos cobertos, vindo a Loja de estar fechada pelo tempo que se fizesse necessário, indispensável seria então que ela retomasse ritualisticamente a sessão conforme os usos e costumes, destarte em se mencionando que nenhuma Sessão maçônica pode ser aberta ou encerrada com um só golpe de malhete. Quem assim procede, ou mesmo rituais que assim possam prever, inquestionavelmente estariam cometendo um dos erros mais crassos em Maçonaria. Desse modo não caberia aqui o termo "Loja Fechada”.

É oportuno também mencionar que em se tratando do REAA, o termo “Loja em Recreação” é completamente desconhecido. Recreação numa sessão maçônica é prática de outra vertente da Maçonaria - a inglesa, já que o escocesismo (latino por excelência) é filho espiritual da França. Daí se existe essa possibilidade de metodologia no Rito em questão, o mais adequado mesmo seria o de ter na sessão os “trabalhos suspensos temporariamente”.

Dando por concluído, vale a pena antes trazer a baila dois aspectos importantes: o primeiro é aquele que infelizmente faz com que principalmente alguns Irmãos que pensam por serem detentores do título honorífico de Mestre Instalado (que não é grau), se arvorem independente de terem ou não razão, a deselegantemente (ou falta de educação mesmo) chamarem atenção de outros Irmãos diante da assembleia de Homens que se dedicam ao aperfeiçoamento moral e ético – como disse o Pregador, há tempo para tudo... O segundo aspecto é o que diz respeito à palavra “egrégora” por nada ter sobre ela mencionado, já que desconheço virtualmente o seu significado, principalmente nas lides maçônicas – sobre a dita, tenho a dizer apenas que consultando vários dicionários oficiais, nada encontrei até hoje algo que mencionasse o seu significado no nosso idioma vernáculo – palavra inexistente.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.095 – Florianópolis (SC), segunda-feira, 27 de junho de 2016

Um comentário:

  1. Querido e Poderoso irmão Pedro Juk, no penúltimo parágrafo o mano afirma ser "alheio" ao REAA o termo "Loja em Recreação", porém o Ritual do REAA de 1804 que possuo em mãos, produzido pela Oficina da Restauração, consta na abertura dos Trabalhos ser esse o papel do Ir. 2° Vig. Hoje em dia os Rituais do GOB excluiu tal expressão, mas me parece que na formataçào do REAA em 1804 essa possibilidade existia e era praticada.

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