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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

POSIÇÃO DO MESTRE DE CERIMÔNIAS

POSIÇÃO DO MESTRE DE CERIMÔNIAS
(republicação)

Em 14/02/2015 o Respeitável Irmão Rodrigo Alcantara Tessarini, Loja “Deus, Pátria e Família”, 142, REAA, GLMESP, Oriente de Panorama, Estado de São Paulo, solicita mais esclarecimentos sobre parte de resposta enviada em 04/02/2016. rodrigopanorama@yahoo.com.br

Quando o Irmão diz na resposta da questão 04 (Qual a posição do irmão Mestre de Cerimônias e Hospitaleiro?), que esta posição está relacionada à evolução dos Rituais a partir de 1804, na França. E que há também, uma relação mística na decoração da abóbada celeste e também nas Colunas Zodiacais. Qual seria esta relação com os astros/constelações, e também com as Colunas Zodiacais do Norte e do Sul?

CONSIDERAÇÕES:

Em resumo e sob o ponto de vista do misticismo maçônico do Rito em questão, o Mestre de Cerimônias representa também o “ofício da beleza” no que concerne a qualidade ou o ministério da coisa bela, muito agradável. 

É desse oficial que depende boa parte da ordenação precisa da liturgia e ritualística e, por si só também da qualidade e da beleza, cuja alegoria maçônica inerente a esse tributo está associada ao hemisfério Sul da Loja (vide Segundo Vigilante e a Coluna da Beleza). 

Por sua vez existe também o elo do cargo desse Oficial com as Colunas Zodiacais situadas no Topo do Sul, cujas constelações relativas simbolicamente ao Zodíaco estão representadas na base da Abóbada meridional (sobre os capitéis das seis meias Colunas Zodiacais meridionais). Nessa concepção o ponto de partida do deslocamento e alinhamento na passagem do Sol sobre hemisfério Sul - do ponto de vista do Norte, origem do Rito - está na constelação de Libra, ou Balança (equinócio de outono no Norte), cuja associação figurada se relaciona ao etéreo (Ar), definida nessa aparência pelo planeta Vênus, ou Beleza (vide essa correspondência na página 25 do ritual de Aprendiz em vigência). Em resumo trata-se originariamente da orientação de deslocamento de Vênus pela zona austral nas estações do outono e inverno em relação ao Hemisfério Norte.

Sob esse aspecto é que houve por bem de paulatinamente se sacramentar esse teatro da Natureza nos rituais simbólicos escoceses da França durante o Século XIX e começo do XX envolvendo assim diretamente o lugar em Loja do Mestre de Cerimônias localizando-o na Coluna do Sul o mais próximo da balaustrada e basicamente alinhado à sua retaguarda com a constelação de Libra situada na base do firmamento (a primeira Coluna Zodiacal do Sul). 

Ainda sob a relação do cargo e a decoração da abóbada existe nela a representação do planeta Vênus que, no aspecto mitológico, o termo Vênus é originário do latim e designa a formosura, o amor, a mulher formosíssima, o que até certo ponto integra o cargo de Mestre de Cerimônias com o substantivo feminino “beleza” representado pelo Planeta que aparece situado simbolicamente na Abóbada Celeste da Loja ao Ocidente e levemente deslocado do zênite em direção da sua banda meridional. 

Ilustrando, em astronomia, a última das Artes componentes do segundo “trivium” (classificação dada por Boécio) às Sete Ciências e Artes Liberais da Antiguidade examinadas pela Moderna Maçonaria, Vênus é o mais brilhante dos planetas, cuja órbita se situa entre a trajetória do planeta Mercúrio e a da Terra - segundo o Dicionário Aurélio na sua versão eletrônica, Vênus tem diâmetro aproximadamente igual ao do nosso Planeta do qual dista de 39 a 260 milhões de quilômetros, e revoluciona em torno do Sol em 225 dias. 

Pelo seu brilho, deslocamento e beleza o Planeta é também conhecido como estrela-d’alva, estrela da manhã, estrela da tarde, estrela do pastor, estrela matutina, estrela Vésper*, estrela vespertina, etc. 

Por assim ser é que sinteticamente a “beleza e a formosura” associada ainda à sua posição meridional no firmamento representado pela Abóbada, o planeta Vênus tem sugerido maçônicamente uma relação alegórica entre ele, o cargo e o lugar em Loja do Mestre de Cerimônias no simbolismo do REAA. 

Infelizmente, ainda existem rituais escoceses no Brasil que situam o Mestre de Cerimônias em Loja no Norte. Esse equívoco teve origem em práticas enxertadas no REAA (Rito de origem francesa) de outros Ritos ou Trabalhos, sobretudo por confundirem métodos litúrgicos de outras vertentes maçônicas, lembrando que conforme a história autêntica menciona, o simbolismo escocês foi criado somente a partir do ano de 1.804 na França, oportunidade pela qual veio sofrer forte influência das Lojas Azuis norte-americanas que, por sua vez, praticavam, e ainda praticam o costume inglês antigo – vertente anglo-saxônica da Maçonaria. Em resumo, sob esse aspecto, houve em alguns casos confusão entre o título Diretor de Cerimonial (sistema inglês) com Mestre de Cerimônias (sistema francês) como se ambos se igualassem na prática, o que não é verdade. Há que se levar em consideração que as justificativas para as práticas litúrgicas e ritualísticas de um rito maçônico estão severamente incorporadas à sua cultura e arcabouço doutrinário. Enfim, nem tudo é igual na Sublime Instituição, destarte seja ela composta por inúmeros Ritos e Trabalhos que possuem em muitos aspectos situações distintas entre eles. 

Finalizando, essa é apenas uma explanação sintética de alguns fatos e dela demandam um profundo estudo acurado nos escritos e fragmentos primários que envolvem a doutrina do Rito Escocês Antigo e Aceito na sua vertente latina, cujo caráter está na senda iniciática, em especial àquilo que aborda a topografia, a decoração e a localização de alguns cargos no canteiro de obras simbólico, ou a sala da Loja escocesa (Templo).

(*) 1 Vésper – em astronomia, Vênus; no sentido figurado, é o Ocidente. Em Maçonaria, veja a posição ocidental da representação do planeta Vênus na banda ocidental da Abóbada Celeste.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.148 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 19 de agosto de 2016

POR QUE USAMOS TERNO PRETO?

POR QUE USAMOS TERNO PRETO NA MAÇONARIA BRASILEIRA?
Cloves Gregorio

Muitas são as teorias sobre a utilização de vestes pretas na maçonaria, que vão desde influências do collegia fabrorum até a popular falácia de que a cor preta tem a função de absorver energias. Mas hoje ao invés de abordar a coloração como um todo, vamos nos aprofundar apenas em um vestuário, em dias de sol escaldante, o temeroso terno preto.

Hoje está enraizado na fraternidade e normatizado através de nossos Rituais de que a roupa ideal para se frequentar uma sessão é o terno preto (mesmo sabendo que terno é um conjunto de três peças e que quase nunca utilizamos o colete), mas será que sempre foi assim? Vamos conferir!

Consultando as leis e regulamentos de algumas Obediências que operaram no Brasil durante os Séculos XIX e XX não constatei qualquer regulação sobre vestimenta, mas levando em consideração que as leis e regimentos em vigência hoje de minha Potência também não regula (ficando a cargo dos rituais dos diferentes ritos), investiguei em antigos rituais da citada época.

Analisando os Rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) de 1857 e 1904, oriundos do Grande Oriente do Brasil (GOB), constatei que a vestimenta de praxe eram: casaca, colete, camisa, calça, sapatos e logicamente o avental. Mas nunca especificando a cor (exceto do avental que sempre foi muito bem definido de acordo com o grau). Já no ritual do REAA da Grande Loja Symbolica do Rio de Janeiro de 1928, no Capítulo dos “Títulos, distinções e trajes” já normaliza a vestimenta:

Para as sessões magnas o traje de rigor é preto, com luvas brancas. Na estação calmosa, porém, o traje poderá ser branco, com gravata preta.

Então percebemos que em certo momento não havia regulação, mas que eram vestes convencionadas, já em 1928 há uma obrigatoriedade no uso de vestimenta especificada. Mas tanto o modelo convencionado, quanto depois o obrigatório eram baseados em que? Para entender o assunto vamos fazer o que eu mais gosto, revisitar a história!

Em um texto chamado “Vestiário burguês e aristocrático do século XIX” do blog “Viajar no tempo” nos diz que:

O traje masculino mostrou-se menos dado a modas e a variações. A generalização do trabalho a todas as classes e o conceito de homem másculo, pouco interessado em «trapos», impuseram-se pouco a pouco.Mas também o seu vestuário sofreu algumas evoluções.

Três das peças principais do traje masculino foram a casaca, o colete e as calças. Mas a casaca saiu gradualmente do uso quotidiano para se transformar em traje de cerimônia. Em sua substituição surgiram a sobrecasaca, que descia abaixo dos joelhos e o casaco, à maneira de hoje, aparecido no começo da «Belle Époque» . As calças, que muitos ainda usavam de tipo calção durante o estilo «Império», eram compridas, surgindo o respectivo vinco só no final do século.

Durante muito tempo preferiram-se tecidos diferentes para a casaca (ou seus substitutos), o colete e as calças. por baixo vestia-se uma camisa e punha-se sempre uma gravata, cuja forma variou muito. A casaca de cerimônia, preta a partir do estilo «”º Império», sofreu depois a concorrência do smoking, usado aliás em momentos diferentes.

Bem, levando em consideração que os homens então da maçonaria no Século XIX eram em sua maioria parte da aristocracia, ou no mínimo estudados e/ou com alguma posse, estes seguiam o padrão de vestimenta da classe, o que explica a casaca, o colete e a calça nos rituais de 1857 e 1904. Mas e a cor? Eu consigo imaginar a cor preta facilmente, mas para provar meu ponto utilizarei um trecho do artigo “Pedro II e o império de casaca: os sentidos de poder nos trajes masculinos no Segundo Império” de Joana Moraes Monteleone (2017) que diz:

A casaca, as calças e o preto. Esses foram os três elementos que compuseram a base da silhueta masculina no século XIX. A partir dos anos 1850, D. Pedro II passou os anos de seu governo com casacas e calças pretas – eram sua vestimenta preferida e também a maneira com a qual gostava de ser retratado. Mais do que uma imagem burguesa, ao vestir-se com calças e casacas pretas – e também com camisa branca, gravata, relógio de ouro e comendas – D. Pedro era o retrato do poder aristocrático no século XIX. Era, portanto, muito mais do que imperador cidadão, era um imperador do mundo, espelhando homens poderosos de outras cortes e de outros impérios.

Tendo em vista esse cenário, quem não iria querer usar as mesmas cores que o imperador? Mas ainda temos uma questão para responder. Como chegamos ao famigerado terno preto que tanto amamos? Levando em consideração as questões levantadas anteriormente, acredito que o nosso terno preto tenha sido incorporado a maçonaria do Brasil, ainda por influência europeia, caminhando por essa linha de pensamento achei um artigo de John Hamill (2015) chamado “A história do traje formal na Maçonaria e seu apelo para os maçons mais jovens” que fala justamente da evolução do vestuário da fraternidade na inglaterra sendo diretamente influenciado pelas duas grandes guerras, então explica que antes disso normalmente eram utilizados smoking e que durante a primeira guerra mundial devido a escassez de material o vestuário chegou a ser apenas paletó e gravata preta ou o uniforme para militares da ativa e na segunda guerra mundial passou para ternos diurnos (morning suits, infelizmente não achei tradução melhor para falar da variada elegância inglesa), que continua popular até os dias de hoje. 

Conclusão:

Devido ao desenrolar dessa pequena pesquisa, acredito piamente que o terno preto seja uma influência direta do vestuário europeu na sociedade brasileira, mesmo possuindo temperaturas gritantemente diferentes. Eu particularmente, gosto de me vestir bem para a prática dos trabalhos litúrgicos. A meu ver, traz importância ao momento solene. John Hamill (2015) ainda em seu pequeno artigo diz que “Como tantas outras coisas, na Maçonaria há um simbolismo na maneira como nos vestimos. Como sempre foi dito, quaisquer que sejam as circunstâncias de um indivíduo na vida, na Maçonaria somos todos iguais.”, que eu corroboro diante da uniformidade da vestimenta preta, e acredito que deixa todos os irmãos em nível de igualdade.

Referências
Ritual do Aprendiz Maçom – REAA (GOB) – 1857
Ritual do Aprendiz Maçom – REAA (GOB) – 1904
Ritual do Aprendiz Maçom – REAA (Grande Loja Symbolica do Rio de Janeiro) – 1928
Blog “Viajar no Tempo”. Vestiário burguês e aristocrático do século XIX.
MONTELEONE, Joana Moraes. Pedro II e o império de casaca: os sentidos de poder nos trajes masculinos no Segundo Império. 2017. Scielo.
HAMILL, John. the history of formal dress in Freemasonry and its appeal for younger masons. 2015. Freemasonry Today.

Fonte: http://www.maconariatupiniquim.com.br

domingo, 30 de agosto de 2020

FOTO MAÇÔNICA DE DOMINGO

Por Géplu
Foi Guy quem nos enviou esta foto, Tirada na Hungria no Festival Sziget (Música), onde os irmãos se apresentam fornecendo informações sobre sua obediência e a Irmandade.

Se também estiver perto de sua casa ou em viagem e notar um edifício, um objeto ou decoração maçônica ou uma reminiscência de alvenaria, não hesite em nos enviar fotos com alguns esclarecimentos.

Esses "depoimentos" são muito populares entre os leitores do Blog. (tradução livre)
Fonte: Blog hiram.be

CADEIA DE UNIÃO

CADEIA DE UNIÃO
(republicação)

Em 01/02/2016 o Respeitável Irmão Luiz Antonio de Lima, Loja Cel. João Pedro de Godoy Moreira, 3.369, REAA, GOB, Oriente de Pedreira, Estado de São Paulo, formula a seguinte questão:
lima@fartriunfo.com.br

Surgiu uma duvida... Devemos fazer a Cadeia de União no REAA com o Livro da Lei aberto? 

Faz-se o encerramento ritualístico antes?

CONSIDERAÇÕES:

Embora eu já tenha derramado rio de tintas escrevendo a respeito, lá vai mais uma vez. Cadeia de União no REAA somente existe para a transmissão da Palavra Sagrada, não havendo nela orações, preces, manifestações e outras coisas do gênero.

Também nela não existe a evocação e o pronunciamento de tríades, a exemplo da manjada “saúde, força e união” acompanhada do balançar dos antebraços e nem a tal união com a ponta dos pés. Volto a repetir: genuinamente, no REAA, essas práticas simplesmente não existem.

A maneira correta para a transmissão da Palavra é aquela na qual os Irmãos do quadro em pé formam um círculo, ou uma elipse, no centro do recinto (Ocidente) e dão-se as mãos uns aos outros com os antebraços cruzados pela frente e sobre a base do tronco, tendo o direito cruzado sobre o esquerdo. Dessa postura o Venerável transmite de modo sussurrado a Palavra Semestral aos respectivos ouvidos dos protagonistas que estiverem imediatamente ao seu lado (Secretário e Orador). Assim a Palavra vai sendo transmitida do mesmo modo e sequencialmente percorrendo até que ela atinja respectivamente os dois ouvidos do Irmão Mestre de Cerimônias que estará posicionado no outro lado do círculo, ou elipse, e de frente para o Venerável (vide todas essas explicações no Ritual de Aprendiz GOB).

A transmissão da Palavra Semestral, pelo seu escopo, somente é comunicada aos Irmãos regulares do quadro da Loja. Portanto, primeiro encerra-se ritualisticamente a sessão e, em havendo Irmãos visitantes, estes primeiro se retiram, permanecendo no recinto apenas os Irmãos da Loja para formação da Cadeia e respectiva transmissão.

O termo “Irmãos do quadro da Loja” se refere literalmente ao seu significado, ou seja, apenas Irmãos do quadro, mesmo que existam visitantes pertencentes à mesma Obediência da Loja.

Por assim ser, a Cadeia é executada com a Loja já fechada, por conseguinte, não há Livro da Lei aberto – vide todos esses procedimentos na página 82 do Ritual de Aprendiz, REAA, GOB, em vigência.

Note que o subtítulo “Adendo: Cadeia de União” encontra-se localizado no Ritual imediatamente após o encerramento dos trabalhos da Loja, o que se reforça no primeiro explicativo que menciona o seguinte: “A Cadeia de União somente se realiza quando houver necessidade de se transmitir a Palavra Semestral”.

T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.147 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 18 de agosto de 2016

PÍLULAS MAÇÔNICAS

LOJA "EM FAMÍLIA" NO TEMPO DE ESTUDOS

No R∴E∴A∴A∴ está virando tradição, no Tempo de Estudos, quando se faz a apresentação das peças de arquitetura, os Obreiros da Loja se reunirem no Ocidente.

Ali, o palestrante apresenta seu Trabalho, ao fim do qual, perguntas e comentários são feitos a respeito do tema apresentado.

Desse modo, de maneira mais racional e com melhor aproveitamento de tempo, o Venerável Mestre bate o Malhete e declara estar a Loja “em família” a partir daquele momento. Nessa situação, os Obreiros podem pedir a palavra diretamente ao Venerável Mestre para comentar o Trabalho, sem ter que cumprimentar as Autoridades Maçônicas e os Vigilantes.

Permite também, que a palavra volte ao mesmo Obreiro, quantas vezes o Venerável Mestre desejar. O debate torna-se fecundo e todos aproveitam muito mais, pois não há perda de tempo com os cumprimentos.

Considerando que, para determinados assuntos, 30 a 45 minutos é muito pouco para um bom aproveitamento, nessa alternativa tem-se um melhor rendimento.

Findo o debate, o Venerável bate o Malhete, dizendo estar “em Loja”, novamente.

Devemos deixar claro que é diferente de colocar a Loja “em recreação”, típico do Rito de York, onde os Obreiros saem da Loja e há uma “ritualística” controlando todo o acontecimento. Inclusive, as finalidades são diferentes.

M∴I∴ Alfério Di Giaimo Neto
CIM 196017

Fonte: pilulasmaconicas.blogspot.com

LÉXICO MAÇÓNICO - ÁGAPE

LÉXICO MAÇÓNICO - ÁGAPE
Rui Bandeira

Nos vários textos anteriores, foi várias vezes mencionado o termo “ágape”, aliás num deles definido como refeição tomada em conjunto por maçons, em regra depois, ou imediatamente antes, das reuniões de Loja.

Em circunstâncias ideais, as instalações onde decorrem reuniões de Lojas devem estar preparadas para ter uma sala, de tamanho adequado e devidamente mobilada, onde possa ser servida e consumida a refeição, e ainda local para a confecção desta.

Durante um ágape, são efectuados pelo menos sete brindes, dedicados ao Presidente da República, a todos os Chefes de Estado que protegem a Maçonaria, ao Grão-Mestre, ao Venerável Mestre da Loja, aos demais Oficiais da Loja, aos Visitantes (ou, nos ágapes brancos, às senhoras presentes) e a todos os Maçons, onde quer que se encontrem.

O ágape branco é um ágape em que estão presentes não maçons, em regra familiares e amigos. No ágape branco, o cerimonial é aligeirado ao mínimo, mantendo-se apenas os brindes.

O ágape ritual é considerado o prolongamento dos trabalhos em Loja. Nele, os Aprendizes e Companheiros têm oportunidade de exprimir as suas opiniões, relativamente aos assuntos debatidos em Loja (já que, em sessão de Loja, os Aprendizes e Companheiros devem observar a regra do silêncio, para mais concentradamente poderem dedicar a sua atenção ao que vêm e ouvem) ou colocados em discussão no próprio ágape.

Quando existem condições de privacidade que o permitam, o Venerável Mestre, no início do ágape, informa qual o tema sobre o qual todos os elementos presentes devem emitir as suas considerações, pela forma que entenderem. Seguidamente, cada um dos elementos presentes deve, à vez, levantar-se, apresentar-se e proferir uma alocução breve sobre o tema indicado. Esta rotina possibilita o melhor conhecimento mútuo de todos os membros de uma Loja (pois cada um expõe, em plena liberdade e perante a atenção silenciosa dos demais os seus pontos de vista), facilita a integração dos membros mais recentes (que verificam a prática da igualdade entre maçons e a aceitação das diferenças de opinião entre eles) e contribui para a superação do receio de falar em público de que sofrem algumas pessoas.

Quando existem condições para a refeição ser preparada e consumida nas instalações da Loja, por regra é nomeado um elemento da Loja, que fica com a responsabilidade de dirigir a preparação da refeição e do local onde a mesma vai ser consumida.

Quando não existem as condições de privacidade entendidas necessárias, o ritual do ágape reduz-se aos brindes ou é, mesmo, eliminado, servindo a refeição apenas (e já é bom!) para possibilitar a sã convivência entre os elementos da Loja.

Os ágapes em muito contribuem para a criação e o fortalecimento dos laços de amizade e solidariedade entre os maçons.

Fonte: rimad.net

sábado, 29 de agosto de 2020

O PORTA-BANDEIRA CANTA O HINO NACIONAL?

Em 10/03/2020 questão que faz o Respeitável Irmão Fábio Luiz Mezencio, sem mencionar o nome da Loja, Rito e Oriente, GOB-SP, Estado de São Paulo:

O PORTA-BANDEIRA CANTA O HINO?

Hoje no tempo de estudos estávamos repassando o decreto 1476/2016 do GOB que dispõe sobre o cerimonial para a Bandeira Nacional. Em dado momento um Aprendiz me questionou se o Porta-Bandeira canta o hino (acredito que ele já tinha a resposta na ponta da língua, rs) no que respondi que não via o porquê de ele não o fazer, eis que, s.m.j., não há vedação legal para tanto. Ele me respondeu que no exército o porta bandeira não canta o hino por ser uma extensão dela (mastro). Dei uma pincelada na LEI Nº 5.700, DE 1º DE SETEMBRO DE 1971 e não vi nada nesse sentido. Fica a pergunta: o Porta Bandeira pode cantar o nacional?

CONSIDERAÇÕES:

Nossa! Esse Aprendiz mal começou a sua carreira iniciática e já se derivou para o caminho das ilações e conclusões temerárias. Ora, tratar o Porta-Bandeira como prolongamento do mastro, por óbvio é uma conclusão absurdamente desmedida!

De fato, não dá para se imaginar o Porta-Bandeira (a pessoa que leva uma bandeira hasteada) ser confundido com o mastro (a haste na qual se iça a Bandeira). Tratá-lo como extensão do mastro é mesmo d’escrachar. Eu diria, racionalmente inimaginável.

No mais, além desse absurdo, uma coisa nada tem a ver com a outra. O Hino Nacional é um caso e o Pavilhão Nacional é outro caso. Entenda-se que de acordo com a Lei nº 5.700, de 1 de setembro de 1971, que trata dos símbolos nacionais, estes são quatro a saber: a Bandeira, as Armas, o Hino e o Selo. Esses símbolos representam a Nação brasileira e o espírito cívico de seu povo. A Bandeira, as Armas e o Selo são de representação visual, enquanto que o Hino é de representação verbal. Entre eles não existe precedência de um símbolo sobre o outro. Vejamos então o que menciona o CNPC-BRASIL, Comitê Nacional do Cerimonial Público:
“Devemos esclarecer primeiramente que a Lei 5.700/71, que regulamenta a utilização dos Símbolos Nacionais (Bandeira, Hino, Selo e Brasão de Armas da República), não expressa qualquer observação nem determina, na realização dos eventos no Brasil, um posicionamento de homenagem de um símbolo para o outro (o grifo é meu). Nós, cerimonialistas, membros da Diretoria CNCP, consideramos que a ação de cantar o Hino Nacional nas solenidades deve ser traduzida como uma homenagem à Pátria e, tendo em vista que a nossa Pátria está legitimamente representada pelas autoridades e pelo público presente ao evento, não vemos sentido em que autoridades e convidados se voltem para a Bandeira, no momento da execução do Hino. Vale ressaltar ainda que o Hino Nacional não é um hino em homenagem à Bandeira. Para uma homenagem à Bandeira, a Lei 5.700 reserva a data de 19 de novembro, denominada o "Dia da Bandeira", em que o hasteamento se dá precisamente às 12 horas, executando-se o Hino à Bandeira. O entendimento equivocado dessa questão tem propiciado a muitos a preocupação de se voltarem para a Bandeira todas as vezes que o Hino Nacional é executado, o que se deve com frequência a alguns cerimonialistas menos experientes que chegam a ponto de orientar a autoridade para assim proceder, induzindo-a a erro.”
Dado a isso, além de obviamente o Porta-Bandeira não ser considerado uma extensão do mastro (sic), o que é um verdadeiro absurdo, o Hino Nacional é cantado por todos os presentes no recinto da Loja, destacando mais uma vez não existir nenhuma precedência de um símbolo nacional sobre o outro. Assim, o Porta-Bandeira, como o oficial que conduz o Pavilhão Nacional, durante o canto do Hino, tal como os demais, mesmo tendo às mãos a Bandeira hasteada, também canta o Hino.

Reitera-se que quando do canto do Hino Nacional ninguém deve se voltar para a Bandeira enquanto essa estiver parada. Isso é erro crasso já que o Hino Nacional não foi feito para homenagear a Bandeira. A Bandeira é seguida pelo olhar dos presentes quando ela estiver em deslocamento, oportunidade em que obviamente ninguém estará cantando o Hino.

De tudo, espero que essas observações tenham esclarecido alguns procedimentos ritualísticos concernentes à Bandeira e o Hino Nacional dentro da Loja, inclusive o de não tratar o Irmão Porta-Bandeira como extensão do mastro, o que é mesmo uma bobagem sem tamanho.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

AVENTAIS


Symbolic Apron France - séc XIX

PADRES MAÇONS

PADRES MAÇONS

Lista incompleta dos Irmãos e Sarcedotes de nossa história.
  • Bispo Azeredo Coutinho 33∴ (Escritor português prelado de Pernambuco.)
  • Bispo Conde de Irajá 33∴ (Sagrador, coroador e celebrante do casamento de Dom Pedro II.)
  • Conego Dr. João Carlos Monteiro 3∴
  • Conego Francisco L. de Brito Medeiros Campos 3∴
  • Conego Ismael de Senna Ribeiro Nery 18∴
  • Frei Antonio do Monte Carmelo 18∴
  • Frei Candido de Santa Isabel Cunha 18∴
  • Frei Carlos das Mercês Michelli 7∴
  • Frei Francisco de Monte Alverne 33∴ (Maior pregador do século XIX.)
  • Frei Francisco de Santa Thereza Sampaio 7∴ (Grande polemista)
  • Frei Francisco de São Carlos 33∴
  • Frei Joaquim do Amor Divino Caneca 7∴
  • Frei Norberto da Purificação Paiva 33∴
  • Monsenhor Pinto de Campos∴ (Escritor pernambucano.)
  • Padre Albino de Carvalho Lessa 3∴
  • Padre Antonio Alvares Guedes Vaz 18∴
  • Padre Antonio Arêas 3∴
  • Padre Antonio da Immaculada Conceição 3∴
  • Padre Antonio João Lessa 7∴
  • Padre Auliciano Pereira de Lyra 33∴
  • Padre Bartholomeu da Rocha Fagundes 30∴
  • Padre Candido Ferreira da Cunha 33∴ ( 1º Presidente da Constituinte do Brasil.)
  • Padre Diogo Feijó 33∴ ( Regente do Brasil, na menoridade de D. Pedro II.)
  • Padre Ernesto Ferreira da Cunha 17∴
  • Padre Francisco João de Arruda 3∴
  • Padre Francisco José de Azevedo 18∴ (Inventor da primeira maquina de escrever.)
  • Padre Francisco Marcondes do Amaral 3∴
  • Padre Francisco Peixoto Levante 15∴
  • Padre Guilherme Cypriano Ribeiro 3∴
  • Padre Januário da Cunha Barbosa 7∴ (Orador sacro, fundador do Instituto Histórico Brasileiro. )
  • Padre João da Costa Pereira 3∴
  • Padre João José Rodrigues de Carvalho Celeste 7∴
  • Padre Joaquim Ferreira da Cruz Belmonte 33∴
  • Padre José Capistrano de Mendonça 30∴
  • Padre José da Silva Figueiredo Caramurú 32∴
  • Padre José Luiz Gomes de Menezes 33∴
  • Padre José Roberto da Silva 3∴
  • Padre José Sebastião Moreira Maia 3∴
  • Padre Lourenço de Albuquerque Loyola 3∴
  • Padre Manoel Cavalcante de Assis Bezerra de Menezes 3∴
  • Padre Manoel Telles Ferreira Pita 7∴
  • Padre Paulo de Maia 3∴
  • Padre Thomaz dos Santos Mariano Marques 3∴
  • Padre Torquato Antonio de Souza 3∴
  • Padre Vicente Ferreira Alves do Rosário 33∴
  • Vigário Eutychio Pereira da Costa 33∴ ( Deleg. do Grão Mestre no Pará em 1.877 – Bol G.O.B. 1.918 pág. 1.123.)
(Garantimos a autenticidade dos presentes nomes, pois se acham registrados na Grande Secretaria Geral da Ordem no Rio de Janeiro – Do Popular ( Victoria, de 16 de Maio de 1.908.)

Padre Vicente Gaudinieri (Iniciado na Loja Modestia nº 0214, em Morretes, transferido para Palmeira-PR, onde, por coincidência em 1º/02/1.898 foi fundada a Loja Conceição Palmeirense, a qual mais tarde, mudou o nome para Loja Moria. Participou como fundador da Loja Luz Invisível, está registrado no Livro de Obreiros nº 1, na página nº 23.)

Padre Guilherme Dias (A Loja Luz Invisível nº 33 – Curitiba, possue correspondência deste irmão, quando passou a residir na cidade de Ponta Grossa.)

Padre Roberto Pratis Alvarenga, 33, Loja independência n1 e Cidade de Vila Velha nº 89 (GLMEES).

Pesquisa realizada por: Hiran Luiz Zoccoli modificado por Leonardo Loubak

Fonte: http://www.brasilmacom.com.br

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

IRMÃO E MANO

IRMÃO E MANO
(republicação)

Irmão e mano Em 29/01/16 o Respeitável Irmão Luiz Felipe, Loja João Vilaça, 77, REAA, GLESP, Oriente de São Bernardo do Campo, Estado de São Paulo, formula a seguinte questão. luisfelipe@thermocom.com.br

Sempre critiquei a voz substituta de Irmão pra Mano dentro da filosofia Maçônica; a palavra mano soa pejorativamente. Mas enfim esta certo trocar Irmão pela gíria mano?

CONSIDERAÇÕES:

Segundo dicionário eletrônico Aurélio da língua portuguesa, Irmão – substantivo masculino; do latim germanu, dentre outros, menciona aquele que é membro de confraria ou de irmandade; é o correligionário, confrade, camarada. Designa também aquele que é um membro da Maçonaria.

Ainda no mesmo dicionário, o substantivo masculino Mano (hipocorística* de irmão), é o irmão, amigo, camarada, etc. Como adjetivo, menciona aquele que é muito amigo; íntimo; inseparável; unido.

Nesse sentido o vocábulo de tratamento “Mano” me pare estar muito longe de soar ou ser tratado como uma gíria, muito menos de qualidade pejorativa.

Em se tratando do equilíbrio e do bom-senso dos fatos, obviamente que em termos maçônicos o vocábulo “Mano”, é tido como um tratamento coloquial relativo ao carinhoso, ao íntimo, etc. não devendo, portanto ser usado de modo formal em documentos, redação de Leis, atas, correspondências oficiais, dialética de rituais, instruções, peças de arquitetura e tratamento em Loja quando do uso da palavra – para esses casos a formalidade exige o uso do termo “Irmão”.

Agora, como forma de tratamento cotidiano que não envolva manifestações em Loja aberta, eu sinceramente não vejo nada contrário que deponha ou possa ferir a filosofia maçônica.

É sempre bom lembrar que vivemos em uma Instituição a serviço da razão e da humildade, porém sem perder a delicadeza e a suavidade, mesmo quando a situação exigir a beleza geométrica da formalidade.

Concluindo, penso que o uso dos tratamentos de “Irmão ou Mano” na Maçonaria são ideários da família que a compõe, restringindo-se o uso de um ou de outro apenas conforme o momento da sua aplicação.

(*)Hipocorístico - do grego hipokoristikón (diminutivo) mencionado na definição “hipocorística de irmão” é dito como vocábulo relativo à familiar, carinhoso.

T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.146 – Florianópolis (SC) – quarta-feira, 17 de agosto de 2016

O BODE NA MAÇONARIA

O BODE NA MAÇONARIA 
José Castellani

Dentro da nossa organização, muitos desconhecem o nosso apelido de bode. A origem desta denominação data do ano de 1808. Porém, para saber do seu significado temos necessidade de voltarmos no tempo. Por volta do III ano d.C. vários Apóstolos saíram para o mundo a fim de divulgar o cristianismo. Alguns foram para o lado judaico da Palestina. E lá, curiosamente, notaram que era comum ver um judeu falando ao ouvido de um bode, animal muito comum naquela região. Procurando saber o porquê daquele monologo foi difícil obter resposta. Ninguém dava informação, com isso aumentava ainda mais a curiosidade dos representantes cristãos, em relação aquele fato. Até que Paulo, o Apóstolo, conversando com um Rabino de uma aldeia, foi informado que aquele ritual era usado para expiação dos erros. Fazia parte da cultura daquele povo, contar alguém da sua confiança, quando cometia, mesmo escondido, as suas faltas, ficaria mais aliviado junto a sua consciência, pois estaria dividindo o sentimento ou problema. 

Mas por que bode? Quis saber Paulo. É por¬que o bode é seu confidente. Como o bode nado fala, o confesso fica ainda mais seguro de que seus segredos serão mantidos, respondeu-lhe o Rabino. A Igreja, trinta e seis anos mais tarde, introduziu, no seu ritual, o confessionário, juntamente com o voto de silêncio por parte do padre confessor - nesse ponto a história não conta se foi o Apóstolo que levou a idéia aos seus superiores da Igreja, o certo é que ela faz bem à humanidade, aliado ao voto de silêncio, 0 povo passou a contar as suas faltas. 

Voltemos em 1808, na França de Bonaparte, que após o golpe dos 18 Brumários, se apresentava como novo líder político daquele país. A Igreja, sempre oportunista, uniu-se a ele e começou a perseguir todas as instituições que não governo ou a Igreja. Assim a Maçonaria que era um fator pensante, teve seus direitos suspensos e seus Templos fechados; proibida de se reunir. Porém, irmãos de fibra na clandestinidade, se reuniram, tentando modificar a situação do país. Neste período, vários Maçons foram presos pela Igreja e submetidos a terríveis inquisições. Porém, ela nunca encontrou um covarde ou delator entre os Maçons. Chegando a ponto de um dos inquisidores dizer a seguinte frase a seu superior: - “Senhor este pessoal (Maçons) parece BODE, por mais que eu flagele não consigo arrancar-lhes nenhuma palavra”. Assim, a partir desta frase, todos os Maçons tinham, para os inquisidores, esta denominação: “BODE” - aquele que não fala, sabe guardar segredo. 

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

ORDEM MAÇÔNICA

ORDEM MAÇÔNICA
(republicação)

Em 27/01/16 o Respeitável Frater Hodilon Sousa, estudante Rosa Cruz (AMORC), sem declinar o nome da Cidade e Estado da Federação, formula o que segue. hodilon1@hotmail.com

Sou estudante da ordem Rosa Cruz (A.M.O.R.C.). Eu tenho o interesse de seguir à Ordem Maçônica, sou Aprendiz da mesma de forma independente, mas quero aprofundar mais neste campo de estudo. Portanto, gostaria de saber do venerável amigo, homem sapiente; o que é a Ordem para o senhor? Se puder me ajudar neste esclarecimento, eu humildemente lhe agradeço.

CONSIDERAÇÕES:

Sou condescendente com a seguinte cátedra resumida.

A Moderna Maçonaria é uma instituição iniciática que abriga nos seus quadros homens que são livres de preconceitos, exercem a prática de bons costumes; são esclarecidos e virtuosos, amantes e investigadores da verdade e estimulam uns aos outros para a prática da virtude.

Seus membros, denominados Maçons, vivem segundo os ditames da lei e da honra, praticam a justiça e exercem a obrigação de combater irrestritamente a ignorância, os preconceitos e os erros em todas as suas modalidades.

A Sublime Instituição é, sob o aspecto autêntico da história acadêmica, oriunda dos Canteiros Medievais do norte da Europa do Século XIII (construtores da pedra esquadrejada - cantaria) que viviam sob a tutela da Igreja-Estado da época e construíam catedrais, abadias, obras públicas, etc. (Maçonaria Operativa).

Doutrinariamente a Moderna Maçonaria – título adquirido no primeiro quartel do Século XVIII - em seu aspecto “especulativo” desenvolve-se numa escola que procura antes de tudo congregar universalmente e ecumenicamente Construtores Sociais (os Maçons) que buscam por intermédio do seu aprimoramento moral e intelectual levar para fora dos umbrais dos seus Templos (Lojas) a prática desinteressada da caridade e o exercício fundamental de tolerância e de amor ao próximo, independente de qual seja a cor, classe social e a religião.

Como instituição iniciática especulativa ela se mantém discreta nos liames de um sistema velado por símbolos e alegorias geralmente relacionadas a objetos (ferramentas) e outros elementos de uso dos artífices da construção.

Embasada num sistema moral e filosófico haurido das manifestações do pensamento humano, a Moderna Maçonaria combate a superstição e o fanatismo, ao mesmo tempo em que se propõe aprimorar o Homem tendo-o como elemento primário que objetiva a construção de um Templo à Virtude Universal.

A Maçonaria não é uma religião, porém para elevar o Homem e torna-lo digno da sua missão na Terra, ela respeita a individualidade religiosa de cada um, desde que essa crença não professe nenhum atentado contra a Humanidade. Assim ela proclama de modo conciliatório a existência de um Princípio Criador a quem “O” denomina de “Grande Arquiteto do Universo”.

De estilo conciso essas são as diretrizes que embasam as minhas convicções maçônicas.

Um fraterno abraço ao tempo que vos saúdo em todas as pontas do amado Triângulo.

E.T. – Um Maçom somente será regular e reconhecido se pertencer ativamente ao quadro de uma Loja Maçônica que seja parte da constelação de uma Obediência verdadeiramente reconhecida.

T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.145 – Florianópolis (SC) – terça-feira, 16 de agosto de 2016

A SIMBOLOGIA DA FRANCO-MAÇONARIA (PARTE I)

A SIMBOLOGIA DA FRANCO-MAÇONARIA (PARTE I)
Autor: Francisco Ariza
Tradução: Sérgio K. Jerez


Neste trabalho dedicado à simbologia universal, não poderiam faltar algumas reflexões sobre o importante simbolismo da Maçonaria, que representa, junto à tradição Hermética–Alquímica, a única via iniciática não religiosa que sobrevive ainda na Europa e sua área de influência cultural. E isto é assim embora, na atualidade, muitos maçons não conheçam – ou conheçam de forma muito limitada – o caráter simbólico e iniciático de sua Ordem. Alguns chegam inclusive a negar esse aspecto essencial da maçonaria, crendo que esta só persegue fins sociais e filantrópicos. Há outros, inclusive, que só vêm na riqueza simbólica da Maçonaria uma fonte inesgotável onde alimentar suas próprias fantasias “ocultistas”, tão em moda hoje em dia. Sem dúvida, esta suplantação dos verdadeiros fins da Maçonaria e, por conseguinte, a infiltração das “ideias” profanas, só podia acontecer numa época que, como a nossa, vive imersa na mais profunda obscuridade intelectual e espiritual.

Devemos esclarecer que aqui se vai falar da Maçonaria tradicional, ou seja, daquela que mantém vivos e permanentes, através dos símbolos, dos ritos e dos mitos, os laços com as realidades cosmogônicas e metafísicas emanadas da Grande Tradição Primordial, da qual a Maçonaria é (em verdade) uma ramificação. No nosso entender, e considerada desta maneira, a Maçonaria, igual a qualquer outra organização tradicional, oferece ao homem caído e ignorante os elementos necessários para levar a cabo sua própria regeneração e evolução espiritual. A estrutura simbólica e ritual da Maçonaria reconhece numerosas heranças procedentes das diversas tradições que foram se sucedendo no Ocidente durante, pelo menos, os últimos dois mil anos. E este feito, longe de aparecer como um mero sincretismo, revela nesta Tradição uma vitalidade e uma capacidade de síntese e de adaptação doutrinal que lhe valeu o nome de “arca tradicional dos símbolos”.

Todas essas heranças foram se integrando com o transcorrer do tempo no universo simbólico da Maçonaria, amoldando-­se a sua própria idiossincrasia. Procedendo de uma tradição de construtores, não deve parecer estranho que a Maçonaria desempenhe a função de arca receptora, pois precisamente a construção ou edificação não tem outra função além de pôr “a coberto” ou “ao abrigo” da intempérie ou inclemência do tempo; mas, analogamente, quando se entende a construção como algo sagrado — e este é o caso — está claro que esta não faz outra coisa senão proteger, e separar, do mundo profano (as trevas exteriores) tudo aquilo que corresponde ao domínio estritamente espiritual e metafísico. Por outro lado, este é precisamente o papel dos símbolos que aludem às ideias de receptividade e concentração, como a própria arca, o cálice, a caverna ou o templo. Sendo, como dissemos, uma via iniciática de origens artesanais, a Maçonaria teve uma especial sensibilidade com relação a todas as correntes tradicionais com as quais entrou em contato.

Assim, dentre essas correntes merecem destaque, além do Hermetismo, as que procedem do Cristianismo, do Judaísmo e da antiga tradição greco–romana, e, mais concretamente, do Pitagorismo. Também poderíamos mencionar a ainda mais antiga tradição egípcia, sobretudo no que se refere aos símbolos cosmogônicos relacionados com a construção, pois, como é sabido, o antigo Egito é, na realidade, um dos centros sagrados de onde surgiu grande parte do saber que contribuiu para dar forma, com sua influência sobre os filósofos gregos, à concepção do mundo que é própria da cultura ocidental. De todo modo, a herança egípcia é transmitida à Maçonaria através, fundamentalmente, da Alquimia hermética e do Pitagorismo. Não obstante, disso que dissemos não se deve concluir que a Maçonaria seja o “resultado” da confluência de todas essas tradições. Se fosse assim, a Maçonaria viria a ser uma espécie de colagem ou museu arqueológico onde teriam abrigo todas as relíquias do passado encontradas aqui e acolá, e catalogadas segundo sua respectiva antiguidade.

Evidentemente não é isso que queremos dizer quando falamos da herança multissecular recebida pela Maçonaria. Cada tradição é legitimada e conformada por uma “revelação” de ordem divina acontecida em um tempo mítico, “a­histórico” e atemporal[1]. Tal revelação é “única” para cada forma tradicional que se constitui a partir dela, dando-lhe seu “selo” ou “marca” particular, sua estrutura, e, portanto, uma função e um destino a cumprir no cenário do tempo da história.

Ocorre, por quaisquer circunstâncias, que uma tradição receba de outra (ou outras) determinadas influências por contato ou similitude, o que muitas vezes foi inevitável e até necessário. Mas de nenhum modo isto quer dizer que uma tradição se “transforme” em outra, pois, como ocorre com qualquer ser vivo, cada uma compreende um nascimento, um desenvolvimento, uma maturidade, e finalmente, uma morte. Aquilo que se convencionou chamar de “Unidade Transcendente das Tradições”, é bem diferente de uma simples “uniformidade”. Significa, fundamentalmente, que todas – e cada uma delas – procede de uma fonte única (a Tradição Primordial), que se manifesta não na forma ou roupagem que possam adotar por circunstâncias de tempo e de lugar, mas, precisamente, no que constitui a “sabedoria perene” contida no núcleo mais interno e central de cada tradição. O que ocorre com respeito à Maçonaria é que esta não possui um caráter religioso, o que tornou possível sua adaptação a todas as tradições, religiosas ou não, com as quais se relacionou ao longo da história.

A simbologia iniciática, demonstrada na arte da construção, entre outras coisas lhe serviu de cobertura protetora, ao mesmo tempo em que lhe permitiu amoldar-se a qualquer “dogma” religioso ou exotérico sem entrar em conflito com ele. Temos um exemplo disso nas relações que, durante toda a Idade Média ocidental, a Maçonaria manteve com o poder eclesiástico e com as diversas organizações iniciáticas do esoterismo cristão. Por outro lado, se a Maçonaria, com esse espírito de fraternidade e tolerância que a caracteriza, não houvesse acolhido em seu seio essas diversas heranças, estas, com toda segurança se haveriam perdido definitivamente. E foi possivelmente essa capacidade receptora que contribuiu para fomentar essa ilusão de sincretismo que erroneamente alguns lhe atribuem. É precisamente o contrário, pois a Maçonaria ao “reunir o disperso” não fez nada além de conservar em suas estruturas simbólico–ritualísticas a “memória” dessas múltiplas heranças, cumprindo com isso um papel “totalizador” que tem sua razão de ser (e uma razão de ser profunda) neste final de ciclo que estamos vivendo. Neste sentido, e da mesma forma que na Arca de Noé foram guardadas, para que não perecessem, todas as “espécies” que deviam ser conservadas durante o cataclismo ocorrido entre dois períodos cíclicos, a “arca” maçônica também acolhe tudo o que de válido deve conservar-se – até que, por sua vez, o ciclo presente termine – e que constituirá os “germens” espirituais que se desenvolverão durante o transcurso do futuro ciclo.

Particularmente esta função recapituladora assumida pela Maçonaria tradicional faz pensar que ela subsistirá até a consumação do ciclo, o que, por outro lado, e como assinala um autor maçom, “… está expresso simbolicamente pela fórmula ritual segundo a qual a Loja de São João está no vale de Josafá”, que, acrescentamos, é onde simbolicamente terá lugar o que no Cristianismo se denomina o “Juízo Final”[2]. No mesmo sentido, também se diz que a Loja maçônica permanece”… “na mais alta das montanhas e no mais profundo dos vales”, aludindo com isso ao começo do ciclo (quando o Paraíso se encontrava no topo da montanha do Purgatório) e ao seu final (quando a Verdade do conhecimento, representada pelo estado edênico, “fechando-­se” em si mesma, se fez invisível à maioria dos homens, ocultando-­se no “mundo subterrâneo”). Há que se dizer, para completar esta simbologia cíclica, que o vale corresponde à caverna, que por estar no interior da montanha se situa por sobre um mesmo eixo que conecta a cúspide de uma com a base da outra, unindo desta maneira o mais “alto” (ou princípio) com o mais “baixo” (ou fim).

Dito isso, que cremos foi necessário para aclarar certas confusões que existem em torno da Maçonaria, tentaremos explicar, a seguir, algumas dessas heranças simbólicas que esta Ordem recebeu de outras formas tradicionais, ainda existentes ou já desaparecidas.

Do Hermetismo a Maçonaria recolhe, em parte, a riqueza da simbologia alquímica, que inclui os ensinamentos e vivências dos processos de transmutação psicológica que levam do estado profano à realização espiritual.

O simbolismo dos elementos, relacionado com as energias purificadoras da natureza, é de suma importância no rito da iniciação maçônica. Neste sentido, a “Câmara de Reflexão” maçônica vem a ser o mesmo, e cumpre idêntica função simbólica que o athanor hermético: um espaço fechado e íntimo onde se produzem as mudanças de estados regenerativos exemplificados pela gradual “sutilização” da matéria densa e caótica do composto alquímico. Igualmente, os diversos objetos simbólicos que se encontram na “Câmara de Reflexão” são quase todos de origem alquímica e hermética, como por exemplo, as três taças contendo enxofre, mercúrio e sal, sem esquecer das siglas V.I.T.R.I.O.L.[3] e a bandeirola com as palavras “Vigilância e Perseverança”, as quais se referem ao estado de vigília permanente e paciência de que deve armar-­se o alquimista em suas operações.

Por outro lado, existem interessantíssimas analogias entre o processo de transmutação da “matéria caótica” alquímica e o desbastar da “pedra bruta” na Maçonaria, pelo que se pode fazer uma transposição totalmente coerente entre o simbolismo alquímico e o simbolismo construtivo e arquitetônico. Dessa maneira, a iniciação hermético–alquímica está presente por igual nos três graus maçônicos (de aprendiz, companheiro e mestre), que reproduzem as três etapas da “Grande Obra”, que incluem uma morte, um renascimento e uma ressurreição, respectivamente. Enfim, as leis herméticas das correspondências e analogias entre o macro e o microcosmo estão resumidas e sintetizadas no esquema geral do templo ou Loja maçônica, verdadeira imagem simbólica do mundo.

Se a Tradição hermética deixou seus vestígios na Maçonaria, os deixados pelo Pitagorismo não são menos importantes, e até poderíamos dizer que é, junto com o judaico–cristianismo, um dos mais significativos, até o ponto de não ser possível compreender o que é a Maçonaria sem essa referência pitagórica. Numerosos símbolos maçônicos denotam sua procedência pitagórica, ou, pelo menos, mostram uma identidade palpável com alguns dos símbolos mais importantes da confraria fundada pelo mestre de Samos. É o caso, por exemplo, da conhecida “estrela pentagramática” ou pentalfa, de suma importância na simbologia do grau de companheiro (onde recebe o nome de “estrela flamejante”), e que os pitagóricos consideravam como seu signo de reconhecimento e um emblema do homem plenamente regenerado. Mas é na aritmética sagrada, ou seja, na simbologia dos números em sua vertente cosmogônica e metafísica, onde se observa mais claramente a presença do pitagorismo na Maçonaria.

Ambas as tradições dão ênfase ao sentido qualitativo dos números, por sua vez estreitamente vinculado ao simbolismo geométrico, que também, por seu lado, está diretamente relacionado com a construção do templo exterior e do templo interior. Neste sentido, deve ser notado que, no frontão da Academia de Atenas, Platão fez gravar uma inscrição que rezava: “Que ninguém entre aqui se não é geômetra”, sentença que unanimemente se atribui aos pitagóricos, e que poderia perfeitamente estar gravada no pórtico de entrada da Loja maçônica. Do mesmo modo, a Unidade ou Mônada divina estava simbolizada entre os pitagóricos por Apolo, o deus geômetra primordial que, mediante a “lei invariável do número” que extrai dos acordes musicais de sua lira, estabelece o modelo ou protótipo pelo qual se rege a harmonia da vida universal.

E não é, no fundo, o Grande Arquiteto maçônico, que com o esquadro e o compasso determina a estrutura e os limites do céu e da terra, da mesma forma que o Apolo pitagórico?

No que se refere ao Cristianismo, é indubitável que dele procedem numerosos e importantes elementos doutrinais integrados na simbologia e no ritual maçônicos. Esta integração se viu favorecida pela convivência que, durante praticamente todo o período Medieval, os grêmios de construtores mantiveram com as ordens monásticas e de cavalaria, especialmente a dos templários. Questionar ou desconhecer este aspecto cristão tanto da antiga como da atual Maçonaria, é privá-la de uma parte essencial de sua própria identidade tradicional, além de demonstrar com isso uma ignorância completa sobre o esoterismo cristão, que é, precisamente, o que, em grande medida, foi absorvido pela Ordem maçônica. Só um dado, porém sumamente significativo: os santos padroeiros e protetores da Maçonaria são os dois São João, o Batista e o Evangelista, e como já se disse a Loja é denominada “Loja de São João”.

À presença hermética, pitagórica e cristã, há que se acrescentar a da tradição judaica, surgida do tronco de Abraão da mesma forma que o Cristianismo e o Islã. A tradição hebraica transmitiu à Maçonaria fundamentalmente os mistérios relativos às “palavras de passe” e às “palavras sagradas”, todas elas procedentes do Antigo Testamento, se bem, é verdade, que também se encontram palavras e nomes sagrados de origem cristã, concretamente nos que se denominam os “altos graus” maçônicos. De certo modo, na Maçonaria confluem a Antiga Aliança e a Nova Aliança formadoras do judaico–cristianismo, que se constituiu em uma só tradição durante os períodos mais florescentes da Idade Média. Não é exagero afirmar que essa constituição foi possível graças à própria Maçonaria operativa, que neste sentido desempenhou um autêntico trabalho de “ponte”, muito especialmente no que se refere ao âmbito da construção e da arquitetura. Como mais adiante teremos ocasião de assinalar, as palavras de passagem e as palavras sagradas se relacionam com a busca da “Palavra perdida”, busca que concentra em grande parte o trabalho de investigação simbólica do maçom. Igualmente, a concepção simbólica da Loja – como o templo cristão –, está baseada no desenho geométrico do templo de Jerusalém (ou de Salomão), e o arquiteto que dirigiu as obras deste templo, o mestre Hiram, passa a ser um dos míticos e legendários fundadores da Maçonaria[4].

Depois deste quadro geral, no qual muito superficialmente apontamos quais, a nosso juízo, são as mais significativas influências tradicionais presentes na Maçonaria, vamos ver na continuação, sobre o plano da história, de que forma essas influências penetraram e se converteram em parte constitutiva desta tradição. E, se bem que não tratemos aqui especificamente da história da Maçonaria, pensamos que trazer à memória certos feitos históricos talvez pudesse fazer-nos compreender em maior profundidade alguns símbolos maçônicos que, de fato, se forjaram à luz dessas múltiplas heranças. Além disso, a história é também uma simbologia sagrada ligada ao porvir cíclico e ao destino dos homens e das civilizações.
Uma História Simbólica

Devemos nos situar, pois, nessa época crucial da história da Europa e do Ocidente que foi, sem dúvida, a Idade Média. Ali encontramos nos grêmios, ou agrupamentos de construtores conhecidos como os free–masons ou franc–maçons , que por estarem isentos do imposto alfandegário podiam viajar e deslocar-­se livremente por todos os países da cristandade. Dessa liberdade de movimento é que lhes era dado, em parte, o nome de “franc– maçons”, que quer dizer “pedreiros, ou construtores, livres”.

Dissemos “em parte”, porque, como acertadamente escreve Christian Jacq: O “franc­-maçon” é o escultor da pedra franca, ou seja, da pedra que pode ser talhada e esculpida… O “maçom franco” é, sobretudo, o artesão mais hábil e mais competente, o homem que é livre de espírito e que se libera da matéria por sua arte… Em numerosos textos medievais, o franco–maçom é oposto ao simples pedreiro, que não conhecia a utilização prática e esotérica do compasso, do esquadro e da régua.

Assim, pois, esses “maçons francos” possuíam seus mistérios iniciáticos e suas técnicas do ofício relacionadas com a construção, e expressavam na ordem concreta das coisas a realização efetiva desses mistérios. Em grande medida, os maçons operativos haviam herdado essas técnicas diretamente dos Collegia Fabrorumromanos, ou seja, dos agrupamentos de construtores e artesãos cujas origens remontavam ao legendário rei Numa. Assim como ocorreu com a Maçonaria, os Collegia Fabrorum também recolheram a herança simbólica de tradições desaparecidas, a mais notável das quais foi a tradição Etrusca, cuja cosmologia passou ao Império Romano através desses colégios. É interessante ressaltar que os Collegia Fabrorum veneravam muito especialmente ao deus Jano Bifronte, chamado assim porque possuía dois rostos, um que olhava para a esquerda (ao Ocidente, ou lado da escuridão), e outro para a direita (ao Oriente, ou lado da luz), abrangendo dessa maneira o mundo inteiro.

Se bem que o simbolismo pertencente a esta divindade romana seja bastante complexo, sabe-­se com segurança que estava relacionada com os mistérios iniciáticos, concretamente com os ritos de “passagem” ou de “trânsito”. Na Maçonaria operativa medieval esses mesmos atributos passaram a fazer parte dos dois São João, cujo nome é idêntico ao de Jano. Mais ainda: através dos Collegia romanos, a Maçonaria recebeu (entre outras fontes de procedências diversas) a cosmologia dos pitagóricos, baseada, como já se mencionou, nas correspondências simbólicas dos números e da geometria, ciências e artes sagradas que precisamente têm na arquitetura suas aplicações mais perfeitas. Entre os personagens conhecidos que facilitaram esse trabalho de transmissão da cosmologia pitagórica (e também platônica) ao período Medieval, merece destaque, no século VII, Boecio, chamado o “último dos romanos” e autor da Consolação da Filosofia. Os estudos de Boecio sobre astronomia, geometria, aritmética e música, foram realmente decisivos para o enriquecimento das “sete artes liberais”, divididas no trivium e no quadrivium, de suma importância nos ensinamentos da maçonaria operativa.

Por outro lado, a filosofia de Boecio influenciou notoriamente a literatura e o pensamento esotérico da Maçonaria tradicional dos séculos XVIII e XIX, por exemplo, em autores como Louis Claude de Saint Martin e José de Maistre. Seguindo com esta ordem de ideias, existiu uma lenda difundida entre os maçons de língua inglesa, segundo a qual um tal Peter Grower, originário da Grécia, trouxe aos países anglo-saxões determinados conhecimentos relativos à arte da construção. Alguns autores, entre eles René Guénon, afirmam que este personagem, Peter Grower, não era senão Pitágoras, ou melhor, a ciência dos números e a geometria que através dos pitagóricos foram introduzidas nas ilhas britânicas, ao mesmo tempo em que em todo o continente.

No mundo da Tradição muitas vezes os nomes das pessoas, sejam históricas ou lendárias, designam, mais que os próprios personagens, os conhecimentos que eles transmitiram e que, com freqüência, se transmitiram por meio das escolas ou confrarias que fundaram. É o que, de certo modo, ocorre com o matemático grego Euclides, que é mencionado nos “Antigos Deveres” –Old Charges– (que representam uma série de documentos e escritos da Maçonaria operativa onde foram definidos alguns eventos relacionados com a história sagrada da Ordem maçônica). Em um desses documentos, o manuscrito Regius, se faz alusão a Euclides como o “pai” da geometria, enfatizando-­se que esta não designa senão a própria Maçonaria. Em outros manuscritos se diz que o mesmo Euclides foi discípulo de Abraão, o que, do ponto de vista da cronologia histórica é totalmente sem nexo, pois, como se sabe, Euclides viveu no Egito durante o século III a. C., e Abraão aproximadamente dois mil anos antes. Mas, tendo em conta de que se trata de história sagrada, e não simplesmente profana, o que em verdade se quer dizer com esta lenda é que Euclides foi o discípulo que recebeu o saber que o Patriarca encarnava, que era em si o monoteísmo hebraico em sua expressão cosmogônica e metafísica[5].

Resumindo, em realidade tudo isso se refere a uma transmissão de caráter sagrado efetuada da tradição judia para a Ordem maçônica, o que equivale a uma autêntica “paternidade espiritual”. Seja como for, o legado da cosmologia greco–romana unida à espiritualidade cristã, deu como resultado a criação da catedral gótica, edificada pelos grêmios de construtores. Uma catedral, ou um monastério, é um compêndio de sabedoria; nela, gravada na pedra, se materializam todas as ciências e todas as artes, assim como os diferentes episódios bíblicos que fazem a história da tradição judaico–cristã. Ali aparecem os diversos reinos da natureza, o mineral, o vegetal, o animal e o humano, da mesma forma que as hierarquias angelicais que circundam o trono onde mora a deidade.

Tudo isso converte a catedral, em um livro de imagens e símbolos herméticos reveladores da estrutura sutil e espiritual do cosmos. Essas colunas que se elevam verticalmente até outro espaço, unindo a parte inferior (a terra) à superior (o céu), esses arcos e abobadas que se assemelham a cristalizações dos movimentos circulares gerados pelos astros, essa luz solar que ao penetrar através do colorido policromado dos vitrais se transforma em um fogo sutil que a tudo inunda; todo isso, dizemos, nos permite reconhecer a existência de um espaço e um tempo sagrados e significativos. Este conjunto de equilíbrios, módulos e formas harmoniosas (que por refletir a Beleza da inteligência divina se constitui em “resplendor do verdadeiro”, como diria Platão) se gera a partir de um ponto central, que, por sua vez, é o “traço” de um eixo vertical invisível, mas cuja presença é onipresente em todo o templo.

Este ponto central não é senão o “nó vital” que promove a coesão do edifício inteiro, e para onde conflui e se expande, como se tratasse de uma respiração, toda a estrutura do mesmo. Tal “nó vital” era bem conhecido pelos mestres de obra, que viam seu reflexo no umbigo, sede simbólica do “centro vital” do templo–corpo humano. Essa estrutura do cosmos–catedral, imperceptível aos sentidos comuns, se percebe graças à intuição intelectual e às formas visíveis do céu e da terra, que estão simbolizadas pela abóboda e pela base quadrangular ou retangular, respectivamente. Daí que a Maçonaria conceba o cosmos como uma obra arquitetônica e, a divindade, como o Grande Arquiteto do Universo, também chamada Espírito da Construção Universal em outras tradições.

Perto das catedrais em construção se encontravam as oficinas ou lojas, nas quais se traçavam e desenhavam os planos, se repartiam as obrigações, se falava dos detalhes da obra, e se celebravam os ritos e cerimônias de iniciação. Estas oficinas eram autênticos centros de ensino tradicional onde, além das técnicas do ofício, se transmitiam os conhecimentos cosmogônicos. Realmente, nas oficinas maçônicas se conjugavam a arte e a ciência, a prática e a teoria, seguindo assim o famoso adágio escolástico segundo o qual a “ciência sem arte não é nada”.

Cada Loja ou oficina estava sob a autoridade de um mestre arquiteto, que tinha a suas ordens os oficiais companheiros (divididos em sub­graus e funções), que por seu lado vigiavam e dirigiam os trabalhos dos aprendizes. Esta estrutura ternária e hierarquizada de aprendiz, companheiro e mestre se encontra com os mesmos ou diferentes nomes unanimemente repartida em todas as organizações iniciáticas e esotéricas, pois tal hierarquia expressa um modelo do processo iniciático íntegro, que reproduz exatamente o desenvolvimento cosmogônico das “trevas à luz”, do “caos à ordem”.

Um dos poucos testemunhos que se conservaram dos desenhos realizados pelos maçons operativos é o álbum do arquiteto francês Villard de Honnecourt, ao qual pertence também o traçado de um labirinto, cuja forma é idêntica à de todos os labirintos iniciáticos: uma série de dobras concêntricas que conduzem, depois de um longo trajeto que começa na periferia, ao centro do próprio labirinto, ou ponto de contato com o eixo vertical por onde se produz a comunicação com os estados superiores e a “saída” definitiva do cosmos, ou seja, dos limites determinados pelo tempo – e seu porvir cíclico – e o espaço.

Junto aos maçons operativos encontramos os sábios alquimistas e astrólogos, perfeitos conhecedores das ciências da natureza aplicadas como símbolos vivos do processo iniciático e regenerador. Eles dotaram a catedral de numerosos símbolos baseados nas correspondências e analogias entre o macro e os microcosmos, o céu e a terra, a divindade e o homem, considerando-se os legítimos herdeiros da ciência sagrada de Hermes Trismegisto. A “pedra bruta” que os maçons poliam e talhavam para a construção, representava, como já dissemos, o mesmo que a “matéria caótica” dos alquimistas: uma imagem da substância plástica indiferenciada na qual estão contidas, em estado não desenvolvido e potencial, todas as possibilidades de manifestação de um mundo ou de um ser. A pedra estava viva, não era simples matéria inerte, e ao mesmo tempo, sua dureza e estabilidade simbolizavam a imutabilidade e firmeza do Espírito. Em tudo isso, um detalhe não deve passar desapercebido: os alquimistas tinham a Santiago, o Mayor, como santo padroeiro, que junto a São João Evangelista (padroeiro dos maçons) e São Pedro (fundador da Igreja), assistiu aos mistérios da Transfiguração de Cristo no Monte Tabor. A partir de então, um “laço” fundamentado em um “Segredo” devia unir, acima das diferenças formais, a todos aqueles que estavam sob a proteção desses santos cristãos, uma mostra do que foram as fraternais relações que se viviam durante as edificações das igrejas–catedrais. Essa fraternidade entre alquimistas e maçons deveria perdurar ainda até o século XVIII.

A liberdade de movimento de que gozavam os franco-maçons, facilitaria os intercâmbios de conhecimentos com outros grêmios de artesãos, dentre os quais se destaca o chamado Companheirismo, que agrupava diversos ofícios (entre eles os entalhadores de pedra e escultores), e que, da mesma forma que os maçons, tinham seus graus e segredos de iniciação.

Dessa forma, esses intercâmbios se deram com as diversas ordens monásticas e cavalheirescas. Não há que se fazer, portanto, um excessivo esforço de imaginação para formar-­se uma ideia do clima espiritual que se respirava naquela fecunda e luminosa época. Poder-se-­ia dizer, sem temor de exagerar, que ali o saber não tinha fronteiras. E mais: a cordial convivência existente entre as organizações iniciáticas e esotéricas, e aquelas de caráter religioso e exotérico testemunhavam o vigor e a saúde da tradição.

Os cavaleiros templários, esses monges guerreiros que eram também construtores e cujas regras foram inspiradas por São Bernardo, mantinham sob sua proteção numerosas lojas maçônicas. E isso não deve passar inadvertido, pois quando esta organização do esoterismo cristão desapareceu como tal em circunstâncias sangrentas (devido a um acordo do sinistro rei francês Felipe, o Belo, com o Papa Clemente V), essas mesmas lojas, sobretudo as da Inglaterra e Escócia, acolheram em seu seio muitos dos templários sobreviventes, que traziam consigo certos conhecimentos iniciáticos de sua Ordem que acabariam por integrar-­se definitivamente na estrutura simbólica e ritual da Maçonaria. Digamos que dentre essas lojas merece destaque a Grande Loja Real de Edimburgo, fundada pelo rei Robert Bruce, que se opôs à extinção da Ordem do Templo combatendo ao lado dos templários.

É significativo que o ano de constituição da Ordem Real da Escócia seja o de 1314 (ano em que se extinguiu a Ordem dos Templários), e que esta teve como Loja Mãe a Ordem Heredom de Kilwinning, cujos alguns dos rituais eram de inspiração templária. E esta palavra, heredom, significa “herança”, que é a mesma recebida pelos templários. Não existem documentos escritos que atestem a realidade dessa herança simbólica, ainda que seja evidente que ela aconteceu. Por tratar-se de transferências sagradas estas têm lugar primeiramente no plano estritamente espiritual e metafísico, concretizando-se no âmbito humano por mediação de individualidades (pouco importa, neste caso, que sejam conhecidas ou anônimas) que as realizam de maneira efetiva.

Um fio sutil e luminoso une o mundo superior ao inferior, e o inferior ao superior, e a manutenção dessa comunicação é uma das principais funções que sempre tiveram as organizações tradicionais e iniciáticas. Recordemos, neste sentido, que a palavra “tradição” procede do latim tradere, que significa “transmitir” (e por extensão, herança), e transmissão de uma verdade, voltamos a repetir, que remonta às próprias origens da humanidade, e que todas as civilizações consideraram como a fonte de seu saber e cultura. Essencialmente, os templários transmitiram à Maçonaria a ideia da edificação do templo espiritual “que não é feito por mãos de homem” segundo a mensagem evangélica. Tal ideia ficou materializada com a criação de certos altos graus, complementares ao mestrado, de procedência templária.

Um dos mais notáveis, por sua riqueza simbólica , é o grau de Royal Arch do Rito Inglês de Emulação. A Ordem do Temple(ou do Templo), em seu núcleo mais interno era de essência johannica (da mesma forma que a Maçonaria), pois se inspirava nos mistérios contidos no Evangelho e no Apocalipse de São João. Dessa forma, os “Cavaleiros de Cristo” tinham como uma de suas principais missões a proteção do Santo Sepulcro e a manutenção das relações com a “Terra Santa”, ou seja, com o “Centro Supremo” ou “Centro do Mundo”. Com o desaparecimento do Templo, a Maçonaria tradicional (e aqui enfatizamos o “tradicional”), do mesmo modo que a Ordem hermética da Rosa–Cruz, continuaria mantendo para o Ocidente os vínculos com essa “Terra Santa”, também chamada em outras culturas de “Terra dos Imortais” ou “Terra dos Bem-aventurados”.

Durante o Renascimento encontramos a mesma ausência de documentos escritos sobre as relações que o hermetismo cristão e alquímico manteve com a Maçonaria. Graças à recuperação da filosofia platônica, impulsionada na Itália por Marsilio Ficino e Pico da Mirándola, se assiste, nessa época, a um novo ressurgimento da tradição e do saber hermético, onde há que se incluir a Magia Natural e a Cabala cristã. Livros como De Harmonia Mundi de Francesco Giorgi, a Cabala Denudata de J. Reuchlin, a Mônada Hieroglífica de John Dee, e a Filosofia Oculta de Cornélio Agripa, entre tantos outros, exerceram uma grande influência nos círculos herméticos de toda a Europa.

Em tudo isso há algo importante a assinalar: devido à fraternidade que se criou no período Medieval entre os agrupamentos herméticos e os grêmios de construtores, era perfeitamente normal que em uma época como o Renascimento – onde o suporte de uma civilização tradicional estava já bastante debilitado – esses vínculos se fortaleceram com o fim de salvaguardar os valores da tradição e da doutrina.

Continua…

Notas

[01] – Aludindo a essa primordialidade, alguns textos maçônicos da Idade Média remontam a Maçonaria às próprias origens da presente humanidade, quando se diz que: “Adão foi o primeiro iniciado maçom e o Paraíso a primeira Grande Loja”. Parafraseando o que a respeito se menciona em alguns rituais ingleses, o simbolismo maçônico existe from immemorial time, ou seja, desde tempos imemoriais..

[02] – Denys Roman, René Guénon et les destins de la Franc-Maçonnerie.

[03] – Visita Interiora Terrae, Rectificando Invenies Occultum Lapidem (“Visita o interior da Terra, retificando descobrirás a Pedra oculta”).

[04] – É interessante comprovar que as raízes dos nomes de Hiram e Hermes, HRM, são idênticas, o que nos leva a supor que existe entre ambos uma mesma função tradicional, ou uma mesma energia espiritual adaptada a duas formas tradicionais ligadas à revelação dos mistérios cosmogônicos.

[05] – O monoteísmo hebraico se constitui a partir da confluência entre a tradição abraamita surgida da Caldeia (Abraão era oriundo de Ur, na Caldeia) e uma corrente diretamente vinculada com a Tradição Primordial. Na Bíblia esta conjunção está simbolizada pelo encontro acontecido entre Abraão e Melquisedeque, “sacerdote do Altíssimo e rei de Salém” representante dessa corrente primordial.

Fonte: https://www.banquetemaconico.com.br

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

SAUDAÇÃO

SAUDAÇÃO
(republicação)

Em 26/01/2016 o Respeitável Irmão Marcos Alexandre Menslin, Loja Cosmopolita, nº 2.746, REAA, sem declinar o nome da Obediência, Oriente de Cruzeiro, Estado de São Paulo, apresenta a seguinte questão: - marcos@menslin.com.br

Gostaria da sua ajuda no sentido de esclarecer uma dúvida a respeito do REAA. Quando da ida do Mestre de Cerimônias ao Oriente, durante o seu giro, em que degrau da escada ele deve parar e saudar o Oriente?

CONSIDERAÇÕES:

Não só o Mestre de Cerimônias, porém como qualquer outro Mestre que em Loja aberta precise ingressar no Oriente, o mesmo estando com as mãos livres, assim que ingressar (atingir o piso oriental pelo lado nordeste) tendo por referência a linha da balaustrada, ele para, se posiciona à Ordem e saúda pelo Sinal o Venerável Mestre. Terminada a saudação, o mesmo imediatamente prossegue no deslocamento. 

O mesmo procedimento se dá quando da sua retirada. Antes de sair (pelo lado sudeste), ainda no mesmo piso e tendo por referência a linha da balaustrada, ele volta-se para o Venerável e o saúda do mesmo modo que o fizera na oportunidade do ingresso. Cumprido o procedimento, retoma-se o percurso de saída. 

Em se tratando de Obreiro portando (empunhando, segurando) um instrumento de trabalho ou outro objeto qualquer, ele obedecerá ao mesmo trajeto já aqui mencionado, tanto para ingressar como para se retirar, entretanto sem nessa oportunidade compor o Sinal. Nessa situação ele fará apenas uma parada rápida e formal sem nenhuma inclinação com o corpo ou maneios com a cabeça. 

No caso específico do Mestre de Cerimônias (portando bastão ou outro objeto), o procedimento é análogo ao descrito do parágrafo imediatamente anterior. 

Concluindo, essa é a regra tradicional para o REAA, todavia dependendo da Obediência, podem existir variações ritualísticas para esse procedimento. Nesse caso, segue-se impreterivelmente o que exara o ritual em vigência.

T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.144 – Florianópolis (SC) – segunda-feira, 15 de agosto de 2016

MINUTO MAÇÔNICO

ESPIGA DE TRIGO

1º - Desde a mais remota antiguidade foi a espiga de trigo tomada como símbolo da universalidade da evolução espiritual e da indestrutibilidade da vida. 

2º - E no hebraico, a mais significativa de todas as linguagens, as duas palavras, que significam uma espiga de trigo, derivam ambas de raízes que dão idéia de abundância. 

3º - “Espiga de trigo", que é uma expressão técnica do segundo grau, foi, muitas vezes, erradamente substituída por feixe de trigo. 

4º - O Mestres dos Mestres nos disse: Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. (João, 12-24) 

5º - O maçom não pode esquecer que o estudo faz parte da vida maçônica e que: A espiga de trigo simboliza também a recompensa do trabalho.

Fonte: http://www.cavaleirosdaluz18.com.br

FERRAMENTAS DE GESTÃO NA MAÇONARIA: MENTORING

FERRAMENTAS DE GESTÃO NA MAÇONARIA: MENTORING
Ir. Bruno Oliveira

Nesse dias dos Pais não vemos assunto mais pertinente que esse em homenagem aos nossos pais, eternos mentores.

Não podemos controlar o que não podemos medir, diz uma antiga máxima da engenharia, e como avaliar nosso processo de ensino maçônico sem um método? Para aquele que alegam isso, minhas desculpas, mas isso não passa de preguiça e covardia como dizia Kant.

Preguiça e covardia são as causas que explicam por que uma grande parte dos seres humanos, mesmo muito após a natureza tê-los declarado livres da orientação alheia, ainda permanecem, com gosto, e por toda a vida, na condição de menoridade. É tão confortável ser menor! Tenho à disposição um livro que entende por mim, um pastor que tem consciência por mim, um médico que prescreve uma dieta etc.: então não preciso me esforçar. A maioria da humanidade vê como muito perigoso,além de bastante difícil, o passo a ser dado rumo à maioridade, uma vez que tutores já tomaram para si de bom grado a sua supervisão. Após terem previamente embrutecido e cuidadosamente protegido seu gado, para que estas pacatas criaturas não ousem dar qualquer passo fora dos trilhos nos quais devem andar, os tutores lhes mostram o perigo que as ameaça caso queiram andar por conta própria. Tal perigo, porém, não é assim tão grande, pois, após algumas quedas, aprenderiam finalmente a andar; basta, entretanto, o perigo de um tombo para intimidá-las e aterrorizá-las por completo para que não façam novas tentativas. (Immanuel Kant)

O que um Mentor Maçonico faz?

A parte mais importante do papel como Mentor Pessoal do Candidato é ser um amigo e guia para ele. Ele terá sido selecionado pelo Venerável, ou responsável pela Comissão de Educação, para ser o Mentor Pessoal do Candidato, mas a consideração mais importante é que esse Mentor, pode ser o proprio Padrinho ou um Mestra que esteja apto a transmissão de conhecimento, ou mesmo ambos trabalhando em conjunto ajudando o Candidato a se envolver no Loja. Se for esse o caso, o Maçom desfrutará de todos os benefícios de ser um Maçom, ele se sentirá confiante e competente para falar sobre a Maçonaria para sua família e amigos – para ser um Embaixador da Maçonaria – e a loja terá ganhado um grande trunfo.


Mas não é isso que o padrinho está destinado a fazer? Em um mundo ideal, a resposta para isso é SIM. Muitos novos obreiros têm a sorte de serem propostos por membros comprometidos e ativos, mas, infelizmente, isso nem sempre significa que o Proponente ou Padrinho é capaz de atuar efetivamente como Mentor, por uma série de razões:
  • O proponente pode realizar um oficio na Loja e pode não ser capaz de passar tempo de qualidade com o seu candidato em uma noite de reunião.
  • O Proponente pode ser relativamente novo para a Maçonaria e pode não ter a experiência e o conhecimento requerido.
  • Pode surgir uma situação em que o Proponente não pode comparecer a uma Loja ou, como em alguns casos, deixa de comparecer. É em tais situações que um Mentor é essencial, para fornecer ao Candidato apoio, aconselhamento e acima de tudo, amizade. Como eles fazem isso? A chave para fazer isso é levar tudo um passo de cada vez. O Candidato tem uma grande quantidade de informações para assimilar e o Mentor Pessoal tem uma riqueza de conhecimento para transmitir. Controlar o acesso é talvez uma das tarefas mais importantes, pois o processo deve ser governado pela capacidade do Candidato de digerir as informações e não por qualquer desejo do Mentor Pessoal para avançar rapidamente para a próxima etapa. Portanto, é importante trazer alguma estrutura para o programa e identificar o que o Candidato precisa saber e quando ele precisa conhecê-lo.
Isto talvez seja melhor alcançado dividindo o programa em um cheklist como abaixo:

Fase 1. O que se espera de mim? Estas são todas as perguntas básicas, tais como: Quando nos encontramos? Quem é quem? Quais são as taxas que devo? O que é um Conselheiro etc?

Fase 2. O que eu tenho que fazer a seguir? Uma vez que o lado “administrativo” básico é tratado, a etapa seguinte é assegurar uma compreensão da relação dos três graus eo significado simbólico de cada um como os termina por sua vez. É somente com uma compreensão de seus significados que um irmão novo realizará a essência da maçonaria. Sem isso, ele nunca se tornará plenamente envolvido no Ofício e será impossível para ele manter mais interesse.

Fase 3. Eu pertenço? Isto é quando surge a pergunta “Agora que eu entendo, eu me encaixo, é para mim?” A resposta a isso só pode ser “sim”, se os dois primeiros estágios foram concluídos. Isto é, quando o Mentor pergunta se o Candidato deseja participar na execução de parte da Cerimônia e garante que ele está totalmente imerso nas atividades sociais da Loja.

Fase 4. Como posso avançar? Nesta fase, temos um irmão que está desfrutando de sua Maçonaria, atingiu um equilíbrio feliz com sua casa / trabalho / vida maçônica e deseja progredir ainda mais. Tal progressão poderia ser “subir a escada” em direção ao cargo de Veneravel Mestre, ou em um papel de atuação como o Hospitaleiro ou o Tesoureiro. É aqui que um Mentor irá guiar sua carga ao longo de um caminho seguro, guiando-o na direção certa e fornecendo apoio e encorajamento sempre que necessário. Há uma série de atividades práticas que permitirão que tudo o que acontecer acima e estes são dadas aos Mentores pela Diretoria da Loja.

De acordo com a Provincial Grand Lodge of Lincolnshire, podemos dividir esse treinamento maçônico também em etapas:

A PRIMEIRA ETAPA – é para cada candidato compreender a logística básica que está envolvida em se tornar um Maçom. É realmente sobre uma boa acolhida. O candidato nunca deve se sentir constrangido e deve estar ciente de seu compromisso financeiro e tempo. Durante esta fase o mentor pessoal responde a todas as perguntas que o candidato pode ter para ele ganhar um sentido de cuidado. Em outras palavras, nunca deve haver surpresas.

A SEGUNDA ETAPA é compreender os fundamentos do ritual, especialmente após a iniciação e, em seguida, revisando e estudando. Esta compreensão deve levar à capacidade de responder a perguntas sobre os mitos que profanos espalham a respeito da Ordem – de modo que, desde o início, os membros podem contrariar as perguntas sobre os chamados apertos de mãos engraçado e demais segredos clássicos . As perguntas sobre esses mitos precisam ser respondidas com precisão e sem constrangimento. Eu não estou falando sobre um conhecimento profundo, mas mais um entendimento comum.

A TERCEIRA ETAPA é dar-lhe a confiança – desde o início – para que ele possa falar, em particular, com a família e os amigos sobre a Maçonaria. Isso, Irmãos, é vital para garantir o futuro. Um candidato – e de fato isso se aplica igualmente a todos nós – precisa entender como falar com os profanos sobre o que significa a Maçonaria. O objetivo é ter o maior número de membros possível como Embaixadores da Maçonaria. “.

SER AMIGO: É tão simples quanto parece: os amigos cuidam uns dos outros, se ajudam e desfrutam da companhia um do outro. Se tiverem de conhecer o candidato antes mesmo de ele ter se candidatado para entrar no Lodge. Idealmente, você terá tido a oportunidade de conversar com sua esposa ou parceiro se ele tiver um. É importante que eles estejam felizes com sua decisão de se juntar Maçonaria e Envolva-se nas atividades sociais da Loja Certifique-se de que ele está ciente do tempo e dos compromissos financeiros.

A INICIAÇÃO: Como um amigo você vai querer que ele desfrute a noite de sua iniciação.Normalmente você ou outro irmão vai levá-lo para Loja. Se ele está fazendo o seu próprio caminho, certifique-se de que ele sabe onde fica a Loja e a que horas ele deve estar lá. Certifique-se de que ele sabe o código de vestimenta e, se a loja exige que ele use luvas após durante a cerimônia. Se possível, organize-se para sentar-se ao lado dele quando toma seu assento no alojamento, algum dinheiro para tronco e para ajudá-lo com os sinais quando a oficina está sendo fechada. No Jantar ou no Comitê Festivo, se possível, providencie para se sentar ao lado ou perto de seu candidato. Certifique-se de que ele sabe o que é esperado dele particularmente.

APÓS A INICIAÇÃO: Deverá encontrar-se com ele antes da próxima reunião, preferencialmente na Sala do Alojamento, para discutir a cerimónia e mostrar-lhe ao redor da sala, explicando os pontos importantes, por exemplo, os arranjos dos assentos, os móveis da Loja e também para ir Através dos Sinais. Este também é um bom momento para explicar a cerimônia e seu simbolismo. Lincolnshire tem uma série de folhetos para cada grau que pode formar a base da discussão. Há também uma série de documentos que abrangem cada grau e seu significado no novo site Grand Mentoring Lodge que o seu Mentor Lodge tem acesso a se você não tiver.

A PRÓXIMA REUNIÃO: Primeiramente, certifique-se de que ele está ciente da próxima reunião e do calendário da Loja. Que ele sabe o código de vestimenta e se ele precisa para reservar uma refeição ou se há uma permanente jantar lista. Novamente você deve sentar com ele em Lodge, ver que ele tem uma cópia das Odes e conhece os Sinais. Se ele vai ter que deixar o Lodge certifique-se o Mentor Lodge tem providenciado para ele e qualquer outro novo pedreiro para ser acompanhado. Esta é uma excelente oportunidade para fazer “um avanço no conhecimento maçônico”, não deixá-lo ser desperdiçado. Se não houver uma iniciação em sua Loja no futuro próximo tente levá-lo para um em um alojamento próximo, quando eles têm um para que ele possa ver a cerimônia.

GRAUS SUBSEQUENTES: Mais uma vez você vai querer que ele aproveite essas cerimônias para ter certeza de que ele está devidamente preparado. Você deve ter certeza de que ele recebeu as Perguntas e Respostas sobre o grau o mais rápido possível e ajudá-lo a aprender suas palavras. Algumas lojas incentivam os candidatos a ir em parte do ensaio para que ele, (e os membros), está confiante de que ele sabe suas palavras.

APÓS O TERCEIRO GRAU: Você pode precisar ter frequencia em reuniões, em primeiro lugar para discutir a cerimônia e o seu significado. Não deve ser assumido automaticamente que cada irmão quer passar por algum cargo. Alguns podem desejar esperar um pouco antes de tomar uma responsabilidade; Alguns podem estar mais interessados em outro papel, como Hospitaleiro ou Tesoureiro. É muito importante para todos prosseguir no seu próprio ritmo e em sua própria direção.

CARIDADE: É importante que todos nós compreendamos, não apenas nossas obrigações para com as Caridades Maçônicas, mas também o trabalho importante que elas fazem. Você deve apresentar o novo pedreiro ao Comissário de Caridade e ao Hospitaleiro o mais cedo possível para que eles possam conversar com ele sobre eles.

Muitos irmãos estão relutantes em falar sobre a Maçonaria para sua família e amigos, os outros estão muito felizes em fazer isso. Cada irmão deve sentir-se confiante e competente para discutir a Maçonaria se surgir na conversa e dissipar os mitos.

CONCLUSÃO: Ajudar um novo irmão a se divertir e se envolver em sua loja é um dos papéis mais importantes que você pode assumir. Se você também pode ajudá-lo a entender a maçonaria e falar com confiança e competência para a sua família e amigos sobre o seu prazer em participar dessa Ordem, então você não só terá ajudado um irmão, mas também a maçonaria em geral e espero que tenha encontrado cumprindo e vosso dever.

Não há dúvida de que o futuro da Maçonaria está nas mãos de nossos mais novos Irmãos. Mas em quem estão as mãos? Quem está moldando aqueles que moldarão o futuro da Ordem? Como Mentor Maçônico, você não só estará ajudando a sua carga a embarcar em uma carreira maçônica completa e agradável, mas também estará salvaguardando o futuro de sua Loja. E quem sabe? Talvez o futuro da Maçonaria seja você!

Fonte: http://ritoserituais.com.br