POSIÇÃO DO MESTRE DE CERIMÔNIAS
(republicação)
Em 14/02/2015 o Respeitável Irmão Rodrigo Alcantara Tessarini, Loja “Deus, Pátria e Família”, 142, REAA, GLMESP, Oriente de Panorama, Estado de São Paulo, solicita mais esclarecimentos sobre parte de resposta enviada em 04/02/2016. rodrigopanorama@yahoo.com.br
Quando o Irmão diz na resposta da questão 04 (Qual a posição do irmão Mestre de Cerimônias e Hospitaleiro?), que esta posição está relacionada à evolução dos Rituais a partir de 1804, na França. E que há também, uma relação mística na decoração da abóbada celeste e também nas Colunas Zodiacais. Qual seria esta relação com os astros/constelações, e também com as Colunas Zodiacais do Norte e do Sul?
CONSIDERAÇÕES:
Em resumo e sob o ponto de vista do misticismo maçônico do Rito em questão, o Mestre de Cerimônias representa também o “ofício da beleza” no que concerne a qualidade ou o ministério da coisa bela, muito agradável.
É desse oficial que depende boa parte da ordenação precisa da liturgia e ritualística e, por si só também da qualidade e da beleza, cuja alegoria maçônica inerente a esse tributo está associada ao hemisfério Sul da Loja (vide Segundo Vigilante e a Coluna da Beleza).
Por sua vez existe também o elo do cargo desse Oficial com as Colunas Zodiacais situadas no Topo do Sul, cujas constelações relativas simbolicamente ao Zodíaco estão representadas na base da Abóbada meridional (sobre os capitéis das seis meias Colunas Zodiacais meridionais). Nessa concepção o ponto de partida do deslocamento e alinhamento na passagem do Sol sobre hemisfério Sul - do ponto de vista do Norte, origem do Rito - está na constelação de Libra, ou Balança (equinócio de outono no Norte), cuja associação figurada se relaciona ao etéreo (Ar), definida nessa aparência pelo planeta Vênus, ou Beleza (vide essa correspondência na página 25 do ritual de Aprendiz em vigência). Em resumo trata-se originariamente da orientação de deslocamento de Vênus pela zona austral nas estações do outono e inverno em relação ao Hemisfério Norte.
Sob esse aspecto é que houve por bem de paulatinamente se sacramentar esse teatro da Natureza nos rituais simbólicos escoceses da França durante o Século XIX e começo do XX envolvendo assim diretamente o lugar em Loja do Mestre de Cerimônias localizando-o na Coluna do Sul o mais próximo da balaustrada e basicamente alinhado à sua retaguarda com a constelação de Libra situada na base do firmamento (a primeira Coluna Zodiacal do Sul).
Ainda sob a relação do cargo e a decoração da abóbada existe nela a representação do planeta Vênus que, no aspecto mitológico, o termo Vênus é originário do latim e designa a formosura, o amor, a mulher formosíssima, o que até certo ponto integra o cargo de Mestre de Cerimônias com o substantivo feminino “beleza” representado pelo Planeta que aparece situado simbolicamente na Abóbada Celeste da Loja ao Ocidente e levemente deslocado do zênite em direção da sua banda meridional.
Ilustrando, em astronomia, a última das Artes componentes do segundo “trivium” (classificação dada por Boécio) às Sete Ciências e Artes Liberais da Antiguidade examinadas pela Moderna Maçonaria, Vênus é o mais brilhante dos planetas, cuja órbita se situa entre a trajetória do planeta Mercúrio e a da Terra - segundo o Dicionário Aurélio na sua versão eletrônica, Vênus tem diâmetro aproximadamente igual ao do nosso Planeta do qual dista de 39 a 260 milhões de quilômetros, e revoluciona em torno do Sol em 225 dias.
Pelo seu brilho, deslocamento e beleza o Planeta é também conhecido como estrela-d’alva, estrela da manhã, estrela da tarde, estrela do pastor, estrela matutina, estrela Vésper*, estrela vespertina, etc.
Por assim ser é que sinteticamente a “beleza e a formosura” associada ainda à sua posição meridional no firmamento representado pela Abóbada, o planeta Vênus tem sugerido maçônicamente uma relação alegórica entre ele, o cargo e o lugar em Loja do Mestre de Cerimônias no simbolismo do REAA.
Infelizmente, ainda existem rituais escoceses no Brasil que situam o Mestre de Cerimônias em Loja no Norte. Esse equívoco teve origem em práticas enxertadas no REAA (Rito de origem francesa) de outros Ritos ou Trabalhos, sobretudo por confundirem métodos litúrgicos de outras vertentes maçônicas, lembrando que conforme a história autêntica menciona, o simbolismo escocês foi criado somente a partir do ano de 1.804 na França, oportunidade pela qual veio sofrer forte influência das Lojas Azuis norte-americanas que, por sua vez, praticavam, e ainda praticam o costume inglês antigo – vertente anglo-saxônica da Maçonaria. Em resumo, sob esse aspecto, houve em alguns casos confusão entre o título Diretor de Cerimonial (sistema inglês) com Mestre de Cerimônias (sistema francês) como se ambos se igualassem na prática, o que não é verdade. Há que se levar em consideração que as justificativas para as práticas litúrgicas e ritualísticas de um rito maçônico estão severamente incorporadas à sua cultura e arcabouço doutrinário. Enfim, nem tudo é igual na Sublime Instituição, destarte seja ela composta por inúmeros Ritos e Trabalhos que possuem em muitos aspectos situações distintas entre eles.
Finalizando, essa é apenas uma explanação sintética de alguns fatos e dela demandam um profundo estudo acurado nos escritos e fragmentos primários que envolvem a doutrina do Rito Escocês Antigo e Aceito na sua vertente latina, cujo caráter está na senda iniciática, em especial àquilo que aborda a topografia, a decoração e a localização de alguns cargos no canteiro de obras simbólico, ou a sala da Loja escocesa (Templo).
(*) 1 Vésper – em astronomia, Vênus; no sentido figurado, é o Ocidente. Em Maçonaria, veja a posição ocidental da representação do planeta Vênus na banda ocidental da Abóbada Celeste.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.148 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 19 de agosto de 2016
Uma diferença encontrada nas interpretações de cada Potência. Na GL(REAA), o MC fica no lado N, e é representado por Mercúrio, o Planeta mais próximo do Sol e que orbita com rapidez em torno da Luz maior.
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