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terça-feira, 31 de maio de 2022

PRÁTICAS INICIÁTICAS INEXISTENTES NO REAA

O Respeitável Irmão Adelmario Lima Pereira, Loja Pensadores Livres, 4448, GOB -BA, sem mencionar o nome do Rito, Oriente de Vitória da Conquista, Estado da Bahia, apresenta a seguinte questão:

PROCEDIMENTOS INICIÁTICOS INEXISTENTES.

A minha pergunta é referente à Sessão Magna de Iniciação:

1º - Quando da recepção do Candidato em Loja e após o seu retorno da Câmara das Reflexões fazer de forma igual a primeira viagem faz dentro do Templo?

2º - Quando o Candidato fica desn∴ não se utiliza a corda para que o braço fique dobrado? Pois estive em uma Iniciação onde os Candidatos ficaram ddesn∴ com os braços perfilados com a gravata pendurada no pescoço. Gostaria que o Irmão me esclarecesse essas colocações por favor.

CONSIDERAÇÕES:

Pelo que me consta, a Loja Pensadores Livres do GOB-BA passou recentemente a trabalhar no REAA. Anteriormente praticava o Rito Moderno.

Nesse sentido, as considerações seguintes são para o REAA.

No tocante à primeira questão, no REAA, o Candidato depois de ser conduzido ao Templo pelo seu guia, durante a cerimônia de Iniciação, ele não volta mais a Câmara de Reflexão (não das Reflexões). 

Quando as viagens simbólicas, o Candidato as faz perambulando dentro do Templo conforme especifica o Ritual do REAA, Aprendiz Maçom em vigência e o Sistema de Orientação Ritualística hospedado na página oficial do GOB RITUALÍSTICA.

Reitero, não há no REAA nenhum retorno à Câmara de Reflexão durante a cerimônia de Iniciação e muito menos qualquer “viagem” fora do templo. Se me permites, foi como EU entendi a sua questão 01.

No tocante à segunda questão, nada disso está previsto no Ritual do REAA in Sessão Magna de Iniciação e nem no SOR. Na Iniciação do REAA, não se utiliza corda para dobrar o braço (sic) e muito menos utilizá-la presa ao pescoço do Candidato. Também não entendi essa dos “braços perfilados” e a “gravada (deve ser gravata) pendurada no pescoço”. Ora isso não existe na cerimônia de iniciação do REAA, portanto fica prejudicado qualquer comentário a respeito.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

PRINCÍPIOS E POSTULADOS MAÇÔNICOS

PRINCÍPIOS E POSTULADOS MAÇÔNICOS
Ir∴ José Geraldo de Lucena Soares

A Maçonaria como qualquer Instituição possui seus princípios e postulados que servem para seu governo e sobrevivência ao longo dos séculos.

Sem essas medidas iniciais não teria nenhuma chance de atravessar os tempos desde sua criação até nossos dias com seus ensinamentos puros de moralidade, ética, crença no G∴A∴D∴U∴, vida eterna, filosóficos, esotéricos, simbólicos, alegóricos, amor ao próximo e tantos outros sentimentos nobres que devem ser cultivados pelos seres humanos, especialmente os iniciados na Ordem.

Todo esse acervo de virtudes e conhecimentos consubstancia a doutrina maçônica que com o passar da vida o maçom deve aprender e executá-lo, na esperança de ser um bom obreiro honrando a si mesmo e homenageando a Fraternidade da qual é um membro.

Assim, podemos afirmar que princípio é o ponto inicial que algo tem sua origem ou o instante em que uma ação ou omissão desencadeia um processo de conhecimento objetivando um resultado.

Na Sublime Ordem esses princípios são iniciático, filosófico, filantrópico, progressista e evolucionista, cuja finalidade suprema nos conduz a Liberdade, Igualdade e Fraternidade, reminiscência da Revolução Francesa que, por sua vez, inspirou-se no Iluminismo do Século XVII.

Além desses princípios e objetivos, a Ordem preconiza quatorze cultivos para auxiliar sua caminhada no âmbito social que são: prevalência do espírito sobre a matéria; pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade; proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um; declara a plena liberdade de expressão do pensamento, como direito fundamental do ser humano, observada correlata responsabilidade; reconhece o trabalho como dever social e direito inalienável; considera Irmão todos os Maçons, quaisquer que sejam suas raças, nacionalidades, convicções ou crenças; afirma que os Maçons têm os seguintes deveres essenciais: amor à família, fidelidade e devotamento à Pátria e obediência à lei; determina que os maçons estendam e liberalizem os laços fraternais que os unem a todos os homens esparsos pela superfície da terra; recomenda a divulgação de sua doutrina pelo exemplo e pela palavra e combate, terminantemente, o recurso à força e à violência para a consecução de quaisquer objetivos; adota sinais e emblemas de elevada significação simbólica; defende que nenhum Maçom seja obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei; condena a exploração do homem, os privilégios e as regalias, enaltecendo, porém, o mérito da inteligência e da virtude, bem como o valor demonstrado na prestação de serviços à Ordem, à Pátria e à Humanidade; declara que o sectarismo político, religioso e racial são incompatíveis com a universalidade do espírito maçônico e, por fim, combate a ignorância, a superstição e a tirania.

Estes são, portanto, os princípios, fins e cultivos ou recomendações sociais que o sistema maçônico enumera para cumprimento de sua comunidade.

Por outro lado, os postulados são afirmações consideradas verdadeiras e que não precisam ser comprovadas face às evidências.

Esses postulados a seguir enumerados são os adotados pela Maçonaria Universal e, assim, temos a existência de um Ser que não teve começo e não terá fim, que é o Grande Arquiteto do Universo; o sigilo que é da essência da entidade maçônica em se tratando de matéria esotérica; o simbolismo que é uma comunicação de uma geração para outra; a Maçonaria Azul dividida em três graus, também conhecida como Simbólica ou ainda Operativa; a Lenda do Terceiro Grau e sua incorporação aos Rituais; exclusividade de iniciação masculina; proibição de discussão ou controvérsia sobre matéria político-partidária, religiosa e racial, dentro dos templos ou fora deles, em seu nome; manutenção das Três Grandes Luzes da Maçonaria: o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso, sempre à vista, em todas as sessões das Lojas e o uso de avental durante as sessões.

Esses princípios, fins, cultivos sociais e postulados estão previstos nos artigos primeiro e segundo da Constituição do Grande Oriente do Brasil promulgada em 25 de junho de 2007.

Observe-se ainda que esta Carta Magna Maçônica vige somente no âmbito da Maçonaria Operativa Brasileira e se amolda expressa e implicitamente ao “Código Landmarks de Mackey.”

O Decreto número 0879 da mesma data da promulgação (25/6/2007, E.V.) editado pelo Grão-Mestrado Geral do Grande Oriente do Brasil reza na parte que ora interessa a esta exposição a comunicação “a todos Grandes Orientes Estaduais, Delegacias, Lojas e Maçons da Jurisdição, para que cumpram e façam cumprir, que a Assembleia Federal Constituinte adotou e promulgou a Nova Constituição do Grande Oriente do Brasil, pela qual passará a reger-se a Maçonaria Simbólica Brasileira, com validade a partir de 25 de junho de 2007 da E. V., ficando o Grande Secretário Geral de Administração incumbido da notificação.”

Estes preceitos constituem todo alicerce da Instituição Maçônica Universal inspirados nos Landmarks compilados por Albert Galletin Mackey em 1856.

Oportunamente poderemos tecer algumas considerações sobre essas regras maçônicas.

Fonte: http://redecolmeia.com.br

segunda-feira, 30 de maio de 2022

DÚVIDAS DO GRAU 02

DÚVIDAS DO GRAU 02
(republicação)

O Respeitável Irmão Thiago A. B. Boschi, GOB, sem declinar o nome da Loja, Cidade e Estado.
thiago@bbadvogadosassociados.com

Venho estudando o ritual do Grau 2 do REAA e estou com muitas dúvidas sobre a correta interpretação acerca da ritualística do Grau. Já me socorri dos autores maçônicos mais comuns, mas há grandes divergências acerca da interpretação, o que gera muita dúvida em mim e nos Irmãos aos quais busquei orientação. Por estes motivos, tendo em vista que prezo pela retidão, pensei que não haveria Irmão mais abalizado a nos sanar as dúvidas do que o sapiente Irmão. As dúvidas são as seguintes:

Durante o procedimento ritualístico de abertura dos trabalhos diretamente no Grau 2, temos a passagem seguinte, às páginas 29 e 30 do ritual do Grau 2 datado de 2009:

OCULTO PARA NÃO REPRODUZIR PASSAGEM DO RITUAL.

PRIMEIRA DÚVIDA.

OCULTO PARA NÃO REPRODUZIR PASSAGEM DO RITUAL.

SEGUNDA DÚVIDA.

Desde já peço desculpas pela reprodução acima, mas sem ela ficaria muito difícil explicar a questão. Nos momentos marcados (Primeira dúvida), essa posição seria a de Ord⸫ no Grau 1 ou 2? Isso porque tendo em vista que a pergunta acerca da condição de Maçom ocorre como no ritual do 1º Grau no qual a verificação é feita com o Sinal daquele Grau e, a existência de orientação aos Vigilantes logo depois sobre a verificação da condição de Companheiros dos Irmãos, além do momento em que se realiza essa verificação, isto é, a conferência pelos responsáveis das condições a se assegurar a cobertura do templo. Além disso, tem-se o fato da marcha iniciar-se com o sinal referente e depois trocar e outras questões.

Nesse sentido seria correto o sinal do Grau 1 no momento (Primeira dúvida) e depois o sinal de Grau 2 no momento (Segunda dúvida), ou ambos seriam já no Grau 2?

CONSIDERAÇÕES:

Observação – O texto da resposta será compreensível para aqueles que detêm o Grau de Companheiro, a despeito de que ocultei parte das questões para não produzir quebra de sigilo de um ritual em vigência.

Primeiro existe um erro de impressão que ainda não foi corrigido e o será quando da edição do Manual de Dinâmica. Ocorre que no Ritual do Grau de Mestre já se corrigiu, porém no de Companheiro ainda não. Assim tenho orientado o seguinte: Apenas ficam em pé e voltados para o Oriente os Irmãos do Ocidente (Colunas). No Oriente todos permanecem sentados, pois lá não existe telhamento. Isso pode ser observado no próprio ritual do Grau 02 quando após o procedimento o Venerável determina “sentai-vos”. Assim, se todos estivessem em pé (até os do Oriente), o Venerável diria “sentemo-nos”.

Segunda anomalia é que o Primeiro Vigilante deveria responder ao Venerável que a sua obrigação é a de verificar se todos os presentes nas Colunas são Companheiros Maçons, e não apenas Maçons.

Dito isso e dando prosseguimento, apenas os Irmãos das Colunas, obedecendo ao comando ficam de frente para o Oriente à Ordem. Cada Vigilante percorre a sua Coluna a partir daquele que estiver mais próximo da porta, recebe o Sinal pelo cumprimento da pena simbólica e procede-se o toque. Prosseguindo o Irmão examinado dá a Palavra de Passe, recompõe o Sinal e o Vigilante prossegue na sua missão.

Em relação a sua dúvida o Sinal é mesmo de Companheiro e não antes de Aprendiz, pois mesmo que o texto atual ainda indique a verificação de “maçons”, a Loja está sendo aberta no Grau 02, o que por extensão assim fica subentendido.

Quanto à questão da Marcha ela é composta por cinco passos (cinco que é o número do Companheiro), sendo três de Aprendiz somados aos outros dois. A Marcha indica em linhas gerais o ciclo de evolução daquele que começou como Aprendiz e pela instrução e dedicação à causa galgou o Segundo Grau. Assim a Marcha também é considerada a síntese da caminhada do Obreiro. Nesse sentido esse procedimento nada tem a ver com o processo de verificação pela Palavra de Passe na ocasião da abertura dos trabalhos da Loja.

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 765 Florianópolis (SC) – 30 de setembro de 2012

MAÇONARIA - CONCEITO

MAÇONARIA - CONCEITO

Maçonaria, forma reduzida e usual de francomaçonaria, é uma sociedade discreta e por discreta, entende-se que se trata de ação reservada e que interessa exclusivamente àqueles que dela participam. De caráter universal, cujos membros cultivam o aclassismo, humanidade, os princípios da liberdade, democracia, igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento intelectual, sendo assim uma associação iniciática e filosófica. A maçonaria é, portanto, uma sociedade fraternal, que admite todo homem livre e de bons costumes, sem distinção de raça, religião, ideário político ou posição social. Suas principais exigências são que o candidato acredite em um princípio criador, tenha boa índole, respeite a família, possua um espírito filantrópico e o firme propósito de tratar sempre de ir em busca da perfeição, aniquilando seus vícios e trabalhando para a constante evolução de suas virtudes. Os maçons estruturam-se e reúnem-se em células autônomas, designadas por Oficinas, Ateliers ou (como são mais conhecidas e designadas) Lojas.

Fonte: https://liberdadeeamorcassia.mvu.com.br

domingo, 29 de maio de 2022

SAUDAÇÃO ÀS AUTORIDADES

SAUDAÇÃO ÀS AUTORIDADES
(republicação)

O Respeitável Irmão Sangelo Rossano de Souza, Secretário Estadual de Orientação Ritualística do GOB-ACRE, apresenta a seguinte indagação concernente ao REAA⸫
sangeloros@hotmail.com

O ritual preleciona em sua pag. 42 o trajeto do Saco e do Tronco e a maneira da coleta, contudo não temos no ritual as instruções de qual a primeira autoridade que deverá ser saudada no uso da palavra por qualquer Irmão, ou seja, estando presente o Eminente Grão-Mestre Estadual, primeiro saúda-se o Eminente, Adjunto e demais membros do corpo administrativo do Grão mestrado e depois se saúda ao Venerável Mestre e os Vigilantes? Ou primeiro o Venerável Mestre e depois o Grão-Mestre?

CONSIDERAÇÕES:

É oportuna a questão. Esse termo “saudação” para essa oportunidade não faz muito sentido, até porque a saudação maçônica é sempre feita pelo Sinal do Grau. No caso pertinente à questão o termo se aplica de maneira correta com “fazer referência ao nome de alguém”, ou “nominar alguém presente”. Assim, quando um Irmão fizer o uso da palavra, no rito mencionado, este em pé, se posiciona à Ordem, e faz a citação nominal dos cargos na forma de costume. Em seguida profere o seu pronunciamento e, antes de sentar desfaz o Sinal pela aplicação simbólica da pena. Como se pode notar, o Obreiro não fez saudação pelo Sinal aos presentes, porém cumpriu a regra de que todo o Obreiro que estiver em pé e parado em Loja aberta compõe o Sinal. Como ele já está em pé, ou à Ordem, primeiro ele faz referência aos cargos na forma rotineira, o que significa que ele, o Obreiro, não está saudando ninguém pelo Sinal, pois ao mencionar os cargos ele se mantém com o Sinal composto. Ele está mesmo dirigindo a palavra para alguém e não saudando alguém. Posto esse esclarecimento, seguem considerações sobre a quem nominar por primeiro. Mesmo estando presentes autoridades, inclusive o Grão-Mestre, nominam-se por primeiro os cargos daqueles que estiverem detendo os respectivos malhetes, isto é: as Luzes da Loja. Se o Grão-Mestre estiver dirigindo os trabalhos, ele então será a primeira Luz da Loja. Assim, o modo protocolar mais corriqueiro e de bom senso é o seguinte:

Venerável Mestre, Irmãos Primeiro e Segundo Vigilantes, Eminente ou Soberano Grão Mestre, outras Autoridades presentes, meus Irmãos (...). O negrito referendado à palavra “outras” é mais para cumprir um procedimento de elegância e educação, dado que o termo “demais autoridades” muitas vezes usado - não implica - todavia parece sugerir descaso, ou resto. Obviamente que esse é só um exemplo, já que existem outras formas protocolares, desde que as Luzes e o cargo da mais alta autoridade presente sejam nominados na sequência acima exposta. O que se deve evitar nessa oportunidade é o exagero de se nominar todas as autoridades presentes, inclusive citando além dos cargos, os seus nomes. Essa atitude é pertinente sim, contudo somente ao Orador ao fazer os seus agradecimentos em nome da Loja por ocasião das suas conclusões finais. Para quem pede a palavra, basta o procedimento objetivo como o explicado anteriormente.

A título de ilustração, já tive oportunidade de ver casos verdadeiramente hilariantes e desprovidos de qualquer bom senso. Por exemplo: Irmãos que ao fazer uso da palavra, a cada nome, ou cargo nominado ele fazia a saudação pelo Sinal – procedimento errado. Outro caso: Irmãos que pedem a palavra nominam cargos e nomes completos de todas as autoridades presentes (havia mais ou menos umas vinte) e ao se pronunciar disse apenas o seguinte: “Faço uso da palavra para concordar com o que disse o Irmão Fulano de Tal”, ou pior ainda: “Depois de tudo que foi dito pelos que me antecederam, nada mais tenho a falar”. Isso não é brincadeira não. Por mais grotesco que seja essas “coisas” ainda acontecem na Maçonaria. O resultado dessa bazófia foi a de que o usuário da palavra encheu o saco do Secretário para anotar as suas firulas referenciais e no final não falou nada! Também não estou aqui incentivando ninguém a falar além do necessário e da objetividade do bom senso. Discursos rançosos e providos de extenso lirismo em nome da virtude e da paciência dos Irmãos são abominados da mesma forma.

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 764 Florianópolis (SC) – 29 de setembro de 2012

DEGRAUS NOS TEMPLOS

DEGRAUS NOS TEMPLOS
Charles Evaldo Boller

Os degraus existentes em Loja são num total de dez. No Rito Escocês Antigo e Aceito praticado nas Grandes Lojas, não são dados nomes nem significados simbólicos aos degraus existentes em Loja e estão assim distribuídos: um no altar do segundo vigilante; dois no altar do primeiro vigilante; três no trono do venerável mestre; quatro separando oriente do ocidente. Sabe-se da existência de nomes para cada degrau e que estes têm a finalidade de ajudar no entendimento do significado de sua escalada. É possível especular e lhes dar significação simbólica se considerado que cada degrau num ambiente disciplinado como o da Maçonaria está ligado ao desenvolvimento da liderança.

Pobre daquele maçom que não entende o significado da escalada dos degraus da Loja e, pelo cargo que exerce, se coloca acima de seus irmãos. Certamente verá fracassada sua educação em liderança, o que vai refletir em sua vida particular, sua família, afetar a sociedade que o cerca e em conseqüência, a nação.

O bruto pode até impor sua vontade de forma opressiva por curto espaço de tempo, mesmo assim o mal causado para si e a Loja é duradouro, até irreversível. Isto contrasta com o que ocorre na sociedade, onde os cargos políticos deveriam estar apenas em mãos de servidores públicos; servidores e não ditadores, corruptos ou ladrões. Aquele irmão que hoje está em cargo público, onde deveria ser servidor da coletividade e não o faz, serve apenas a si próprio, é maçom que não aprendeu o sentido que a escalada dos degraus representa. Por não haver aprendido o significado do galgar dos degraus não tem capacidade de se empenhar em propiciar o bem coletivo.

Um irmão ligado à política e que não executa o que aprendeu na ordem, é aquele que normalmente apresenta a desculpa que o cargo público o deixa assoberbado e só aparece em Loja quando surge a necessidade de pedir votos. E como vai aprender se usa a Maçonaria apenas como ferramenta para abrir certas portas do poder e não estuda?

Para a pessoa que escala os degraus da Loja no sentido de crescer em poder, como desvirtuado líder da humanidade, cada degrau para cima conduz um degrau para baixo, para a imoralidade, a falta de ética. Aquele que sobe os degraus da Loja apenas visando portar faixas, medalhas, aventais, espadas, e outros adereços confeccionados de materiais prateados ou dourados, todos reluzentes, não sobe, desce até o fundo do poço e arrasta consigo aqueles que se sujeitam em segui-lo.

O venerável mestre ocupa o degrau mais alto na Loja por imposição de seu cargo; isto é disciplina; não que com isto ele seja mais importante que os obreiros, ao contrário, quanto mais sobe, mais humilde é o homem maçom. Visto desta forma, o oriente não é a única a fonte de sabedoria, isto é vaidade, o leste apenas simboliza a sabedoria; esta emana do corpo da Loja, e o oriente, qual espelho, a reflete de volta aos seus emissores. Para ser espelho, o oriente deve consistir de destacados obreiros virtuosos. Se a qualidade moral, cultural e ética das pessoas que compõem a Loja é ruim, de que adianta o mais sábio dos homens em sua presidência? Quem faz a Loja, quem dá luz ao espetáculo, quem brilha de fato, não é o venerável, o grão-mestre, são todos os membros da oficina em união e abençoados pelo Incriado. Aquele que sobe um degrau para o alto serve aos que estão em degraus inferiores. Na ordem maçônica, o mestre maçom está empenhado num processo de melhoria interminável que não visa o poder pelo poder, mas pelo servir. Para obter sucesso no servir coloca em prática o que os degraus definem, e quanto mais ele sobe na hierarquia da Loja, mais se empenha em servir e isto lhe proporciona verdadeiro e natural poder e capacidade de refletir a sabedoria gerada nos demais quadrantes do templo.

Os degraus deixam o presidente ciente do desenvolvimento da capacidade de retribuir com bondade as críticas dos outros, por vezes cruéis, e localizar pontos onde efetuar mudanças em si próprio para melhor servir os irmãos. Está ciente que os outros só mudam se ele mudar; cada modificação em si próprio tem por objetivo diminuir a distância entre ele e os irmãos; liderar significa caminhar junto com os outros em direção ao objetivo comum e não andar na frente dos liderados visando seus próprios alvos.

O verdadeiro líder maçônico divisa com clareza o real objetivo, age e obtém bons resultados quando propicia aos outros, não o que querem, mas o que precisam para escalar os mesmos degraus pelos quais ele subiu. Um irmão puxa os outros pelos degraus acima, e isto mostra o quanto a ordem é importante na formação de lideranças tão necessárias para a condução de si próprio, da família, da Maçonaria, da sociedade, do país.

A prática da disciplina é uma constante em Loja que desenvolve bons líderes para a sociedade humana. É o líder forjado na cobrança de resultados; formado na batalha de enfrentar problemas e situações onde é cobrado pela sua responsabilidade. Na ocasião azada aprende a lidar com o medo e a ansiedade do enfrentamento de situações conflitantes, pois uma necessidade judicativa é tratada com urgência para não poluir a Loja, onde a procrastinação pode levar até ao abatimento de colunas. Em todas as situações o líder maçom age para ensinar, e aquele que recebe treinamento é discípulo, cuja raiz é disciplina. O discípulo que aprende o significado dos degraus é feliz e certamente cultiva boas sementes, separa joio do trigo. A disciplina faz com que o maçom não apenas esteja qualificado para ser bom líder, mas que também queira aceitar o encargo. Ao alterar sua disposição mental, ao modificar a maneira de pensar pela disciplina maçônica, o líder modifica sua vida e realmente faz a diferença.

O líder maçom não distribui apenas abraços e beijos; quando necessário também aplica "palmadas" naquele que se comporta de forma inadequada, que desrespeita a disciplina, que é o aprendizado do galgar dos degraus de forma obediente. Para este existe a lei; rígida e aplicada com firmeza. O mestre maçom aprende a encontrar o equilíbrio entre aplicar "palmadas" e ter um bom relacionamento. As suas boas ações são conscientes, sabe encontrar o meio-termo que orienta sua razão para moderar seu ímpeto ao extremo. O constante cultivar de princípios éticos alicerçados em cada degrau que escala o levam a concluir ser impossível separar intelecto de coração. Estas duas características convivem dentro de todas as pessoas, mas principalmente no interior do mestre maçom forjado nas oficinas da Maçonaria. Visto desta forma, disciplina e amor são sinônimos, é onde a ordem maçônica deixa de ser a sociedade de elogios e auxílios mútuos pela qual é caracterizada nos últimos tempos. Aplicam-se "palmadas" e abraços por amor para que o resultado de toda a ação resulte em edificar templos a virtude. As emoções são controladas com o tempo, pela prática de constantes ações moderadas em presença da racionalidade, o que predispõe a excelência moral de forma integral.

O alicerce dos degraus da Loja, da escalada do líder maçom, está apoiado em: paciência, gentileza, respeito, altruísmo, humildade, perdão, honestidade, compromisso, resumindo: no amor.

O amor fraterno que a Maçonaria coloca acima de todas as virtudes, o exemplo vivo do que já foi dito no passado pelos maiores líderes e grandes iniciados como a única solução para todos os problemas da humanidade. Em sendo o perfeito vínculo de união, o amor se destaca no mestre maçom por: - como ele serve e se dedica aos seus irmãos; - colocar em prática o que a escalada dos degraus lhe ensinam sem parar; - propiciar os meios de desenvolvimento ordeiro e pacífico de uma pequena célula de sociedade, um laboratório de humanismo onde seus membros se tratam e se comportam como irmãos, praticando o mais profundo amor fraterno entre si.

Ao conjunto de atitudes de cada mestre maçom que escala de forma consciente os degraus da Loja resulta a prática da verdadeira Maçonaria, um ambiente onde qualquer irmão, obediente e disciplinado, descobre a existência do Princípio Criador que é definido por Grande Arquiteto do Universo, pois é sabido que Este só se manifesta onde as pessoas se tratam como irmãos e desenvolvem profundo amor entre si.

Bibliografia:

1. ASLAN, Nicola, Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, ISBN 85-7252-158-5, segunda edição, Editora Maçônica a Trolha Ltda., 1270 páginas, Londrina, 2003;

2. BENOÎT, Pierre; VAUX, Roland de, A Bíblia de Jerusalém, título original: La Sainte Bible , tradução: Samuel Martins Barbosa, primeira edição, Edições Paulinas, 1663 páginas, São Paulo, 1973;

3. BOUCHER, Jules, A Simbólica Maçônica, Segundo as Regras da Simbólica Esotérica e Tradicional, título original: La Symbolique Maçonnique , tradução: Frederico Ozanam Pessoa de Barros, ISBN 85-315-0625-5, primeira edição, Editora Pensamento Cultrix Ltda., 400 páginas, São Paulo, 1979;

4. CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, ISBN 85-7374-251-8, primeira edição, Madras Editora Ltda., 413 páginas, São Paulo, 2001;

5. CHALITA, Gabriel, Os Dez Mandamentos da Ética, ISBN 85-209-1584-1, primeira edição, Editora Nova Fronteira S/A, 224 páginas, Rio de Janeiro, 2003;

6. CLAUSEN, Henry C., Comentários Sobre Moral e Dogma, primeira edição, 248 páginas, Estados Unidos da América, 1974;

7. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, sua História, quarta edição, Editora Pensamento Cultrix Ltda., 550 páginas, São Paulo, 1989;

8. HUNTER, James C., O Monge e o Executivo, Uma História Sobre a Essência da Liderança, título original: The Servant, tradução: Maria da Conceição Fornos de Magalhães, ISBN 85-7542-102-6, primeira edição, Editora Sextante, 140 páginas, Rio de Janeiro, 2004;

9. MARTINS, Maria Helena Pires; ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, Filosofando, Introdução à Filosofia, ISBN 85-16-00826-6, primeira edição, Editora Moderna Ltda., 396 páginas, São Paulo, 1993;

10. WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland, O Corpo Fala, A Linguagem Silenciosa da Comunicação Não-verbal, ISBN 85-326-0208-8, 33ª edição, Editora Vozes Ltda., 288 páginas, Petrópolis, 1994.

Fonte: http://blogoaprendiz.blogspot.com

sábado, 28 de maio de 2022

INGRESSO FORMAL EM RETIRADA TEMPORÁRIA

Em 12.10.2021 o Respeitável Irmão José Antonio Wengerkiewicz, Loja União III Luz e Trabalho, 664, REAA, GOB-SC, Oriente de Porto União, Estado de Santa Catarina, formula a seguinte questão.

ENTRADA FORMAL

Em nossa Loja, ao transformarmos a Loja para grau de Companheiro ou Mestre, quando os Aprendizes deixam o templo são acompanhados por Mestre Instalado. Ao retornarem, lhes é cobrado a marcha, a saudação e, esporadicamente o telhamento. Minha dúvida é a seguinte: o Mestre Instalado que acompanha tem a obrigação de executar a marcha e saudação às Luzes?

COMENTÁRIOS:

Quando a retirada não for definitiva, (cobertura apenas por tempo necessário), os que tiveram o Templo coberto, ao retornarem aos trabalhos, não carecem entrar com formalidades de praxe, pois eles já estavam participando dos trabalhos da Loja.

Quando houver necessidade da cobertura dos trabalhos a alguém, é sempre o Mestre de Cerimônias quem conduz o(s) retirante(s) temporário(s), assim como é ele o guia que o(s) dirige no retorno ao Templo.

Caso a Loja venha se servir de algum Mestre para fazer companhia àqueles que tiverem o Templo coberto, este os acompanha naturalmente, tanto na saída temporária como no retorno definitivo.

Assim, na retirada temporária e no retorno definitivo não precisa se fazer entrada formal e nem se aplicar o questionário de telhamento, pois todos os protagonistas já estavam participando dos trabalhos. De retorno simplesmente seguem as orientações do Mestre de Cerimônias.

Vale mencionar que os retirantes temporários, e o seu acompanhante, se for o caso, também não precisam saudar as Luzes da Loja quando da retirada, pois isso somente ocorrerá se a retirada for definitiva.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

MAÇONS FAMOSOS

INICIAÇÃO MAÇÔNICA DE HENRY FORD

HENRY FORD (Greenfield Township, atual Condado de Wayne, 30 de julho de 1863 — Dearborn, Michigan, 7 de abril de 1947). Empreendedor e empresário norte-americano fundador da Ford Motor Company e o primeiro empresário a aplicar a montagem em série para automóveis. Era Membro Honorário da Loja Zion nº 01. Recebeu o Grau 33 do REAA em Detroit, em 6 de dezembro de 1940.

INICIAÇÃO MAÇÔNICA: 29 de junho de 1894 (Sexta-feira).

Loja: Palestina, nº 357, Detroit, Estados Unidos (REAA).

Idade: 31 anos.

Oriente Eterno: Faleceu aos 83 anos de idade, vítima de hemorragia cerebral.

Fonte: famososmacons.blogspot.com

LA INICIACION

LA INICIACION
Victor Salazar Soto .
Caballeros de la Orden del Sol.

La vida es un camino constante de aprendizaje y renovación. Cuenta la historia que los caminos iniciáticos era toda una vida de preparación del profano, eran duras pruebas, antes de dar el paso.

El maestro examinaba al profano, preguntándole sus intenciones, de entrar a la escuela, sus obligaciones, tenía que ser un hombre libre y de buenas costumbres. 
No esclavo de sus pasiones profanas, pero también habían profanos recomendados por algunos maestro, por su sapiencia, esto se entendía que eran espíritus viejos, que estaban en tránsito en este mundo, y que era el tiempo de ser parte de la fraternidad, para el proseguir en el camino de evolución. Pero tenía que someterse al ritual, como cualquier otro profano que había tocado la puerta de la escuela iniciática.

La fraternidad centra su foco de luz en diferentes países, para que en un tiempo prudente. Los seres humanos, despierte de la irrealidad, y sean consiente de sus verdades.

La vida es un constante camino de evolución de retorno a la fuente. No hay dos ni tres todo proviene del uno primordial,

Fonte: https://fenix137rls.blogspot.com

sexta-feira, 27 de maio de 2022

MÃO DIREITA ABERTA - PROPOSTAS E INFORMAÇÕES E TRONCO DE SOLIDARIEDADE

Em 08.10.2021 o Respeitável Irmão José de Oliveira Mendes, sem mencionar o nome da Loja, Oriente e Estado da Federação, REAA, GOB, apresenta a seguinte questão:

PROCEDIMENTO NA COLETA

No REAA do GOB está aparecendo um gesto que, ao meu ver, não se faz. Trata-se de levantar a mão espalmada, após colocá-la no Saco de Propostas e Informações ou no Tronco de Solidariedade. Procede isso?

COMENTÁRIOS:

Oficialmente esse gesto não é previsto, pois não consta no ritual e nem no Sistema de Orientação Ritualística do GOB RITUALÍSTICA.

A bem da verdade, num passado não muito distante, o costume de mostrar a mão direita aberta após a sua retirada da bolsa utilizada para a coleta era muito comum em muitas Lojas.

Não que propriamente o ritual determinasse isso, mas porque alguém achava isso bonito e daí, água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

Esse esdruxulo costume tem raiz nas crendices e invenções. No caso da bolsa utilizada nas coletas, a prática era mais relacionada à coleta do óbolo, oportunidade em que se apregoava que se algum Irmão estivesse passando por dificuldades financeiras, então ele poderia retirar uma quantia da bolsa quando ela em trânsito lhe fosse oferecida.

Na verdade, um ato de apropriação indébita. Graças a isso, apregoava-se que o obreiro, para mostrar que nada havia retirado do tronco, ele então mostrava a sua mão aberta expondo-a aos presentes – firulas que não merecem comentários...

Obviamente que isso é um delírio ritualístico, pois não faz sentido algum que alguém viesse retirar parte, ou todo o conteúdo da coleta para atender as suas necessidades financeiras.

Ora, um Irmão nessa situação deve expor a sua necessidade à hospitalaria da Loja que então irá tomar as providências de praxe. Agora, por conta própria alguém “avançar” num numerário que não lhe pertence é mesmo inadmissível.

Para aumentar o absurdo, mesmo que sem propósito algum, a invencionice da “mão aberta” logo se espalhou e acabou também aportando no giro da coleta de propostas e informações. Essa é a sua história.

No mais há que se destacar a impressionante capacidade inventiva que alguns maçons latinos tem para criar certos “dinossauros” sobre o solo da ritualística maçônica. O problema é que matar o dinossauro não é tão difícil, o difícil mesmo é consumir com os seus restos mortais. Prova disso é o que o Irmão relata na sua questão.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

O OBJETIVO DO ESTUDO NA MAÇONARIA

O OBJETIVO DO ESTUDO NA MAÇONARIA
Autor: Hon. Louis Block, Past Grand Master, Iowa
Tradução: Luiz Marcelo Viegas

É correto dizer que o grande problema diante de nós é o da pedagogia da Maçonaria. Isso significa que o ensino dos fatos sobre um grande movimento histórico baseado na teoria de que a verdadeira felicidade do homem só pode ser alcançada pela união de todos em uma democracia alicerçada no espírito da fraternidade, onde cada um não seja apenas o guardião de seu irmão, mas também seu defensor, seu porto seguro, seu auxílio, seu incentivador, seu ombro amigo, seu inspirador e seu exemplo de amor ao próximo e a si mesmo. Tudo isso se ensina através do imaginário e das alegorias da Maçonaria, e de seu simbolismo místico. Não devemos nos perder na busca por algo sombrio, em teorias abstratas perdidas dentro de perspectivas obscuras, confusas, nebulosas e insignificantes; devemos sim, estarmos próximos e nos dedicarmos aos verdadeiros valores humanos. Princípios devem existir para estarem realmente inseridos nas vidas das pessoas, se não for assim não farão diferença alguma. Nosso estudo deve aliar teoria e prática, com o estudante realmente utilizando-se de seu aprendizado e compartilhando os valores adquiridos, senão nossos esforços serão em vão.

Também não podemos deixar de mostrar que são os pensamentos que importam, que são eles que controlam a conduta dos homens; que, se seus pensamentos não são bons, o seu comportamento também não pode ser. O que precisamos é fazer com que os pensamentos certos sejam claramente formulados, imbuídos de amor e, profundamente gravados no subconsciente, de modo a inevitavelmente se expressarem em nossos atos no dia-a-dia de nossas vidas. A meu ver, essa é a missão da Maçonaria: a construção desses grandes pensamentos na mente dos homens, transformando-os em atos cotidianos, com a certeza de que eles devem predominar, governar e prevalecer para que possamos viver juntos, em paz e harmonia, desfrutando da verdadeira felicidade.

Como fazer isso é a grande questão. Fazer com que os membros de nossa Ordem percebam que essas ideias não são abstrações vazias, mas reais, poderosas, vivas, atuais e sólidas – essa é a grande tarefa a se realizar. Precisamos compreender juntos os fatos sobre a Maçonaria: o que ela realizou no passado que a faz viver até os dia de hoje por seus próprios méritos? Como ela tem, durante sua existência, auxiliado o Homem? Feito isso, precisamos apresentar essas informações de tal forma que despertem a atenção e mantenham o interesse de nossos irmãos durante a instrução em Loja. A capacidade de fazer coisas interessantes, para atiçar uma busca por mais “luz”, é o segredo de todo ensino. Você não pode abrir a cabeça de um estudante e colocar o conhecimento ali dentro, mas você pode incentivá-lo a estudar e aprender por si mesmo, e essa será sua vitória. Já temos a vantagem do grande poder de atração de nossos “segredos” e “mistérios”. Temos de mostrar aos iniciados o quão pouco sabem, quantos mistérios fascinantes ainda precisam ser explorados, investigados, analisados e estudados para, enfim, poderem ser compreendidos.

Pergunte por que ele ainda permanece na Ordem. Ela o ajudou? Em caso afirmativo, como e de que maneira? Faça uma série de perguntas socráticas a ele; faça-o pensar! Se ela o auxiliou em algo, de alguma forma, sem dúvida, ela poderá fazer mais. Há mais lá, se ele souber procurar: “buscai e achareis.” Não é fácil ensinar os homens a observar o mundo ao seu redor, muito menos é ensinar-lhes a arte do discernimento espiritual. Mas é possível. Pode ser ensinado, pode ser desenvolvido, pode-se fazer essa habilidade florescer. Muito de nossa pedagogia moderna não é nada mais do que um árido, mecânico e vazio processo. Nossas crianças são instruídas a decorar, imitar, copiar, para seguir “o costume”, e não são nunca preparadas para pensar. Tal procedimento acaba por formar adultos incapazes de formular pensamentos simples, mas originais, não sendo capazes de fazer uma avaliação crítica do que ocorre ao seu redor; e muitos são os que em Loja praticam a ritualística de forma errada, porque os Mestres “mais antigos” lhe “ensinaram” que assim é “o uso e o costume” daquela oficina.

Devemos preparar nossos novos maçons, incentivando-os a se dedicarem aos estudos e à pesquisa sobre a Ordem. Devemos incentivá-los a trabalhar sua mente, a construir seu templo espiritual, mas também o intelectual. Devemos incentivá-los a serem originais. Devemos incentivá-los a pensar!

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

quinta-feira, 26 de maio de 2022

ESTANDARTE DA LOJA E O PORTA-ESTANDARTE

PORTA ESTANDARTE
(republicação)

Em 01/09/2017 o Respeitável Irmão Nicolau Mallmann, Loja Philantropia Guarapuavana, REAA, GOB-PR, Oriente de Guarapuava, Estado do Paraná, pede esclarecimentos para o que segue:

Venho solicitar por meio deste e-mail ajuda do seu conhecimento maçônico sobre a função do Porta-Estandarte. Elaborei os estandartes das Lojas Acácia Laranjeirense e Universitária Philantropia Guarapuavana. Esses dias, no Tempo de Estudo eu falei sobre o Estandarte da Universitária como ele foi elaborado, já li em algum trabalho que algumas Lojas do REAA⸫, que ao abrir a sessão o Porta-Estandarte abre o Estandarte e coloca no seu devido lugar em Loja, mas fica a indagação no nosso Ritual:

- Qual a função do Porta-Estandarte? Ou é apenas figurativo?

- Se abre e fecha o Estandarte e em qual momento da sessão ou ele sempre fica aberto no canto da Loja?

- Se no nosso Rito já houve função do tipo hasteamento ou descerramento do Estandarte?

CONSIDERAÇÕES:

Muitos costumes maçônicos autênticos infelizmente foram gradualmente se perdendo, o que não foge à regra também no REAA⸫.

No caso do Porta-Estandarte e a sua função em Loja fica evidente esse descaso, pois se o cargo existe no ritual, obviamente para ele deveria existir uma finalidade.

Tão importante é o Estandarte de uma Loja que ele é o símbolo maior da Corporação Maçônica e compõe, com a Carta Constitutiva, a certidão de existência de uma Loja Maçônica.

Dada a sua importância, a presença do Estandarte em Loja não deveria simplesmente se limitar a ficar hasteado no lugar devido.

É nesse sentido que existe um oficial denominado Porta-Estandarte, cujo ofício é o de ser o condutor oficial do lábaro da Oficina – a sua própria joia distintiva assim o identifica.

Dada à importância do Estandarte é que outrora o mesmo era arvorado pelo seu condutor assim que a Loja fosse declarada aberta, enquanto que no seu encerramento o lábaro era por ele recolhido. É daí a origem do cargo do Porta-Estandarte.

Em muitos lugares, quando uma Loja é visitada, a visitante ainda traz consigo o Estandarte hasteado como seu símbolo presencial, o que se dá durante o ingresso formal. Nessa oportunidade o Estandarte da visitante é formalmente colocado no Oriente junto ao da anfitriã pelo tempo que a visitante permanecer no recinto.

Lamentavelmente essas práticas não têm sido mais previstas em muitos dos nossos rituais, provavelmente porque os construtores de rituais atualmente parecem estar mais preocupados com certas formalidades que só servem para alimentar vaidades do que manter as nossas verdadeiras tradições. Talvez seja essa a razão do descaso para com o ofício do Porta-Estandarte no REAA⸫. 

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE

FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE
Ir∴ José Cássio Simões Vieira
MI da ARLS Theobaldo Varoli Filho Nr. 2699 – São Paulo

Tendo em vista a necessidade de buscar argumentos que possam contribuir para o aprimoramento moral e espiritual dos Maçons, no sentido desenvolver e assegurar a fidelidade às obrigações assumidas, bem como aperfeiçoar seu caráter, a Ordem analisa os ensinamentos propiciados pelas Grandes Religiões.

Tais estudos, como é óbvio, não se prendem a questões religioso sectárias, o que sairia totalmente do espírito maçônico, mas sim ao conteúdo filosófico, ao núcleo ético, dos ensinamentos das religiões, os quais, na verdade, são todos superponíveis uns aos outros.

De fato, por mais inconciliáveis que pareçam, à primeira vista, os diversos sistemas religiosos, quem os examina com imparcialidade, não pode deixar de concluir que só existe, na verdade, uma religião, sempre adaptada à situação social em que surge. Seus elementos essenciais constituem, independente de seus dogmas, a mais completa metodologia educacional, pois, acompanhando o homem do berço até o túmulo, tem como finalidade adaptá-lo, cada vez mais, ao convívio social. E, do ponto de vista da transcendência, não existe uma religião melhor do que a outra, já que a melhor, para cada um de nós, é aquela que nos facilitará melhor compreender os mistérios e desígnios de Deus, permitindo-nos entrar em comunhão com um TODO MAIOR, não importa o nome que se lhe dê. O que importa é que esse estado de consciência nos leve a descobrir uma razão de viver, um sentido de vida, que ultrapasse nossa simples presença na Terra.

Dentro dessa concepção, façamos uma sucinta análise da Trilogia Cristã, constituída pela Fé, Esperança e Caridade, ou seja, pelas Virtudes Teologais.

As Virtudes Teologais

Definamos, em primeiro lugar, o que é virtude.

Tal pergunta já é feita ao postulante, quando da cerimônia de sua Iniciação ao Primeiro Grau.

A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite nos não só a praticar bons atos, mas a dar o melhor de que dispomos.

Com todas as suas forças físicas e espirituais, a pessoa virtuosa tende ao bem, persegue-o e escolhe-o na prática.

Se alguém busca sempre dizer a verdade, possui a virtude da veracidade ou sinceridade. Se prima por ser rigorosamente honesto com o direito dos outros, tem a virtude da justiça.

Para os teólogos do Cristianismo, se adquirimos uma virtude por esforço próprio, como as mencionadas acima, ela é uma virtude natural. Mas, há virtudes que exigem muito mais para se consolidar; dependem de um "dom divino" para serem adquiridas e a elas o homem não pode chegar só com seus dotes naturais. São as virtudes sobrenaturais ou teologais, assim chamadas porque dizem diretamente à intervenção divina.

Na verdade, nada ocorre sem a presença de Deus. "Invocado ou não, Deus está sempre presente".

A Fé

Das três Virtudes Teologais a Fé é fundamental.

Não confundamos a Fé com a simples crença, como magistralmente frisa Huberto Rohden.

Tal confusão surgiu nos primeiros anos do Cristianismo, quando o texto grego do Evangelho foi traduzido para o latim.

Fé, fides, quer dizer "fidelidade", harmonia entre a alma humana e o espírito de Deus. É, basicamente, uma "adesão pessoal" do homem a esse TODO MAIOR, uma atitude de "alta fidelidade", de sintonia de freqüência do receptor (homem) com o emissor (Deus).

Como esse substantivo latino não tem verbo derivado do mesmo radical, como no grego, os tradutores viram-se obrigados a recorrer a um verbo de outro radical, valendo-se de credere, que em português deu crer.

Crença, crer, com efeito, têm conotação diferente de Fé, de ter Fé. Refere se a algo incerto, vago, como quando dizemos: "creio que vai chover", "creio que Fulano mudou-se de casa".

Crer em Deus não é o mesmo que ter Fé ou fidelidade a Deus. Quem tem Fé, fides, fidelidade estabelece com Deus perfeita sintonia ou sinfonia de pensamentos, palavras e obras.

Se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem Fé, embora talvez creia. Tal pessoa pode, em tese, aceitar que Deus existe e, apesar disso, não ter Fé.

Crer é um ato apenas intelectual, de quem se persuadiu de algo que lhe parece verdadeiro; ter Fé vai mais longe. É uma atitude de consciência e de vivência, que brota da experiência íntima. É o resultado de uma intuição espiritual, que transcende a mera intelectualização.

A Fé implica certeza. Ter Fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que vai muito além do âmbito da crença.

Conseguir a Fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer "eu creio", mas afirmar "eu sei", ou seja, eu saboreio, que é o significado etimológico de saber, com todas as dimensões da razão, iluminadas pela luz do sentimento.

Essa Fé não é de boca para fora, recitada. É profunda, inabalável, não se estagnando em nenhuma circunstância de vida, habilitando-nos a superar os maiores obstáculos. É nesse sentido que "a Fé remove montanhas", que são os entraves encontrados em nosso caminho evolutivo, ou seja, os vícios, as paixões, os preconceitos, a ignorância, os interesses puramente materiais, as dores, os reveses, o infortúnio etc.

Em outras palavras, com a certeza na assistência de Deus, a Fé exprime a confiança, que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração.

A Fé inteligente

A Maçonaria insiste em que a Fé não pode ser reduzida à simples crença em certos dogmas religiosos, aceitos sem exame, anulando-se a razão. Essa é uma "fé cega", comparável a um farol, cuja luminosidade não atravessa o nevoeiro, deixando o navegante sem saber seu rumo nos momentos de tormenta.

A verdadeira Fé é esclarecida, como um foco elétrico, que ilumina com brilhante luz o caminho de nossa evolução e ser percorrido.

Chamemo-la "Fé racional" e, por isso mesmo, robusta. Necessita ser conquistada, porquanto passa pelas tribulações da dúvida, pelas aflições que embaraçam o caminho dos que buscam o livre exame e a liberdade de pensamento.

Em vez de dogmas e mistérios, cumpre-nos reconhecer os princípios que regem o mundo e o homem.

Assim, a verdadeira Fé é inteligente, porque se apóia na lógica. Não basta somente dizer "tenho fé". É indispensável conhecer, compreender, saber a dinâmica dessa certeza.

A Fé não dispensa o suporte da razão. "Quem tem olhos de ver, que veja!". Basta lançar nossos olhos sobre as obras da criação, para se ter certeza da existência de Deus. Não há efeito sem causa. O Universo existe; ele tem, pois, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar esse axioma das ciências e admitir que o nada pode fazer tudo.

Deus é a Grande Lei que estabeleceu e mantém a Harmonia Universal. É o Grande Arquiteto do Universo. Duvidar da existência de Deus é duvidar de si mesmo!

A Esperança

A Esperança é a filha dileta da Fé.

A Fé vivida em plenitude, como acima definida, já contém a Esperança, virtude teologal pela qual confiamos na promessa da vida eterna.

Em Maçonaria, usamos a expressão "Oriente Eterno", no sentido de que a alma é imortal e o fenômeno a que se chama morte não é, senão, a transição de uma etapa de nossa evolução infinita.

Por isso, a pessoa consciente, que possui a virtude da Esperança, é capaz de vencer o medo, as tribulações, as intempéries da vida diária, com compreensão e resignação, agradecendo a dádiva das provas e provações que Deus nos oferece, para que nos aperfeiçoemos em nossa caminhada espiritual, na busca da LUZ que vem do Oriente.

A Caridade

Enquanto a Fé e a Esperança são virtudes que vivenciamos em um plano subjetivo, a Caridade é uma ação explícita, em nível objetivo. É uma atuação, embora deva ser silenciosa. Sua prática desenvolve a Fé e a Esperança.

Um dos fundamentos da Ordem Maçônica é a prática da Caridade, sob a forma de filantropia, visando ao bem estar do gênero humano. De fato, nossa Instituição não está constituída para se obter lucro pessoal de nenhuma espécie, senão, pelo contrário, suas arrecadações e seus recursos destinam-se a contribuir materialmente para aqueles que estão privados dos meios de prover uma digna subsistência. E "que nossa mão esquerda não saiba o que dá nossa mão direita".

No entanto, independente de qualquer aspecto pecuniário, o Grande Arquiteto do Universo nos dá a oportunidade de, em qualquer parte, praticar a "caridade maior", a caridade moral, pois "nem só de pão vive o homem".

Ninguém precisa dispor de recursos materiais para praticar essa Caridade. Entretanto, ela é a mais difícil e, por isso, a mais valiosa. Se não, vejamos alguns exemplos:

Fazer aos demais o que desejaríamos fosse feito conosco. Perdoar as ofensas tantas vezes quanto forem necessárias.

Respeitar nos semelhantes a LIBERDADE de opiniões e pensamentos divergentes dos nossos.

Ter pelo próximo solidariedade fraternal, FRATERNIDADE. Lutar pela IGUALDADE de direitos entre as pessoas.

Abster-se de julgamentos precipitados e de juízos temerários.

A lista é imensa. O que importa é sabermos que essa "caridade moral" não implica subserviência de nossa parte. Pelo contrário, quanto mais nos respeitemos e qualifiquemos, mais capacidade teremos de nos dar, de amar, de sermos caridosos.

Fonte: JBNews - Informativo nº 0174 - 17/02/2011

quarta-feira, 25 de maio de 2022

DEGRAUS PARA O ORIENTE E SAUDAÇÃO - RITO BRASILEIRO

DEGRAUS E SAUDAÇÃO NO RITO BRASILEIRO
(republicação)

Em 01/09/2017 o Respeitável Irmão Eurípedes Coelho de Castro, Loja Minerva 1805 e Loja Ordem e União, 3191, provavelmente Rito Brasileiro, GOB-GO, sem mencionar o nome do Oriente, Estado de Goiás, solicita esclarecimentos.

Exerci o cargo de Secretário Estadual de Orientação Ritualística do GOB-GO Adjunto para o Rito Brasileiro (onde ainda sou solicitado pelo nosso Secretário de Ritualístico a auxiliá-lo nessa função), nesse período, como orientador, tivemos algumas dificuldades em repassar aos Irmãos, orientações relativas à subida e descida dos degraus do Templo, principalmente a subida, pois cada Irmão fazia a interpretação diferente, do que nos dizia o Ritual, causando sempre polemica.

Então estou tomando a liberdade de através da sua sabedoria e estudioso como és, em solicitar a sua ajuda, no sentido de clarear essas duvidas, principalmente relativo aos quatro degraus que sobem do Ocidente para o Oriente, onde inicia o 1º degrau e onde está o 4º degrau.

Abaixo está a orientação escrita no Ritual do Rito Brasileiro, pagina 27.

2. SUBIDA E DESCIDA DOS DEGRAUS DO TEMPLO (pag 27 do Ritual do Rito Brasileiro)

Sobe-se ao Oriente por 4 degraus que representam: A FORÇA, O TRABALHO, A CIÊNCIA e A VIRTUDE. Mais três degraus conduzem ao Altar e representam eles: A PUREZA, A LUZ e A VERDADE. Todos os degraus serão subidos ou descidos normalmente um a um, rompendo-se com qualquer pé.

SAUDAÇÃO AO Ven⸫ M⸫
- O Ir⸫ que for adentrar no Or⸫ (após subir o último degrau antes da linha divisória do Or⸫ e do Oc⸫), saúda o Ven⸫ junto a Grade do Or⸫, no Lado Nordeste.

– O Ir⸫ que for sair do Or⸫, saúda o Ven⸫ junto a Grade do Or⸫, no Lado do Sudeste.

- (Nestas oportunidades e quando for passar do Norte para o Sul, no Ocidente, o Irmão se colocará à Ordem, saudará o Ven⸫ e continuará sua marcha sem retornar novamente ao Sinal de Ordem).

OBS: (O Ir⸫ que estiver portando instrumentos de trabalho saudará o Ven⸫ com respeitosa inflexão de cabeça.)

CONSIDERAÇÕES:

Ao que parece o Ritual está bem claro na quantidade de degraus, ou seja: por quatro degraus se sobe andando normalmente do Ocidente para o Oriente e do nível do Oriente para se alcançar o sólio, sobe-se andando normalmente mais três degraus. Obviamente que o retorno se dá descendo os degraus mencionados. Em síntese, do Ocidente até o sólio existem sete degraus.

Um obreiro ingressando no Oriente, ao atingir o nível do mesmo pelo lado nordeste (vem da Coluna do Norte) próximo à balaustrada (grade do Oriente), saúda o Venerável Mestre e em seguida, sem voltar à Ordem, prossegue no seu deslocamento. 

A saudação deve ser feita pelo Sinal conforme o Grau de trabalho da Loja.

Um obreiro em retirada, imediatamente antes de sair do Oriente, o que acontece sempre pelo lado sudeste em direção à Coluna do Sul, antes de descer os degraus, próximo à balaustrada ele se volta para o Venerável e faz a saudação pelo Sinal. Ato seguido retorna o seu percurso descendo os quatro degraus do Oriente para o Ocidente.

A contagem do número de degraus de um acesso ou de uma escada se faz pela quantidade de espelhos correspondentes aos degraus. Cada degrau se compõe de piso e espelho. Espelho é a diferença de nível entre os pisos de uma escada.

Obreiro em circulação no Ocidente quando passar de uma para a outra Coluna (Norte para o Sul ou vice-versa) volta-se para o Oriente e saúda o Venerável Mestre pelo Sinal.

A saudação é feita em se estando à Ordem e executando o Sinal Penal. Terminada a saudação não se volta à Ordem se o caso for o de continuar o deslocamento (não se anda com o Sinal, salvo a Marcha do Grau se prevista no Rito).

Em todos os casos acima mencionados o Obreiro portando objeto de trabalho não faz Sinal, mas saúda o Venerável Mestre com uma parada rápida e formal executando com isso uma respeitosa inclinação com a cabeça. Concluído o gesto, prossegue-se no deslocamento.

Concluindo, espero ter melhorado as elucidações, embora o Ritual me pareça estar bem claro no que diz respeito à execução dessas práticas litúrgicas.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

MINUTO MAÇÔNICO

ATEÍSMO

1º - Doutrina oposta à da Maçonaria porque, ao negar a existência de Deus ou de todo Ser Supremo, nega também todas as verdades e ensinamentos desta Ordem.

2º - O verdadeiro ateísmo, apesar de Le Dantec considerá-lo como a doutrina que prescinde de Deus, é a negação de todo Deus ou Existência suprema como geralmente é definido.

3º - Nega que possa haver uma alma ou um ser real e indefectível que inteligente e intencionalmente produza a beleza e a harmonia do criado e a solidariedade do todo existente, enfim é a negação da doutrina maçônica essencialmente espiritualista.

4º - Para nós, o ateu não é bem aquele que deixa de acreditar nesta ou naquela definição teológica; é antes aquele que, ao deixar de pautar a sua conduta dentro dos universais princípios da virtude e da moral, demonstra uma flagrante indiferença com relação a Divindade.

5º - A intuição da existência de Deus, que o ser humano pressente dentro de si, vale mais do que todas as definições teológicas.

Fonte: http://www.cavaleirosdaluz18.com.br

A GÉNESE DA TRILOGIA EMANCIPADORA LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE

A GÉNESE DA TRILOGIA EMANCIPADORA LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE
Ir∴ Mário Jorge Neves

A génese desta trilogia está intimamente ligada à Revolução Francesa e ao que ela representou no avanço civilizacional das sociedades modernas.

No século XVIII surgiu uma corrente de pensamento que se tornou dominante e que tinha como principal característica considerar a razão como o instrumento para explicar racionalmente os fenómenos naturais e sociais, bem como as próprias crenças religiosas.

A razão humana seria, então, a luz capaz de esclarecer qualquer fenómeno.

Esta corrente tornou-se conhecida como Iluminismo e representou a hegemonia intelectual da visão do mundo por parte da burguesia europeia, particularmente em França, que rejeitava as tradições e atacava as injustiças, a intolerância religiosa e os privilégios próprios do Antigo Regime.

O Iluminismo surgiu numa época de grandes transformações tecnológicas como a invenção do tear mecânico e da máquina a vapor.

O Iluminismo era deísta, acreditava na presença de Deus na natureza e no homem.

Era anticlerical, dado que negava a necessidade de intermediação da Igreja entre Deus e o homem, e defendia a separação entre Igreja e Estado, além de considerar que as relações sociais, bem como os fenómenos da natureza, eram regulados por leis naturais.

Para os teóricos do Iluminismo, o homem era naturalmente bom e todos nasciam iguais. Era depois corrompido pela sociedade, em consequência das injustiças, da opressão e da escravidão. A solução, então, era transformar a sociedade, garantindo a todos a liberdade de expressão e de culto, e garantindo mecanismos de defesa contra o arbítrio e a prepotência.

Os principais precursores do Iluminismo foram René Descartes e Isaac Newton.

Os principais filósofos do Iluminismo foram John Locke, considerado o “pai” do Iluminismo e representando o individualismo liberal contra o absolutismo monárquico, Voltaire, Jean – Jacques Rousseau, Montesquieu, Diderot e Jean d’ Alembert. Estes 2 últimos organizaram uma Enciclopédia que pretendia reunir o conhecimento científico e filosófico da época. Por esta razão, os iluministas também ficaram conhecidos por enciclopedistas.

O liberalismo económico teve origem também nesta corrente, com individualidades como Adam Smith, Thomas Malthus e David Ricardo.

O século XVIII ficou também conhecido como o Século das Luzes.

Num contexto político, social e económico onde cresciam importantes contradições, começaram a criar-se condições irreversíveis para a eclosão da Revolução Francesa.

No final do século XVIII, a França era um país agrário, estando a sociedade dividida em três grupos fundamentais: o Clero era o 1º Estado; a Nobreza o 2º Estado; e a restante população, representando 95% dos habitantes, era o 3º Estado.

Os cafés, os clubes, os salões literários e as lojas maçónicas converteram-se em centros de discussão das doutrinas iluministas, favoráveis à liberdade e às formas democráticas de governo.

Em 1788, perante a bancarrota do Estado, o rei convocou a Assembleia dos Estados Gerais, depois de 174 anos de inactividade. Para esta assembleia foram eleitos 291 deputados do Clero, 270 da Nobreza e 610 do 3º Estado, sendo neste grupo a maioria pertencente à burguesia.

Os trabalhos desta assembleia começaram em Maio de 1789, e em Junho desse ano, o 3º Estado com o apoio de deputados do baixo clero e da pequena nobreza obtiveram a maioria para proceder à proclamação da Assembleia Constituinte.

Em Junho de 1789, alguns representantes do Terceiro Estado na Assembleia dos Estados Gerais, fundaram o “Clube Bretão” que pretendia constituir-se como um espaço de reflexão e de preparação dos debates na Assembleia.

O seu nome derivou do facto de os seus promotores serem delegados da Bretanha.

Após o estabelecimento da Assembleia Constituinte mudaram o seu nome para “Sociedade dos Amigos da Constituição” e instalaram-se em Outubro desse ano no Convento dos Jacobinos, um antigo convento de dominicanos situado na Rua Saint- Honoré, em Paris.

A partir desse momento, os seus adversários políticos passaram a chamar-lhes Jacobinos com o intuito de os ridicularizarem.

Em 4 de Agosto de 1789, a Assembleia Constituinte decidiu abolir o sistema feudal.

A 26 de Agosto desse ano, proclamou a Declaração dos Direitos do Homem.

Em 1789, dispunham de 200 deputados de diversas tendências e o seu primeiro presidente foi o deputado bretão Isaac Le Chapelier. Mirabeau, nessa altura, também integrava os Jacobinos.

Os Jacobinos e o seu clube tornaram-se um centro de produção de ideias e o motor intelectual das acções empreendidas pela Revolução. A sua crescente força política de âmbito nacional deveu-se à criação de uma rede de sociedades filiadas por todo território da França. Em Agosto de 1791 existiam 152 sociedades filiadas e em 1792 eram 2000.

No clube criaram-se duas correntes opostas, uma liderada por Robespierre que defendia a deposição do rei e o estabelecimento da República e a outra liderada por Barnave y Brissot que considerava que perante a ameaça de guerra com monarquias estrangeiras era preferível parar a Revolução e alcançar um compromisso com as elites do Antigo Regime e manter uma monarquia constitucional. Esta corrente acabou por abandonar o Clube dos Jacobinos e fundou o “Clube des Feuillants”, mas esta acção não conseguiu deter a expansão e o reforço do peso político e social dos Jacobinos.

Em Junho de 1791, o Rei e a Rainha tentaram fugir para o estrangeiro e juntar-se aos inimigos da revolução. Conseguiram fugir de Paris disfarçados de criados. Contudo, não longe da fronteira, na pequena cidade de Varennes, foram reconhecidos, detiveram-lhes a carruagem e levaram-nos de regresso a Paris com uma escolta popular.

A fuga do Rei para se juntar aos inimigos da revolução, teve um impacto enorme no espírito do povo. Até aí, a maioria dos franceses, profundamente dedicada à causa revolucionária, acreditava nas boas intenções do Rei.

As pessoas simples partiam do princípio de que o Rei era um homem bom e de que eram os seus ministros que tinham a culpa de tudo. Depois do incidente em Varennes eram cada vez mais as pessoas que começavam a apoiar a ideia de uma república.

Entretanto, a maioria conservadora da Assembleia Constituinte começou a defender o Rei.

Embora possuindo provas incontestáveis da sua traição a Assembleia divulgou uma versão falseada do incidente, alegando que o Rei tinha sido raptado, devolvendo-lhe os seus antigos poderes. Este facto causou uma grande indignação nos círculos democráticos de Paris. Em alguns clubes políticos (que na época eram o equivalente mais próximo dos partidos modernos) começou um sério movimento a favor da república.

Na véspera do massacre do Champ-de-Mars houve uma cisão no clube político mais influente, o dos Jacobinos. A ala direita agrupou-se em torno de La Fayette e doutros líderes da alta burguesia e saiu do clube, tendo fundado outro, com inscrições controladas, o dos Feuillants.

Em Março de 1792, o rei deu ordem aos Girondinos para se apoderarem dos ministérios. Depois de se colocarem no papel de governo oficialmente aceite, os Girondinos utilizaram o poder para tornar a guerra iminente, esperando obter vitórias rápidas e fáceis. Mas, como Robespierre e Marat tinham predito, a guerra começou com uma derrota francesa. O Rei demitiu os ministros Girondinos e mais uma vez os Feuillants subiram ao poder.

A revolta de 10 de Agosto de 1792 marcou a queda da monarquia francesa que tinha uma história de mais de mil anos. Luís XVI, foi destronado e preso, e os seus ministros foram demitidos. Formou-se então um novo governo — o Conselho Executivo Provisório — que era constituído sobretudo por girondinos. A distinção entre cidadãos «activos» e «passivos» foi abolida e foram anunciadas novas eleições para uma Convenção Nacional, nas quais todos os homens adultos tinham o direito de votar.

Em Setembro de 1792, os Jacobinos constituiram a “Sociedade dos Jacobinos Amigos da Liberdade e Igualdade”. Até então integrados exclusivamente por intelectuais burgueses, os Jacobinos decidiram abrir as suas fileiras às classes populares que passaram a servir-lhes de forte apoio táctico, tornando-se o fundamento da sua ideologia. Robespierre, com o apoio de George Danton, Marat , Desmoulins e Sain - Just, tomou a liderança do movimento político e assume uma firme oposição aos girondinos em maioria na Convenção Nacional.

O Rei foi trazido perante a Convenção para ser julgado e o julgamento que durou até Janeiro de 1793 havia de tornar-se uma arena para as lutas entre os girondinos e os jacobinos. Apesar de todos os esforços, dos girondinos para salvar o Rei, este foi declarado culpado de traição e condenado à morte.

Em 21 de Janeiro de 1793 Luís XVI foi mandado para a guilhotina.

A própria lógica da luta revolucionária exigia que a Convenção se tornasse o supremo órgão legislativo e executivo, combinando assim ambas as funções num só corpo. Os comissários da Convenção que foram mandados para as províncias e para o exército tinham largos poderes.

O governo revolucionário foi identificado com o Comité de Salvação Pública. Era este Comité que superintendia directamente em todos os aspectos da administração de estado da república, que iam desde questões de defesa até decisões práticas relacionadas com o fornecimento de alimentos e o equipa- mento militar.

O Comité de Salvação Pública foi chefiado por Maximilien Robespierre, conhecido entre o povo pelo «íncorruptível», pelo jovem Saint-Just (que tinha apenas 22 anos quando estalou a Revolução) e pelo político Georges Couthon.

As questões de defesa foram entregues ao matemático e competente organizador Lazare Carnot. Todos os órgãos estatais eram responsáveis perante o Comité de Salvação Pública, cujas ordens tinham de ser cumpridas sem hesitações.

O governo revolucionário chefiado por Robespierre foi atacado, à direita, por Danton e pelos seus partidários, e, à esquerda, pelo jornalista Hébert que tinha muitos partidários na Comuna de Paris e no clube dos Cordeliers.

Em todas as amplas movimentações sociais e políticas surgiu um amplo sector social denominado os “sans-cullote” que tiveram uma influência decisiva na concretização das medidas mais avançadas no estabelecimento de novos marcos na justiça social.

O nome de “sans-cullote” foi atribuído pela aristocracia aos artesãos, a trabalhadores e até pequenos proprietários participantes nos movimentos revolucionários, principalmente na região de Paris.

Foi-lhes aplicada essa designação porque não usavam os elegantes culotes, tipo calções justos, que a nobreza vestia, mas em seu lugar calças compridas.

Além das calças compridas, os “sans- cullote” usavam o barrete frígio de cor vermelha como símbolo da liberdade e da república.

Estes cidadãos armados e tendo à sua frente Marat, Herbert, Jacques Roux Robespierre e Danton, assumiram o governo da cidade de Paris e organizaram os guardas nacionais.

O partido Jacobino não era uma organização minimamente homogénea e possuía três correntes fundamentais: os Montanheses, corrente maioritária, os Herbertistas, corrente radical, e o sector claramente minoritário dos robespierristas.

Os jacobinos, constituídos por elementos da pequena e média burguesia e do proletariado urbano, assumiam as posições mais firmes em defesa das classes mais desfavorecidas. Na assembleia sentavam-se à esquerda e eram liderados por Robespierre e por Saint Just.

Os “girondinos” eram os representantes da alta burguesia e viviam em pânico com a perspectiva das classes populares assumirem o controlo do processo revolucionário.

Os girondinos foram de início os deputados eleitos do departamento de Gironde, departamento localizado na costa do Atlântico, logo um importante centro para o comércio marítimo, fato este que deu origem ao nome de girondinos como passaram a ser chamados. Posteriormente, o partido, criado e liderado por Jacques-Pierre Brissot passou a designar também com esse nome todos os adeptos do seu pensamento que se uniram na chamada Gironda.

A Gironda caiu em Junho de 1793 sob a acção violenta dos Herbetistas.

Os Girondinos defenderam, durante o processo da Revolução Francesa, a instalação de uma monarquia constitucional na França, após a queda do absolutismo. Eram contrários ao aprofundamento das medidas sociais e políticas defendidas pelos jacobinos.

Os girondinos reagiram com violência às medidas radicais tomadas pelos jacobinos durante a fase da Convenção Nacional. Chegaram a promover perseguições, conspirações e até assassinatos de jacobinos.

Eram também favoráveis a liberdade das atividades econômicas, sem grandes intervenções do governo.

Defensores de um sistema republicano moderado, os girondinos eram favoráveis a exclusão dos mais pobres das eleições. Em 1795, implantaram o sistema de voto censitário baseado em critérios de nível económico na França.

Os Cordeliers eram outro grupo revolucionário desta época, embora tidos como moderados, assim como os girondinos, alguns de seus membros enveredaram por acções extremistas, como foi o caso de Marat.

Essencialmente, o nome do grupo teve sua origem ligada ao Convento Franciscano dos Cordeliers de Paris, o qual passou a ser a sede do Clube dos Cordeliers. A palavra cordeliers vem do fato de que os monges franciscanos utilizavam cordas ao redor da cintura para segurar suas vestes.

A sede do Clube dos Cordeliers era no Convento Franciscano dos Cordeliers em Paris. Os cordeliers estavam mais ligados a população pobre de Paris, procurando lutar pelos direitos dos mais humildes e da pequena e média burguesia, algo que levou os cordeliers a contarem com um maior apoio destas classes dos que os jacobinos. O clube fora criado em 1790, mas chegou ao seu fim em 1793 devido a dissidências internas e aos confrontos com os jacobinos.

Dentre os principais nomes deste grupo estiveram Danton, Marat, Hébert, Desmoulins, etc.

Os Herbertistas, também chamados “exagerados”, eram liderados por Jacques – René Hérbert dono de um jornal (Le Père Duchesne). O grande movimento do exagero revolucionário a que se opuseram primeiro Danton e depois Robespierre teve como principais representantes Brère, Collot d’ Herbois, Guzman, François Desfieux e Julien de Toulouse.

Os Herbertistas tentaram radicalizar a Convenção e controlavam a Comuna de Paris, o governo local desta cidade. Os membros desta tendência no Comité de Salvação Pública prenderam Danton e executaram-no com Camille Desmoulins.

Entretanto, Robespierre e Saint Just conseguiram que o Tribunal Revolucionário tomasse a decisão, em Março de 1794, de prender e executar Jacques René Hérbert, assim como de alguns dos seus apoiantes.

Ainda que Robespierre tivesse defendido em diversos momentos a adopção de medidas violentas contra os inimigos da revolução, a actividade terrorista dos comités populares liderados por Collot d’ Herbois, Barère de Vieu- zac e Billaud- Varenne intensificou-se sem qualquer controlo dos principais dirigentes jacobinos.

Em Junho de 1794 Robespierre conseguiu a expulsão do clube de Joseph Fouché, então um radical ateu, que em Abril desse ano tinha sido eleito, para grande indignação sua, presidente dos Jacobinos.

A 27 de Julho de 1794, um alargado grupo de conspiradores conseguiu interromper os discursos de Saint-Just e Robespierre e anunciar a sua prisão, que foi ratificada.

«A República morreu, o domínio dos ladrões está a chegar», foram as últimas palavras de Robespierre.

Entretanto o povo de Paris ergueu-se para defender os líderes jacobinos, compreendendo que, ao defender Robespierre e os seus amigos, estava a defender a revolução.

Robespierre, Saint-Just e Couthon foram libertados da prisão e levados para a Câmara da cidade.

Mas, os conspiradores em nome da Convenção reuniram à sua volta todos os elementos contra-revolucionários burgueses e mandaram tropas contra a Comuna.

Às três horas da manhã uma das colunas das tropas contra-revolucionárias conseguiu entrar na Câmara. Na manhã seguinte, a 10 do Termidor, Robespierre, Saint- Just, Couthon e os seus partidários mais afectos foram guilhotinados sem julgamento na Place de Grèves, com mais 20 apoiantes. Este golpe contra-revolucionário marcou o fim do poder jacobino.

Nos dias seguintes foram executados mais de 100 robespierristas, sem qualquer processo de julgamento.

O Clube Jacobino foi encerrado definitivamente em Novembro de 1794, por ordem de Joseph Fouché, ministro da polícia e antigo membro do governo jacobino.

A alta burguesia, através dos Girondinos, entregou o poder a Napoleão Bonaparte e criou o Directório como órgão executivo.

E Napoleão, logo de seguida, fez um golpe e concentrou em si todos os poderes.

Em todo este processo revolucionário destacou-se um cidadão chamado Maximilien Robespierre .

Nasceu em Arras em 1758, sendo filho de uma família de procuradores.

Formou-se em direito e actuou como promotor de justiça, tendo sido eleito em 1789 para os Estados Gerais.

Robespierre é uma das figuras históricas que mais tem sido vilipendiada pela História oficial.

Tendo em conta esta caracterização muito geral do período em que decorreram os principais factos relativos à Revolução francesa, importa, desde logo, sublinhar que este processo político, social e económico se caracterizou por uma extrema violência de todas as partes em confronto.

Aquilo que a História oficial estabeleceu como “Terror” atribuindo-o em exclusivo aos Jacobinos e em particular ao Robespierre, foi praticado por todos os sectores políticos e foi até iniciado pelos girondinos no assassinato de influentes dirigentes jacobinos. Esse terror acabou por ser a reacção violenta das classes populares para defender a República, confrontada com múltiplas ameaças, invasões e permanentes conspirações.

Quando a França vivia numa clara situação de guerra civil, as monarquias estrangeiras mantinham movimentos de tropas nas suas fronteiras para proceder à sua invasão e quando nas classes sociais existiam uns que não tinham nada a perder e outros que tinham todos os privilégios a perder, o ambiente instaurado dificilmente poderia ser outro que uma sociedade mergulhada num clima de confrontos violentos.

Em sucessivos meses diversas zonas da França foram ocupadas por holandeses, ingleses, austríacos, prussianos e espanhóis.

À violência das agressões de vários exércitos, as classes populares adoptaram também métodos violentos de defesa e de sobrevivência.

Em 12 de Agosto de 1793, os 8 mil deputados das assembleias primárias dirigiram-se à Convenção e exigiram medidas imediatas e enérgicas contra os inimigos da República.

Se tivermos presente que esta revolução concretizou uma ruptura profunda de sociedade, ao concretizar a passagem do feudalismo ao capitalismo com todas as mudanças de paradigmas políticos, sociais e económicos e vastas rearrumações de forças, interesses e objectivos, nunca poderiam existir “santos” de um lado e “pecadores “ do outro.

Particularmente nas 2 últimas décadas do século XIX foi iniciada uma campanha difamatória organizada contra Robespierre, precisamente no ambiente político e ideológico decorrente da bárbara repressão contra a Comuna de Paris, proclamada em 1871, na sequência do cerco da capital francesa pelas tropas prussianas.

O facto de o governo autónomo da cidade de Paris ser encabeçado por novos jacobinos e membros de tendências socialistas fez soar as “campainhas de alarme” nos poderes dominantes que consideraram existir uma fonte de inspiração nos ideais republicanos e progressistas de Robespierre .

A diabolização de Robespierre visou o objectivo primário de lhe conferir uma imagem tão arrepiante que afastasse qualquer poder de atracção dos plebeus para novos e decisivos protagonismos em importantes acontecimentos políticos perante uma situação política e social tão debilitada da França no final do século XIX.

A campanha difamatória contra Robespierre assentou (e assenta) em duas acusações fundamentais: ser um ditador e um sanguinário.

Robespierre estava em clara minoria no Comité de Salvação Pública, o Comité de Segurança Geral, que tinha sob a sua supervisão directa o Tribunal Revolucionário, era de forma quase unanime hostil às suas ideias e propostas, o que torna insólita a situação de um acusado ditador ter contra ele os principais poderes do Estado.

A plebe armada protegia Robespierre.

O que é curioso é que Robespierre foi morto em nome da liberdade.

Ele era o dirigente em quem as classes populares confiavam, era um orador de extrema eloquência e de enorme persuasão.

Robespierre defendeu sempre a liberdade de imprensa, de consciência e religiosa.

Foi ele que se opôs frontal e publicamente ao grupo que lançou a campanha para a descristianização da França.

Quanto a ser sanguinário importa ter presente que o Comité de Salvação Pública era uma comissão da Convenção, quer dizer do Parlamento, cuja missão era o controlo dos actos do governo.

Cada mês, os membros desse comité, deputados, eram renovados pela Convenção.

Em Março de 1793, foi criado o Tribunal Revolucionário por proposta de Danton, após a derrota militar na Bélgica e o descobrimento da traição de Dumouriez, no âmbito de regime de excepção criado na sequência destes dois factos.

Em múltiplos debates parlamentares, Robespierre opô-se à pena de morte e opôs-se ao regime de excepção, mesmo quando assassinaram o seu amigo Michel Lepeletier.

Robespierre, a 30 de Maio de 1791 fez uma vibrante intervenção na Assembleia Constituinte solicitando a abolição da pena de morte.

A única excepção foi a execução do rei, que ele defendeu claramente, afirmando que “o rei deve morrer para que a pátria viva”

É elucidativo que os conspiradores que prenderam e mataram Robespierre o acusaram de ser um moderado por haver protegido antigos nobres, haver defendido Camille Desmoulins e de ter salvo Danton .
Robespierre foi afastado do Comité de Salvação Pública por ter impedido a condenação à morte de uma louca visionária chamada Catherine Théot.

Por outro lado, quando os Cordeliers desencadearam um movimento de grande radicalização do processo democrático, com a instauração de uma situação de extremismo revolucionário, Robespierre colocou-se numa posição de empenhada oposição a estes excessos e salvou a vida a girondinos como Pache, Hanriot e Boulanger.

A 3 de junho de 1792 , a assembleia legislativa organizou a “Festa da Lei “ e adoptou o lema “Liberdade, Igualdade e Propriedade” para se opor-se à divisa da “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Robespierre representava um perigo acrescido em relação aos seus discursos de elevada persuasão e de ampla capacidade mobilizadora das massas populares, em particular a plebe, ou seja, era um teórico político de elevado nível filosófico.

Para os jacobinos, a liberdade ou independência do indivíduo estava em relação com as condições materiais da sua existência, pois quem depende da vontade alheia para poder viver não é livre.

O projecto democrático desenvolvido por Robespierre recusava a autonomia da economia em relação à politica, devendo estar subordinada à sociedade civil.

Para evitar o despotismo dos aparelhos políticos, os jacobinos estabeleceram a divisão das tarefas dos poderes executivo e legislativo.

A 19 de Outubro de 1792, Robespierre escreveu que a sua missão era dar à França uma Constituição nova, verdadeiramente republicana, não como a constituição americana por estar fundada na aristocracia da riqueza.

A 28 de Outubro de 1792 noutro discurso afirmou que “ acusam-nos de caminhar para a ditadura, a nós que não temos nem exército nem tesouro, nem cargos, nem partido, nós que somos intratáveis como a verdade, inflexíveis, uniformes, quase insuportáveis como os princípios”.

Robespierre num discurso proferido a 18 de Dezembro de 1790 na Sociedade dos Amigos da Constituição atacou os projectos da Assembleia que visavam reforçar as tropas profissionais, defendendo a sua substituição por cidadãos armados.

E afirmou: “Senhores,... como sabeis, todas as instituições públicas não são outra coisa que meios para conseguir um objectivo útil à sociedade, e para definir e empregar os meios é sempre necessário e suficiente conhecer perfeitamente o objectivo e nunca perdê-lo de vista. Examinemos, antes de tudo, qual é o objectivo preciso da instituição da Guarda Nacional, qual é o lugar que deve ter, que função deve cumprir na economia política ... as leis constitucionais traçam as regras que têm de ser observadas para sermos livres, mas é a força pública que nos faz livres, de facto, assegurando a execução das leis ... o ho- mem livre não é aquele que actualmente não está oprimido, mas aquele que está protegido da opressão por uma força constante e suficiente ... todo o homem tem o direito de estar armado para a sua defesa e para a dos seus iguais, que todo o cidadão tem um direito igual e uma obrigação igual de defender a sua pátria ... a guarda nacional não pode ser outra coisa que a nação armada para defender, caso necessário, a sua liberdade e a sua segurança “.

E sublinhou que “A guarda nacional se reunirá a 14 de Julho de todos os anos, em cada distrito, para celebrar, mediante festas patrióticas, a época feliz da Revolução ... e levarão nos seus peitos estas palavras gravadas: O Povo Francês e por baixo Liberdade, Igualdade e Fraternidade. As mesmas palavras estarão inscritas nas suas bandeiras que terão as 3 cores da nação. “

Esta trilogia tornou-se até hoje na divisa do Estado francês.

No seu discurso efectuado em Abril de 1791 afirmou que “ o povo não pede mais que o necessário, quer justiça e tranquilidade, os ricos querem tudo, querem invadir e dominar tudo. Os abusos são obra dos ricos e o domínio dos ricos. Eles são a desgraça do povo. O interesse do povo é o interesse geral e o dos ricos é o interesse particular”.

Diversas outras afirmações de Robespierre podem ser mencionadas como, por exemplo:

- “A arte de governar foi até aos nossos dias a arte de enganar e de corromper os homens e não deve ser outra coisa que a de os ilustrar e torna-los melhores”.

- “A liberdade é o poder que é próprio do homem de exercer, no seu livre arbítrio, todas as suas faculdades. Ela tem a justiça como norma, os direitos dos outros como limites e a lei como salvaguarda” .

- “A democracia é a ordem pública na qual a igualdade e os bons costumes colocam o povo em condições de exercer utilmente o poder legislativo” .

- “à medida que os funcionários substituam o povo, haverá menos democracia”.

- “A imprensa livre é a guardiã da liberdade”.

- O homem nasceu para ser livre e ser feliz.

- “Jamais os males da sociedade vêm do povo, mas do governo. A miséria do povo não é outra coisa que um crime dos governantes. O primeiro objectivo de toda a Constituição deve ser defender a liberdade pública e individual contra o próprio governo. “

E Saint Just, companheiro de luta e de morte de Robespierre, afirmou que “um povo não tem mais que um inimigo perigoso, o seu governo”. E “creio que o desaparecimento de todas as repúblicas deveu-se à debilidade dos princípios da propriedade. Um pacto social dissolve-se necessariamente quando um possui muito e o outro demasiado pouco”.

Com este reportório tornam-se mais compreensíveis as razões que explicam a vasta campanha difamatória contra Robespierre pela “história oficial”.

26/12/2019

* Irmão Mário Jorge Neves

Bibliografia
- Georges Labica – Robespierre , una poltica de la filo- sofia , Viejo Topo
- Maximilien Robespierre , Por la Felicidad y por la li- bertad , discursos , Viejo topo.
- Henri Guillemin, Robespierre , politique e mystique, Ed Seuil
– Robespierre - Proyecto de declaración de los dere- chos del hombre – Ed. Viejo Topo
– Buonarroti Philippe – Conspiration pour l’ egalité , dite Babeuf – Editions Sociales
– Carlos Valmaseda - Saint Juste en la revolución de- mocrática popular. Ed Viejo Topo

Fonte: http://www.abemdaordem.com.br