Em 15.02.2022 o Respeitável Irmão Renato Peixoto, Loja Eugênio Bargiona, 3593, GOB-RJ, REAA, Rio de Janeiro, Capital, mencionando orientações do Sistema de Orientação Ritualística.
PRÁTICA RELIGIOSA DENTRO DO TEMPLO
Em nosso Ritual, o texto abaixo é claro quando se trata de fazer uma prece ainda no Átrio – menciona que não existe no Átrio nenhuma prece e oração.
Após o ingresso no Templo, estando este fechado, antes do Venerável Mestre abrir a Loja, pode-se fazer uma oração?
CONSIDERAÇÕES:
Inicialmente cabe mencionar que Maçonaria não é religião e a Loja não é lugar de cultos religiosos individuais.
A despeito de que ela exige dos seus membros a crença em um Ente-Supremo que, de modo conciliatório, é conhecido como G∴ A∴ D∴ U∴, dá a liberdade de que os seus membros professem cada qual a sua própria religião, mas em seu ambiente próprio para tal, não na Loja, isto é, cada um expressa a sua fé na sua igreja, seu templo religioso, salão de fé, etc.
A Loja, ou a sala da Loja é um lugar que especulativamente rememora os canteiros construtores da Idade Média. É onde os maçons na Moderna Maçonaria trabalham em busca do seu aperfeiçoamento interior que objetiva construir um Templo à Virtude Universal.
A Maçonaria, por conta da sua história, sem dúvida sofreu muitas influências da igreja estado no período medieval, contudo isso não remete a Sublime Instituição, no contexto da história, a ser confundida com uma ordem religiosa.
A bem verdade, após a transição do Ofício (Operativo) para o Especulativo (Aceitos) surgem, a partir do século XVIII, os ritos maçônicos, cujos quais adquirem características próprias hauridas dos costumes e culturas das diversas regiões (países) em que eles se desenvolveram. Por conta disso, os ritos maçônicos acabariam adquirindo, na sua construção litúrgica e doutrinaria, feições teístas, deístas, teísta-deísta e ainda agnósticas. A questão é de abordagem filosófica, ética e moral (vide as lendas oriundas dos antigos manuscritos).
Assim, se faz cogente entender esses paradigmas para não desvirtuar a realidade, isto é, não os entender como vetores que transformam a Maçonaria em uma religião.
De fato, os maçons sim são religiosos e na Maçonaria eles aprendem a arte de conviver (tolerância) num mesmo espaço, respeitando cada qual as convicções religiosas de outrem. Diante disso é que não se discute e nem se apregoa o sectarismo político e religioso em Loja. A harmonia deve imperar entre os homens no canteiro especulativo (Loja). A boa geometria ensina o respeito e a convivência nas reuniões maçônicas. A Maçonaria incentiva que o maçom professe a sua fé, mas no ambiente apropriado para demonstrar a sua religião, e não na Loja.
Os ritos maçônicos, graças às suas influências de origem, comumente utilizam citações e alegorias religiosas hauridas principalmente das Old Charges, mas isso, reitero, não faz da Maçonaria uma religião. As lendas e passagens, assim como personagens bíblicos mencionados, têm o desiderato na Arte Real de construir alegorias e lendas para que, por meio dela, instituir lições de moral, ética e sociologia.
Dentre outros, o REAA, por exemplo, precisa ser compreendido no conjunto da sua história, até porque ele, na formação do seu primeiro ritual em 1804 acabou adquirindo um viés deísta por influência francesa e um teísta por influência anglo-saxônica. Se bem observado e com critério, isso explica o porquê das preces que aparecem na sua liturgia, contudo essas manifestações não têm conotação específica de uma religião. Entender isso é providencial para não se confundir alhos com bugalhos. Graças ao mal entendimento dessa questão é que vemos, não raras vezes, Irmãos em Loja querendo transformar a Maçonaria em um instrumento particular da sua fé. E aí pergunta-se? E os demais Irmãos que não professam dessa mesma fé? Como ficariam eles?
Assim, o REAA não contempla súplicas ao Ente-Supremo (deísmo ou teísmo), senão aquelas que constam no seu Ritual.
Portanto, no tocante à sua questão propriamente dita e, embasado no que até aqui fora exposto, a Maçonaria não é uma religião, contudo respeita as crenças particulares de cada um dos seus membros.
Desse modo, seguindo o que está previsto no ritual do REAA em vigência e no SOR – Sistema de Orientação Ritualística do GOB, além do que prescreve a própria Constituição do GOB nos seus Artigos 1º e 2º, não existe no átrio e nem dentro do templo, mesmo antes de o Venerável abrir a Loja, nenhuma oração, prece ou outras práticas do gênero.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br
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