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quinta-feira, 31 de agosto de 2023

LUGAR DA SAUDAÇÃO AO VENERÁVEL MESTRE NA ENTRADA DO ORIENTE

Em 14.04.2023 o Respeitável Irmão Afonso Lima de Medeiros, Loja Cavaleiros da Luz, 1057, REAA, GOB-PE, Oriente de Recife, Estado de Pernambuco apresenta o que segue:

SAUDAÇÃO NA ENTRADA DO ORIENTE

Caro Irmão Pedro Juk, tenho uma dúvida que foi levantada em loja e dividiu opinião entre os Irmãos, é referente a saudação para subir e descer do oriente, na hora da subida ao oriente a saudação deve ser feita antes de subir as escadas ou posteriormente a subir as escadas? Muito grato pela sua atenção.

CONSIDERAÇÕES:

Saudação ao Venerável Mestre deve ser feita pelo Sin∴ Pen∴ toda a vez que em Loja aberta um Irmão ingressar no Oriente.

Assim sendo, durante o ingresso no Oriente faz-se a saudação logo que se alcance o nível do piso oriental, ou seja, tendo a balaustrada ao seu lado esquerdo como referência o protagonista pára, faz a saudação na forma de costume e em seguida, sem compor novamente o Sinal, prossegue no seu percurso andando normalmente.

Nessa ocasião não se faz a saudação antes (no Ocidente ou sobre um degrau de acesso), porém no momento do ingresso. Vale lembrar que saudações em Loja são sempre feitas ao Venerável Mestre (página 42 do ritual de Aprendiz do REAA em vigência), não ao Delta.

Quando da saída do Oriente, antes de descer e voltado para o Venerável Mestre, tendo a balaustrada como referência à sua direita, faz-se novamente a saudação.

É oportuno mencionar que nessa ocasião quem estiver empunhando (segurando) um objeto de trabalho não faz a saudação pelo Sin∴, mas simplesmente, no mesmo lugar em que se presta a saudação, faz-se uma parada rápida e formal sem, contudo, fazer nenhuma inclinação com o corpo e nem mesmo executar meneios com a cabeça. A regra é não se usar um objeto de trabalho para com ele compor e fazer o Sin∴

Vide orientações também no SOR – Sistema de Orientação Ritualística que se encontra na página oficial do GOB em http://ritualistica.gob.org.br/

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

ROMÃS

Verbete extraído do Vade-Mécum Do Meio-Dia À Meia-Noite
do Ir∴ João Ivo Giradri

ROMÃS: 1. Fruto: A romã cujo nome científico é Púnica Granatum, é o fruto da romãzeira, arbusto originário do Oriente Médio, que quando cultivada e podada, transforma-se em uma árvore que pode atingir aproximadamente três metros de altura. Suas raízes são tóxicas e bastante ramificadas. Sua madeira é muito resistente, apesar de delgada e fina. Suas folhas são brilhantes e alongadas. Seus ramos são harmonicamente distribuídos em copas proporcionais. Têm extrema adaptabilidade a qualquer clima. O período de frutificação é relativamente longo, sendo que no Brasil começa em dezembro e pode chegar até abril. Uma boa árvore pode produzir até 50 quilos de fruto. A romã tem o tamanho de uma laranja e casca extremamente resistente. Sua polpa tem sabor agridoce e é constituída de uma trama perfeita de centenas de grãos rubros alojados em muitas cavidades primorosamente subdivididas, como se cada um desses frutos fosse o resultado de um exaustivo trabalho artesanal. Apesar de ser considerado um fruto de pouco interesse comercial, sabemos que se presta à produção de perfumes, tintas, licores, vinhos, além de grande utilidade na culinária. Todavia, a sua utilização na medicina popular é por demais conhecida; a casca de sua raiz é usada como eficiente vermífugo, enquanto que a casca do fruto é excelente bálsamo para problemas do aparelho digestivo. Tradicionalmente o Reino Unido tem sido o principal comprador de romã da Espanha e os seus frutos destinando-se fundamentalmente para o seu consumo ao natural e especialmente nas zonas de mineração da Inglaterra, devido às suas propriedades benéficas frente à contaminação de metais pesados. Essa planta e fruto milenares têm atravessado os tempos marcados pela tradição de sorte, fartura, cura, mas principalmente de simbolismo, mistério e muita magia. (...) No sul da Espanha existe uma linda cidade, que foi a capital dos reinos de Castela e Aragão, conquistada aos árabes em 1492 pelos reis católicos, chamada romã = Granada. 

2. Tradição Milenar: A importância da romã é milenar, aparece nos textos bíblicos, está associada às paixões e à fecundidade. Os gregos a consideravam como símbolo do amor e da fecundidade. A árvore da romã foi consagrada à deusa Afrodite, pois se acreditava em seus poderes afrodisíacos. Entre os semitas, a romã tinha significação mística, sendo por isso representada sobre os monumentos religiosos como símbolo da potência produtiva da Natureza e como uma representação do órgão feminino da geração. Era um símbolo de fecundidade, de abundância e de vida. Para os judeus, a romã é um símbolo religioso com profundo significado no ritual do ano novo quando sempre acreditam que o ano que chega sempre será melhor do que aquele que vai embora. Quando os judeus abandonaram o Egito eles trouxeram mudas de romãzeiras, figueiras e videiras. Ela estava presente nos jardins do Rei Salomão. Foi cultivada na antiguidade pelos fenícios, gregos e egípcios. Platão teria afirmado que dez mil anos antes de Menés já existia a cerimônia que incluía a romã como fruto, com a sua rubra flor. Somente os sacerdotes de Amon-Rá tinham o privilégio de cultivar a romãzeira. As romãs, consideradas como oferendas sagradas, eram colocadas sobre os túmulos dos Faraós. Encontram-se referências a respeito junto ao sacerdote Egípcio de Heliópolis, de nome Manthonm, em sua história dos reis, escrita em grego, 300 anos antes de Cristo. Sobre os Altares dos deuses Hórus, Set, Ísis e Osíris, este o deus supremo e juiz do além vida, protetor da morte, eram colocadas as mais exuberantes romãs, como símbolo dos iniciados nos supremos mistérios. Essas oferendas aumentavam de número consoante a categoria do iniciado ou a importância do cargo, como os grandes hierofantes de Amon-Rá e de Osíris, que além dessas ofertas serem colocadas em seus túmulos, eram também plantadas nos parques funerários, um número determinado e simbólico de romãzeiras. Em Roma, a romã era considerada nas cerimônias e nos cultos como símbolo de ordem, riqueza e fecundidade. Os semitas a chamavam de rimmon, para os árabes era conhecida como rumman, e mais tarde, os portugueses a chamaram de romã ou Roman. Na Idade Média a romã era freqüentemente considerada como um fruto cortês e sanguíneo, aparecendo também nos contos e fábulas de muitos países. Os povos árabes salientavam os poderes medicinais dos seus frutos e como alimento.

3. Mitologia: Diz a fábula que Perséfone, filha de Júpiter e da deusa da Agricultura e da Fertilidade, chamada Ceres, num dia em que colhia flores foi raptada por Plutão, que através de uma fenda aberta a sequestrou. Plutão era irmão de Júpiter e de Netuno, e havia ganho em partilha com os irmãos o Reino dos Infernos. Era um deus feio, severo, temido e até odiado e por causa, sobretudo da tristeza do seu Império das profundezas, nenhuma deusa havia consentido em associar-se à sua coroa. Foi por isso que resolveu raptar Perséfone e torná-la sua esposa. Ceres, mãe de Perséfone, desesperada percorreu o mundo procurando pela filha, sem encontrá-la. Sendo a deusa da Agricultura e da Fertilidade e imaginando que a filha houvesse sido tragada pela terra, amaldiçoou o solo, tornando-o estéril. Plantas e animais morreram e as sementes não germinaram. Para fazer voltar a fecundidade à Terra, Júpiter pediu a Plutão que devolvesse Perséfone à sua mãe. Porém, enquanto esteve no mundo dos Infernos, Perséfone havia comido, por oferta de Plutão, seis grãos de romãs, fruta que simbolizava o casamento. Ao comer essas sementes, Perséfone, sem o saber tinha contraído núpcias com Plutão e agora não as podia desfazer. No entanto, Júpiter conseguiu um acordo com Plutão, mediante o qual Perséfone poderia passar dois terços de cada ano com sua mãe e o restante com o marido. Enquanto Perséfone viveu com Plutão, a Terra tronou-se fria e estéril, refletindo a infelicidade de sua mãe. Mas a partir do momento em que a mãe e filha voltaram a viver juntas, as plantações floresceram novamente. Nessa fábula, a romã é apresentada como centro simbólico gerador de uma série de situações subseqüentes. Representa o casamento, a fertilidade, a fecundidade e funciona como um verdadeiro amálgama afetivo, criador de laços indissolúveis. Além disso, a romã atua como uma ponte de ligação entre a Luz e a Treva, o Bem e o Mal, a Sabedoria e a Ignorância, a Vida e a Morte. Quem sabe se esta descida de Perséfone aos infernos, causando a esterilização do solo e a dizimação das colheitas, e sua posterior volta à superfície originando a recuperação da fecundidade da terra, não pode ser considerada alegoricamente equivalente à Iniciação, quando nós maçons, vendados e perdidos nas trevas da Câmara de Reflexões, e de certa forma mortos para depois emergirmos para a luz e para a sabedoria de uma nova vida? 

4. Livro da Lei: Considerando-se a origem da romã como sendo hebraica, nada melhor, para uma compreensão inicial, que recorrermos às Sagradas Escrituras. O AT refere a Romã, onze vezes, enquanto o NT a omite totalmente: O Sumo Sacerdote usava pequenos sinos da forma da romã nas orlas de suas vestes e no efode, que serviam para anunciar ao povo sua presença no Templo (Ex. 28, 33). Números 13: 23: Depois foram até ao vale de Escol, e dali cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas, o qual trouxeram dois homens, sobre uma vara; como também das romãs e dos figos. E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este lugar mau? lugar onde não há semente, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem tem água para beber. Canta o próprio Salomão em seu Cântico dos Cânticos, uma das mais belas canções de amor do mundo: Os teus lábios são como uma fita de escarlate... Assim como é o vermelho da romã partida, assim são as suas faces... Os cabelos de tua cabeça são como a púrpura do rei... O odor dos teus bálsamos excede o de todos os aromas. (Cântico do Cânticos 4.3; 7.5; 4.10). Jeremias (52; 22): Quanto às colunas, a altura de cada uma era de dezoito côvados, e um fio de doze côvados a cercava; e era a sua espessura de quatro dedos, e era oca. E havia sobre ela um capitel de bronze; e a altura do capitel era de cinco côvados; a rede e as romãs ao redor do capitel eram de bronze; e semelhante a esta era a segunda coluna, com as romãs. E havia noventa e seis romãs em cada lado; as romãs todas, em redor da rede, eram cem

5. Por que a romã foi escolhida para tanto simbolismo? Por que não outra fruta qualquer? Parece que a resposta a essas perguntas está intimamente ligada ao destino de cada coisa, que lhe confere uma espécie de finalidade alegórica, que pode torná-la mais, ou menos, apropriada para transmitir uma idéia, ou ainda ser utilizada como símbolo. A romã é uma e ao mesmo tempo múltipla. Seu grãos são brilhantes, unidos, úteis, cada um ocupando seu lugar harmonicamente no espaço que lhes é reservado dentro do seu compromisso, como nós os maçons. A romã, à primeira vista, parece despojada e desprovida de atrativos, com sua casca áspera, dura e de cor triste, inacessível e quase impenetrável, tal qual a própria Maçonaria. Quem já tentou abrir uma romã sabe como isso é difícil. Normalmente é preciso que ela própria se abra espontaneamente e assim nos mostre em seu devido tempo seu magnífico interior, convidando-nos a adentrar aos seus mais ocultos recantos, recheados de beleza, de cor e de sabor. Assim, também, é a Maçonaria, hermética e inacessível, quase impenetrável para os que a olham de longe, mas extremamente sedutora e bela para aqueles que se decidiram a olhar pelas aberturas que ela própria lhes oferece. Estes são os escolhidos e a eles é permitido ver e viver a extraordinária beleza interior que se descortina aos iniciados. Beleza que vai aumentando à medida em que os mistérios vão sendo desvendados, com o tempo, com o polimento da pedra bruta, com o engrandecimento do espírito, da mesma forma como acontece com o lento e progressivo amadurecimento da romã, até finalmente expor seus brilhantes e delicados grãos, tal qual pequenas pedras polidas. Aqueles que não se deixam desanimar pelas dificuldades do acesso merecerão a oportunidade de penetrar dentro da romã chamada Maçonaria. Talvez como diz o Livro da Lei: muitos serão os chamados, mas poucos os escolhidos, provavelmente aqueles que em seu processo de amadurecimento tenham conseguido ler a palavra romã de trás para frente. (Fonte: Revista A Verdade, mar/abr/97, autor: Antônio José Brasil). 

6. Maçonaria: As Colunas J e dos Templos expressam que os maçons, em sua dualidade física e espiritual são o sustentáculo da Maçonaria. No topo dessas colunas estão as romãs, cujos grãos simbolizam a prosperidade e solidariedade da família maçônica. Em certos Templos são substituídas pelos globos celeste e terrestre. (...) As romãs abertas, de grãos semelhantes, muito isolados, e bem apertados, podem representar a fecundidade e a solidariedade dos homens entre si. Segundo J. Boucher, os grãos da romã, em Maçonaria, envoltos em uma polpa transparente, simbolizam os maçons unidos entre si por um ideal comum. A casca da raiz da romãzeira sendo tóxica, a romã nos mostra ainda que os maçons saídos de um mundo mau por essência e elevando-se ao estado de excelsitude. Simbolizam também, em Maçonaria, multiplicação e união. Para O. Wirth, as romãs é o signo da amizade, porque a disposição simétrica dos grãos faz pensar em família maçônica, cujos membros são harmoniosamente religados pelo espírito da Ordem e da Fraternidade. (...) Quanto ao simbolismo dos ornamentos das colunas muito importante vêm a ser os significados maçônicos das romãs. Para o simbolismo maçônico bastam três romãs no capitel de cada coluna, e não a centena ou as duzentas, ou mais, referidas nos vários textos de Crônicas e Reis. Aliás, três lojas, no mínimo, bastam para constituir um Grande Oriente ou uma Grande Loja e, no grau de Aprendiz quase tudo se relaciona com o número três. As romãs representam as lojas e a união da família maçônica, como o exemplo da fraternidade de que deve servir para toda a humanidade. Cada romã representa a loja e sua universalidade. As suas sementes representam os maçons. A força de união dos maçons está nessa congregação que é a loja e deve equivaler à resistência de um feixe de elementos unidos. É o chamado feixe de Esopo, da fábula cuja moral é a de que podemos quebrar facilmente uma acha, mas não um feixe de lenha. Por outro lado, como as romãs contêm um grande número de sementes, devem sugerir ao maçom fertilidade e abundância, no sentido de disseminar a fraternidade em todo o mundo. Ainda cada romã sugere que um corpo é a soma de seus componentes e que o maçom não deve preocupar-se apenas com as formas, como também com os conteúdos. (...) Símbolo da união entre os maçons. Como ensina Christian Jacq no livro: A Franco-Maçonaria -História e Iniciação: A Romã era consagrada a Deméter e a Perséfone, pelos iniciados de Elêusis, que nela viam o símbolo das riquezas ocultas da terra divinizada. Para a Igreja Católica, a Romã representa a comunidade de fiéis reunidos na Igreja que, sob a mesma casca abriga muitos grãos. Em outras palavras, os povos mais diversos poderão unir-se numa mesma fé e os maçons de opiniões divergentes podem comungar no Sagrado. Quando a Romã está madura, abre-se e atira longe os seus grãos.

Não se poderia encontrar melhor imagem de transmissão do espírito exprimindo as inumeráveis potencialidades criadoras que os maçons tomarão a seu cargo.

As Romãs são colocadas sobre as colunas do Templo Maçônico. Emblemas que coroam as Colunas J Jaquim (estabelecer) e B Booz (força) e cujos grãos significam prosperidade e solidariedade da família maçônica. (...) Uma romãzeira não é só reconhecida como tal pelo simples fato de frutificar romãs, ela é também uma romãzeira por possuir folhas típicas de sua espécie, por ter características específicas de raíz, tronco e copa e da mesma forma são os verdadeiros maçons. Não podemos crer que apenas a Iniciação nos transforma em maçons, o comprometimento e as práticas maçônicas nos qualificarão. Os gregos viam-na como símbolo do amor e da fecundidade, ela também representa a amizade e o lar; os Magos acreditam que os elementais das romãzeiras têm o poder de consolidar a fraternidade entre os homens e até o seu próprio nome científico, já nos remete a uma boa reflexão: punica granatum, abundante em grãos. (Sérgio Quirino). (...) È fácil contar as sementes dentro de uma romã, mas somente Deus consegue contar as romãs dentro de uma única semente. (Robert Schüller). 

7. Rituais: (...) pela divisão interna, significam os bens produzidos pela influência das estações; representam as Lojas e os Maçons espalhados pela superfície da Terra; suas sementes intimamente unidas nos lembram a fraternidade e a união que devem existir entre os homens. (...) As romãs são símbolos equivalentes ao feixe de Esopo: milhares de sementes contidas no mesmo fruto, num mesmo germe, numa mesma substância, num mesmo invólucro, imagem do povo maçônico, que, por mais multiplicado que seja, constitui uma e a mesma família. Assim, a romã é o símbolo da harmonia social, porque só com as sementes apoiadas uma às outras é que o fruto toma sua verdadeira forma. (RA). (V. Colunas Salomônicas, Esfera, Esopo, Fraternidade, Visitante).

Fonte: JBNews - Informativo nº 216 - 01.04.2011

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

NÚMERO DE NÓS - O CORDEL E A CORDA

Em 14.04.2023 o Respeitável Irmão Giovani Nocchi, Loja Confraternidade Macaubense, 0920, REAA, GOB-RJ, Oriente de Conceição de Macabu, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a dúvida seguinte:

NÚMERO DE NÓS

Meu querido e amado irmão tudo bem? Tenho uma outra dúvida. Por que alguns rituais possuem a discrepância com relação ao número de nós nas cordas do ritual de aprendizes companheiros? Eram 9, hoje são 3 e no Ritual de Aprendiz são 7?

CONSIDERAÇÕES:

Ao longo da trajetória da Maçonaria Especulativa centenas de Painéis de Lojas foram construídos. Entre eles existem muitas diferenças de aparência, mesmo que em um mesmo rito, sobretudo na organização dos seus símbolos. Consequentemente, depende de qual Painel foi adotado e qual deles consta no ritual em vigência.
 Principalmente na França, entre os séculos XVIII e XIX, um mesmo Painel muitas vezes servia para o grau de Aprendiz e de Companheiro ao mesmo tempo, destacando-se que inicialmente eram apenas dois graus, o de Aprendiz e Companheiro, já que o grau especulativo de Mestre Maçom somente apareceu em 1725 e seria oficializado por ocasião da edição da segunda constituição inglesa em 1738.

No que diz respeito à questão apresentada e o número de nós, a referência é sobre o cordel com nós que aparece normalmente nos painéis franceses da Loja. Assim, o cordel (uma corda fina) com um determinado número de nós é um símbolo distinto, e não deve ser confundido com a corda de 81 nós. Digo isso porque eu mesmo já me confundi a esse respeito e acabei escrevendo, em oportunidades passadas, laudas equivocadas e contraditórias sobre. Nesse contexto, vale o que estou aqui escrevendo nessa oportunidade.

No tocante ao cordel com vários nós equidistantes que se apresenta no painel, originalmente ele possuía 12 nós, no entanto, acredita-se que devido à grande quantidade de painéis que foram elaborados, muitas distorções também acabariam aparecendo, fazendo com que, ao gosto de cada um, o cordelaparecesse com uma quantidade de nós diferenciadas dos 12 nós originais.

Nesse caso, é possível encontrar nos diversos rituais que foram elaborados ao longo dos tempos, assim como nos inúmeros painéis das Lojas, desenhos de cordéis com números diferenciados de nós – é possível se encontrar três, cinco, sete e nove nós, senão ainda outros com outras quantidades.

 No que diz respeito ao simbolismo do cordel, vale destacar que ele era uma corda fina ou um barbante resistente, com aproximadamente dois metros, utilizado pelos profissionais para elaborar um gabarito correspondente a um triângulo retângulo que servia
(e ainda serve) para demarcar os “cantos” nivelados e aprumados das construções.

Para tal, esse cordel possuía 12 nós equidistantes e igualmente distribuídos na razão de três segmentos para o cateto menor, quatro outros para o cateto maior e outros cinco para à hipotenusa. Os nós se distribuíam em distâncias iguais pelo artefato a partir de uma das extremidades do cordel. O último nó, o 12º, ficava distante da outra extremidade do cordel em uma distância igual a uma das existentes entre os nós.

Dessa forma, com o cordel os nossos antepassados aplicavam as propriedades do triângulo retângulo utilizando-se do Teorema de Pitágoras, ou a 47ª Proposição de Euclides (a² + b² = c²). Por essa verdade universal eram determinados cada um dos cantos (90º) que seriam elevados.

Por conta disso é que alguns ritos trazem entre os símbolos que compõem o seu Painel da Loja, o cordel. É bem verdade que pela proliferação de painéis diferenciados, muitos deles não respeitaram o número original dos 12 nós.

Nesse particular também vale mencionar que nem todos os ritos adotam o cordel nos seus painéis. No rito de York, por exemplo, ele aparece dessa forma, todavia, se apresenta na tábua de delinear enrolado em um carretel.

Por outro lado, o cordel também não deve ser confundido com a corda com 81 nós, ou seja, aquela corda que em alguns ritos literalmente aparece contornando ao alto as paredes internas do templo, mais precisamente logo abaixo da cimalha ou meia-cana.

Assim, a corda com 81 nós é um símbolo distinto do cordel com nós. Apenas com o fito de comparação com o cordel, seguem algumas ilustrações sobre a corda com 81 nós.

Embora a corda com 81 nós como símbolo não esteja de fato presente entre o relicário simbólico dos painéis, a mesma simboliza, nos ritos que a adotam, a cerca que contornava o espaço de trabalho operativo. Especulativamente, em alguns ritos ela é um dos Ornamentos da Loja de Aprendiz.

À vista disso, conta-se que nos velhos canteiros de obra da Maçonaria Operativa havia geralmente uma corda contornando o espaço ocupado pelas oficinas de trabalho. Geralmente ela era fixada em paliçadas que iam fincadas no chão.

Esse canteiro retangular cercado pela corda era orientado de Leste para Oeste e possuía, na sua banda ocidental, entre dois postes maiores fixados de maneira simétrica, uma abertura que servia como entrada e saída do recinto. Em cada um dos dois postes maiores ficavam fixadas as respectivas extremidades da corda.

Historicamente esse “cercado” não era necessariamente fixado por 81 nós em 81 paliçadas, pois eles poderiam variar em número conforme o tamanho do canteiro de obras (loja, alojamento, oficina). O número 81 nesse caso nada tem a ver com a Maçonaria de Ofício, mas com a Especulativa onde fora inserido para atender aspectos iniciáticos.

Dessa forma, esse símbolo ornamental apareceria em alguns ritos maçônicos “cercando” simbolicamente os seus templos em alusão aos canteiros de obras dos nossos ancestrais.

À vista disso é que na simbologia da Moderna Maçonaria o cordel com 12 nós e a corda com 81 nós são elementos simbólicos distintos. De certa forma, pode-se dizer que um deles, o cordel, está presente para lembrar a arte da Geometria que já era utilizada pelos nossos antepassados. Já corda, a despeito dos seus significados esotéricos, lembra também as oficinas operativas dos maçons antigos. Nesse particular, destaque-se que as Lojas na Moderna Maçonaria, representam, de maneira estilizada, os velhos redutos e alojamentos onde trabalhavam os nossos ancestrais.

Finalizando, destaco que em relação aos diferentes números de nós encontrados nos cordéis e nos respectivos painéis, de certa forma todos eles representam o antigo cordel que era utilizado pelos pedreiros nas construções medievais. Atualmente ele é um dos instrumentos de trabalho utilizado pelo Mestre Maçom.

T.F.A.
PEDRO JUK – SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com.br
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

PÍLULAS MAÇÔNICAS

nº 09 - Nossa tríplice aclamação HUZZÉ

Mestre Castellani deixa bem claro em seu “Consultório Maçônico” que o “tríplice Huzzé” trata-se de uma aclamação (aplaudir, aprovar ou saudar alguém com alegria) e não uma exclamação (bradar, gritar, vociferar). Apesar de origem controversa, é muito provável que derive do vocábulo árabe Uzza, que é uma aclamação a um ente divino e um dos nomes de um dos deuses deles.

É usado no Rito Escocês Antigo e Aceito, substituindo a palavra inglesa Huzza (mas cuja pronuncia é “huzzé”) cujo significado é uma aclamação de saudação ao Rei (Viva o Rei!). É a mesma aclamação, com outra palavra, usada pelos franceses – Vivat – também para saudar o Rei.

Como o Rito Escocês teve sua origem na França, é possível que tenha sido introduzida no rito nessa época, obviamente usando o vocábulo inglês. Aliás, na língua inglesa existe o verbo to huzza, que significa aclamar.

Para o historiador francês maçônico Albert Lantoine, essa palavra é sinônimo de Hurrah!, extremamente conhecida no mundo todo.

No famoso dicionário “Michaellis” temos que:

huzza – interjeição (de alegria), viva, hurra – v. gritar “hurra!”, aclamar.

Em suma, é uma aclamação de alegria e corresponde ao “Vivat” dos latinos.

Fonte: pilulasmaconicas.blogspot.com

A ESCADA DE JACÓ

Jurandyr José Teixeira das Neves
M∴M∴ARLS Renascença - Santo André - SP - Brasil

Encontramos no Painel da Loja de Aprendizes uma escada, denominada Escada de Jacó que simbolicamente representa a ligação entre a Terra e os Céus. A origem da introdução do simbolismo da Escada de Jacó na Maçonaria Especulativa deve-se à visão de Jacó, registrada no Velho Testamento, Gênesis 28 vers.10,11,12, 17 e 18.

Gênesis 28 - 10: "E Jacó seguiu o caminho desde Bersba e dirigiu-se a Harã". Gênesis 11: "Com o tempo atingiu certo lugar e se preparou para ali pernoitar , visto que o Sol já se tinha posto. Tomou, pois, uma das pedras do lugar e a pôs como apoio para a sua cabeça e deitou-se naquele lugar ". Gênesis 12: "E começou a sonhar, e eis que havia uma escada posta da terra e seu topo tocava nos céus; e eis que anjos de Deus subiam e desciam por ela". Gênesis 17: "Jacó acordou do sono e disse "Verdadeiramente, Jeová está neste lugar e eu mesmo não o sabia" ". Gênesis 18: "E ficou temeroso e acrescentou; "Quão aterrorizante é este lugar" Não é senão a casa de Deus e este é seu portão de entrada" ".

Simbolismo da Escada de Jacó

Erguendo-se a partir do Altar dos Juramentos, sustentada pelo L∴L∴ vai em direção à abóbada celeste representada no teto da Loja. Na base da escada, centro e topo encontramos três símbolos: a cruz - que representa a FÉ, a ancora que representa a ESPERANÇA e um braço estendido em direção a um cálice que representa a CARIDADE e no seu ápice uma estrela de sete pontas.

No dicionário encontramos um dos significados de estrela = destino, sorte, fado, fadário. A estrela de Davi, símbolo judaico tem 6 pontas, formada pela interposição, entrelaçamento ou superposição de dois triângulos eqüiláteros. No painel do aprendiz, ao lado da estrela de 7 pontas encontramos à direita a Lua rodeada de 7 estrelas e à esquerda o Sol. O número 7, na simbologia mística nos esclarece do porque uma estrela incomum de 7 pontas no ápice da escada de Jacó

Simbologia do número 7

Principio neutro dominando os elementos da natureza, aliança da idéia e da forma; a unidade em equilíbrio; paciência desenvolvendo a inteligência. Vitória: ligada à natureza e ao amor, simboliza o triunfo do iniciado ao fim da sua busca ( entendimento, compreensão e conhecimento)

Poder espiritual vivificante, o aconselhamento fornecido ao iniciado por Deus. Poder final do espírito sobre a matéria. Reintegração da matéria no espírito e do tempo na eternidade. Número de poder mágico com sua força plena, onde estão compreendidos os estados de evolução física e espiritual que se completam; poder adquirido pelo iniciante nos dois mundos (material e espiritual). Misterioso. Profundo. Estranho e indefinível aos olhos do profano.

Número que representa a energia mais perfeita que Deus concedeu para utilização dos iniciados nos rituais. O sete, diz os seguidores de Pitágoras, era assim chamado em função do verbo grego "sebo", - venerar e deriva do hebraico Shbo, set, ou satisfeito, abundância, sendo Septos, em grego "santo, divino, de mãe virgem".

Assim como a Escada de Jacó está envolvida nos mistérios e instituições que a tradição nos dá conhecer, temos a árvore da vida, no jardim do Éden nos mostrando caminhos entre um estágio inferior para um estágio superior. O verso da carta do tarô - o arcanjo maior - O julgamento - aonde vemos uma escada de sete degraus um arcanjo com sua trombeta , tendo à sua volta uma serpente que engole seu rabo com uma árvore ao seu redor. Além de figuras humanas na base da escada.

Esta carta mostra a ressurreição sob influência do Verbo. A Arvore da Vida carrega a seiva para Ourobus, a serpente que morde sua própria cauda, que é o símbolo da eternidade. A misteriosa escada dourada (escada de Jacó) que é o veículo para o homem ascender a um plano superior, atendendo ao chamado do arcanjo. A compreensão desta linguagem simbólica implica o conhecimento de questões que estão diretamente ligadas ao estudo e análise do nosso subconsciente, dos arquétipos e do nosso inconsciente coletivo descrito por Carl Gustav Jung.

É a Escada de Jacó um símbolo religioso nos mostrando que só chegaremos à morada de Deus se galgarmos degrau por degrau a escada da vida. È o símbolo do caminho para a perfeição. Sua colocação no painel do aprendiz indica que o neófito colocou o pé no primeiro degrau da escada, iniciando sua busca para o aperfeiçoamento moral. Outra visão - a esotérica - da escada de Jacó, onde anjos subiam e desciam por ela, nos mostra, simbolicamente os ciclos evolutivos e involutivos da vida num perpétuo fluxo e refluxo através dos sucessivos nascimentos e mortes.

A citação bíblica "a casa de meu pai tem muitas moradas" também nos reporta ao seu sentido esotérico, dizendo-nos que há muitos níveis para as criaturas dentro do seu grau de evolução e progresso. Que possamos, na nossa ignorância, atinar para a grande inteligência do Plano de Evolução da Vida, que nos é sugerido no painel da Loja de Aprendiz, pois após a estrela de sete pontas, que simboliza a verdadeira sabedoria e a perfeição moral, ainda poderemos transcender rumo às nuvens, Lua, Sol e demais estrelas do firmamento, incorporando-nos no grande e glorioso Céu, contido na abóbada celeste, para verdadeiramente nos reencontramos com o G∴A∴D∴U∴

Fonte: http://espacodomacom.blogspot.com

terça-feira, 29 de agosto de 2023

CONSULTA NO SEGUNDO GRAU

(republicação)
Questão que faz o Respeitável Irmão Carlos Resende, Loja Cavaleiros do Sol, 3.195, GOB-MS, Oriente de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul. 
resendes.carlos@hotmail.com 

"Em pé e a ordem, meus Irmãos", diz o Venerável Mestre para que os Irmãos Primeiro e Segundo Vigilantes verifiquem se todos os Irmãos das Colunas são Companheiros - pag. 29 do Ritual, 2º Grau. Ali há a observação de que todos devem cumprir o que ali se determina, inclusive no Oriente. A nossa dúvida é se até mesmo Venerável Mestre deve cumprir o que ali se determina, ou se ele, como Presidente da Oficina permanece como de costume, sem acompanhar os demais no Oriente. 

CONSIDERAÇÕES:

Existe um erro no Ritual de Companheiro que ainda não foi arrumado. No processo de abertura da Loja, o procedimento de telhamento dos Vigilantes é igual ao que consta no Ritual de Mestre no tocante aos procedimentos (nunca no sinal).

Assim os que ficam em pé e volta-se para o Or∴ são apenas aqueles que ocupam o Ocidente, dado que no Or∴ não existe telhamento. Todos os do Oriente permanecem sentados. Note que no próprio ritual do Grau de Companheiro o Venerável não diz: “sentemo-nos”, porém “sentai-vos”. Essa correção será procedida na ocasião da sua revisão. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 0988, Palmas(TO) – sábado, 18 de maio de 2013

RITOS DE PASSAGEM

C∴M Charles Pires Neves

RITOS DE PASSAGEM: DE PROFANO A COMPANHEIRO MAÇOM OU DAS TREVAS PARA A INTUIÇÃO E ANÁLISE.

A partir do seu nascimento o ser humano, independente do seu gênero, começa a passar por diversas situações na sua vida. Dentre elas algumas marcam uma mudança profunda e esperada, pois ele cresce e se torna adulto, casa, se reproduz, envelhece e morre. Dentro dessa sequência podemos afirmar que algumas dessas mudanças são marcantes, pois ao ocorrerem surge então uma “nova” situação. E essas passagens mais marcantes, em diversas sociedades normalmente são precedidas de algum rito da família, do meio social em que ele vive ou até mesmo religioso ou a ver com os astros, sejam solar ou lunar. Esses ritos normalmente são ligados a nascimentos; final da infância/início da fase adulta; celebrando casamentos; formaturas; ou até mesmo em respeito a morte e encontrados em culturas e religiões completamente diferentes, sejam indígenas, umbandistas, indianos, brasileiros, católicos, judeus ou em quaisquer outras etnias e religiões.

Os ritos de passagem podemos dizer que existiam desde que o homem iniciou a viver em tribos, com a chamada divisão de tarefas. Nesse tempo os jovens, ao se mostrarem aptos para a caça, normalmente ao saírem sem a presença dos caçadores da tribo e trouxessem alguma caça ou uma determinada caça, passavam a ser considerados como prontos a integrar o grupo de caçadores, ou seja, passava do que seria a fase de “criança” para a de adulto-caçador;

Porém, a partir da Grécia antiga, por ser considerada como o berço da civilização ocidental e por nos trazer uma série de ensinamentos e de práticas adotadas que continuam a servir como aprendizado, dentre essas práticas podemos citar a que diz respeito ao Rito de Passagem para a fase adulta, existente na sociedade grega.

Entre alguns ritos de passagem existentes na Grécia Antiga para a fase adulta, cito a efebia de Atenas, em que os jovens ou efebo passam a cumprir o serviço militar, normalmente por dois anos, em que recebem educação física e militar no primeiro ano e esse aprendizado é utilizado em funções práticas em postos em fronteiras, manobras em campanhas durante o segundo ano. Assim, ao término, os jovens passavam a ter a cidadania plena. Sobre o funcionamento da efebia, Aristóteles (filósofo grego do século IV a.C.), no capítulo 42 da Constituição de Atenas (...):

“ Participam da cidadania os nascidos de pai e mãe cidadãos, sendo inscritos entre os démotas aos 18 anos (...). Após o exame por que passam os efebos, seus pais se reúnem por tribos e, sob juramento, elegem, dentre os membros da tribo com mais de 40 anos., os três que eles achem serem os melhores e os mais indicados para se encarregarem dos efebos. (...) Também são eleitos por mãos levantadas dois treinadores mais os instrutores que os ensinam a lutar como hoplitas, a atirar com o arco, a lançar o dardo e a disparar a catapulta. (...) Prestam serviço (militar) durante dois anos, vestindo clâmide, e transcorrido esse período, reúnem-se aos demais cidadãos. (Florenzano. p. 29-32).

Assim, com o decorrer dos tempos e das modificações sociais, normalmente decorrentes do que podemos chamar de evolução humana, as sociedades modificam ou criam algum evento para seus membros que podemos afirmar que seja um rito de passagem, ou seja, uma nova etapa na vida do ser humano que foi submetido à regra social pré-estabelecida. Dessa maneira nascimentos, mudança da fase de criança para jovens e dessa para adultos, casamentos, e até mesmo a morte pode vir a ser considerado um rito de passagem na vida de um ser humano, normatizado e aceito

pelas regras sociais então vigentes em cada meio social onde as pessoas vivem.

Dentro do contexto evolutivo do ser humano e da sociedade como um todo, a Maçonaria também se faz presente nessa evolução, pois, apesar de não haver consenso sobre a sua criação, o que não se discute é o seu aperfeiçoamento ao longo dos tempos, até chegarmos à contemporaneidade, com seus diversos ritos, em especial aos de passagem então existentes. Nesse sentido evolutivo, reproduzo a seguir, palavras do Irmão Antônio Freitas da A.:R.:L.:M.: Fraternidade Sergipense, na 11, sobre como é vista a instituição Maçônica no Século XXI:

“...a Maçonaria hoje é um somatório das lições e experiências obtidas com seus trabalhadores na edificação da grande obra de aperfeiçoamento da humanidade, tornando-a feliz, próspera e harmônica. A Maçonaria, acompanhando as transformações pelas quais passa a sociedade, vive um momento novo, principalmente a partir da fundação/instalação da Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1717, pelo reverendo anglicano James Anderson, e tida como a Grande Loja Mãe, criada nos moldes de uma instituição da sociedade civil organizada, em que tudo é transparente, devidamente registrado em cartórios e publicado para conhecimento do cidadão (...) . Ela trabalha em favor, não apenas dos seus associados, mas da sociedade como um todo, visando ao progresso e bem-estar das pessoas e dos povos, pois entende que somos todos uma grande e única família, em que todos somos irmãos”. (Revista Teor, no 4).

DE PROFANO A APRENDIZ MAÇOM - A.P.:

Com essa evolução constante de uma nova fase na vida do ser humano, podemos afirmar que na Maçonaria tem diversos ritos de passagem, sendo o primeiro quando o neófito tem a sua iniciação numa loja maçônica e consegue superar as três viagens ou provas purificadoras para que o mesmo “nasça de novo” ao sair das trevas para o caminho da luz Nessas viagens simbólicas (representadas pelo AR, ÁGUA e FOGO) o neófito está privado de luz por uma venda, e incapaz da dar seus primeiros passos na direção desejada, porém é necessário a superação de obstáculos para que o mesmo seja enveredado para o caminho da luz.

Na primeira viagem, o profano tem que superar os obstáculos através dos seus esforços; o AR que é o símbolo da vitalidade, emblema da vida. Durante essa viagem ouve-se muitos ruídos e tem se obstáculos e com o ainda neófito “vendado como vos achais, representais a ignorância, incapaz de dirigir vossos esforços sem um guia esclarecido”. O símbolo representado nessa viagem, segundo o R.:E.:A.:A.:

“É o símbolo da família, onde a criança, incapaz de se dirigir , necessita de amparo e guia de seus pais; é o símbolo da Sociedade, onde a inteligência de um pequeno grupo conduz as massas ignorantes, que não se podem governar. É o símbolo da Humanidade, onde os povos mais inteligentes conduzem os mais atrasados”.

“A expressão simbólica de vossa cegueira , e da necessidade que tende de quem vos conduza, representa o domínio que vosso espírito, esclarecidos pelos nossos ensinamentos, deve exercer sobre a cegueira de vossas paixões, transformando a materialidade dos sentimentos profanos, que acaso existam em vós, em puros sentimentos maçônicos, criando em vós mesmo um outro ser, pela espiritualização e elevação vossos sentimentos”

Com o término da primeira viagem deve ficar o ensinamento que antes da Maçonaria o neófito está no mundo privado de luz e a Maçonaria lhe retirará essa “venda” e ele passará a ver a luz. Sobre esse venda, o R.: E.: A.: A.: esclarece:

“ Tereis então retirada a venda material que escurece a vossa alma e não mais precisareis de guia em vosso caminho, que, no entanto, permanecerá sempre ao vosso dispor para aqueles momentos difíceis e dolorosos que poderão surgir ao longo de vossa Senda Iniciática. Foi para isso que aqui bateste, pedindo para “ver a luz”.

Já na segunda viagem, existe a purificação do profano através da ÁGUA, que é o símbolo da pureza da vida Maçônica. Nela, ouvem-se sons comparados a espadas em pleno combate que em um determinado momento cessará, quando o ainda profano tem de parar em frente ao Alt.: do Ir.: 1o Vig.:. Essa viagem representa os perigos que encontrará para aperfeiçoar os costumes e vencer as paixões do mundo profano.

Na terceira viagem o candidato é submetido ao batismo da purificação, através do FOGO.

Após as três provas purificadoras, somadas à primeira prova, a da TERRA, o iniciado se submete ao Batismo de Sangue, que, apesar de não ter a literalidade das palavras, vai significar um “... compromisso de sacrificar-se, se necessário, pela Pátria, pela Humanidade e pela Ordem.”.

Ainda dentro do Rito de Passagem de neófito para Aprendiz Maçom, existem dois ensinamentos de grande valor: Um é que o aprendiz está desprovido de tudo que é metal ou que representa alguma expressão de valor, bem como do luxo e das vaidades da sociedade profana; outro, é fazer o profano ter a angústia de sentir a impossibilidade de socorrer alguém desafortunado. Após essas viagens e ensinamentos o juramento termina esse rito de passagem que é o do mundo profano para o mundo maçônico.

Dentre todos os ensinamentos que o Aprendiz Maçom teve em suas cinco instruções, começando sobre o Painel da Loja de Aprendiz e concluindo com a Simbologia dos Números 1, 2, 3,4. Não se distingue a mais ou a menos importante, afinal, em todas tem ensinamentos essenciais, porém alguns obtidos nas instruções são fundamentais na Maçonaria. Em especial que a instituição Maçoniça é universal; A Loja se apoia é sustentada por três colunas: a da Sabedoria ou Jônica; a da Força que é a Dórica; e a da Beleza ou Coríntia, pois cada uma tem função específica, uma cria, outra sustenta; a última adorna.

Após o conhecimento aprendido e com as cinco lições e as três viagens e, considerando que o aprendiz já teve o seu tempo de aprendizado, houve uma evolução pois houve conhecimento de outras ferramentas e, o mais importante, adquiriu experiência para o bom uso das ferramentas e com isso está apto a polir com perfeição. Sé o aprendiz utilizando o Maço e o Cinzel aprendeu a usá-la na Pedra Bruta e, agora, com o conhecimento do Compasso e da Régua, tem todo o conhecimento para traçar linhas sobre a pedra bruta já desbastada. Dessa maneira podemos dizer que o Aprendiz Maçon está pronto para sua Elevação, ou para o que podemos dizer um novo Rito de Passagem, agora sua nova etapa que será a passagem do Nív.: ao Prum.:, a depender da concordância dos demais Iir.: da Loja., em resposta à consulta do Ven.: M.: .

APRENDIZ MAÇOM A COMPANHEIRO MAÇOM - A.P.: COMP.: M.:

O Rito de Passagem do Aprendiz Maçom para Companheiro Maçom requer que o mesmo faça cinco viagens simbólicas. Porém, antes de iniciarem-se as viagens, o V.: M.: alerta ao ainda

Aprendiz:

“...Está, ainda. Em vossas mãos e Régua de 24 polegadas. Que jamais vos esqueçais de sua significação simbólica. A desordem é a lei da insânia. A Régua é o símbolo da Lei, da Ordem e da Inteligência, a determinar a direção e a regular a aplicação de vossos estudos . As viagens vos recordarão que o movimento é a vida e que, na terra e no espaço, tudo se move, tudo trabalha, tudo caminha.”

“Os pratos de uma balança perfeita devem oscilar porque a imobilidade é a estagnação. É a morte.” (Ritual de Companheiro pg. 37/38).

Assim, ao iniciar a primeira viagem no rito de passagem a que aspira para ser Companheiro Maçom, o ainda Aprendiz passa a conduzir, em substituição à Régua, o Maço e o Cinzel. Estes lembram o primeiro ano de estudo no qual o Aprendiz teria a prática de desbastar e polir a Pedra Bruta, o que para isso, são necessárias essas duas ferramentas, que se completam no trabalho.

Na segunda viagem, que vai representar o segundo ano de estudos e, até mesmo pelos equipamentos a serem utilizados, nesse caso o Compasso e a Régua que são o “símbolo do aperfeiçoamento adquirido nas ciências, nas artes e nas profissões liberais”. Assim, estes dois instrumentos para serem utilizados necessitam não da força bruta, pois se tratam de instrumentos mais precisos onde o conhecimento é a chave mestra em superação a força bruta.

A terceira viagem corresponde a mais um ano de conhecimento adquirido pelo Aprendiz. Nela, uma Alavanca substitui o Compasso. Esse novo instrumento de trabalho não é somente para deslocar fardos maiores, mas para representar a moral, o intelectual, a firmeza, a coragem, o respeito e a confiança em si mesmo, que são incorporados ao Aprendiz em seu terceiro ano de trabalho.

Quanto a Moral, a terceira viagem representa a “ ... firmeza de alma, a coragem inquebrantável do homem independente, bem como o poder invencível que desenvolve o amor da liberdade nos homens inteligentes”; No intelectual a “ a Alavanca exprime a força do raciocínio, a segurança da lógica; é a imagem Filosofia cujos princípios invariáveis não permitem fantasia nem superstição”. (Ritual de Companheiro, pg 42).

A firmeza, a coragem o respeito e a confiança em si mesmo são os atributos morais que o Maçom tem que adotar em seu caráter.

A Régua e o Esquadro que foram recebidos em substituição à Alavanca, são as ferramentas para a quarta viagem. Nela, o Esquadro então recebido representa a conduta que os homens devem ter no seu meio social, pois esse Esquadro serve para dar uma forma regular à toda espécie de material, ou seja, na vida os fins não podem justificar os meios pelos quais possamos obter algo. Tem de ter harmonia entre o que deve ser feito e finalidade do que se propõe. Não devemos pensar somente no “eu”, nossas ideias, convicções e ações devem estar pautadas no melhor para a sociedade caminhar para o que chamamos de justa e perfeita.

A quinta viagem é feita sem que o Maçom conduza qualquer ferramenta, e significa que foi concluída a aprendizagem material e que a mesma foi simbolizada nas quatro viagens anteriores e que o Comp.:M.: quer aprender algo mais que o normal, quer conhecer a Verdade, foi uma transição em que se passa do plano físico para o espiritual.

Após as viagens o então Comp.: M.: faz o seu juramento e, posteriormente, o V.: M.: estende a Espada Flamejante sobre a cabeça do iniciado, dizendo: “À Glória do G.: A.: D.: U.: , e de São João nosso Padroeiro, em nome e sob os auspícios da M.: Resp.: Grande Loja Maçônica do

Estado de Sergipe, e em virtude dos poderes de que me acho investido, eu vos recebo e vos constituo Comp.: M.: do Rit.: Esc.: Ant.: e Ac.:” abaixando a abeta do avental como símbolo que representa um Comp.: M.:.

Pela representação da passagem do Aprendiz Maçom para Companheiro Maçom, são bem esclarecedoras as palavras proferidas pelo Orador no que se refere ao simbolismo das viagens:

“Pelo Simbolismo das cinco viagens misteriosas, ela colocou diante dos vossos olhos tudo o que é necessário para empreender a grande jornada que encetaste aos raios da V.: L.:, ela regulou a ordem dos trabalhos e vos mostrou a imensa distância em que nos achamos da perfeição, a fim de que possais chegar, pela Ciência e pela Moral, até o grau da sabedoria onde o gênio do M.:começa a distender suas asas para o vôo às regiões do Sublime.” (Ritual de Companheiro pg. 51/52).

De Profano a Companheiro vimos que existem critérios que são rigorosamente seguidos. Podemos dizer que eles se iniciam com o principal, que é a crença do então candidato a Aprendiz Maçom no G.: A.: D.: U.:, pois, sem essa crença não há de que falar em sua aceitação.

Já como candidato a A.: M.: não se pode deixar de lembrar que o mesmo expressa os seus deveres para com Deus, a Humanidade, a Pátria, a Família, o Próximo e consigo mesmo, em mensagem que posteriormente lida pelo Irm.: Orador para que os demais irmãos tenham uma noção do repertório moral e filosófico do iniciado.

A passagem de Aprendiz Maçom para Companheiro Maçom é para tirar a venda pois já existe um certo conhecimento, porém o mesmo vai se aprimorar, pois a Pedra Bruta já foi desbastada e agora é a momento de iniciar o trabalho intelectual da Pedra Cúbica, buscando sempre o aprimoramento moral e intelectual.

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REFERÊNCIAS

FLORENZANO, Maria Beatriz Borda. Nascer, viver e morrer na Grécia Antiga. São Paulo: Atual, 1996. p. 29-32.

Ritual de Aprendiz – R.: E.: A.: A.: – GLMSE – Fev/2012.
Ritual de Companheiro – R.: E.: A.: A.: – GLMSE – Set/2012.
Revista Teor, no 4, agosto 2019. Aracaju – Sergipe. Editora Infographics.

Novae sed Antiquae; Tradição e Modernidade na Maçonaria Brasileira; RAMALHO, José Rodorval., Editora Ex libris, novembro 2008.

Fonte: https://fraternidadesergipense.mvu.com.br

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

MESTRES INSTALADOS & DIGNIDADES DA LOJA

(republicação)
Em 06/02/2018 o Irmão Marcelo Souza, Aprendiz Maçom da Loja Montsalvat, REAA, GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, solicita a seguinte informação:

MESTRE INSTALADO/DIGNIDADES DA LOJA

Já li outras referências e escritos, inclusive seus, e tenho consciência de que Mestre Instalado (Venerável Mestre ou ex Venerável) não é grau, mas título distintivo. Não é grau porque o grau acima de Mestre Maçom é Mestre Secreto.

Igualmente, sei que, embora não seja tradição do nosso rito nem da maçonaria francesa, está arraigada entre nós a "sabedoria" ou o "pensamento" de que o Mestre Maçom Instalado após o término do seu mandato de Venerável Mestre tem ascendência (ou preferência) sobre os demais do 3º grau; fato este, inclusive, encampado pelo minha Obediência, até com formação de "conselhos".

Também trago à baila a questão dos cargos de assessoramento, as dignidades da Loja. Mais uma vez, já li também referências e escritos sobre a indevida prática da elevação do nível do Oriente e, ainda, que somente ali têm acesso ou assento os que têm a distinção de Mestre Instalado.

Isto posto, e considerando que para assumir qualquer outro cargo em Loja, inclusive o de Venerável Mestre (observadas as demais formalidades), é necessário apenas ser portador do grau de Mestre Maçom; como ficaria a situação de um Mestre Maçom (sem instalação) indicado para Secretário, se o altar dele fica situado no Oriente?

CONSIDERAÇÕES:

Quanto à questão que envolve o título honorífico de “Instalado” dado a um Mestre Maçom que foi eleito para as funções de Venerável Mestre e cujo título permanece mesmo após ter sido cumprido o seu tempo como dirigente da Loja, a mesma já foi por mim amplamente abordada. 

Nesse sentido tenho afirmado que Mestre Instalado não é grau iniciático, senão uma distinção honorífica que é dada definitivamente ao Mestre eleito que foi empossado para deter o primeiro malhete da Loja. Trocando em miúdos, ele é o Venerável Mestre enquanto dirigente da Loja e um ex-Venerável após ter deixado o cargo. Para tanto ele é um Mestre Maçom Instalado - ou como Venerável Mestre, ou como um ex-Venerável.
O título “Past-Master”, muito utilizado para um ex-Venerável, é mais apropriado na vertente inglesa de Maçonaria, já na francesa, ele é mesmo um ex-Venerável.

É oportuno mencionar, conforme abordado na sua questão, que não se justifica afirmar a inexistência do “grau” de Mestre Instalado por existir no seu lugar o grau de Mestre Secreto que é o 1º grau da escola de Perfeição do REAA e 4º no cômputo geral do escocesismo. Não se combate um erro implantando outro no seu lugar.
Com a sua devida “vênia”, o Mestre Secreto do sistema de Altos Graus do escocesismo nada tem nada a ver com o propósito dessa discussão. O grau de Mestre Secreto é sim uma particularidade do REAA, entretanto ele não faz parte do simbolismo (a autêntica Maçonaria dos três graus).

Além do mais, se entenda que qualquer grau acima do Terceiro é particularidade de alguns ritos maçônicos (nem todos os possuem). A despeito disso nenhum maçom, deles portador, é considerado melhor ou superior a um Mestre Maçom praticante de um rito que não adota esses ditos “graus superiores”. Mestres maçons são iguais em quaisquer circunstâncias, assim como nenhum rito é melhor do que o outro por possuir maior número de graus. A Moderna Maçonaria é universalmente composta por apenas e tão somente três graus. Inclusive ela é assim classificada nos principais Landmarks da Ordem. Já os graus ditos superiores, ou os laterais, são particularidades de ritos e de sistemas de aperfeiçoamento, não podendo inclusive interferir, sob qualquer hipótese, nos três graus da Maçonaria Simbólica. Ao contrário disso, ninguém ingressa nesses sistemas de aperfeiçoamento sem que seja antes um maçom regular do simbolismo, ou do craft.

A despeito disso, o título honorífico de “Mestre Instalado” que aqui foi abordado é distinção ou dignidade apropriada ao Venerável Mestre ou ao ex-Venerável no simbolismo (franco-maçônico básico – Aprendiz, Companheiro e Mestre).

Quanto às Obediências que toleram e incentivam conselhos de Mestres Instalados dando a eles uma conotação de superioridade, desafortunadamente essa não é uma atitude de boa geometria, pois sob o ponto de vista da autenticidade, nada disso poderia existir, salvo se forem os Conselhos temporários que são legalmente constituídos pela Obediência apenas para instalar no trono, ou dar reassunção a um Venerável Mestre eleito. Cumprido esse objetivo o Conselho é automaticamente dissolvido. 

Ratifico: não existem, ou pelo menos não deveriam existir, esses tais Conselhos de Mestres Instalados aleatoriamente constituídos por Lojas, cuja finalidade é mais de atrapalhar e de interferir na diretoria da Loja do que contribuir. Individualmente, os ex-Veneráveis devem sim, pela sua experiência, contribuir com os trabalhos, mas consultivamente, nunca interferir.

Já os que ainda “acham” que Mestre Instalado é grau deveriam antes procurar melhores informações na original “instalação” inglesa. Deveriam também se certificar que na Maçonaria francesa, de onde é oriundo o REAA, salvo em raríssimas exceções, “instalação” significa simplesmente “posse” e que lá, quem deixa o cargo de Venerável, é simplesmente designado como um ex-Venerável.

Considerações à parte, não vai aqui nenhuma crítica aos Mestres Maçons Instalados, mas sim a um sistema que quer lhes dar um ofício inexistente na Ordem.

Por óbvio não há como se negar a existência desde o século XIX na Inglaterra de uma cerimônia para se instalar o Venerável no trono. Isso atualmente já é elemento consuetudinário, mas que seja apenas entendido como uma maneira de dar a merecida dignidade que o cargo de Venerável Mestre merece. Do mesmo modo para manter o título honorífico de “Instalado” ou do “Past-Master” (conforme a vertente maçônica) àquele que um dia fora eleito para dirigir uma Loja. Longe disso, essa deferência pode ser entendida com um grau maçônico. 

Por não fazerem parte do mote dessas considerações, as formas das cerimônias de Instalação (esotérica ou não) não serão aqui abordadas.

Quanto a parte da sua questão que menciona à ocupação do Oriente da Loja pelos Mestres Maçons Instalados, por deferência distintiva (não grau) eles de fato têm o direito de ocupar esse espaço conforme demonstra a planta de localização dos lugares em Loja no Ritual pertinente. Assim, ex-Veneráveis têm o direito de tomar assento no Oriente, abaixo do sólio e, em algumas situações, o Instalado mais recente até de ocupar uma das duas cadeiras de honra colocadas ao lado do sólio. 

Agora, o que não se pode imaginar é que no Oriente só possam adentrar Mestres Maçons Instalados. Na verdade, o Oriente é lugar restrito aos Mestres Maçons e, por extensão também, aos Instalados (que por óbvio são Mestres). 

Ainda em relação ao Oriente, as duas Dignidades, a do Orador e a do Secretário, não carecem ser Instalados, mas apenas Mestres. O mesmo se pode dizer dos que também exercem ofício no quadrante oriental, como o Porta-Bandeira, o Porta-Estandarte, o Primeiro Diácono e o Porta-Espada. Todos esses cargos são impreterivelmente preenchidos por Mestres Maçons, aliás, como todos os cargos em Loja. Também circulam pelo Oriente por dever de ofício o Mestre de Cerimônias e o Hospitaleiro, assim como outros, dependendo da cerimônia. Em qualquer dessas oportunidades os protagonistas podem ser apenas Mestres Maçons. A propósito, há que se notar que autoridades maçônicas também ocupam o Oriente, entretanto a nenhuma delas é exigida o título de Maçom Instalado. Em qualquer das circunstâncias, no Oriente ingressam apenas Mestres Maçons, independente do título honorífico que porventura eles possam possuir.

Dando por concluído, em relação à sua abordagem quando menciona o “oriente elevado”, no REAA esse é um costume oriundo das hoje extintas Lojas Capitulares, todavia essa é outra história e que nada tem a ver com os Mestres Maçons que portam o título honorífico de “Instalado”.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

DOS OPERATIVOS AOS ESPECULATIVOS: VITRÚVIO

Rui Bandeira

No texto anterior, expus o meu entendimento de que a tese clássica sobre a evolução da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa necessita de ser completada, designadamente com a indicação do que terá ocorrido que tenha funcionado como propiciador e ou acelerador dessa transformação. A meu ver, houve, não um, mas dois fatores catalisadores. Um longínquo, temporal e geograficamente. Outro breve, dramático e gerador de brusca evolução.

Vejamos primeiro o fator longínquo. Para tal, deixemos os ingleses entretidos nas sua guerra civil, metaforicamente recuemos a 1414 e desloquemo-nos à neutral Suíça, mais precisamente à aprazível localidade de St. Gallen. Nesse tempo e lugar, o humanista florentino Poggio Bracciolini, descobre, na abadia beneditina local, um antigo manuscrito reproduzindo uma obra originalmente escrita por volta do ano 15 antes de Cristo, intitulada De Architecture. O seu autor? Marcus Vitruvius Pollio ou, como é comummente referido, Vitrúvio (o Homem de Vitrúvio, de Leonardo da Vinci, lembram-se?). Vitrúvio foi um arquiteto e engenheiro romano que escapou ao anonimato por causa da referida obra, um tratado sobre a arte da construção em dez volumes, abordando diferentes aspetos específicos da arquitetura e construção: (1) Sobre os conhecimentos necessários à formação do arquiteto; (2) Sobre os materiais e a arte da construção; (3) e (4) Sobre os edifícios religiosos; (5) Sobre os edifícios públicos; (6) Sobre os edifícios privados; (7) Sobre os acabamentos; (8) Sobre hidráulica e distribuição da água; (9) Sobre gnomónica nas edificações; (10) Sobre mecânica e os princípios das máquinas.

A propósito do Livro 9: gnomónica é a ciência responsável por desenvolver teorias e reunir conhecimentos sobre a divisão do arco dia, ou trajectória do Sol acima do horizonte, através da utilização de projecções sobre superfícies específicas. Esta ciência é muito útil para a concepção e construção de relógios de sol, bem como cartografia (Projecção gnomónica) – definição retirada de http://tradutor.babylon.com/portugues/Gnom%C3%B3nica/. Era uma antiga ciência caldeia. O seu nome deriva de gnómon, que em grego significa “saber”, “conhecer” e tratava sobre o universo, os planetas, as constelações, astrologia e a sua interpretação pelo homem. Vitrúvio escreveu no Livro I: “a partir da astrologia, o arquiteto conhece os pontos cardeais: oriente, ocidente, sul e norte; e também a estrutura do céu, dos equinócios, dos solstícios e dos movimentos orbitais dos astros. Se se ignora a Astrologia (termo que engloba a Astronomia), é absolutamente impossível que conheça a disposição e estrutura dos relógios” (de sol, obviamente). Na Mesopotâmia, o primeiro instrumento astronómico conhecido foi o mais simples, o gnómon, um pilar de pedra que terminava em ponta, com uma altura aproximada de 2,5 metros. A pedra espetada na terra recebia a luz do sol e gerava sombra, projetada no solo ou numa parede.

Em pleno Renascimento, muito rapidamente se difundem numerosas traduções da obra de Vitrúvio por toda a Europa Continental. Nela ressalta o retrato do que seria o “arquiteto ideal”, conhecedor de geometria, matemática, dos materiais, mas também de meteorologia, astronomia, música, medicina, ótica, filosofia, história, direito, mecânica, etc..

As traduções desta obra influenciaram grandemente os arquitetos, engenheiros e mestres construtores da Europa Continental, a partir do Renascimento, no sentido de adquirirem competências mais abrangentes e tão completas quanto possível. Este aspeto da universalidade e abrangência do conhecimento do Homem Completo encontramo-lo hoje em dia particularmente pontuado em determinada fase da evolução do maçom moderno e é, indubitavelmente, uma caraterística matricial da moderna Maçonaria.

No entanto, a grande influência que, sobretudo sobre os arquitetos, construtores e outros intelectuais europeus continentais esta obra de Vitrúvio exerceu, aparentemente passou ao lado dos maçons operativos britânicos. É o que se pode concluir do facto de os manuscritos operativos até agora encontrados, do século XV ou posteriores, não mostrarem qualquer referência a esta obra ou introdução, ainda que indireta, dos princípios atrás aludidos, nem denotarem uma particular evolução cultural ou de abrangência de conhecimentos dos construtores associados nas Lojas britânicas.

Podemos, portanto, estabelecer, com razoável segurança, que, em meados do século XVII, a Maçonaria Operativa britânica denotava insensibilidade aos princípios do Homem completo, da aquisição de noções das mais variadas ciências e ramos do conhecimento humano. No entanto, cerca de meio século depois, o tempo de duas gerações, repito, verificamos que um dos pilares da ideologia da nascente Maçonaria Especulativa é precisamente esta noção da Universalidade e abrangência do Saber, como um dos objetivos do aperfeiçoamento do maçom.

Em cerca de meio século, algo mudou – e drasticamente. É aqui que entra o segundo catalisador que referi no início deste texto. Mas essa é matéria para o próximo texto…

Bibliografiaht
http://www.fau.usp.br/dephistoria/labtri/2.10livros.html
http://tradutor.babylon.com/portugues/Gnom%C3%B3nica/
http://www.arqweb.com/vitrum/gno1.asp

Fonte: rimad.net

domingo, 27 de agosto de 2023

COLARES E INSÍGNIAS

(republicação)
O Respeitável Irmão Sílvio José Sabino, Mestre Maçom, sem declinar o nome da Loja (GOB), Oriente e Estado da Federação, apresenta a questão que segue: 
silviosabino@sumicity.com.br 

Recentemente fui exaltado ao Grau 3 da nossa Sublime Ordem. No Ritual de Mestre-Maçom (GOB - 2009), Rito Escocês Antigo e Aceito, páginas 20, 21 e 22 fala a respeito das insígnias. Na página 22 diz: (...) o Mestre quando não estiver exercendo o cargo de Vigilante, de Dignidade ou de Oficial usa uma faixa em material acetinado azul-celeste em diagonal sem nenhum ornamento, contendo em sua extremidade a joia de Mestre em metal dourado." No Ritual do Grau 1 (GOB-2009) na página 35 diz: "(...) O Venerável Mestre e as Dignidades usam suas joias apensas ao colar azul-celeste e os demais Oficiais usam a joia apensa à fita azul-celeste usada a tiracolo". Reparei que em minha Loja e em diversas Lojas em que visitei que vários Irmãos independente dos cargos que exerciam, usavam colares e não a faixa. De acordo com os Rituais os colares estão restritos ao Venerável Mestre, Oficiais e Mestres com cargos e os demais usam faixas com a respectiva joia de Mestre. Afinal, o uso da faixa é obrigatório? Ela pode ser substituída pelo uso do colar sem insígnia? 

CONSIDERAÇÕES:

REAA - Existe uma contradição entre o Ritual de Aprendiz e o de Mestre em vigência. Como o trato desses paramentos está relacionado apenas aos Mestres prevalece o escrito no Ritual de Mestre. 

Cabe aqui uma melhor explicação: os cargos inerentes às Luzes, Dignidades e Oficiais de uma Loja só podem ser ocupados por Mestres. No caso do Venerável ele precisa ainda passar pela Instalação e, por conseguinte ser eleito para o cargo. Vigilantes, Orador, Secretário, Chanceler e Tesoureiro completam àqueles que são eleitos para os cargos no Grande Oriente do Brasil. Os demais cargos são nomeados pelo Venerável Mestre. 

Outras situações: Todos os Ex-Veneráveis (Mestres Instalados) usam colar com a respectiva joia. Assim também é costume para as autoridades maçônicas previstas no Regulamento Geral da Federação. 

Finalizando. Se a fita a tiracolo faz parte da indumentária do Mestre, obviamente ela é obrigatória. 

É dispensável o uso da fita para aqueles que por dever de ofício usam colares. Mestres que não ocupam cargo não podem substituir a fita por colares 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 0986, ( Palmas - TO ) - quinta-feira, 16 de maio de 2013

REGIMENTO INTERNO - VISÃO DE HARMONIA

Ir∴ Valdemar Sansão
Não pode ser chamado Maçom quem não participa dos trabalhos de uma Oficina, pois somente o coletivo maçônico nos completa. Numa Banda de música se toca um conjunto de instrumentos. Escreve-se para cada um a parte da peça musical que lhe pertence, numa execução em conjunto, bumbo, pratos, clarim, etc. A tuba sozinha não faz música; só a banda pode fazê-la. E esta toca somente porque todos os músicos têm a mesma partitura. Todos eles coordenados pelo maestro, subordinam suas especialidades à tarefa comum. E todos tocam somente uma peça musical por vez.

Façamos uma analogia (pontos de semelhança entre coisas diferentes), da Loja maçônica com a banda de música, um estudo pormenorizado das funções de seu Venerável Mestre, de seus Obreiros, suas relações, seus deveres, uma bandeira definida. 

Maçonaria, instituição filantrópica, filosófica e progressiva, tem como objetivo a pesquisa da verdade, o estudo da moral, é uma escola de virtudes. Forja o caráter do homem e sua prática ritualística exige trabalho, estudo, pesquisa e meditação dos adeptos para que aprendam a conhecer-se, a pensar, a discernir, a falar, a ter como objetivo emancipar as consciências através da pesquisa da verdade, do estudo da moral, da prática da solidariedade, da Liberdade, da Igualdade, da Fraternidade.

Leis maçônicas – determinam aos maçons obediência à lei, ao lado do amor à família, fidelidade e devotamento à pátria e estabelece normas, direitos e deveres, determinando diretrizes para atuação maçônica. Deixar tudo solto dá margem a problemas maiores do que temos. Por isso não permitem qualquer afastamento dos antigos Landmarks, nem o descumprimento de qualquer artigo da Constituição, do Regulamento Geral e dos Estatutos de sua Obediência maçônica. 

Loja Maçônica - quando bem dirigida, com suas tarefas e sua missão, seu desempenho em relação a objetivos e metas conhecidos e impessoais bem claros, para alimentar os projetos em andamento ou futuro será produtiva, ou será, simplesmente um bando desorganizado obediente ou desobediente às leis, decretos, atos, vindos da Potência a que se subordina.

Vê-se, facilmente, a imensa tarefa de uma Loja Maçônica que se parece, em certos aspectos, com a de uma Banda de música, com a diferença que nesta, cada membro toca seu instrumento e sintonia coletiva não existindo em excesso, vaidade, orgulho, egoísmo de tantos ávidos em “ter e não em ser”.

Estatuto da Loja – traça normas quanto à organização, sede e foro da Loja como Sociedade beneficente, composição do quadro, no e qualidade dos sócios; admissão de associados; seus deveres e direitos, seus poderes, sistema de contribuição e sanções por falta de cumprimento de obrigações pecuniárias; Assembléia geral, seus poderes, reunião, convocação, deliberação; administração, eleições, duração dos mandatos, seu limite, substituições e encargos dos administradores; fundo social e aplicação de patrimônio em caso de dissolução, segundo determinado na Constituição da Potência; finanças ou rendas, sua escrituração e emprego.

Regimento Interno – A ARLS∴Prof∴ Raimundo Rodrigues, é constituída conforme os ditames da legislação em vigor nas leis brasileiras obedece e subordina-se à Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, seguindo a Constituição, Leis e Regulamentos da GLESP, aos princípios gerais da Maçonaria universal e seus Landmarks.

O objetivo deste REGIMENTO INTERNO é criar normas que passarão a orientar e disciplinar as atividades da Oficina. Trabalho de grande importância que não pode ser improvisado, negligenciado ou omitido pelos membros da Oficina; requer uma grande elaboração, o conhecimento das verdadeiras necessidades da Loja maçônica adquiridos pela experiência e sérias meditações; para a unidade, a harmonia e a coordenação de todas as partes do conjunto, não poderá emanar senão da iniciativa individual dos fundadores ou afiliados, salvo para receber mais tarde sanção dos interessados, Mas, desde a fundação da Loja, será necessário ter uma regra, um ponto onde tudo desemboque, e de onde tudo possa irradiar uma nota traçada, um objetivo determinado. Estabelecida a regra, caminha-se com mais certeza, mais segurança, sem apalpadelas, sem hesitação.

Uma Loja bem organizada não pode ter dono, chefes ou subordinados, mas sim, ser um time em busca da vitória. É preciso ter  capacidade para criar seu Regimento Interno (RI ), exigindo um processo de aperfeiçoamento de tudo que se faz.

Objetivos - Fica claro que uma Loja, para atingir o objetivo e evitar desinteligências precisa:

1- elaborar, aprovar, registrar e executar seu Regimento Interno (RI).

2-demonstrar através de medidas efetivas, que não será mais uma Loja a exibir fragilidades.

3-dar exemplo de rigorismo na atividade ritualística, entretanto, lembrando sempre que o Regulamento da Ordem deve ser observado como uma trilha de bom senso a ser seguido, jamais como um caminho rígido e imutável.

4- nenhum Mestre, exceto o Venerável, poderá advertir ou repreender outro Irmão, ainda que por motivo justificável sob sua ótica, sendo-lhe facultado o pleno direito de se pronunciar sobre a questão em Sessão de Mestres.

5 – em seus projetos sociais e filantrópicos a Loja estará sempre voltada ao atendimento preferencial de membros do seu quadro de Obreiros, que estejam necessitados; em segundo plano dará preferência a maçons em dificuldades financeiras; e por fim, instituições filantrópicas e necessitados em geral, desde que comprovada a real necessidade. O Ir∴ Hospitaleiro, mensalmente, deverá encaminhar ao Ir∴Tesoureiro, prestação de contas do repasse das verbas que lhe forem destinadas, para que o mesmo registre em livro próprio, anexando recibos.

6–ser rígido na aprovação de novos membros, através de sindicâncias mais acuradas possível, valorizando em especial as virtudes do candidato dentro da máxima de ser livre e de bons costumes, como condição básica a nortear a escolha. Não ter açodamento nessa análise do candidato.

7- cuidar na escolha dos Veneráveis partindo da premissa de que apenas antiguidade não é condição fundamental e “sine qua non” para exercer o cargo. Além disso, seria imprescindível avaliar qual Irmão que realmente se encontra em condições ideais para liderar o grupo, no momento, através de escolha CONSENSUAL.

8 – para que seja cumprido o planejamento e programação de assuntos para a Ordem do Dia, toda e qualquer proposta deve ser fundamentada e endereçada ao Ven∴ Mestre, através da Bolsa de Propostas e Informações.

9 - cuidar para que os Irmãos pretensos “donos da Verdade” não tenham a veleidade de assumir cargos importantes na administração.

10 – manter seus dados cadastrais atualizados junto a Secretaria da Loja.

11 - é defeso a qualquer obreiro, inclusive ao Venerável Mestre, em nome próprio ou da Loja, divulgar qualquer problema existente entre membros do quadro da Oficina.

12- estar ciente de que a Loja somos todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à idéia, à palavra, à associação.

13 – para que ocorra alteração de qualquer artigo, parágrafo, inciso, alínea, ou item deste Regimento Interno, será necessária proposta
 escrita, fundamentada e assinada por três membros do conselho de Past-Masters da Loja, a qual será levada à votação em Sessão de MM∴. e somente será deferida se aprovada pelo menos por 70% (setenta por cento) dos integrantes do quadro de obreiros da Oficina.

14 – todos os integrantes do Quadro de Obreiros da Loja declaram aceitar integralmente as cláusulas e fundamentos que regem este Regimento Interno, submetendo-se ao seu rigor e comprometendo-se a cumprir fielmente as disposições nele contidas.

Fonte: JBNews - Informativo nº 216 - 01.04.2011