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APRENDIZ ACOMPANHADO DO MESTRE

(republicação)
O Respeitável Irmão Aécio Speck Neves, Orador da Loja Nereu de Oliveira, 2.744, REAA, GOB-SC, Oriente de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, por solicitação do Venerável Mestre apresenta a questão abaixo. 
aeciospeckneves@hotmail.com 

Peço o especial obséquio de me repassar subsídios (orientação ou bibliografia), a fim de atendimento ao pedido (anexo) do Venerável Mestre. “Pude observar da última sessão que o Irmão Victor apresentou dois comprovantes de presenças no Oriente de Criciúma. Uma delas foi o jantar ritualístico em que todos participamos e a outra é avulsa. O que eu soube até hoje é que os Aprendizes e Companheiros só podem fazer visitas em outras Lojas obrigatoriamente acompanhados de um Mestre Maçom de sua Loja. Por favor, obtenha esta informação com o Irmão Juk e se possível alguma legislação a respeito, para que possamos em Loja passar esta informação aos Irmãos Aprendizes. Inclusive quando eu era Aprendiz e fui visitar a loja Fraternidade Alcantarense e O Venerável Mestre daquela Loja me abordou e me perguntou qual Mestre estava me acompanhando porque se assim não fosse eu não poderia participar da Sessão”. 

OBSERVAÇÃO:

O direito de visitação por Obreiro regular a uma Loja regular é tradicional em Maçonaria e, nesse particular, não é restrito apenas aos Mestres, muito menos que Aprendizes e Companheiros careçam da companhia de Mestres para realizar uma visita regular. 

Nesse sentido ao Aprendiz são ensinados os segredos do seu Grau. Com isso ele pode se bem instruído, visitar uma Loja regular e sozinho passar por um telhamento do seu Grau. Assim também ocorre com o Grau de Companheiro. É simplesmente desnecessário o acompanhamento de um Mestre para o intento. 

O que é mesmo irregular é um Venerável não permitir o ingresso de um Aprendiz, ou um Companheiro desacompanhado sendo ele regular e quando a Loja visitada estiver trabalhando no Grau compatível ao visitante. 

O que os Irmãos precisam compreender que um Obreiro regularmente iniciado, seja ele Aprendiz ou Companheiro, tem o direito de visitação regular, sem que com isso exista alguma restrição ou orientação de obrigatoriedade de acompanhamento, desde que a visita seja em Loja com trabalho compatível ao Grau. 

Esse fato me parece não ser o caso de legislação, porém de tradição, uso e costume, inclusive conforme algumas classificações, até tratado como um “Landmark”. 

Finalizando. Tenho visto em várias oportunidades Sessões Públicas, as tais “brancas” em Loja aberta com o Oriente repleto de não iniciados (profanos), sendo homenageados, proferindo palestras, etc. 

Isso sim é irregular, posto que o Oriente seja privativo dos Mestres. Agora, condicionar visita de Aprendizes e Companheiros ao acompanhamento de um Mestre, penso que é tão irregular quanto se colocar um profano no Oriente – profano é profano, não importando seja ele uma autoridade civil, eclesiástica ou militar, bem como outros detentores de títulos não sendo eles maçons – “aqui não reconhecemos distinções mundanas”. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.151 – Florianópolis(SC) – domingo, 27 de outubro de 2013

MAÇONS FAMOSOS


FRANCESCO ANTONIO MARIA MATARAZZO (Castellabate, Itália, 1854 - São Paulo, 1937). Foi um destacado comerciante, industrial, banqueiro e filantropo ítalo-brasileiro. Fundador das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, ele estabeleceu o maior complexo industrial da América Latina no início do século XX. Conhecido popularmente como Francisco Matarazzo, também era referenciado como conde Francisco Matarazzo, conde Matarazzo ou conde Francesco.

Fonte: Facebook_Curiosidades da Maçonaria

INSTRUMENTOS SIMBÓLICOS

A Régua de 24 polegadas, o Prumo, o Nível, o Esquadro e o Compasso são instrumentos simbólicos que o maçon deve aprender a manejar com maestria.

Filosoficamente, o homem constrói a si mesmo, e, para que resulte em um templo apropriado para glorificar o Grande Arquitecto do Universo, torna-se indispensável saber usar cada um dos principais instrumentos da construção.

Dos alicerces ao tecto, todos eles são indispensáveis, e quando surgir em nosso caminho algo em aparência de incontornável lancemos mãos da alavanca. Removido o obstáculo, teremos uma edificação gloriosa que nos honrará. O Compasso é, em Maçonaria, um dos máximos Símbolos, ao lado do Esquadro e do Livro da Lei Moral, formando, com esses dois, o conjunto chamado de Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria.

Compasso – É um instrumento de metal, ou de madeira, composto de duas hastes, utilizado para traçar circunferências, arcos de círculo e para tomar medidas.

O Compasso é um dos instrumentos de trabalho e um dos tributos da Maçonaria. Este instrumento de medida e de comparação deve permitir que sejam apreciados o alcance e as consequências dos actos que devem permanecer fraternos para com todos e, muito particularmente para os Maçons. É, portanto, o emblema da Sabedoria visto que, graças ao Compasso, todas as coisas podem ser medidas ao seu justo valor.

Com o Compasso, descrevem-se círculos cujo centro ele indica nitidamente, assim como os raios e o diâmetro. Intelectualmente, o Compasso é a imagem do pensamento nos diversos círculos que ele percorre; o afastamento de seus braços e sua aproximação representa os diferentes modos do raciocínio que, de acordo com as circunstâncias, devem ser abundantes e amplos, ou precisos e estreitos, mas sempre claros e persuasivos.

O círculo centrado pelo ponto é a primeira figura que se pode traçar com a ajuda de um compasso; essa figura é o emblema solar por excelência. Ela combina o Círculo (infinito) com o ponto (símbolo do início de toda manifestação). O absoluto e o Relativo estão, portanto, representados pela acção do Compasso, que é também a figura da dualidade (braços) e da união (a cabeça do Compasso). É um dos atributos que a Divindade é representada e explicada, visto ser o vértice do mesmo uma alegoria do olho de Argos da Divindade que tudo vê, e seus ramos a claridade dos eflúvios que se derramam sobre o homem ou a matéria, neste caso, estão representadas pelo Esquadro.

É por isto que, no 1º Grau, vê-se o Esquadro colocado sobre o Compasso, manifestando assim que o homem que não vencer o seu “Eu” material, invadido pelo erro e preconceito, não pode receber completamente estas emanações da Divindade, até que lho permita seu próprio esforço por vencer suas paixões e seus vícios, por meio de uma vontade firme e incontestável.

O Compasso representa o céu, para onde o Iniciado deve dirigir suas vistas; o Esquadro representa a Terra onde o acorrentam os seus vícios e paixões.

Por isto que o Compasso simboliza o dever imperativo de dominar nossas paixões e refrear nossos desejos nos devidos limites. É o emblema mais notável da virtude e a única e verdadeira medida do Maçom. Podemos dizer que ele nos ilumina em nossos deveres para connosco mesmo.

Sabe-se que o Compasso é usado como símbolo de perfeição nas artes, visto que dele surgem as mais complicadas figuras, todas elas perfeitas e obedecendo a um centro comum, e desse mesmo modo pretende-se explicar que a Divindade, foco central de toda beleza e inspiração, derrama sobre os homens seus dons por igual.

Entrelaçado ao Esquadro, ele é usado como emblema da Ordem Maçónica. O simbolismo do Compasso é muito extenso. Além de ser o emblema da justiça com que devem ser medidos os actos dos homens, ele simboliza a exactidão, medida na pesquisa dos sentimentos pelos quais devem ser pautados os actos de cada um, a perfeição industrial, artística e científica.

O Compasso é rectidão, harmonia e compreensão da Lei e de uma realidade superior. É a moderação dos nossos desejos, a compreensão e o conhecimento da verdade, estabelecendo as perfeitas relações entre as coisas.

O Compasso é um símbolo das relações do Maçon com seus Irmãos e com os demais homens. Um dos seus ramos fixa-o num ponto, ao redor do qual a outra ponta pode traçar inúmeros círculos, de acordo com a abertura, e esses círculos são símbolos de nossas Lojas e da Maçonaria, cuja extensão pode ser indefinida.

No plano exotérico o Compasso simboliza a justiça pela qual devem ser medidos os actos dos homens, significando a prudência nas buscas empreendidas pelo Maçon. O Compasso é um instrumento que proporciona o traçar de círculos cada vez maiores, indo do zero ao infinito expressando a abrangência da arte do saber.

Do ponto de vista esotérico, o Compasso simboliza as qualidades do espírito ou mente e os atributos do conhecimento filosófico do ser infinito, o corpo astral. A amplitude de acção sugerida pelos movimentos circulares e progressivos de suas hastes expressa o quanto o conhecimento humano é capaz de atingir, quando bem dirigido, muito embora a circunscrição da totalidade seja competência única e exclusiva do Grande Arquitecto do Universo.

Segundo um autor, “o Compasso descreve círculos que se dirigem aos céus, dos quais descem as influências fecundantes. De facto, o Compasso é um símbolo masculino e representa a Potência geradora ou a Energia criadora da Divindade”.

A ponta do Compasso colocada sobre o peito desnudo do Recipiendário, assento da consciência, recorda-nos a vida passada, na qual, não só os nossos passos, como ainda as nossas ideias, ainda não eram guiados por esse símbolo de Exactidão, que, no Maçom, regula pensamento e acções.

O compasso mede os mínimos valores até completar a circunferência e o círculo. O Círculo centrado pelo ponto é a primeira figura que é possível traçar com o auxílio do Compasso. Sejamos o centro desse círculo, onde fixamos uma das hastes do compasso e, girando sobre nós mesmos, executaremos com facilidade o projecto perfeito.

O entrelaçamento do compasso com o esquadro será o distintivo permanente da Maçonaria. Nossa vida é uma prancha onde grafamos os projectos que, estudados e calculados os seus valores, resultarão no caminho completo para a construção de nosso ideal.

Uma Loja Maçónica é o único lugar onde o Esquadro se entrelaça com o Compasso, numa demonstração de aliança perfeita dos sentires de rectidão dos seus obreiros militantes. Quando unidos, deles deflui a lição que manda o Iniciado regular sua vida e acções. Lembramos que no Grau de Aprendiz, o Esquadro deve ser colocado por cima do Compasso, isto é, o Esquadro cobre os dois braços do Compasso, indicando que nesse grau não se pode exigir mais do neófito além de sinceridade e confiança, consequências naturais da equidade e da rectidão. Nesta ocasião, o Esquadro simboliza a Matéria e o Compasso o Espírito. Assim, no simbolismo do 1º Grau, esta posição significa que, no Aprendiz, a Matéria ainda domina o Espírito.

Apontando para baixo, o Compasso designa a instância da terra, onde todas as criaturas desenvolvem suas respectivas missões humanas. O Esquadro, pelo contrário, estabilizando na situação inferior com as extremidades voltadas para cima, indica as alturas celestiais para onde os homens retornarão após o término de seus dias neste mundo.

Este instrumento de medida e de comparação deve permitir que sejam apreciados o alcance e as consequências dos actos que devem permanecer fraternos para com todos e muito particularmente para os Maçons.

Fonte: Facebook_Pedreiros Livres

PARAMENTOS DA COMISSÃO

(republicação)
O Respeitável Irmão Fernando Padilha, Mestre Instalado e atual Segundo Vigilante da Loja Estrela Cambuiense, 1.696, REAA, GOB-MG, sem declinar o nome do Oriente (Cidade) e Estado de Minas Gerais, apresente a questão que segue: 
ferpa@micropic.com.br 

Por indicação da Senhora Evelise da Revista Trolha, vimos através do presente pedir orientação sobre o seguinte: Por ocasião da Sessão Magna de Instalação e Posse do Novo Venerável de uma Loja estamos com os seguintes entendimentos quanto ao uso ou não dos punhos por parte da Comissão Especial Instaladora (Presidente, Primeiro e Segundo vice-presidentes). 

1. Há corrente que entende que se a Comissão Especial composta pelos Três Membros foi designada através de ato do Eminente Grão-Mestre Estadual, estão eles representando o Grão-Mestre, e se usam os malhetes, estão investidos com o poder e a autoridade e por este motivo é preciso usar os punhos. 

2. Há corrente que entende que os três componentes da Comissão Instaladora não usam os punhos sob alegação de que este paramento não existe para o Mestre Instalado, em conformidade com a página 23 e 24 do Ritual do Mestre Maçom. 

O Poderoso Irmão Mestre de Orientação Ritualística do GOB-MG, Irmão Robson Amui e Lojas de confecções de alfaias e paramentos alegam que não existem punhos para mestre instalados, portanto, não usam os punhos por ocasião da sessão de instalação, mas não fundamentaram suas respostas. 

Desta feita, para dirimir dúvidas e preocupação nossa em seguir a ritualística, perguntamos e pedimos gentileza nos responder e argumentar por escrito, se os Três membros da Comissão Especial Instaladora utilizam ou não os punhos por ocasião da sessão de Instalação e Posse do novo Venerável.

CONSIDERAÇÕES:

A Comissão de Instalação composta por três Mestres Instalados embora nomeados pelo Grão-Mestre Estadual não é dele representante. O Ato do Grão-Mestre não exara representação, nem mesmo por um Mestre Instalado quanto mais por três representantes. 

O Ato nomeia a Comissão para realizar a cerimônia, assim não justifica esses Mestres Instalados usar punhos, já que esses paramentos, conforme o que especifica o Ritual de Mestre em vigência é privativo do Venerável Mestre da Loja, não do Presidente e os seus auxiliares que compõem a Comissão de Instalação. 

Ratificando – a Comissão designada para Instalação de um Venerável não usa punhos, simplesmente porque eles só existem para o uso exclusivo do Venerável Mestre. O Presidente e os seus auxiliares não são Veneráveis Mestres, senão ex-Veneráveis. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.150 – Florianópolis(SC) – sábado, 26 de outubro de 2013

COMPORTAMENTO ÉTICO

Enviado pelo Ir.’. Antonio Claudino - Loja Formosa União

Comportamento Ético de um Maçom

A reunião maçônica é sem dúvida um dos atos mais significativos e importantes na Maçonaria, e isso nos faz crer que, antes de dirigirmos a esta reunião, necessário se faz nos prepararmos física – psíquica e emocionalmente para que tudo aconteça dentro da nossa expectativa.

Esse preparo se assemelha ao mesmo que fazemos quando vamos a uma festa na vida profana, ou seja, com o coração e a mente receptivos aos acontecimentos alegres, interessantes e no nosso caso específico, esclarecedores.

Do mesmo modo que cuidamos do nosso interior, devemos dar atenção à nossa vestimenta, evitando o uso de tênis, alpargatas e valorizando o uso do sapato preto, que é sem dúvida o mais adequado.

A partir do momento em que nos encontramos em Loja, unidos em pensamento e com nossa intenção voltada para o mesmo objetivo, fazemos uma corrente positiva, e, logicamente atraímos do Mais Alto inspirações que nos levam a nos unir cada vez mais para o bom andamento do nosso trabalho; propiciando um ambiente leve, saudável e uma perfeita união de amor fraternal.

Todos nós seres humanos comuns, somos frágeis, sensíveis, mas temos forte em nosso coração a fraternidade que é um dos nossos lemas; por essa razão meus Irmãos é de suma importância passarmos nossas palavras pelo crivo da razão e da generosidade, pois, as palavras salutares elevam aqueles que a ouvem, entretanto, quando proferidas impensadamente, com inflexão agressiva, sem o raciocínio e a devida prudência magoam e ferem como lâminas afiadas.

A Maçonaria é uma instituição filantrópica, filosófica, que tem o objetivo de agrupar seres humanos que possuem planos futuros que se coadunam aos demais Irmãos. São homens de todas as formações profissionais, científicas, liberais, braçais, em suma, engloba todas as atividades exercidas pelo homem. O trabalho tem como meta beneficiar a todos e tem seu fundamento na amizade, na boa intenção de quem o fez, razão pela qual necessita-se abster-se de comentários não éticos.

Esse fato, no meu entender, é o mais importante e explico por quê.

São apresentados trabalhos de todos os quilates. Ao apresentarmos um trabalho que tem em mente apenas a nossa contribuição em relação à nossa vivência e com nossos conhecimentos aguardamos comentários a respeito do trabalho apresentado, comentário esse que nos oriente e que nos incentive.

Cada um de nós possui seu pensamento e sua maneira própria de agir e interpretar. Somos diferentes; alguns possuem facilidades de expressão; outros de escrita e, os mais sábios, que conseguem tirar proveito de todos os conhecimentos apresentados.

Não raros os trabalhos apresentados são longos, o que nos impossibilita de podermos tirar todos os ensinamentos apresentados. Isso é natural, porém devemos em nosso próprio lar examiná-lo e absorver na íntegra as questões nele inseridas.

No meu modo de ver somos modernistas e não donos da verdade; de tudo o que nos é oferecido, devemos aproveitar ao máximo o conteúdo desse; dar uma palavra otimista sobre o trabalho apresentado é de suma importância, pois, dessa maneira, creio eu, o apresentador terá mais motivação para apresentar outros tantos trabalhos.

Essa é minha maneira de ver as coisas, o meu modo de pensar, sentir e agir; não fazer perguntas capciosas; se a dúvida aparecer falar in off com o Irmão ou então estudar a respeito.

É óbvio que todos nós precisamos ler e estudar as bases da filosofia maçônica para possuir conteúdo quando abordar algum ensinamento. Temos Irmãos que apresentam brilhantes trabalhos e sempre procuram nos indicar o norte, com a finalidade de adquirirmos uma orientação segura. Nossa Sublime Ordem é a única organização que transforma em Irmãos pessoas de crenças religiosas diferentes, pois nela convivem harmonicamente espíritas, católicos, protestantes, budistas, maometanos, judeus e etc.

Deus, nosso Pai, sempre Se lembra de nós, suas criaturas e nos proporciona direção segura por meio de pequenas estórias que nos indicam o caminho do bem; como esta que passo a narrar-lhes.

–”Existia um maçom ilustre que sempre ministrava palestras, ilustrando-as com palavras bonitas, sábias e com muito exemplo de vida. Como seu ouvinte assíduo havia um Irmão que em silêncio assistia a suas palestras e nenhum comentário fazia. Permanecia sempre quieto em seu lugar, com sua atenção voltada para os ensinamentos que eram passados.

Alguns anos se passaram e chegou o dia do retorno de ambos para o oriente eterno.

Nosso Pai os recebeu.

O palestrante famoso, falante, foi recebido de maneira simples, entretanto, na sala ao lado aquele que apenas ouvia as palestras era recebido com grande alegria e muita festa. O orador famoso reivindicou seus direitos, pois fora ele quem ensinara tudo a todos que o ouvia. Deus apenas respondeu: ‘– Meu filho, enquanto você pregava, ele ouvia com atenção, e, no dia seguinte enquanto você não se lembrava mais do que dissera, ele os colocava em prática.’”

Nós, maçons, temos a mania de criticar a Maçonaria, que não trabalha mais como antigamente; será que estamos certos?

Vamos nos basear nessa estória acima descrita, ou seja, falar menos e trabalhar mais, sem cair no saudosismo, pensar e agir no hoje tendo consciência de que tudo depende de nós, e somos nós que faremos da Maçonaria o que achamos que deve ser feito. Se adequarmos as realizações atuais de muitos Irmãos, trabalhando juntos, lado a lado, atentos ao que podemos fazer o que é necessário realizar para que nossos Irmãos tenham no futuro boas recordações de nossas realizações, acredito que tudo será como antes.

Temos em Loja aprendizes brilhantes, é nosso dever fazer o máximo para encaminhá-los adequadamente; se conseguirmos que esses Irmãos tenham em seus corações a Maçonaria, continuando com esse amor e interesse por ela, com certeza sentiremo-nos felizes e realizados.

Nossos aprendizes possuem, além de seus interesses e competências pelas questões da Maçonaria, um excelente orientador que é o Irmão Segundo Vigilante.

Essa é a minha palavra e que Deus continue iluminando nossos caminhos.

Fonte - revista universo maçônico

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

USO DA PALAVRA E QUESTÃO DE ORDEM

(republicação)
O Respeitável Irmão Carlos Negrão Pimenta, sem declinar o nome da Loja, Rito, Obediência, Oriente (Cidade) e Estado da Federação apresenta a seguinte questão:
carlosnpimenta@gmail.com 

Poderia por gentileza me ajudar na duvida sobre a utilização da palavra, "questão de ordem venerável". Obrigado! 

DIÁLOGO ENTE O IRMÃO PIMENTA E O LAURINDO ANTES DE ME QUESTIONAR. Bom dia irm∴ Laurindo, Você teria algo sobre como o Ven∴ deve proceder quando um irm∴ diz pela ordem querendo se pronunciar, pois, pelo que percebi eh errado o irm∴ pedir para o ven∴ a palavra, o correto seria voltar a palavra nas colunas através dos vigilantes. TFA. Fraternalmente, Carlos Negrão Pimenta. 

O correto é que a palavra não volte mais às colunas. Porém se um irmão pedi-la através do vigilante, compete ao Venerável, conceder ou não. Concedendo o irmão solicitante deverá ir ao Oriente e lá falar. Vi isso poucas vezes na minha Loja mãe, a Regeneração 3ª. Que tal você enviar essa questão ao Pedro Juk ? ele responderia com mais propriedade, e todos aprenderíamos. Abrç. Laurindo. Então na minha loja isso ocorre com frequência. O irmão diz pela ordem e já engata uma terceira sem mesmo ate esperar o venerável conceder ou não. Como isso não esta certo, achei interessante saber o proceder correto para não afetarmos a ritualística. Eu não conheço o irmão Pedro Juk, poderia por gentileza me passar o contato? Carlos Negrão Pimenta.

MINHAS CONSIDERAÇÕES:

A AMPULHETA

Sérgio Quirino Guimarães
ARLS Presidente Roosevelt, Nº25 - GLMMG

A ampulheta é um instrumento usado para medir o tempo, que se encontra na Câmara justamente para provocar reflexões.

Assim como a régua, o esquadro e o compasso, devemos entender a importância de termos em mãos este instrumento. Ao manuseá-lo materializamos o passar do tempo e a efemeridade das picuinhas materiais.

Não podemos acreditar que a vida é efêmera. A mediocridade do viver é que torna-a passageira. A visão simplista da ampulheta com a areia escorrendo como contagem do tempo nos impede de ver que a parte de baixo está se completando.

A mensagem da Ampulheta Maçônica está na consciência das leis naturais e imutáveis. A gravidade, que puxa a areia para baixo, encontra resistência no pequeno orifício entre os dois recipientes. Assim como o homem pode alargar este orifício através de maus hábitos mentais e físicos, pode também aumentar o volume de areia na parte superior pela retidão do espírito.

Não há ampulheta tão grande que possa representar uma vida humana. Todos nós, periodicamente, fechamos ciclos, ou seja, viramos a ampulheta. A questão é nos darmos conta de que após a virada teremos um tempo determinado para realizar algo. Se não o realizamos, foi um tempo perdido, foi um tempo efêmero.

Às vezes, encontramos a ampulheta decorada com asas, sugerindo que o tempo voa. Isto acontece apenas quando tiramos os pés do chão em doces devaneios ou os fincamos em inerte ação perante a vida.

O tempo é o grande aliado do homem “Existe um tempo próprio para tudo, e há uma época para cada coisa debaixo do céu... um tempo para nascer e um tempo para morrer; um tempo para espalhar pedras, um tempo para juntá-las; um tempo para a guerra, e um tempo para a paz”. Por isso, não há nada melhor para o ser humano do que ser feliz e gozar a vida na sua plenitude, tanto quanto puder.

SEJA SENHOR DA AMPULHETA DA SUA VIDA. A CONSCIÊNCIA DA PASSAGEM INEXORÁVEL DO TEMPO DEVE NOS FORTALECER NO DESPRENDIMENTO MATERIAL E NA AÇÃO ESPIRITUAL.

Este artigo foi inspirado no livro “CARTILHA DO APRENDIZ” do Irmão José Castellani, que na página 81, nos instrui:

“A Ampulheta, ou relógio de areia, é o símbolo do tempo. Considerando-se o tamanho das ampulhetas e a rápida movimentação das areias, elas marcam somente pequenos espaços de tempo; dessa maneira, a sua presença na Câmara lembra, ao Candidato, a efemeridade da vida humana, a qual, por isso mesmo, deve ser aproveitada, ao máximo, para concretizar as grandes obras do espírito humano.”

Neste nono ano de compartilhamento de instruções maçônicas, mantemos a intenção primaz de fomentar os Irmãos a desenvolverem o tema tratado e apresentarem Prancha de Arquitetura, enriquecendo o Quarto-de-Hora-de-Estudo das Lojas.

Precisamos incentivar os Obreiros da Arte Real ao salutar hábito da leitura como ferramenta de enlevo cultural, moral, ético e de formação maçônica.

Fonte: Facebook_O Templo e o Maçom

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

TEMPO DE ESTUDOS

(republicação)
Questão que faz o Respeitável Irmão Orlando Gladstone Albuquerque Lustosa, Venerável Mestre da Loja Dirceu Torres, 1.936, REAA, GOB-DF, Oriente de Brasília, Distrito Federal. 
orlandogladstone@gmail.com 

Ao tempo que o cumprimento saudando-o com muita Paz Saúde e Prosperidade venho através deste parabenizá-lo pela dedicação e zelo para com os assuntos maçônicos. 

Como Venerável da Loja Dirceu Torres nº 1936 do Oriente de Brasília, Distrito Federal suplico dirimir dúvida quanto ao correto entendimento da utilização do Tempo de Estudos, pois no que tange aos Aprendizes, por entender que nossos rituais limitam a soletrar letras e estarem sob julgo constante, além de fomentar o paradoxo, quanto ao processo de ensino que nossa Ordem no que tange ao Rito Escocês Antigo e Aceito nos propõe em situação de utilização do Tempo pelos Aprendizes. 

Neste sentido o Tempo de Estudos pode ser ocupado pelos Aprendizes? Seria correto transferir a apresentação dos trabalhos de Aprendizes para a Ordem do Dia? Posso também utilizar tal entendimento para os Companheiros?

CONSIDERAÇÕES:

É perfeitamente exequível o Tempo de Estudos para Instruções aos Aprendizes, Companheiros e Mestres. Mesmo as instruções previstas nos respectivos rituais, eu tenho sugerido que as Lojas as desmembrem por tópicos, para que não se caia na monótona dialética repetitiva. 

Da mesma forma, o período pode ser utilizado para apresentação de peças de arquitetura inerentes à instrução dos respectivos graus. Quanto à apresentação de trabalhos na Ordem do Dia estes ficariam restritos àqueles que preveem o aumento de salário, cujas ponderações dependerão de votação para o intento. Reforço também que Ordem do Dia é período organizado para assuntos que dependam de votação. 

Retomando a linha inerente às instruções maçônicas, as Lojas devem organizar instruções para os respectivos Graus, além daquelas mínimas previstas nos rituais. O que é bastante recomendável é que as Lojas realizem Sessões de Instrução que podem, para melhor aproveitamento do debate, serem realizadas à moda administrativa. 

À bem da verdade, tempo de estudos e instruções nunca fizeram genuinamente parte do ritual, senão a sua previsão como elemento pedagógico na escalada iniciática dos três graus da Maçonaria. 

Nesse modo, as Lojas programavam no seu calendário reuniões especiais para tal. Como aqui no Brasil uma grande maioria das Lojas simplesmente não atendia a esse importante e imprescindível costume, salvo engano, a partir de 1.965 resolveu-se inserir esse período no ritual e elaborar instruções para amenizar o desrespeito com a cultura e educação maçônica. 

Embora essa tentativa, nem sempre existe respeito pela instrução, dado que não raras vezes ouvimos “pelo adiantado da hora vamos suprimir o período de instrução”. 

Pelo exposto e finalizando em atenção a vossa questão, nas Sessões Ordinárias a apresentação de trabalhos na Ordem do Dia somente aqueles que objetivam o aumento de salário, tanto para Aprendizes como para Companheiros. 

Outras instruções e peças de arquitetura, utilizar de maneira prevista e organizada o período indicado como Tempo de Estudos (quarto de hora de estudos). 

T.F.A. PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com 
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.146 – Florianópolis(SC) – terça-feira, 22 de outubro de 2013

PÍLULAS MAÇÔNICAS

nº 62 - Antimaçonaria – Leo Taxil


Gabriel Jogang Pagés, francês nascido em 1854, com o pseudônimo de Leo Taxil, tornou-se origem das acusações de luciferismo e cultos satânicos contra a Maçonaria, acentuando a discordância entre esta última e o Clero.

Leo Taxil teve uma juventude turbulenta, estudando em diversos colégios católicos dos Jesuítas, sendo expulso de alguns deles e sai da casa paterna antes dos 16 anos.

Dedicado inteiramente ao jornalismo, em 1871 já com o pseudônimo de Leo Taxil, para ludibriar seu severo pai, ingressa no “A Igualdade”; funda posteriormente o “La Marote”, a “Jovem República” e em 1874 dirige “O Furacão”.

Em todas essas ocasiões, seus artigos eram uma seqüência de folhetins anticlericais, dos mais violentos, sofrendo diversos processos por excesso de linguagem. Em 1876, foge para a Suiça, voltando posteriormente a Paris. Tinha 24 anos e começa uma carreira vertiginosa uma vez que os republicanos e anticlericais triunfavam. Em 1879 funda a Biblioteca Anticlerical e alimenta a França com uma enxurrada de panfletos sensacionalistas. Ganhou, com o passar dos anos, muito dinheiro e diversos processos movidos pelo Clero.

Em 1881, Taxil havia sido Iniciado na Loja Maçônica “Os Amigos da Honra Francesa”, da qual foi expulso após dez meses, ainda na fase de Aprendiz.

O interesse pela sua literatura sensacionalista decai, as vendas sofreram brusca queda, o que fez que, em 1885, após intensa atividade anticlerical, Leo Taxil declara-se “convertido”, repentinamente, sem transição alguma. Confessa-se e passa a viver com os clericais freqüentando bibliotecas religiosas e aplica um novo golpe: começa a escrever contra a Maçonaria.

Assim, na condição de “católico penitente”, dedica-se, a partir de 1885 à publicações antimaçônicas. Seus livros descreviam rituais maçônicos entremeados de fantasias mirabolantes, passando posteriormente, a inventar e descrever rituais fantásticos, cultos luciferinos, satânicos. Esses livros eram devorados pelos leitores ávidos de sensacionalismo, tornando-se um grande e lucrativo negócio.

O negócio floresceu e chegou ao ponto culminante com a invenção de “Miss Diana Vaughan” no seu livro “As Irmãs Maçons”, onde tal personagem era a sacerdotisa de um culto demoníaco feminino a que chamou de Palladismo. Tal personagem queria livrar-se das garras do satanismo e voltar à Santa Igreja Católica mas era impedida pelos Maçons.

As autoridades eclesiásticas apoiavam de público e através de cartas as “revelações” do autor, chegando algumas delas a oferecer auxílio à fictícia Diana Vaughan. Em visita ao Vaticano, Leo Taxil foi cordialmente recebido por Cardeais e teve uma entrevista pessoal com o próprio Leão XIII.

As obras de Taxil foram traduzidas em diversos idiomas e seus artigos publicados em revistas e jornais católicos. Outros autores, influenciado pelo sucesso de Taxil, e tomando-o como referência, começaram também a explorar o mesmo tema. Durante doze anos toda essa miscelânea de imbecilidades forjadas por Leo Taxil foi devorada por um público cativo.

Apesar da desconfiança de algumas autoridades de tudo não passar de um embuste, os livros de Taxil continuavam a ser vendidos. Sua influência crescia também em outras nações, a ponto de na Espanha e Bélgica serem formadas comissões especiais para investigação da Maçonaria.

Até que finalmente, na Itália, em setembro de 1896, realizou-se um Congresso Antimaçônico em Trento, incentivado pelo Papa Leão XIII. Lá, algumas manifestações de descrédito dos exageros de Taxil começavam a aparecer. O monsenhor alemão Gratzfeld, provou que Miss Diana Vaughan era um embuste, mas não foi levado a sério.

Comissões foram criadas e aí começaram a aparecer dúvidas sobre a veracidade dos escritos e das personagens. Começava, assim, o fim de uma mistificação.

Depois de muito relutar, na Sociedade Geográfica de Paris, Taxil denunciou sua própria fraude, gabando-se de ter conseguido iludir as autoridades eclesiásticas por doze anos. A reação às declarações de Taxil foi de tal ordem que ele teve de deixar o local sob proteção policial. Não mais se ouviu falar sobre Taxil que veio a falecer em 1907.

Eleutério Nicolau da Conceição em Maçonaria Raízes Históricas e Filosóficas - 1ª edição - São Paulo - Editora Madras - 1998, esclarece: “todavia, aplica-se a este caso a conhecida figura do travesseiro de penas sacudido ao vento: é impossível recolher todas as penas”. De tempos em tempos, aparecem livros antimaçônicos, inspirados nas idiotices de Leo Taxil, ou de outro autor inspirado por ele.

E, assim, os Maçons norte americanos, que periodicamente sofrem campanhas movidas por igrejas fundamentalistas, repisando sempre as mesmas teclas de Leo Taxil, referem-se à fraude como “The lie that will never die” – a mentira que nunca morrerá.

Fonte: pilulasmaconicas.blogspot.com

MAÇONARIA: QUEM SOMOS? O QUE FAZEMOS?

Valdemar Sansão – M:. M:.

Nós homens, Maçons ou não, estamos cercados de muita vaidade, orgulho, arrogância e fundamentalmente da falta de humildade.

O Maçon na sociedade actual – a nossa Ordem tem sistematicamente, através dos tempos, oferecido aos seus membros oportunidades de evolução pessoal, para que se transformem numa poderosa força do bem, como influentes construtores sociais. Muitas tentativas foram feitas, e a história nos diz, muitas, infrutíferas, devido à intolerância; grande número alcançou seus objectivos.

Temos apregoado que há necessidade de um número maior de homens de qualidade em nossa Ordem, para que possamos dar oportunidade a homens sinceros se prepararem para o serviço na sociedade, segundo os princípios das tradições iniciáticas. Com isto e com a participação do homem Maçon na sociedade haverá uma correcção dos profundos erros políticos e sociais, para a defesa da liberdade de consciência, da justiça e da verdade, seja ela qual for. No Brasil, há liberdade de acção, prevista pela nossa Constituição, mas há dificuldades múltiplas na prática de nossas manifestações, em grande parte pela ignorância do povo em geral sobre nossa Instituição, e em parte pela falta de objectividade na acção do próprio Maçon na sociedade, que muitas vezes deixa de definir aonde ele quer chegar.

Não é novidade para ninguém, que a elite brasileira não é muito sensível às preocupações gerais do nosso País. Se considerarmos que nosso País ainda luta contra suas deficiências básicas, tais como a educação, a moradia, a saúde, o saneamento básico, e a segurança.

O interessante é que muitos falam e poucos assumem, e nós Maçons, de tantos passados históricos, somos apontados em muitas ocasiões como a esperança moral do povo.

O Maçon sempre foi um insatisfeito, e sempre que na história surgem elementos novos, redimidos pelo saber e pela instrução, e outros que provocam a queda espiritual e moral do homem, o Maçon sempre tem reclamado e interferido. Seria interessante sabermos o que o Maçon pode verdadeiramente fazer na sociedade actual e diante dela. Para isto talvez não baste entendermos o que ocorre na sociedade actual, mas precisamos nos conhecer a nós próprios e nossas pretensões.

Quem somos? O que fazemos? Estas questões aparentemente simples são amplas e podem ser encaradas sob vários aspectos, mas, dois são básicos:
  • Nós Maçons somos hoje um grupo de homens espalhados pelo País, com princípios bem definidos pelos nossos Rituais, mas com regras não totalmente bem definidas pela nossa Constituição e Regulamentos, com decisões sem muita repercussão, fora de nossos Templos. Cumprimos nossas obrigações perante nossas Obediências e nossas Lojas, afinal juramos isto!
  • Somos um grupo de homens, cuja decisão sobre o que discutimos, e sobre o que precisamos na sociedade, não tem, muitas vezes atravessado a rua em que se encontra a nossa Loja! Infelizmente esta afirmativa não é exagerada. Muitas vezes dentro de nossos Templos somos combativos, “verdadeiras feras” em defesa do bem, do menor, da democracia, dos princípios basilares, reclamamos da sociedade e de tantas outras necessidades do homem no mundo actual. Nestes aspectos, o Maçom, sem sombra de dúvidas, não é um privilegiado, pois fala muito e faz pouco! É claro que entendemos que este comportamento é uma função quase que directa das circunstâncias da precária vida e da formação do homem na época actual, mas continuo entendendo que o Maçom, nestes aspectos, ainda não é privilegiado…
Por outro lado, entendemos também, e com o tempo a passar aprendemos serem nossos Templos um desafio à nossa responsabilidade e a filosofia é a luz que ultrapassa as barreiras físicas e mentais por nós conhecidas. É a luz que nos mostra no céu as estrelas que nos orientam nos dando acesso ao conhecimento e à vida de um modo geral, e é a luz que consolida o nosso passado, levando-nos a pensar no futuro! Sob este aspecto, entendemos que o Maçon não só é privilegiado como brilhante, e até muitas vezes convencido da necessidade de um aperfeiçoamento.

O Maçon agora é privilegiado sim, porque assume com estes programas um compromisso com a liberdade intelectual e espiritual do homem, cujo limite, sabemos, é o infinito…

Assim, à sombra deste privilégio, e à frente dos nossos olhos, vários caminhos podem ser tomados diante da sociedade em que vivemos; a questão é: qual tomar?

É bem conhecido que o Maçon não cultua o poder, notadamente o poder político, e muito menos o cortejamos, mas temos a obrigação de prepararmos nossos membros para que exerçam dignamente o poder quando convocados para servir a sociedade. A questão é como encarar a sociedade com conceitos e princípios que defendemos…

Desta forma, faz parte do nosso convívio como homens de bem, como actuação, oferecer o direito de cobrar dos que se encontram no poder, posições de competência, austeridade, sensatez, igualdade e moralidade. A sociedade actual muito pouco sabe sobre nossos propósitos, e reluta muitas vezes em aceitar nossa Sublime Instituição, duvidando da nossa eficiência. Nossa grande preocupação é que nós mesmos duvidamos de nossas actuações e de nossa eficácia.

Nós homens, Maçons ou não, estamos cercados de muita vaidade, orgulho, arrogância e fundamentalmente de falta de humildade, que nos assolam em todos os momentos de nossa vida, reverenciando o mal.

Nós escolhemos nossos caminhos e nossa Ordem, por vontade própria e sem constrangimento ou coação. Se não tivermos consciência do que queremos podemos livremente procurar nossa realização em outro lugar.

O que precisamos mesmo é nos aproximar da sociedade profana; caminharmos até ela, convivermos com suas dificuldades, seus prazeres, com sua sabedoria e com sua ignorância. Isto é difícil, mais para a Maçonaria, sociedade repleta de princípios bem definidos, e com a vontade de fazer, e fazendo o melhor, pode tornar-se viável.

Muitas vezes, o Maçon é brilhante, bem preparado, repleto de conhecimentos, mas é tímido e se envergonha de chegar à sociedade, e oferecer algo em favor dos outros. Se formos ao encontro dos reais objectivos de nossa Ordem, e deixarmos de justificar nossos melindres e preconceitos mais fortes, e provermos as necessidades do Irmão, naquilo que lhe der oportunidade de criar e lhe der liberdade de pensamento e acção, já estamos próximos do cumprimento de nossas obrigações. Entre as quais destacamos o papel de manter e formar o homem do bem!

Vamos a eles! Podemos contar com o seu apoio e o nosso nunca lhes faltará.

Favorecer o ser humano, com base no amor ao próximo, amor fraterno, demonstra acima de tudo a compreensão pura e simples da prevalência do espírito sobre a matéria.

Não nos permite o mundo actual, ficarmos encerrados em nossos Templos, fazendo juras de fidelidade, num circuito fechado, inconsistente. Temos que participar. Afinal, não somos uma obra exclusiva de nosso tempo, e sim de muitas épocas, e por esta razão somos responsáveis pelo que mantemos. Temos que nos aproximar da sociedade e não nos afastarmos dos seus problemas, quebrando o antigo tabu da falta de aproximação e do diálogo. É chegado o momento de definirmos uma boa razão para vivermos e até mesmo de pertencermos à Maçonaria.

O Maçon chegou a uma conclusão de que temos que nos unir e trabalhar juntos, e que não adianta nos lamentarmos levantando protestos dentro dos nossos Templos contra os erros da sociedade de hoje, que, aliás, são muitos; o que temos que fazer é trabalhar para o bem, até mesmo numa tentativa frenética de erguermos a moral de nosso povo, hoje abatido, infeliz e sem muitas perspectivas sólidas para o futuro. O Maçon tem sempre que levar aos seus arredores mais próximos seus conhecimentos, que em média são muito superiores que os da grande maioria deste povo brasileiro sofrido, muitas vezes por falta de oportunidade e em grande parte desprovido de princípios.

Esqueçamos nossas desavenças, nossas dificuldades, passemos ao entendimento mútuo, e nos unamos em torno do bem e da tolerância. Perdoemos nossos erros, pois até o direito de errar é sagrado, desde que corresponda ao intransferível dever de assumir a consequência do que se praticou.

Fonte: http://www.brasilmacom.com.br

terça-feira, 27 de agosto de 2024

POSIÇÃO DOS PÉS EM ESQ∴ NO REAA

Em 18/11/2023 um Respeitável Irmão de uma Loja do REAA, GOB-SP, Oriente de São Paulo, Capital, apresentou a dúvida seguinte.


POSIÇÃO – PÉS EM ESQ∴

Por gentileza, peço um esclarecimento sobre a alteração no sinal de ordem do Aprendiz, quanto ao posicionamento dos pés, bem como na marcha.

Na minha Loja se está discutindo muito isso, e querem saber de onde e quando tem essa orientação que os pés devem seguir a posição oblíqua do pavimento mosaico, pois todo o conhecimento que se temos desde sempre, e em todos os lugares do mundo em que irmãos da Loja já visitaram, a posição dos pés é apontado para a frente e o outro em esquadria para a lateral.

Peço ao Irmão essas informações para entendermos e sanarmos as dúvidas dos irmãos.

Em tempo, sito que muitos irmãos bem antigos de Ordem e estudiosos, estão relutantes a essa modificação, e não encontram justificativa para isso.

Se o Irmão puder esclarecer, agradecemos imensamente.

CONSIDERAÇÕES:

Os pés em esquadria, dispostos naturalmente sobre o pavimento - e não andando de lado – tem como referência a disposição do Pav∴ Mos∴, de aparência oblíqua no REAA. Deste modo, segue-se as orientações previstas no SOR – Sistema de Orientação Ritualística oficial do GOB.

No tocante às discussões sobre o tema, entende-se como natural a relutância de alguns Irmãos, já que a grande maioria, inclusive este que vos escreve, aprendeu errado em rituais anacrônicos, principalmente no Brasil, que tem a característica de misturar várias vezes em um rito, práticas e procedimentos de outros ritos. Infelizmente estes desacertos acabam se consagrando pela insistência da sua aplicação, ao ponto de enfrentar levantes de satisfeitos que não admitem “correções”.

Apontar o pé esquerdo para frente não é prática original do REAA, pois tal como os “Antigos” de 1751 (vide a história dos Modernos e Antigos), o ritual de 1804 (o primeiro para o simbolismo do REAA) trazia, no trato dos passos sobre o Pav∴, a simples orientação de que eles eram oito passos normais para frente – observe-se que naquela época não havia ainda a marcha separada por grau.

No que diz respeito à disposição natural dos ppas∴ e dos pp∴ em esq∴, aberta para a frente, é porque se seguem os costumes revelados na exposure “The Three Distinct Knocks”, uma revelação datada de 1760 atinente à Grande Loja dos Antigos de 1751 na Inglaterra. É oportuno salientar que esta revelação (exposure) foi uma das referências para a construção do primeiro ritual do simbolismo do REAA na França em 1804. Neste pormenor, sugere-se o estudo da história das revelações (traições), denominadas genericamente mais tarde pelos pesquisadores como “obras espúrias” – vide, como exemplo, Masonry Dissected, Samuel Pritchard, 1730 e A Ordem dos Franco-maçons Traída, Abade Perau, França, século XVIII, duas das principais “revelações” de época, na Inglaterra e na França.

Ainda em relação aos ppas∴ e a posição dos pp∴, de acordo com os costumes dos autodenominados “Antigos”, o p∴ e∴, ou d∴, não fica apontado para a frente. Esta característica pode ser aferida em se observando como se faz o Pas∴ Reg∴ da Maçonaria inglesa, que por circunstâncias históricas acabou também influenciando a vertente escocesista da Maçonaria francesa.

Já a outra vertente francesa, aquela implantada pelos Modernos ingleses e que deu base à construção do Rito Moderno, e por extensão ao Rito Adonhiramita, também, se diferenciou dos “Antigos” neste particular por dar os ppas∴ do grau com os pp∴ apontados para a frente. Sobre esta história, sugere-se o estudo dos Modernos e Antigos da Maçonaria inglesa, a implantação da Maçonaria na França no século XVIII pelos ingleses e as duas vertentes francesas, a dos stuartistas e a dos modernos.

No tocante à evolução dos rituais do REAA, pós Lojas Capitulares, dentre outros, o rito também adotou um Pav∴ Mos∴ como um dos ornamentos da Loja. Todavia, diferente do Pav∴ construído com um tabuleiro de xadrez e era normalmente representado por um tapete quadriculado ao centro da Loja, o do REAA ocupava todo o Ocidente, e tinha seus quadrados brancos e pretos dispostos de moto oblíquo.

Foi desta forma que o Pav∴ Mos∴ se consagrou na decoração da Loja no escocesismo simbólico, mantendo-o até os dias atuais A sua disposição oblíqua justifica-se porque cada um dos quadrados, branco ou preto, fixados em diagonal, orientam, sobre o eixo do Templo, os passos nas Marchas de Aprendiz e de Companheiro. Neste caso o Pav∴ Mos∴ serve como referência para a colocação dos pp∴ uunid∴ pelos ccalc∴ formando uma esq∴ aberta para a frente (a mesma posição do Esq∴ sobre o L∴ da L∴).

NOTA: Autores autênticos e respeitados como Theobaldo Varolli Filho no seu Curso de Maçonaria Simbólica, Tomo I – Editora Gazeta Maçônica, São Paulo, 1971; Renè Joseph Crarlier em seu “Pequeno Ensaio de Maçonaria Simbólica” – Editora Traço, São Paulo, 1961, Joules Boucher, em “La Symbolique Maçonnique”, Dervy-Livres, Paris, 1979, demonstram claramente a posição dos pp∴ em esq∴ aberta para a frente, como deve ser no REAA.

Dito isto, infelizmente aqui no Brasil, por circunstâncias adversas, foram criados muitos rituais do REAA com passagens ritualísticas enxertadas e misturadas com práticas de outros ritos, principalmente dos ritos Moderno e do Adonhiramita e, em alguns casos, também do York (inglês e norte-americano).

Não obstante a isto, em 1927 houve, também, a primeira grande cisão na Maçonaria brasileira, resultando com isto a criação das Grandes Lojas Estaduais brasileiras. Dado a essa ocorrência é que aparece em 1928 outro ritual para o REAA, o qual ficaria conhecido como o “REAA de Béhring”, graças às diferenças ritualísticas oriundas de inserções e acomodações indevidas encontradas nesse ritual. Dentre outros, nele aparece um Pav∴ Mos∴ quadriculado com aparência de um tabuleiro de xadrez, colocado no centro do Ocidente. Deste modo, esta disposição do pavimento fez com que durante a marcha o p∴ e∴ se ajustasse ao tabuleiro de xadrez, ficando, desta forma, o p∴ apontado para a frente, tal como fazem os maçons do rito Moderno e do Adonhiramita.

Desta maneira, tudo ao melhor gosto do "achismo", mais uma vez o REAA foi contemplado com práticas alheias à sua originalidade. Como uma “colcha de retalhos”, lhe dão suporte determinados rituais anacrônicos, os mesmos que geralmente os “estudiosos” os têm como corretos verdadeiros.

Assim, à vista de tudo o que foi até aqui comentado, o GOB não está "mudando" nada, porém está tentando voltar à autenticidade de Rituais que se banham em água limpa.

Quanto aos Irmãos que viajaram até a Europa e lá viram o “pé apontado para a frente”, me atrevo a garantir que isso não é original no REAA, a despeito de que por lá também existem muitos erros, principalmente nos redutos maçônicos latinos.

Ao contrário de que no "mundo inteiro se faz assim”, não me parece que esta seja uma afirmativa sustentável ao crivo de uma pesquisa desapaixonada.

Enfim, é bom alertar que existem pelo Mundo muitos rituais anacrônicos que foram construídos sobre vícios e invenções ritualísticas. Seus conteúdos são nocivos e agridem, muitas vezes, razão e a ordem doutrinária.

Os rituais primitivos do REAA para o seu simbolismo foram construídos na França a partir de 1804 e aperfeiçoados ao longo do século XIX até meados do XX. Ainda no século XIX o REAA passou no Grande Oriente da França pelas vicissitudes capitulares, em um outro importante período da sua história. Inegavelmente, isso também serviu como interferência no desenvolvimento da sua liturgia, portanto, também é preciso se levar em conta este acontecimento – Lojas Capitulares e o Grande Oriente da França no século XIX.

O REAA é um rito deísta de origem francesa, mas que possui forte influência da Maçonaria anglo-saxônica (teísta), tudo graças ao suporte que lhe foi dado pela exposure "As Três Pancadas Distintas" quando da construção do seu primeiro ritual para o simbolismo. Assim, sugere-se também o estudo dos três documentos básicos que serviram de suporte para a construção do primeiro ritual para o seu simbolismo: As Três Pancadas Distintas (1760), o Regulador do Maçom do Grande Oriente da França (1801) e a Loja Geral Escocesa de Paris, criada em 1804 para gerenciar a construção do 1º Ritual (extinta em 1816).

Mediante a isto e por uma meticulosa observação, é possível se descobrir as inserções temerárias que desfiguraram a autenticidade do ritual, do REAA, notadamente por conta das Lojas Capitulares que foram impostas pelo Grande Oriente da França em 1816. Nesta conjuntura, vale também arrecadar subsídios estudando a história do II Supremo Conselho do REAA, o de Paris.

Por fim, é bom lembrar que originalmente o REAA, conhecido na Europa como Rito Antigo e Aceito, não possuía na arquitetura do seu templo o Oriente elevado e separado. Influenciado pelos Antigos de York, o REAA primitivamente possuía uma sala da Loja muito parecida com a do Craft. Não é à toa que o REAA, rito de origem francesa, até hoje tem o seu 2º Vigilante posicionado, à moda inglesa, no meridiano do Meio-dia.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

À SOMBRA DOS MITOS - SINAIS DE RECONHECIMENTO, SEGREDO, FRATERNIDADE...

Autor: François Cavaignac
Tradução: José Filardo

A Maçonaria, cuja originalidade consiste em misturar ritual e reflexão, tradição e modernidade, simbolismo e solidariedade, não escapou do mito. Ela tem uma dúzia de histórias ou referências míticas que ela emprestou do fundo cultural judaico-cristão e que lhe permitiu desenvolver uma visão particular do mundo.

Em relação à mitologia clássica, ela selecionou seus temas preferidos: ela não destaca Édipo, Sísifo ou Eros, Zeus ou os Titãs, Orfeu e o submundo, belas deusas e ninfas imprevisíveis, heróis metamorfoseados, monstros fabulosos ou histórias de amor e incesto. Mas encontramos o crime (assassinato de Hiram), tantas vezes presente nas relações entre os deuses pagãos; encontramos a questão da transmissão do conhecimento (as duas colunas) colocada por Prometeu ou Hermes; encontramos a culpa do homem envolvendo a vingança de Deus (o Dilúvio e a Torre de Babel).

Basta dizer que a mitologia maçônica, apesar de dimensões restritas, não pertence menos à mitologia universal. Ela pode se articular em torno de três eixos: primeiro, a construção do Templo, imagem fantasista do templo de Salomão. Este edifício é tanto o próprio templo interior de cada maçom que deve dominar sua natureza, e o templo exterior representado pela Cidade ideal; em todos os casos, assume-se que permanece inacabado. Em segundo lugar, a lenda de Hiram, transposição de múltiplos arquétipos, retomada parcial do mito de Ísis e Osíris, símbolo da transcendência diante da finitude humana, realização de um destino e esperança de uma ressurreição. Finalmente, o mito de cavalaria que não só penetrou o ritual desde o grau de aprendiz (cerimônia de iniciação), mas também promove os valores tradicionais atribuídos a esta instituição: honra, coragem, lealdade, generosidade, altruísmo. Tal como o conjunto da sociedade, o fascínio cavalheiresco também permeia a Maçonaria.

Esses mitos – com a exceção da cavalaria – aparecem nas Antigas Obrigações que, entre 1390 e 1720 são os textos de referência dos maçons operativos que serviram de corpus para o desenvolvimento da Maçonaria moderna. Estes manuscritos (cerca de cento e trinta cópias) geralmente incluem uma história lendária da profissão do construtor e uma lista dos deveres morais e profissionais dos pedreiros. Existem ali também muitas ocorrências religiosas: invocações a Deus ou os santos, à Virgem Maria ou à igreja, busca da salvação da alma, referências e histórias bíblicas, orações. Uma interpretação espiritualista deduzida ali, instalada no corpus maçônico no início do século XVIII: entre 1710 e 1750 escolhas ideológicas decisivas relacionadas aos mitos foram feitas: apagamento de Euclides e eliminação de Noé em favor de Hiram e Salomão, uso sistemático de elementos bíblicos, a promoção do Deus único. Esta concepção é hoje dominante no espaço reflexivo maçônico.

Uma releitura secular e racional dos mitos maçônicas foi necessária; ela desafia muitas concepções tradicionais, mas esta nova visão alternativa não é destrutiva: ele não tem a pretensão de se livrar de Deus nem de outros atributos do modelo dominante, mas ela prefere a geometria, fonte de outras Ciência e local de raciocínio dedutivo. Para ela, o mito comporta tanto a imaginação quanto a razão: é claro que a razão produz mitos e os mitos mais irracionais têm uma razão.

Mas o maçom, na busca incessante do sentido que lhe sugere a presença de seus mitos, deve reabilitar aqueles que lhe atribuem uma finalidade de compreensão lógica da razão do mundo. Por esta inteligibilidade adogmática distante dos abusos espiritualistas de discurso meloso, e sem negligenciar uma certa consciência mítica, ele cumprirá totalmente sua missão: compreender, aprender, construir e transmitir.

Dois personagens míticos eliminados: culpa de Hiram?

Euclides, a fonte racionalista esquecida

O Manuscrito Regius (1390), o mais antigo texto das Antigas Obrigações, começa com uma fórmula claramente significativa:

“Aqui começam os estatutos da arte da geometria segundo Euclides.”

Não só Euclides é o padrinho do Regius, mas lhe é creditado ser o criador das sete ciências; em todas as ações atribuídas a ele, Euclides sempre age de acordo com os princípios da razão geométrica, tornando-se um homem providencial. Ele é também – embora este ponto seja totalmente omitido pelos espiritualistas e historiadores maçons – aquele que pela primeira vez formaliza as regras de organização e funcionamento do ofício.

Ele é, assim, o autor de quatro “obrigações” decisivas:
  • A obrigação de transmissão recíproca: aquele que é mais avançado na arte da geometria deve instruir os menos dotados, a fim de aperfeiçoar e esta instrução deve ser recíproca;
  • O dever de fraternidade: os homens que praticam a arte devem “amar a todos como irmãos e irmãs”;
  • A designação de um mestre: o mais avançado na arte deve ser chamado de “mestre” para homenageá-lo particularmente;
  • O respeito mútuo: os maçons, para o bem da unidade, devem se chamar companheiros entre si, qualquer que seja o seu nível profissional.
Outro texto das Antigas Obrigações, o Manuscrito Dumfries no. 4 (C 1710) apresenta Euclides como aquele que cria quatro novas medidas verdadeiramente constitutivas da Maçonaria especulativa: a criação em forma de Ordem, o sinal de reconhecimento, o segredo e a regularidade do trabalho em loja.

Apesar desse papel essencial, Euclides não foi mantido como um mito da Maçonaria moderna: Anderson o cita pouco e os rituais desenvolvidos no decorrer do século XVIII, lhe atribuem apenas algumas evocações em alguns graus do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Noé, um destino maçônico contrariado

Noé, mito universal e um dos mais antigos da humanidade, tanto como resultado do dilúvio quanto da arca, representa na Bíblia o fundador da nova ordem mundial. Deus, vendo-o como o único justo e o único homem de integridade, conclui com ele a sua primeira aliança depois do dilúvio. Os termos dela são simples: Deus diz a Noé que ele nunca mais o amaldiçoará e, portanto, não destruirá os seres vivos como acabou de fazer. Ele, então, determina a Noé e a seus filhos uma missão de quatro pontos: eles devem ser fecundos e prolíficos; eles dominarão a natureza; eles poderão se alimentar de tudo o que há na terra, exceto o sangue; e eles deverão velar pela vida de seus irmãos, ou seja, não matar. O arco-íris será o sinal dessa aliança. Trata-se de uma nova filosofia equilibrando direitos e deveres: possibilidade para o homem dominar a natureza, mas obrigação de respeitar a vida dos outros.

Nos textos maçônicos do século XVIII, Noé é valorizado: Anderson o apresenta em 1738 como o pai da Maçonaria, cada maçom sendo um “verdadeiro filho de Noé” e Ramsay como o restaurador da raça humana e o primeiro Grande Mestre da Ordem. O Noaquismo é assim, a religião primitiva anterior a todo dogma, uma espécie de religião natural global em que todos os homens podem se reconhecer. Noé deveria ter sido o mítico fundador da Maçonaria especulativa. No entanto, ele desaparece muito rapidamente das referências maçônicas: ele já não é mencionado na edição das Constituições de 1756 e não reaparece no novo texto da Constituição Maçônica Inglesa de 1813. Ele não é mais encontrado hoje, senão no grau 21 do REAA chamado Noaquita ou Cavaleiro Prussiano e no Grau de Royal Ark Mariner, novamente praticado na França há vários anos. Como Euclides, ele foi deposto por Hiram.

Um novo rosto para Hiram: uma apresentação de sacrifício à luta de classes

O mito de Hiram é a narrativa fundamental da Maçonaria especulativa; aparecido na década de 1730, ele coloca em cena Hiram, Mestre Maçom do canteiro de obras do Templo de Salomão, que foi assassinado por três maus companheiros a quem ele não quis revelar o segredo dos mestres. Existem cerca de cinquenta versões do mito hirâmico. Mas, Hiram continua a ser o mestre perfeito, dotado de todas as virtudes humanas e de todas as competências técnicas possíveis; ao invés de revelar um segredo, ele se sacrificou e morreu: senso de Dever, recusa a ceder à fraude, ele representa no imaginário dos maçons um modelo de coragem e de vida, ao mesmo tempo um herói e um santo, o mito maçônico absoluto.

Esta lenda é incompleta porque um episódio crítico foi omitido pelos redatores maçônicos do século XVIII.

O documento sobre o qual repousa o mito, o Manuscrito Graham (1726), relata que um conflito profissional eclodiu no canteiro de obras: é uma disputa entre os trabalhadores e os pedreiros sobre salários. Hiram ocupa o cargo de vigilante de todo o canteiro de obra, mas é o próprio rei Salomão quem intervém para se chegar a um acordo: ele explica para acalmar as recriminações que todos os trabalhadores serão pagos da mesma forma, mas ele dá aos pedreiros um sinal que os trabalhadores não conheciam:

“E aquele que podia fazer o sinal onde os salários eram pagos eram pagos como pedreiros; os trabalhadores não o conheciam e eram pagos como antes.”

Embora a calma tenha voltado, Hiram se torna, portanto, cúmplice de uma torpeza de Salomão, de uma manipulação e uma mentira, apagada do texto maçônico, ostensivamente para dar a Hiram um papel idealizado.

Hiram é, portanto, o tipo de executivo dividido entre os objetivos do cliente e as queixas dos trabalhadores, defendendo até a morte os interesses da classe dominante.

As duas colunas antediluvianas, um mito negligenciado

Este mito é amplamente destacado por vários textos das Antigas Obrigações e retomado por Anderson. Ele encontra sua origem nas Antiguidades Judaicas do historiador Flavius Josephus (37-100). Ele indica que homens que tiveram a presciência de um cataclismo universal querido por Deus e que arriscava destruir a humanidade por água e fogo decidiram construir dois pilares sobre os quais todo o conhecimento seria inscrito, com o objetivo explícito de o preservar e transmitir às gerações futuras.

Pelo efeito de uma mudança de significado, uma confusão com as duas colunas do Templo de Salomão ele foi gradualmente instalado na mitologia maçônica; hoje, apenas no grau 13 do Rito Escocês o tema se mantém intacto.

Alguns aspectos são dignos de nota:
  • De acordo com as versões, passamos de quatro construtores (os filhos de Seth, terceiro filho de Adão e Eva) a um único construtor: Enoque, o patriarca antediluviano que foi levado vivo para o céu. Da mesma forma, os materiais de construção variam de pedra ao mármore, de tijolos ao latão.
  • A intenção inicial é motivada pelo medo de perder as invenções humanas; estas dizem respeito principalmente à astrologia, depois a geometria e a maçonaria. Finalmente, é Hermes que redescobrirá uma única coluna, permitindo o sucesso da operação.
Muitos historiadores maçons integram este mito no Noaquismo; essa assimilação é injustificada. Noé e as duas colunas não têm ligação alguma entre si. Noé é um personagem bíblico, enquanto que o episódio das duas colunas, invenção profana está ausente do texto bíblico; Noé é uma personagem que faz a ligação com Deus, enquanto a decisão de construir as duas colunas é puramente humana, sem um relacionamento anterior com Deus. Pode-se até argumentar que esta decisão é a marca de um desafio a Deus, os homens assumindo que arriscam perder permanentemente o que eles ganharam.

É preciso lembrar a natureza Prometeana de um projeto perfeitamente racional.

O duplo mito salomônico, ambiguidade da natureza humana

A Maçonaria é permeada pelo mito Salomoniano em dois aspectos: primeiro, a construção do Templo como o canteiro ideal e por outro lado, a pessoa do próprio rei Salomão, cujo papel é importante, especialmente nos graus escoceses. Sejam quais forem os textos, o Templo é a expressão da perfeição; ele representa o cosmos e para muitos maçons é a expressão simbólica do Templo Maçônico. Salomão é apresentado em todos os atributos da soberania: construtor, justiceiro, concedendo recompensas, presidindo todas as assembleias; na plenitude de sua glória, ele é, especialmente no REAA, o fiador simbólico da maestria sem defeito.

De acordo com a visão bíblica, Salomão é um homem sábio, possuidor do dom do discernimento na origem de sua equidade e sua tolerância proverbial, conhecimentos científicos e uma abordagem filosófica.

Esta visão é em grande parte distorcida e inequívoca. O templo não é apenas um santuário religioso, mas também ao mesmo tempo um lugar político. Sua construção interrompe o nomadismo da religião judaica e, simultaneamente funda a identidade nacional do povo judeu. Os caprichos da história fizeram dele um lugar de rivalidade e crimes, tanto religiosos quanto políticos. Salomão, por sua vez, mandou assassinar seu irmão e vários dignitários ou rivais para consolidar seu poder; depois de uma primeira parte do glorioso reino, ele se tornou infiel a seu Deus, entregando-se ao politeísmo e à poligamia, aumentando os impostos de seus súditos, usando escravos e não respeitando seus compromissos comerciais com seus vizinhos. Com sua morte, as tribos do norte se revoltaram e o país se dividiu em dois reinos.

Por que os maçons valorizam um lugar simbolicamente tão questionável e uma figura criminosa? Esquecendo-se o lado escuro dos homens e sua história, a Maçonaria quer mostrar a imperfeição da natureza humana?

A Torre de Babel, um mito amaldiçoado que se tornou benéfico

A Maçonaria propõe três grandes interpretações do mito da Torre de Babel:
  • A visão tradicionalista: construindo a Torre, os homens deram prova de orgulho e vaidade insuportáveis para Deus; a ira divina é, assim, natural, a confusão de idiomas é um castigo merecido, assim como a maldição do homem sobre a terra. Esta concepção moralizante e culpabilizante baseada na Bíblia está presente especialmente no Manuscrito Regius (1390), no Manuscrito Graham (1726) e quase totalmente no grau 21 do REAA.
  • A interpretação construtivista: ela tem sua origem no Manuscrito Cooke (c. 1400) que apresenta este mito como a capitalização da experiência adquirida pela “ciência da geometria”, que levou a uma mestria da arte de construir. Nada é dito sobre a intenção original dos homens nem sobre a vingança divina. A torre não é mais o símbolo da vaidade humana, mas torna-se o lugar da transmissão do conhecimento técnico. Estamos aqui na origem de uma visão amplamente positiva do mito.
  • A síntese Andersoniana: As Constituições de Anderson (1723 e 1738) ultrapassam as duas correntes anteriores, emprestando-lhes vários elementos. A construção da torre não tem a intenção de desafiar a Deus, este ponto não sendo mais que uma consequência; a sanção é a mesma para os homens, a da confusão de idiomas e a dispersão; mas os homens adquiriram por meio dela, uma competência excepcional que servirá ao desenvolvimento da arte de construir.
Assistimos durante quarenta anos uma inversão axiológica: seguindo-se a evolução geral da opinião a diversidade é agora uma bênção e o múltiplo é a ordem natural do mundo. Babel permanece a metáfora da desordem extrema e do excesso, mas a maioria dos maçons de nossos dias compartilha a ideia de que a diversidade é uma riqueza em nome do princípio de que é preciso “reunir o que está espalhado”. A reinterpretação regular desse mito mostra que ele não se fossiliza, Babel tendo se tornado ao longo do tempo o paradigma da unidade e da diversidade humana.

O mito no coração do homem

Todas as culturas o utilizam. É uma história que tem uma ou mais histórias; elas retratam deuses ou seres sobrenaturais ou heróis divinizados que adquiriram status divino; esses deuses têm relações entre si e com os homens. Eles muitas vezes se comportam de forma imoral, mas isso é para mostrar aos homens em contraponto aos valores morais que eles devem respeitar. Para muitos – especialistas ou simples seguidores – a natureza religiosa do mito é evidente, porque a intrigas na maior parte das vezes se refere à origem dos deuses, do mundo, do mal, da morte. Todas as religiões estabeleceram ligações com os mitos, porque eles são portadores de uma visão sagrada. Portanto, a questão dos mitos fundadores é essencial porque participa da crença coletiva em uma criação antiga, se não arcaica, expressando uma verdade reconhecida como certa e que se tornou atemporal.

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

segunda-feira, 26 de agosto de 2024