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sábado, 30 de setembro de 2023

TESOURARIA - RGF E COBRANÇA

(republicação)
O Respeitável Irmão Domingos Alexandre Meneghetti, sem declinar o nome da Loja, Oriente (Cidade), Estado da Federação, Obediência provável GOB, apresenta questões que seguem. 
meneghetty@hotmail.com 

Estou lhe enviando este e-mail para sanar dúvidas referentes a dois pontos, dentre eles um está contido no RGF - Regulamento Geral da Federação. O primeiro ponto versa sobre o art. 74, do RGF, ficou-me obscuro saber se quando for enviada a notificação via correio esta deve ser : 

a) Realizada pela tesouraria? b) Deve ser anunciada em Loja que o Irmão foi notificado sobre o débito? O segundo ponto é que preciso saber se é admissível a um Irmão levantar-se no momento da Palavra a Bem e da Ordem, e nesse momento cobrar dividas profanas e de caráter empresarial de outro Irmão presente na ocasião? 

CONSIDERAÇÕES:

Embora esse não seja o meu “campo de atuação” vou tentar dar as minhas “pinceladas”.

Na questão que se refere os itens “a” e “b” penso que de bom senso o Tesoureiro comunica a Loja na Palavra a Bem da Ordem e do Quadro em Particular que estará remetendo notificação ao inadimplente de acordo com o que preceitua o Artigo 74 do RGF, sem mencionar nome. Cumprida a notificação, o Tesoureiro informa que o ato fora consumado e aguarda o prazo determinado por Lei. De acordo com o resultado, dar-se-á prosseguimento conforme os parágrafos inerentes ao Artigo 74. O nome do inadimplente somente aparecerá se houver negociação, ou se ele não tiver atendido a primeira notificação emitida pela Tesouraria da Loja. 

Ainda nessa questão, procuro vislumbrar o senso de praticidade. Assim, compreendo que o ideal é que o Tesoureiro antes das medidas cabíveis, embora ele não seja um “preposto das corveias”, contate o devedor para tentar solucionar a questão. Verifique “in loco” com o Irmão o que está acontecendo. Se o resultado não for satisfatório e persistir a controvérsia, então ele se fará valer dos dispositivos constitucionais. 

Na questão que se refere sobre o cobrador particular usando a Maçonaria para tal seria um verdadeiro absurdo se isso viesse acontecer em Loja. Questões extra Loja como no caso a cobrança de dívida pessoal são casos que devem ser resolvidos entre os protagonistas do fato. 

Penso que o período é para o Bem da Ordem em Geral (Maçonaria) e do Quadro (Loja) em Particular. Dívidas pessoais entre Irmãos não merecem discussão em Loja, salvo se do desencontro a Instituição possa ser envolvida. 

Um Irmão que se sinta prejudicado por outro deve primeiro recorrer em particular ao Orador da Loja para verificar perante a Ordem Maçônica a legalidade de se tratar ou não o assunto na esfera maçônica. Desse resultado provavelmente o Ministério Público Maçônico se pronunciará. 

Assim, cada caso tem seu caso, porém não dá a nenhum Obreiro, caso não esteja perfeitamente embasado na legalidade, de simplesmente cobrar dívida pessoal em Loja. 

Finalizando devo salientar que não sou advogado nem jurista. Assim nessa questão estou apenas emitindo a minha opinião, o que está longe de ser laudatória.

PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr.1006, Florianópolis (SC) – quarta-feira, 05 de junho de 2013

HUZZÉ

O ritual Maçônico contém várias expressões cujo significado é exotérico, isto é, palavras que nos parecem estranhas, as quais pretendemos dar significado filológico, quando sua importância deriva do "som" que emana ao serem pronunciadas.

Na Inglaterra a aclamação Huzzé tem a pronúncia Uzei, tomada do verbo To Huzza (Aclamar) como sentido de "Viva o Rei", porém no oriente do Brasil adotou-se a aclamação Huzzé, copiada dos manuais Franceses. Huzzé, para o antigo povo do oriente, era o nome dado a uma espécie de Acácia consagrada ao Sol. Como símbolo da imortalidade, pois suas folhas estão sempre verdes e sua tradução significa: Força e Vigor.

Huzzé é formada de duas sílabas e, por constituir aclamação, é pronunciada com voz forte, servindo de uma verdadeira "descarga", de dentro para fora, para purificar o ser. As vibrações que se formam pelas vozes de muitos atingem a todos, propiciando os benefícios necessários para aquela ocasião.

A aclamação Huzzé não se faz isoladamente; e feita apenas duas vezes em cada reunião, por ocasião da abertura e no encerramento dos trabalhos e só e feita após o sinal, completando a trilogia, ou seja, após o sinal... é dada a bateria e logo após é pronunciada a aclamação Huzzé.

A palavra Huzzé deve ser pronunciada ÛSS É! Isto é, o primeiro som bem gutural e ligeiramente aspirado, conservando a boca quase fechada; o segundo som labial dental abrindo bem a boca; emitindo esses sons com voz forte, porém separando-os nitidamente, para que possa ser respeitada a harmonia musical do vocábulo, a fim de que se conserve todo o efeito esotérico desta saudação ao Grande Arquiteto do Universo - significando que Deus é Sabedoria, Força e Beleza. Huzzé, Huzzé, Huzzé, ou seja, Salve o Grande Arquiteto do Universo, Salve o Grande Arquiteto do Universo, Salve o Grande Arquiteto do Universo,  

Huzzé é uma aclamação que deve ser feita com o corpo bem ereto; olhos semicerrados ou cerrados; braço esquerdo caído ao lado do corpo; braço direto distendido para frente e imóvel, com a respectiva mão bem espalmada, dedos unidos e palma voltada para o solo, à altura dos olhos. Os sons devem ser emitidos como que solfejando um Dó bem longo, terminando em Fá; tendo a sensação de estar passando do escuro da noite para o alaranjado da manhã, ou de estar substituindo uma dúvida pela certeza, ou passando da angústia para a serenidade. Isto deve ser feito - para que cada Irmão possa gozar de profunda paz interior, enquanto sua mente entra em comunhão com o seu Criador, rogando a Deus pela Humanidade.

Deste modo, e tal como tudo em Ritualística, a aclamação Huzzé terá de ser estudada, aprendida e ensinada, para que possa ser exercitada com Sabedoria, Força e Beleza.

Texto compilado do Livro  
ESPIRITUALIZAÇÃO DA MAÇONARIA - Ir:. Mario Leal Bacelar  

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

MINUTO DE SILÊNCIO E APAGAR DE LUZES

(republicação)
Em 08/02/2018 o Irmão Carlos Alexandre Almeida, Loja Aristides Lobo, 921, REAA, GOB-PR, Oriente de Jacarezinho, Estado do Paraná, solicita a informação seguinte:

MINUTO DE SILÊNCIO E APAGAR DE LUZES.

Seria errôneo no REAA nas entradas das cerimonias fazer um minuto de silêncio no Átrio com o mesmo sem iluminação?

CONSIDERAÇÕES:

Primeiro é que esses procedimentos não constam no Ritual em vigência do Grande Oriente do Brasil, assim como eles também não aparecem nos Procedimentos Ritualísticos do GOB-PR.

Por segundo é que se eles não fazem parte do Ritual é porque eles não existem. Esse tipo de prática não é original no REAA∴. Precisamos nos despir dessas concepções anacrônicas herdadas de velhos rituais rançosos, ultrapassados e repletos de enxertos de outros Ritos.

Assim, ratifico: não existe esse tal “minuto de silêncio” e muito menos o “apagar de luzes” do recinto na oportunidade. Aliás, me parece que é inadmissível essa ideia de se adotar práticas de crenças particulares na comunidade da Loja Maçônica e contrárias ao Ritual.

Em nome do respeito às crenças e práticas religiosas dos outros devemos, cada um de nós, deixar essas práticas fora dos umbrais dos nossos Templos. A Maçonaria não deve ser utilizada como palco para esses proselitismos. 

Ao maçom cabe inquestionavelmente acreditar em Deus, mas que cada um exercite a sua fé nos recintos correspondentes aos seus templos religiosos ou igrejas. Assim, independente de quais sejam as suas religiões, a Lojas serão sempre um centro de união entre homens. Para tanto a Maçonaria diz: em meu nome e nas proximidades dos meus templos não se discute política e nem religião.

Há que se lembrar de que o título de Grande Arquiteto do Universo dado a Deus e utilizado na Sublime Instituição tem sido um modo conciliatório para que todos possam expressar a sua fé sem desrespeitar a de outrem.

Se existem Ritos que não comportam esses ideais, não nos cabe aqui questioná-los – não é o caso do REAA.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

MAÇONS FAMOSOS


GASPARE LUIGI PACIFICO SPONTINI (Maiolati, Itália, 1774 - Maiolati, 1851). Músico, compositor de ópera e maestro italiano. Passou maior parte da sua carreira, entre, Paris e Berlim. Durante as primeiras décadas do século XIX, Spontini foi figura importante na ópera francesa. Na juventude, estudou no Conservatorio della Pietà de' Turchini em Nápoles.
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Em 1807, escreveu “La Vestale”, o seu trabalho mais conhecido. Escrito por incentivo da Imperatriz da França Joséphine de Beauharnais, que teve a sua estreia na Ópera de Paris. Expoente do Classicismo teve sua obra pouco conhecida no século XX, até o estrondo sucesso de “La Vestale” com ‘Maria Callas’ em 1954, no Scalla em Milão.

Fonte: Facebook_Curiosidades da Maçonaria

UMA BREVE HISTÓRIA DAS REFEIÇÕES FESTIVAS

Venerável Ir∴ Clive Moere, LGR
Tradução feita por Walter Celso de Lima, Rt.EPP
(... e, portanto, beber tragos e comer petiscos)
Irmãos, este ensaio é subintitulado "... e, portanto, beber tragos e comer petiscos". Trata sobre as origens dos costumes observados em nossas refeições festivas. Na sua preparação, consultei várias fontes às quais sou muito .agradecido. Em particular, eu gostaria de mencionar os trabalhos dos Veneráveis Irmãos Bemard Jones, Harry Carr, John Hamill e Washizu Yoshio, inclusive, as atas (transactions) publicadas pela Loja de Pesquisas Quatuor Coronati (Quatuor Coronati Lodge of Research). No entanto, quaisquer erros, omissões ou suposições erradas são de minha própria responsabilidade.

Uma refeição, no contexto de uma "refeição festiva", é uma mesa bem familiar, com alimentos. Os primeiros relatos sobre refeições festivas maçônicas foram feitos por maçons operativos no século 14, especialmente, para celebrar festas religiosas, embora podem ter sido marcadas para os encontros puramente maçônicos, referidos nas Antigas Obrigações (Old Charges). Nesses dias especiais, maçons operativos se reuniam em edifícios em construção ou, em abrigos temporários, chamados lojas e festejavam com carne assada, regada com cervejas temperadas.

O manuscrito Regius do século 14 prevê como os maçons devem se comportar nessas primeiras refeições festivas. Eles deveriam ir para a mesa com as mãos limpas, não poderiam falar com boca cheia e deveriam se abster de utilizar o guardanapo para assoar o nariz. Todos, não obstante, bons conselhos!

No final do século 17 e início do 18, primórdios da maçonaria especulativa, seus membros realizavam reuniões em tabernas e estalagens, ou, às vezes, em casas de café, onde encontravam disponíveis, prontamente, tragos e petiscos. As lojas que realizavam suas reuniões nessas tabernas, recebiam, logo, denominações das tabernas, após a primeira reunião, a exemplo da Globe Lodge n o 23, por se reunir na Taberna Globo. A primeira Grande Loja se reuniu em uma taberna chamada O Ganso e a Grelha (The Goose and the Gridiron), perto da Catedral de São Paulo (St. Paul's Cathedral), possivelmente, atraídos pelos encantos aclamados da garçonete Hannah.

A pequenez das salas, em muitos desses estabelecimentos, restringiam a quantidade de membros da loja maçônica, tal que, mais tarde, no século 18, os hotéis tomaram-se cada vez mais utilizados, pois, poderiam fornecer salas maiores, bem como, melhores instalações.

Os antigos maçons especulativos reuniam-se mais frequentemente do que fazemos hoje e, para eles, as refeições festivas não eram eventos separados da reunião maçônica em si. Algumas lojas chegaram mesmo a iniciar "irmãos servidores" apenas, para serem garçons ou músicos. Durante as reuniões, os irmãos comiam petiscos, bebiam tragos e fumavam; por isso, os aventais eram freqüentemente manchados ou danificados e a loja providenciava sua regular substituição.

Eles também cantavam, bebiam e brindavam, muitas vezes, acompanhados de muito barulho do Fogo Maçônico e das batidas dos pés. Quando realizavam as "Three Distinct Knocks" ("Três Batidas Distintas"), registradas em 1760, as pessoas sentadas abaixo de uma sala de reuniões, tinham, por vezes, medo de que o edifício seria sacudido sobre eles.

O Segundo Vigilante, chamando os Irmãos do trabalho para o descanso, para os tragos e os petiscos e, desta forma, tiveram um papel vital na consolidação da fraternidade. Não era e, não é, permitido discussões sobre política e sobre religião durante qualquer período da sessão, criando-se, assim, um espírito de tolerância que diferencia a Maçonaria da maioria das outras fraternidades. Quando a sessão estava concluída e, a loja maçônica, ritualisticamente fechada, muitas vezes, os Irmãos ficavam para a ceia (o ágape), continuando uma feliz diversão.

Os rituais de trabalho do grau eram muito menores do que os nossos de hoje. Em substituição, para a maioria das reuniões, os Irmãos sentavam ao redor de uma mesa, à luz de velas, ouvindo palestras e participando das preleções, com perguntas e respostas, para testar os conhecimentos maçônicos dos Irmãos.

As palestras foram não somente temas maçônicos, mas, abrangiam muitos temas eruditos e científicos. A Old Kings Arms Lodge realizou uma série de palestras, na década de 1730, incluindo a do Irmão Graeme sobre a fermentação de bebidas intoxicantes. A ata registra que os Irmãos ficaram "muito satisfeitos" com esta palestra especial e pediram ao Irmão Graeme para falar novamente, sobre o mesmo assunto, e foram atendidos.

Bebidas fortes eram comuns naqueles dias e arquivos de lojas relatam a compra de vinho, cerveja e bebidas destiladas, bem como açúcar, limão e noz moscada para fazer ponche. Contudo, em algumas lojas, o profano recém-iniciado devia pagar por toda a alimentação e bebida na noite da Iniciação.

Alguns maçons diziam que os laços de amizade somente seriam estreitados quando "molhados" e uma canção popular maçônica de 1778 era:

"Let every man take a glass in hand, 
Drain bumpers to our Master Grand, 
As long as he can sit or stand. " 

ou 

"Que todo homem pegue um copo na mão, 
Sorva um copo cheio para o nosso Grão Mestre, 
Enquanto ele pode sentar ou repousar." 

Embora os maçons foram, provavelmente, um dos mais bem comportados elementos da sociedade, eles não têm regras rígidas para administrar a conduta e os limites da bebida em suas reuniões. Ainda hoje, as Antigas Obrigações e Regulamentos ensinam ao Mestre da Loja eleito, a se precaver contra a intemperança e os excessos em sua loja.

Típica dos primórdios, foram as regras dos Estatutos de 1760 da Lodge of Antiquity que determinava que qualquer Irmão que discutisse religião ou política, apostas, maldições, que estivesse "embriagado" ou que vaiasse um orador, seria multado.

Em 1736, uma loja reunida na Taberna Rummer Bristol multou seu Mestre da Loja em um shilling, por estar embriagado; até mesmo os visitantes poderiam ser multados. Em 1783, a Albion Lodge nº 9 multou um visitante em um shilling por blasfêmia, quando, então, ele desafiou o Mestre para um duelo. A loja foi fechada e o resultado não foi registrado.

Tal regimento interno e as multas nem sempre foram suficientes para controlar o excesso. A Mariners' Lodge n° 576, fundada em 1799, tinha uma mesa lateral carregada de vinho e bebidas destiladas, em sua sala de reuniões e, por 6 pence, os membros poderiam tomar as bebidas que desejassem. Era uma loja muito alegre e logo entrou em dificuldades financeiras. Em 1822, essa loja foi extinta (abateu colunas), com algumas contas de tragos e petiscos em atraso por vários de seus membros. Porém, essa loja nos deixou um registro fascinante de sua história; mais um enquadramento punitivo maçônico singular que, além do simbolismo usual, também informava a boa cerveja que estava disponível na (taberna)."Rose & Crown?.

A maioria das lojas do século 18 organizavam jantares formais para celebrar as instalações de Venerável Mestre. Em 1753, na festa anual do Old Dundee Lodge n o 18, ficou registrado que 33 irmãos jantaram duas quartas partes de cordeiro com molho de carne, 12 galinhas, 23 libras (aproximadamente 10 Kg) de presunto e 2 pudins de ameixa; tudo regado por uma variedade de bebidas alcoólicas. Depois destes jantares, havia relações amigáveis com esposas, por vezes, convidadas para se apresentarem no templo da loja, ou nas salas adjacentes. Mais tarde, no século 19, tornaram-se muito populares os jantares especiais e reuniões dançantes com as Senhoras. Atualmente, nossas festas femininas são desenvolvidas a exemplo de tais eventos.

Nos primórdios, senhoras menos respeitáveis podiam, às vezes, ter sido convidadas a participar de reuniões. Em 1757, o Irmão Storey da Grenadiers Lodge n" 66 foi multado em 2 pence (1/120 de uma libra) por introduzir uma mulher em loja aberta; seu Segundo Vigilante também foi multado em 2 pence, por beijá-la.

Após a unificação das duas Grandes Lojas, no início do século 19, as reuniões maçônicas começaram a mudar significativamente. Os rituais aumentaram e tornaram-se mais extensos; as sessões tornaram-se muito mais formais e, em consequência, havia menores oportunidades para o convívio nos templos. As mesas comunais, no interior dos templos, começaram a ser substituídas por pedestais e, eventualmente, alimentos, bebidas e tabaco foram banidos dos templos, embora, em algumas lojas provinciais, os antigos costumes desapareceram mais lentamente.

Em torno deste tempo, teve início a abertura de Masonic Halls (edifícios com um conjunto de templos) em muitas cidades e metrópolis, para acomodar o crescente número de lojas e Irmãos. Contudo, bares e hotéis foram, muitas vezes, utilizados para o jantar e, tornou-se hábito realizar, após cada sessão, refeições festivas formais.

Às vezes, os aventais maçônicos ainda eram usados nessas refeições festivas, fora do templo; mas, esta prática logo acabou em desuso, apesar de perdurar em algumas lojas como o Mount Moriah Lodge n "34, onde ainda fazem suas refeições festivas em trajes de gala e todos os oficiais da loja usam seus colares e jóias.

Os hábitos, no jantar, e o bater palmas ao Mestre e loving cups (um copo grande com duas alças, que os convivas passam de mão em mão para todos beberem), muitas vezes, sendo copiados dos costumes de jantar do Craft Guilds and Livery Companies, começaram a aparecer por volta dessa época (início do século 19).

Embora, os jantares festivos fossem cada vez mais formais no século 19, eles ainda eram eventos animados. Em 1806, a Premier Grand Lodge pediu para os Mestres de Banquetes (stewards) garantirem as despesas, no preço do jantar, dos copos e vidros quebrados, inclusive, despesas com um carpinteiro para reparos. Em 1815, para controlar a superabundância e opulência, eles proibiram a água gaseificada (soda) e nozes em seus jantares festivos; o que os Irmãos estavam fazendo com isso não foi registrado!

Nos jantares festivos, música e canto sempre foram populares. Em 1737, várias lojas contribuiram para o custo de 3 orquestras distintas, para tocar no desfile anual do Grand Festival Feast.

Foram publicados muitos livros de canções maçônicas e, algumas canções foram incluídas nos primeiros livros das Constituições; somente uma dessas antigas canções ainda é, normalmente, cantada hoje; é a Canção do Aprendiz Iniciado (Entered Apprendice s Song). A letra desta música foi publicada, pela primeira vez, no início de 1700, e foi, provavelmente, escrita por Matthew Birkhead, um ator comediante do Drury Lane Theatre, que era maçom.

Estas canções eram, frequentemente, para tomar vinho e fazer brindes entre seus versos; mas, a primeira referência formal para brindes maçônicos está no Livro das Constituições de Anderson, de 1738. Este relato refere-se ao Grão-Mestre, revivendo, em 1719, os brindes antigos e peculiares dos maçons; mas, Anderson não pormenorizou a maneira como se brindava. No entanto, sabemos, a partir de revelações anteriores, que o Fogo Maçônico foi feito nestes brindes.

O costume Fogo, como brinde, não é um costume exclusivamente maçônico; acredita-se que deriva de uma antiga tradição em acontecimentos militares ou públicas, de canhões ou mosquetes, que atiraram para marcar um brinde. Shakespeare se referiu a esta prática em Hamlet.

Sabemos de exemplos de Fogo Maçônico com disparos reais. A Vermon Lodge em Dublin (atual Irlanda) realizou, em 1741, uma celebração ao ar livre, onde cada brinde foi marcado por um disparo real de um mosquete. Na Festa Anual Maçônica, realizada perto de Sunderland, em 1775, foi relatado que os brindes foram "bebidos com o disparo de um canhão". Esperemos que não hajam brindes e disparos numa magnitude maior!

O uso real de canhões e mosquetes foi fora do comum, mas se tomou uma prática para os comensais, para marcar um brinde, bater as taças na mesa, imitando o disparo de fogo. Contudo, alguns autores sugerem que o entusiasmo de bater as taças sobre a mesa surgiu primeiro e a semelhança com mosquete ou fogo de canhão só foi observado posteriormente.

Os primeiros relatos escritos sobre o Fogo Maçônico são franceses, mas isso não significa, necessariamente, que tenha se originado na França. A primeira descrição detalhada foi dada em francês, numa revelação em francês, de 1737, "Réception d'un Frey-Maçon, que usou informações obtidas por Madernoiselle Carton, da Ópera Francesa, em retribuição a seus favores.

O vinho é chamado pólvora e as taças são denominadas armas; ao beber uma saúde de um Iniciado, os Irmãos colocam-se em pé. O Mestre diz, então, que se "carregue" as armas (as taças). Em seguida, comanda: "coloquem suas mãos em suas armas". A taça é ergui da em direção aos lábios, em 3 movimentos e, então, se bebe. A taça vazia, era, então, movida em direção ao lado esquerdo do peito; depois, ao lado direito do peito e, em seguida, estendida para a frente, por três vezes, voltando em 3 movimentos. Antes de retomar a estes 3 movimentos, a taça era batida com muito ruído sobre a mesa.

Depois, os Irmãos batiam palmas e gritavam "VIVAT" por 3 vezes.

Mais tarde, expandiu-se a analogia ao fogo de artilharia; as garrafas chamadas de "barris" (de pólvora) e as taças de "canhão" ou peças de artilharia. As instruções para um brinde são: "Carregar os canhões - Apontar Armas - Fazer Pontaria - Fogo – Grande Fogo!". Nos dias atuais, os Vigilantes relatam que suas colunas estão "totalmente carregadas" em conformidade com esta antiga instrução.

Na Inglaterra, as atas de 1734 da Old King s Arms Lodge n" 28 registram a saúde do Mestre Eleito, que é brindado por "três vezes três"; as primeiras descrições detalhadas do Fogo Maçônico, em inglês, não aparecem até as revelações na década de 1760. São descritos desta forma:

Primeiro, os diáconos certificam-se de que as taças estejam totalmente carregadas. O Mestre da Loja, então, levanta sua taça e propõe um brinde, com três vezes três, no grau de aprendiz. Os Irmãos repetem o brinde e bebem. Depois de imitar o Mestre, eles seguram as suas taças vazias à frente, antes de retirá-Ia, cruzando, 3 vezes a garganta e colocando de volta na mesa em 3 movimentos. Um barulho de detonação reproduz o último movimento. Depois, antes de sentar, os Irmãos levantam suas mãos ao peito e batem palmas nove vezes em 3 grupos de 3, batendo os pés em uníssono e terminando com um final "HUZZA".

Durante a descarga de fuzilaria, as taças são, muitas vezes, quebradas, e os Irmãos podem ser multados. Quando isso aconteceu, em 1767, a Old Lodge em Wakefield, multou dois Irmãos, em um shilling cada, pelas taças "explodidas num Fogo". Foram confeccionados, então, taças ou cálices especiais, com fundo reforçado, para reduzir quebras; com o tempo, a maioria das lojas desistiu de fazer estes sinais com as taças. Alterando o tipo de Fogo, que hoje conhecemos, podemos, agora, estudá-lo em detalhes.

Tem sido sugeri das várias origens para os 3 gestos simbólicos que iniciam o Fogo e que representam o sinal da Cruz, o martelo de Thor, ou mesmo, uma trolha para espalhar o cimento. No entanto, as evidências indicam claramente que eles são, de fato, os vestígios dos sinais de aprendiz, em alusão às primeiras representações de descarga de fuzilaria, que explica porque os jantares festivos deveriam ser telhados (cobertos).

Os símbolos degenerados, nestas circunstâncias, apenas indicam gestos, embora a Emulation Lodge of Improvement ainda usa o sinal regular de Aprendiz, transmitido ao iniciado, durante sua preleção de primeiro grau, quando brindam um Fogo. As primeiras informações, para brindar em cada grau de diferentes rituais, têm semelhanças com os sinais de diferentes graus e saudações que conhecemos hoje. A Lodge of Loyalty; nas Bermudas, continua a fornecer um Fogo semelhante à saudação de Companheiro.

Avançar na sequência de disparos de artilharia é uma contagem "1 - 2". Esta é uma reminiscência dos dois movimentos anteriormente feitos, antes de bater uma taça sobre a mesa, mas que, agora, anuncia um estrondo extra, adicionado aos 9 originais. Por vezes, o Mestre da Loja golpeia com seu malhete, para aumentar o barulho da detonação.

O Fogo Maçônico é, normalmente, concluído por 9 estrondos, dados em 3 grupos de 3. As saudações dadas por estrondos são audíveis, batendo com os pés ou golpeando o avental, o que é, frequentemente, mencionado nas antigas atas. O número, neste caso, pode derivar da bateria do Aprendiz, ou seja, um símbolo dos 9 sinais para um verdadeiro maçam: reportado em alguns registros antigos maçônicos.

Não há nenhuma evidência para sugerir que o Fogo Maçônico seja, de alguma maneira, ligado à salva de 21 tiros da marinha. As ações mais utilizadas do Fogo totalizam 21 tiros; entretanto, cada um é, claramente, de uma causa isolada.

O Fogo Maçônico não é universal na maçonaria e sempre variou muito na forma e no desenvolvimento. Algumas lojas ainda usam taças para tiro e outras pequenas pedras para anunciar o Fogo. Alguns dão "Fogo Incessante", onde cada Irmão bate a taça na mesa, em sequência, ou uma variação chamada "Fogo em Cadência", onde as taças são batidas na mesa, num movimento circular.

Em outra variação, a Lodge of Regularity n° 91 propõe "Fogo Secretário", onde mensagens secretas dos Irmãos circulam ao redor da mesa, antes de bater com suas taças de fuzilaria sobre a mesa. A Fitzroy Lodge nº 569 propõe o "Fogo Regimental", onde os procedimentos são feitos de modo a representar o balanço de um fuso ou cone, num crescente, até que, simbolicamente, uma granada seja armada e detonada.

O Fogo silencioso, por vezes, usado para brindes para os Irmãos Ausentes e para o Guarda Externo, pode derivar do Fogo tranquilo (Fogo pacífico ou discreto). Uma vez usado para honrar os Irmãos que partiram, embora o Fogo do Guarda Externo pode ser omitido, por orientação superior, ele não possa estar do lado de fora da loja para evitar bisbilhoteiros.

Mas, vamos deixar o Fogo Maçônico e voltar para o desenvolvimento dos jantares festivos como um todo.

No final do século 19, os jantares festivos atingiram o seu apogeu como um evento esmerado de banquete; trajavam vestimentos formais (smoking) e serviam até 10 pratos com iguarias, muitos vinhos e longos brindes, acompanhados por música e canto, frequentemente, com artistas profissionais.

Estes usos e costumes perduraram até o início do século 20 e ainda podem ser encontrados, hoje, em nossos jantares festivos. Mas, mudanças sociais e tendências modernas, juntamente com o aumento de custos, progressivamente, levam a uma menor formalidade, com menus mais restritos e menos brindes.

Contudo, os jantares festivos no século 20 poderiam ser, ainda, acontecimentos extraordinários. Em 1925, possivelmente, o maior jantar festivo maçônico, jamais realizado antes, aconteceu no Olympia de Londres para arrecadar fundos para o novo Freemason's Hall, em Londres. Mais de 7.000 Irmãos estavam sentados em mesas com 3 milhas (4,8 km) de comprimento e servidos por 1.360 garçonetes.

Mais curiosamente, em 1946, um jornal maçônico anunciou a "serragem de uma mulher ao meio" como um entretenimento de um jantar festivo. Espero que este foi um honrado mágico ilusionista, ao invés de uma encenação de uma das nossas penalidades tradicionais!

Se eu pudesse terminar este ensaio, meus Irmãos, com um brinde, no jantar festivo tradicional, eu o faria para os "nossos antepassados maçônicos, que nos deixaram um legado tão rico de companheirismo, boas maneiras e

BOM FOGO !"

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

SALVA DE BATERIAS

Em 06/05/2023 o Respeitável Irmão José Daniel Massaroni, Loja Conciliação e Justiça, 2058, REAA, GOB-SP, Oriente de Presidente Prudente, Estado de São Paulo, apresenta a questão que segue:

SALVA DE BATERIAS

Estamos preparando um roteiro para entrega de Títulos e Condecorações. Baseado na Lei nº 088, de 21/09/2006, atualizada até 31.05.2022, nos deparamos com o contido no Art. 28, quando cita: uma salva de Bateria nos três altares para os Beneméritos da Ordem e três salvas de Baterias nos três altares para os homenageados com a Estrela de Distinção Maçônica. Como diferenciar uma Bateria da outra? Os Irmãos que participam da Sessão também podem acompanhar o Venerável Mestre e os Vigilantes ou, somente esses deverão executar essas baterias?

Agradeço desde já pelo pronto atendimento aos meus questionamentos.

CONSIDERAÇÕES:

Segue o meu entendimento: No primeiro caso é uma salva composta por três baterias dadas com os malhetes, ou seja, o Venerável Mestre percute uma vez sobre o Altar (!), o 1º Vigilante uma vez sobre a sua mesa (!) e o 2º Vigilante, do mesmo modo uma vez (!). Assim a salva no primeiro caso se compõe por três percussões rápidas e sequenciais executadas pelas Luzes da Loja.

No segundo caso me parece que as Luzes da Loja agem da mesma forma, porém repetindo o procedimento por mais duas vezes, ou seja, 1ª salva – Venerável (!), 1º Vigilante (!), 2º Vigilante (!); 2ª salva – Venerável (!), 1º Vigilante (!), 2º Vigilante (!); 3ª salva – Venerável (!), 1º Vigilante (!), 2º Vigilante (!).

Nos dois casos as salvas são executadas apenas pelas Luzes da Loja.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

OS PRIMEIROS CONCEITOS MAÇÔNICOS

Ivan Marcos Vieira, A∴M∴(*)

1 INTRODUÇÃO

A partir do momento que alguém se torna Maçom, há de se conscientizar que haverá um caminho longo a percorrer. Pode-se dizer que é um caminho sem fim. Ao longo dessa caminhada há bons momentos, e momentos que podem ser considerados difíceis. Os bons deverão ser aproveitados como incentivo, e os difíceis não poderão ser motivo de desmotivação e desistência da viagem iniciada. A linguagem, sempre empregada nas Lojas Maçônicas, diz que o Aprendiz Maçom é uma pedra bruta que deve talhar-se a si mesmo para se tornar uma pedra lapidada. Pelo pouco que entendo e conheço os assuntos relacionados à maçonaria, já pude perceber que a maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento moral, onde nós homens nos aprimoramos em benefício de nossos semelhantes, desenvolvendo qualidades que nos possibilitam ser cada vez mais úteis à coletividade. Não nos esqueçamos, porém, que cabe ao iniciante ter a vontade de aprender, se dedicar e aproveitar cada oportunidade que lhe for ofertada para que este desenvolvimento ocorra dentro dos princípios e leis maçônicas, conseguindo assim, atingir a evolução moral e espiritual que no meu ver passa a ser uma das principais razões de se estar aqui, tendo a lealdade, honestidade, senso de justiça e acima de tudo vontade de aprender o que lhe fora proposto.

Desta forma estarei descrevendo em algumas simples palavras o que aprendi e tive de percepção até o momento, outras coisas que passei a pesquisar somente após minha Iniciação, pois até então jamais havia buscado algo relacionado à Maçonaria, simplesmente pelo fato de que as pessoas distorcem a verdadeira essência desta tão valiosa entidade.

2 DESENVOLVIMENTO

Em nossa primeira instrução preliminar tive a oportunidade de ter as primeiras informações acerca dos instrumentos de trabalho e utensílios, bem como, perceber a beleza e a tranqüilidade que vejo e sinto ao adentrar no templo. Também nos fora apresentado todo o significado e uma perfeita explicação de todos os objetos e simbolismos desta Loja, que apresentam diversos significados para mim como A M , sendo de fundamental importância em meus objetivos dentro desta Ordem. Assim sendo, como aprendizado busquei saber um pouco mais acerca de alguns objetos, seus significados e importância dentro de meu aprendizado como A∴M∴.

O Teto das Lojas Maçônicas representa a Abóbada Celeste, de cores variadas. O caminho para atingir essa Abóbada, isto é, o Céu, o Infinito é representado pela escada composta de muitos degraus existente no Painel da Loja e conhecida por Escada de Jacó, nome que como fiel guardiã das antigas tradições, a Maçonaria o conserva. Cada degrau representa uma das virtudes exigidas ao Maçom para caminhar em busca da perfeição moral.

O Pavimento de Mosaico, com seus quadrados brancos e pretos, nos vem mostrar que, apesar da diversidade, do antagonismo, de todas as coisas da Natureza, em tudo reside a mais perfeita harmonia. A decoração do Templo pode ser simples, mas ao mesmo tempo tranqüilizadora, com teto e paredes na cor azul variando apenas na tonalidade, podendo também utilizar formas artísticas e arquitetônicas para embelezar o Templo; Compreendi que a régua era usada pelos maçons operativos para medir os trabalhos quanto ao tempo e o esforço a ser despendido. No contexto atual, de forma comparativa, podemos considerar que a régua, dividida em 24 polegadas, faz menção às 24 horas em que está dividido o dia, para que meditando sobre estas horas, passemos a utilizá-las da forma mais racional, sempre pensando no crescimento da virtude, da lealdade, da generosidade e da tolerância entre os homens.

Agindo desta forma seremos mais úteis e produtivos no mundo que encontramo-nos inseridos.

Já quanto ao Maço (martelo de madeira), instrumento de suma importância e entendi que o mesmo simboliza a edificação do trabalho humano de forma justa e honesta. Há de se frisar quanto à inexistência de vaidades relativamente ao tipo de trabalho, pois todo trabalho, desde que justo e honesto é dignificante. Independente qual, mais os instrumentos de trabalho simbolizam que, através da perseverança, aliada ao conhecimento e à regularidade, se possibilitará ao obreiro a superação de todas as dificuldades, extinguindo as deficiências de conhecimento, da falta de sabedoria e surgindo a felicidade no caminho da vida, em busca do conhecimento pleno, tornando-o um transmissor de bons atos. Com a utilização da Régua, do Maço estamos lapidando e dando forma à pedra bruta. Resta a nós, pela essência de seres humanos que somos, avaliar, através do conhecimento, da persistência e da dignidade os caminhos a serem percorridos em busca do mais próximo possível da perfeição, trazendo em conseqüência uma parcela de contribuição ainda que pequena no progresso espiritual e ético da Humanidade.

Com relação a marcha do Aprendiz é com três passos que formam um ângulo reto.

Cada passo indica a retidão do caminho que o Maçom deve seguir na jornada da vida. O sinal de ordem que por si só representa um ângulo reto, é símbolo da postura que deve presidir o discurso do Maçom. O toque, que possui, também, três movimentos, sendo que, dois precipitados e um lento, simboliza a atividade e a continuidade com os quais deve ser orientado o trabalho. A bateria por três representa, a atenção, o zelo e a perseverança necessários para cumprir a obra maçônica. O tríplice abraço é a imagem do afeto fraterno que une todos os Maçons. Por fim, a aclamação, também essa, por três, exprime os votos formulados aos Maçons por cada irmão, por cada Loja em particular e para a prosperidade maçônica em geral. Cada Maçom é considerado como uma das pedras que compõem o Templo, e cada uma dessas pedras representa o Templo todo. Os Obreiros tem de polir cada um a sua pedra, pois basta apenas procurar sua perfeição, construindo seu Templo interno e encontrando sua própria essência. A Pedra Bruta é o símbolo das imperfeições do espírito que o Maçom deve procurar corrigir. Não porque se menospreze, considerando-se imperfeito, mas porque ambiciona a uma perfeição. Essa perfeição não é apenas a Pedra Polida, mas também a participação dessa pedra na construção do Templo. A superfície de Pedra Bruta é rugosa e áspera. A Luz, ao incidir numa superfície deste tipo é absorvida, assim como o Aprendiz ainda não reflete a Luz que recebe da Maçonaria. Apenas quando a Pedra Bruta é trabalhada, transformando- se em Pedra Polida, as suas faces lisas passam a refletir a luz que nela incide.

Por tanto, pode-se afirmar a quem estiver disposto a trabalhar a bem de todos que a Maçonaria esta aberta para os valentes, que estão dispostos a desbastar a Pedra Bruta.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com essas lições pude perceber, ainda que de forma preliminar, sobre a profundidade dos ensinamentos que serão a mim dispostos, cabendo unicamente a minha pessoa o aproveitamento efetivo e sincero de todos esses preceitos que buscam essencialmente o progresso contínuo, fazendo nascer nos homens a luz espiritual e divina evocada pelo Grande Arquiteto do Universo.

Para finalizar podemos afirmar categoricamente que em qualquer atividade da vida, deve prevalecer uma extraordinária força de vontade para a eficiência do trabalho. Quem realiza qualquer tarefa sem a ela dedicar o máximo do seu esforço, certamente fracassará no cumprimento do dever. Isto acontece comumente em todos os setores da atividade humana e, muito mais, na vida moral e espiritual. O progresso na virtude é muito mais difícil que a evolução das ciências, das letras e das artes. Assim sendo, cabe a nós Aprendizes, nos dedicarmos aos ensinamentos propostos, aproveitando cada momento, cada sessão, tudo que nos repassado como ensinamento fazendo assim valer a confiança que nos fora depositada.

*Peça de arquitetura classificada no Concurso Pitágoras na categoria Aprendiz-Maçom..

REFERÊNCIA:

GRANDE LOJA DE SANTA CATARINA. Instrução Preliminar: Aprendiz-Maçom. 2.ed. Florianópolis, 2008.

Fonte: JBNews - Informativo nº 219 - 04.04.2011

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

SÍMBOLOS DOS DIÁCONOS

(republicação)
O Respeitável Irmão Helton Costa, Loja Templários da Nova Era, REAA, GLSC, Oriente de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, apresenta a dúvida seguinte: 
costahelton@hotmail.com 

O que realmente significa a pomba presa e a pomba solta no bastão dos Diáconos? E porque em nossa potência temos uma presa e uma solta e no GOB não? 

CONSIDERAÇÕES:

Em relação a essa diferença ela não deveria existir, pois o símbolo dos Diáconos como os antigos oficiais de chão, ou mensageiros, por influência da igreja com o nome de Diácono é a figura de uma pomba (símbolo adquirido da lenda da Arca de Noé e o Dilúvio). Provavelmente alguém querendo diferenciar o primeiro do segundo Diácono na Maçonaria tenha arranjado essa diferenciação colocando uma delas dentro de um triângulo. A medida então deu essa conotação de pomba presa e pomba solta que, cá entre nós, não faz sentido algum senão a de uma definição cômica relativa à “pomba estar presa ou não”. Alguns ainda fazem referência à “pomba cercada”. 

No Grande Oriente do Brasil, seguindo a verdadeira tradição do Rito Escocês, o símbolo dos Diáconos (a pomba) está apenas apenso ao colar como joia distintiva não existindo qualquer diferença entre ambas. Observando a pureza do rito, os Diáconos também não portam bastão. 

À bem da verdade o Rito Escocês, pelo seu caráter “antigo” rememora as antigas tradições dos canteiros medievais onde os mensageiros do Mestre da Loja o informavam do caráter justo e perfeito no tocante ao nivelamento e a aprumada para o início da construção bem como a conferência da etapa concluída. 

Na Maçonaria Especulativa e relativa ao rito em questão essa alegoria simbólica está na transmissão da Palavra entre o Venerável e os Vigilantes e protagonizadas também pelos Diáconos. 

Nesse sentido é que no Rito Escocês Antigo e Aceito os Diáconos rememoram esse antigo costume o que em linhas gerais significa que o Canteiro está pronto para iniciar os trabalhos (Justo e Perfeito). Ao final dos mesmos os Obreiros despedidos contentes e satisfeitos dependem também de que a etapa construída esteja edificada de acordo com os nossos princípios e costumes (Justo e Perfeito). 

Dentro dessa alegoria simbólica é que está à função dos Diáconos no Rito Escocês. Assim na sua pureza eles não portam bastão, não formam pálio e nem mesmo têm suas joias distintivas diferenciadas (cercadas ou não).

É bem verdade que o Craft inglês e por extensão o americano faz uso do cargo dos Diáconos, todavia com funções diferentes. Esses nessa vertente portam “varas” e trabalham geralmente nas sessões de Iniciação, Passagem e Elevação. No Craft não existe transmissão da Palavra. Não quero com isso me arvorar contra rituais legalmente aprovados que preconizem outros costumes, todavia na mão da verdadeira tradição, busquei trazer esses poucos apontamentos. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr.1004, Florianópolis (SC) – segunda-feira, 03 de junho de 2013

O USO DA PALAVRA EM LOJA

Sérgio Quirino Guimarães
Quem fala muito atrapalha a reunião! Mas por que isso acontece? Por dois motivos: vaidade e ingenuidade.

A vaidade é, facilmente, notada quando o locutor coloca os verbos na primeira pessoa; suas manifestações parecem testemunhos. Ele julga que, em todos os assuntos da Loja, os Irmãos devem escutar sua opinião e tem a capacidade de ocupar mais tempo do que o ritualizado para o Quarto de Hora de Estudos.

A ingenuidade é aparente naqueles que saúdam as autoridades, visitantes e, ainda, dão as conclusões sobre a Sessão (funções do Orador). Também, sempre, manifestam-se sobre as Instruções (função das Luzes ou daqueles que o Venerável indicar); após a leitura do Balaústre, pedem a palavra, saúdam, nominalmente, todos os presentes e questionam o Secretário sobre qualquer questiúncula, o que deveriam fazer após a Sessão.

Devemos entender que qualquer reunião, ultrapassando duas horas, é cansativa e improdutiva; há Irmãos que trabalharam o dia inteiro e desejam, à noite, encontrar o grupo para serenar os ânimos e harmonizar-se com o Criador. Vivemos num tempo onde o perigo é uma constante e a abertura da porta de um lar após as 23h é um risco para toda a família.

Observemos que, quando o Irmão falador pede a palavra, toda a Oficina “trava” e, assim, há uma quebra do Egrégora da Sessão. Por outro lado, quando aquele Irmão, que pouco se manifesta, pede a palavra, todos se voltam para ele com atenção e respeito.

Devemos nos conscientizar de que, se quisermos contribuir para a formação dos Irmãos, deveremos fazê-lo pelo Exemplo, e não pela palavra! A verborreia é uma deficiência, um vício, que avilta o homem!

Quando formos visitar uma Loja, estaremos lá para aprender, e não para ensinar. O silêncio torna-se uma prece nas Sessões Magnas, compreensivelmente mais longas e, sempre, com a presença de outros visitantes; deixemos que o Orador nos apresente e fiquemos com o Sinal de Ordem, para dizer a toda a Oficina que somos o nominado e estamos de P∴ e à O∴.

Dar os parabéns pelos trabalhos só é necessário para os que têm necessidade de lustro na vaidade. Se o Irmão quiser ocupar mais de três minutos (tempo mais que salutar), pode agendar com o Secretário sua participação no Quarto de Hora de Estudos ou na Ordem do Dia.

No período, destinado à Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular, devemos priorizar, trazendo notícias dos Irmãos ausentes (não vale justificar a falta, pois deve ser feito por escrito pelo mesmo, acompanhado obrigatoriamente do óbolo) e louvando os feitos da Ordem.

O Livro da Lei nos ensina: “Pois o Reino de Deus não consiste em palavras, mas na virtude” (I Coríntios: 4,20). Lembremo-nos de que todos nós, independente do Grau ou de Cargos, somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

terça-feira, 26 de setembro de 2023

O BODE E O BEZERRO DE OURO NA MAÇONARIA

(republicação)
Em 08/02/2018 o Respeitável Irmão Ubirajara Corrêa, Loja Saldanha Marinho, 1601, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:

BODE E BEZERRO DE OURO NA MAÇONARIA

Gostaria de me informar melhor sobre o Bezerro de Ouro e o Bode como símbolos maçônicos. O Irmão poderia me indicar uma literatura séria a respeito.

CONSIDERAÇÕES:

Bezerro de Ouro - na Maçonaria tradicional (simbolismo) que é constituída universalmente por apenas três graus, ele não é elemento de nenhuma alegoria maçônica, sendo encontrado sim na tradição judaico-cristã como um ídolo que fora criado por Arão na oportunidade em que Moisés, atendendo as ordens de Deus, subiu o monte Sinai para receber os mandamentos. Então, na ausência de Moisés, o povo de Israel em rebeldia pressionou Arão, ou Aarão, que era o irmão mais velho de Moisés, a criar um ídolo que pudesse os reconduzir novamente ao Egito - vide Êxodo 32:1-8.

O bezerro é também mencionado em I Reis 12:28-32 quando trata da divisão do reino de Israel e o rei Jeroboão I[1] cria dois bezerros na intenção de que assim o povo do seu reinado viesse adorar um ídolo em lugar do verdadeiro Deus de Israel. 

Devido esse episódio bíblico, provavelmente alguns tratadistas maçônicos, ao perceberem que quando criança Jeroboão tinha sido um servidor do Rei Salomão, quiseram equivocadamente associar o bezerro à Maçonaria. Obviamente que tudo isso não passa de fantasia, pois imaginar a existência da Maçonaria naqueles tempos é querer desmerecer a inteligência dos outros. 

Genericamente o termo “bezerro de ouro” tornou-se ao longo dos tempos o símbolo de um ídolo falso.

Bode – a despeito da sua literal qualificação como um animal quadrúpede ruminante, o bode emissário, ou expiatório, na cultura hebraica era utilizado como meio de espantar para o deserto, todas as iniquidades e maldições. Simbolicamente no Dia da Expiação o bode recebia nos seus ouvidos as confissões dos males dos homens e em seguida era enxotado para o deserto aonde ele viria a fenecer e, junto com ele, todas as declarações pecaminosas dos homens. Graças a isso é que o bode, em Maçonaria, representa a animalidade, ou dos atributos dos animais.

Assim, ele, o bode, se apresenta em alguns ritos maçônicos representado na estrela pentagonal com um único ápice para baixo. Nessa posição inscreve-se na estrela a figura de um bode que, em primeira análise representa a desordem causada pela inversão das leis universais; o caos; o mundo de cabeça para baixo, enquanto que na posição normal, isto é, com um ápice isolado voltado para cima, inscreve-se nela (na estrela) a figura de um homem (a cabeça correspondendo à ponta isolada e os membros superiores e inferiores nas demais pontas). Sob a ótica pitagórica a estrela sugere um símbolo da mais alta espiritualidade humana e é tratada alegoricamente como Estrela Hominal. 

Alec Mellor in Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons destaca que a figura do bode alude à impureza animal em oposição ao homem, cujo símbolo perfeito encontra-se na Pentalpha e na Estrela Resplandecente. A efígie do bode evoca a figura de uma estrela, mas invertida. 

Merece também citação o autor Osvald Wirth quando comentou in Livre de Compagnon, 4ª edição p. 48, termos relativos à estrela que merecem ser citados:
“Uma mesma figura, conforme ela esteja representada, em posição direita ou invertida, torna-se assim o símbolo do que há de mais nobre na hominalidade, ou de brutalmente instintivo do que há na animalidade”.
Por esses comentários relativos ao bode associado à estrela é que em uma Loja Maçônica, nos ritos que adotam a Estrela Flamejante, ela sempre aparecerá na decoração representada como Estrela Hominal, nunca invertida. Destaque-se que a obra maçônica se envereda sempre para o lado da Luz (sabedoria), nunca para o das trevas (ignorância).

Ainda em relação ao bode, o imaginário popular, e de uma parte dos próprios maçons, tem contribuído para falsas interpretações e, quando não, mesmo caluniosas contra a Maçonaria, a exemplo do que nos conta a história e o personagem de Leo Taxil que difamou a Sublime Instituição para obter ganhos financeiros da Igreja.

Nessa mesma linha aparece o bode-preto como uma expressão popular brasileira para designar o diabo (satanás, lúcifer, coisa ruim, etc.). Nesse sentido, vale a pena mencionar o que menciona o saudoso Irmão e meu particular amigo José Castellani nas suas várias anotações em literaturas a respeito: 
“Houve tempo em que setores retrógrados da Igreja, explorando a ignorância e a credulidade de grande parcela do povo, transmitiam, aos seus fiéis, a falsa e malévola afirmação de que a Maçonaria adorava o bode-preto, personificação demoníaca; graças a isso, em muitas localidades brasileiras, dominadas pelo clero, muitas pessoas de poucas luzes, costumavam persignar-se (fazer o sinal da cruz), ao passar, obrigatoriamente, pelas imediações de um templo maçônico, local que procurava evitar e pelo qual só passavam por absoluta necessidade; os maçons conhecidos nessas localidades eram vistos como bruxos, como membros de falanges demoníacas, sectárias do bode-preto, sendo, evidentemente, marginalizados pelas ‘ovelhas’ do rebanho, preocupadas em ir para o céu e não provocar as iras do bom pároco local. Ironizando tal situação de ignorância, atraso e sectarismo, os maçons passaram jocosamente a assumir a alcunha de ‘bode’, ou ‘bode-preto’ para si e para os seus trabalhos de Loja, pratica essa que acabaria se tornando enraizada e tradicional”.
Essa é uma pequena abordagem do assunto pelo que eu espero lhe seja útil. Pesquise literatura a respeito na Internet e a passe pela peneira do bom-senso para obter resultado satisfatório. Não enverede para a banda das crendices e fantasias. 

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

PÍLULAS MAÇÔNICAS

 nº 14 - Lojas, Ordem e Obediências Maçônicas

Brethren, vejam o que nos ensina o francês, Ir.'. Marius Lepage, sobre o acima mencionado:

Lojas

Assim, fica muito claro a diferença entre a Ordem e a Obediência Maçônicas.

A Ordem – a Franco-Maçonaria tradicional e iniciática – não tem origem historicamente conhecida. Usando a expressão habitualmente empregada, podemos dizer que ela data de “tempos imemoriais”.

“...antes do século XIV nada encontramos que se possa ligar, com provas irrefutáveis, à Maçonaria. Todos os documentos que possuímos estabelecem que foi da Maçonaria Operativa que saiu nossa Ordem, e demonstram apenas isso, a não ser para aqueles que suplementam fatos e fontes com a imaginação...” (F. Marcy, L´Histoirie du Grand Orient de France).

As Obediências, ao contrário, são criações recentes, das quais é possível – embora com algumas dificuldades e imperfeições – descrever o nascimento, e cuja existência, a partir daí, é bem conhecida na maior parte dos pormenores. Entretanto, se a Ordem é universal, as Obediências, sejam elas quais forem, mostram-se particularistas, influenciadas pelas condições sociais, religiosas, econômicas e políticas dos países em que se desenvolveram.

A Ordem é, por essência, indefinível e absoluta: a Obediência está sujeita a todas as variações da fraqueza congênita ao espírito humano.

Fonte: pilulasmaconicas.blogspot.com

MAÇONARIA & TOLERÂNCIA RELIGIOSA

Kennyo Ismail
A Maçonaria declara combater a intolerância, a ignorância e o fanatismo. Esses três males estão intrinsicamente relacionados. A ignorância é, sem sombra de dúvidas, a origem e o cerne do fanatismo e de toda a intolerância, em especial a religiosa. “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Essa máxima cristã ensina que o conhecimento, alcançado pela busca da verdade, liberta o homem da ignorância. A Maçonaria, em seus rituais, instruções e literatura, também é extremamente rica em passagens que revelam essa sua vocação. Além de sua história.

Como bem observado pelo pesquisador Antônio Gouvêa Mendonça[i], a Maçonaria constituiu “um peso razoável na balança a favor do protestantismo no momento de sua inserção na sociedade brasileira”. Isso ocorreu a partir da segunda metade do século XIX. Nessa época, de hegemonia e poder católico no Brasil, os protestantes eram a minoria, que sofria todo tipo de ataque intolerante, fanático, preconceituoso. E a Maçonaria, original defensora da liberdade religiosa, e em combate aos males já mencionados, muito colaborou para o ingresso e consolidação das igrejas protestantes no país.

David Gueiros Vieira, em seu artigo sobre o tema[ii], destaca que a Maçonaria brasileira da segunda metade do século XIX, não somente trabalhou em prol do protestantismo, como também do liberalismo, da abolição da escravatura, do ensino laico, e da proclamação da república, garantindo assim a separação da Igreja-Estado, da qual todos usufruímos atualmente. Marcos José Diniz Silva, inclusive, atentou para a guerra midiática entre a Maçonaria e a Igreja Católica, a favor e contra o ensino laico e a liberdade religiosa, por meio de seus jornais.[iii] Mas foquemos aqui na questão religiosa.

Naquela época, os protestantes enfrentavam todo tipo de boicote, desde aquisição de terrenos para igrejas, compra de material de construção, mão de obra, até ameaças aos sacerdotes e fiéis, e atos de vandalismo. Há registro de casos de congregações religiosas que funcionaram inicialmente nas dependências de Lojas Maçônicas, que as ajudaram a construir seus próprios edifícios. Há também registro de proteção maçônica a pastores em suas pregações públicas em todo o interior do país. As igrejas pentecostais e neopentecostais, que surgiram no Brasil durante as décadas seguintes, usufruíram da base bem fundamentada, construída pelos protestantes tradicionais (históricos) com o auxílio dos maçons (muitos deles, também protestantes).

No entanto, atualmente, o Brasil tem assistido outra crise de ignorância, fanatismo e intolerância religiosa. Os noticiários têm apresentado uma crescente onda de casos de intolerância contra, principalmente, religiões de origem africana. Aqui mesmo, nas proximidades da Capital Federal, três terreiros sofreram vandalismo e foram incendiados. Isso mesmo: no entorno de Brasília, em pleno século XXI. Lojas de artigos de umbanda também foram depredadas em Belo Horizonte. Isso sem contar os casos quase que diários de agressão física, até mesmo a uma menina no Rio de Janeiro, apedrejada por ser adepta do Candomblé, e outra em Curitiba, agredida dentro de sala de aula pela mesma razão. Cada uma em um canto do país. Ambas, vítimas do que é uma clara afronta aos Direitos Humanos e à Constituição.

Infelizmente, alguns sacerdotes de certas vertentes evangélicas, também tomados pela ignorância, vez ou outra nos surpreende com discursos e propagandas antimaçônicas, como já noticiado aqui no blog. Suas memórias curtas ou, simplesmente, puro desconhecimento (ignorância), levam-lhes ao erro de atacar a Maçonaria, que tanto colaborou para a consolidação de suas antecessoras e, consequentemente, de suas próprias igrejas no país. É esse tipo de “ignorância sacerdotal” que incita a intolerância, o fanatismo, levando indivíduos aprisionados a suas fés cegas e má orientações espirituais a atos de terrorismo como os mencionados.

Espero que nossas Obediências Maçônicas abracem novamente a causa do combate à intolerância religiosa, como fez há 150 anos. A reforma política já tem a atenção de grandes instituições, como o MPF – Ministério Público Federal, e a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. As minorias religiosas discriminadas não. Essa conquista maçônica do passado, chamada de liberdade religiosa, está seriamente ameaçada e merece mais uma vez nossa atenção. Não podemos esperar que as difamações contra a Maçonaria se transformem em apedrejamento de maçons e incêndio a Lojas Maçônicas para agir.

[i] MENDONÇA, A. G. Inserção dos protestantismos e “questão religiosa” no Brasil, século XIX (reflexões e hipóteses). Estudos Teológicos, Vol. 27, No. 3, 1987, p. 219-237.

[ii] VIEIRA, D. G. O Liberalismo, a Maçonaria e o Protestantismo no Brasil no Século Dezenove. Estudos Teológicos, Vol. 27, No. 3, 1987, p. 195-217.

[iii] SILVA, M. J. D. Maçonaria e laicismo republicano na imprensa católica cearense entre os anos de 1910 e 1920. Ciência & Maçonaria, Vol. Vol. 1, n.1, Jan/Jun, 2013, p. 7-19.

Fonte: www.noesquadro.com.br

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

QUESTÕES PRÁTICAS DE RITUALÍSTICA

(republicação)
O Respeitável Irmão Celso Mendes de Oliveira Júnior, membro da Loja Pioneiros de Mauá, 2.000, REAA, GOB-RJ, Oriente de Magé, Estado do Rio de Janeiro, apresenta as questões que seguem: 
celso.mendes.junior@hotmail.com 

Após o tempo de estudo fui incumbido pelo Venerável Mestre de pesquisar e levar para a Loja um parecer. Peço que o irmão me ajude nesta empreitada. Segue abaixo duvidas separada por tópicos. 

1 - Nas Lojas de Aprendiz, Companheiro e Mestre a faixa (fita) com a joia de Mestre é de uso obrigatório para todos os Mestres sem cargo? 

2 - Os Mestres com cargo o uso da faixa (fita) juntamente com o colar é opcional ou é para usar somente o colar do cargo sem a faixa (fita)? 

3 - Conforme o RGF Art. 116 parágrafo XI Compete ao Venerável Mestre conceder a palavra aos Maçons ou retirá-la, segundo o Rito adotado; Bom no meu ponto de vista quando no Ritual o Venerável Mestre diz que a palavra será concedida nas colunas pelos irmãos Vigilantes para quem dela queira usar, ou seja, neste momento ele delega essa função aos mesmos e os Vigilantes podem se aproveitar disto, para não dar a palavra a um Irmão ou retirá-la, isso está correto? 

4 - O Venerável Mestre pode conceder a palavra diretamente a um irmão sem ter que concedê-las novamente nas Colunas? 

5 - Todo Irmão que não esta ocupando cargo administrativo deve falar em pé e a Ordem e permanecer assim até concluir? 

6 - Apesar de o Venerável Mestre poder não se recomenda dar a permissão de desfazer o Sinal Gutural? 

7 - Mesmos os Irmãos Vigilantes sendo responsáveis por suas colunas eles têm autoridades para isso? 

CONSIDERAÇÕES:

1 - Sim. A faixa (fita) faz parte da indumentária do Mestre Maçom e está prevista do Ritual de Mestre Maçom em vigência. 

2 – Como cargos em Loja só podem ser exercidos por Mestres Maçons, um Maçom ocupando cargo usa o colar com a respectiva joia do cargo. O conjunto nesse caso indica o cargo e, como o cargo só pode ser ocupado por Mestre à questão fica subentendida. Nada impede que um Irmão nessa situação, desejando usar a faixa por baixo do colar, assim o faça – haja penduricalho! Os Mestres Instalados têm a sua própria indumentária.

3 – É clara a comunicação do Venerável que a palavra será concedida pelos Vigilantes. Assim um Irmão que desejar fazer o uso da mesma, pede ao Vigilante da sua Coluna que, por sua vez concede a mesma sem pedir para o Venerável. A palavra já está na Coluna. É claro também que o Vigilante concede a palavra e não julga se deve ou não concedê-la. Da mesma forma ele não retira a palavra. Se o Venerável achar necessário ele é que pode fazê-la, desde que não seja de modo arbitrário ou contra os princípios e Leis. O Orador está presente para avaliar a situação, se for o caso. 

4 – Se a palavra tiver já tiver feito o giro e algum Irmão tiver a necessidade de falar novamente sobre o assunto que está sendo discutido (Ordem do Dia), o Venerável ao seu critério poderá concedê-la ou não. Se resolver concedê-la o faz através do Vigilante pelo giro da palavra (começa pela Coluna do Sul). No caso da palavra a Bem da Ordem não há discussão de assunto, todavia se o Obreiro criteriosamente tiver a necessidade de usar da palavra novamente e o Venerável resolver concedê-la, o faz da mesma forma utilizada na Ordem do Dia. Nunca é demais lembrar que os ocupantes do Oriente pedem a palavra diretamente ao Venerável, porém se o uso merecer repetição e ele concordar recomeça-se o uso da mesma pela Coluna do Sul. Em qualquer dos casos acima um Obreiro desejando o retorno da palavra, faz o pedido ao respectivo Vigilante que por sua vez comunica o desejo ao Venerável. É sempre bom lembrar que esses casos são previstos na Ordem do Dia e na Palavra a Bem da Ordem. Em ambos os casos existe uma súplica de alguém que quer usar novamente a palavra. Outro aspecto é que o Venerável em alguma oportunidade pode pedir uma explicação ou necessite se dirigir para um Irmão. Nesse caso o Venerável a ele se dirige diretamente, estando este no Oriente, ou nas Colunas. 

5 – No Ocidente, salvo quando o Ritual determinar o contrário, falam sentados apenas os Vigilantes. Se o Irmão se referiu aos “administrativos” no caso do Ocidente ao Chanceler e ao Tesoureiro, esses falam em pé. No Oriente, os outros três cargos administrativos (Venerável, Orador e Secretário) falam sentados, salvo se o ritual determinar o contrário. Nunca é demais lembrar em Loja aberta (declarada aberta pelo Venerável) o Obreiro em pé permanece à Ordem – pés unidos pelos calcanhares formando a esquadria e corpo ereto compondo o Sinal Penal conforme os trabalhos da Loja. As Luzes deixam seus malhetes e compõem o Sinal com a(s) mão(s). 

6 – Dispensar o Sinal não é regra, salvo quando o bom senso recomendar. Por exemplo: a apresentação de uma peça de arquitetura, ou um pronunciamento que mereça ocupar um tempo estendido. Caso contrário é de péssima geometria Veneráveis ficarem dispensando o Sinal aleatoriamente como se esse procedimento fosse uma norma. Aliás, mantendo o Obreiro à Ordem como está previsto, certamente “alguns Irmãos” pretensos a fazer discursos longos e providos muitas vezes de rançoso lirismo, certamente compondo o Sinal que, a partir de um tempo causa desconforto, não se atreverão a mexer com a paciência da assembleia. 

7 – O único que pode criteriosamente dispensar o Sinal é o Venerável. É sempre bom lembrar que existe uma hierarquia no tocante às Luzes da Loja. Os Vigilantes auxiliam o Venerável a dirigir a Loja, contudo não estão dirigindo os trabalhos da Loja. Quem dirige a Loja é apenas e tão somente o Venerável – “Pergunta: Onde é o lugar do Venerável Mestre?” “Resposta: No Oriente”. “Pergunta: Para que, meu Irmão?” “Resposta: (...) para abrir a Loja, dirigi-la (o grifo é meu) e esclarecê-la (...)”. 

PEDRO JUK 
jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr.1003, Florianópolis (SC) – domingo, 02 de junho de 2013

SESSÃO MAÇÔNICA INOVADORA

Ir∴ Charles Evaldo Boller 

Sinopse: Considerações a respeito promoção de sessões maçônicas Motivadoras imprescindíveis para a sobrevivência da Maçonaria. O objetivo do maçom em loja é participar de sessão maçônica motivadora para realimentar sua alma na vivência do dia-a-dia. 

Sessões com assuntos administrativos reduzidos ao mínimo para sobrar mais tempo para degustar bons pensamentos em animadas atividades que visam o crescimento e a autoeducação. 

O tempo de instrução e estudos é a alma da sessão maçônica! Cabe apenas aos aprendizes e companheiros maçons a tarefa de manterem acesa a chama do pensamento maçônico? 

Aprendizes e companheiros são pessoas sedentas de informações e conhecimentos ou os instrutores nas sessões? Instrução é dever do mestre maçom! Ultimamente os aprendizes e companheiros, e só estes, por obrigação regimental, apresentam peças de arquitetura, trabalhos de cunho intelectual visando aumento de salário. 

Por que os mestres maçons não se encontram motivados para tal? Faltam provocações! Carecem de debates e conversas informais dos assuntos da Maçonaria dentro e fora da loja. 

Tristemente, são comuns os aprendizes e companheiros ensinarem de forma proativa enquanto os mestres maçons dormem! Como aconteceu isto? 

Porque o mestre maçom está tão desmotivado? 

São as sessões maçônicas desmotivadoras! Ou o mestre desce do pedestal em que ele foi colocado em resultado de sessões monótonas ou deixa de ser o eterno e motivado aprendiz ou deixa a ordem maçônica! Esta última é a realidade universal! Mestre motivador e motivado nasce do atrito com os outros intelectos que o acompanham numa sessão maçônica, daí a importância de debates. 

A tarefa dos embates por pensamentos em animadas argumentações é arrancar lascas de imperfeição das pedras uns dos outros, o polimento exige trabalho, atividade em equipe - não é assim que são formadas as pedras roladas dos fundos de rios? Uma pedra vai batendo na outra até que todas adquirem formas harmoniosas, quase lisas, nunca perfeitas, apenas aperfeiçoadas.

São pancadas ora suaves ora bruscas, mas contínuas! O resultado são pedras diferentes umas das outras: grandes, pequenas, achatadas, ovais, arredondadas, mas nunca perfeitas. Cada pedra mantém sua forma própria e reflete a luz com maior ou menor intensidade, dependendo de quanto ela rolou em contado com outras pedras maiores e menores, até com pedras tão pequenas como grãos de areia.

Todas se modificam pelo atrito constante. Não há necessidade de erudição elevada, apenas conhecimento médio já é suficiente numa motivadora sessão maçônica, é semelhante à diversificação das pedras do fundo dos rios. Em verdade, basta apenas uma mente sadia - qualquer mente humana! O objetivo deve ser o canteiro de obras movimentado onde cada obreiro é aprendiz, um eterno aprendiz, mesmo que seja apenas um grão de areia em erudição ele vai influir no pensamento de seu irmão. 

Promover debate em loja é retornar à prática da Maçonaria especulativa, que preconiza o filosofar, o estudo teórico, o raciocínio abstrato e investigativo, que usos e costumes deturparam a ponto de descaracterizar as sessões maçônicas. 

Urge despertar nos irmãos a salutar capacidade em desenvolver o pensamento em animadas discussões das coisas da sociedade e da ordem maçônica. O propósito central das sessões motivadoras é eliminar o inconformismo gerado pelo comparecimento semana após semana em loja apenas para ouvir o som seco, duro, impessoal dos malhetes, em detrimento do trabalho no polimento das pedras chocando-se umas nas outras no exercício do pensamento. 

Sessões sem debate e instrução mecânicas revelam perda de tempo; são vazias e sem propósito; devem ser defenestradas do templo. O obreiro da pedra deve terminar seu dia em loja com algo novo e consistente dentro da mochila que ele leva de volta para casa. 

Urge acabar com a mente desocupada, oca, vazia, cheia de lacunas em resultado de atividade passiva e deixar a capacidade de pensar fazer sua parte na construção do templo ideal da sociedade onde cada homem é apenas uma pedra. 

Atividades motivadoras em loja levantam a egrégora, um campo de força do pensamento em uníssono e vibrante, algo revelado no brilho dos olhos dos participantes. 

Como é possível ver os olhos do irmão que dorme o sono dos anjos? 

O objetivo da Maçonaria é despertar o equilíbrio da razão, emoção e espiritualidade - quando poderão fazer isto se suas mentes estão adormecidas pelo enfadonho e repetitivo som monótono das mesmas ideias repetidas vez após vez? 

O obreiro deve voltar à prática do salutar e edificante afiar da espada, a língua, e praticar o manuseio do maço e do cinzel, dar tratos à capacidade de pensar, que há muito foi substituído por outras atividades nada motivadoras; mesmices, tão entediantes que apenas embalam o sono dos ouvintes passivos.

Urge incrementar a qualidade das sessões maçônicas de modo a torná-las motivadoras de tal forma que estabeleçam contágio para edificantes conversas entre irmãos, o que é de fato o real objetivo da Maçonaria especulativa com sua filosofia e liturgia. Mestres maçons devem ser compelidos na confecção de peças de arquitetura? Não! Ninguém é obrigado a fazer nada além do determinado pelas leis que regem a loja. 

O mestre maçom só confeccionará peças de arquitetura quando estiver inspirado para isto. Tais construções surgem no canteiro de obras principalmente se esta for a sua vontade e depois do obreiro se ver provocado por novas inspirações provindas em loja dos irmãos, das outras pedras, pedriscos e grãos de areia. 

O salão é o mesmo, as músicas e o ritmo é que devem mudar. O baile será alegre e trará prazer aos dançarinos se a sessão for motivadora e entusiasta! O que interessa é cada músico dar o que tem de bom em si e animar o baile ao sabor de seus pensamentos temperados com alegria. 

O que se objetiva é alimentar com o sadio, construtivo e consistente alimento da filosofia maçônica. 

A sede de conhecimento maçônico deve ser aplacada para que o homem produza frutos. 

O gênio da motivação vem do ritmo impelido pelos músicos e maestro, onde todos participam da orquestra e ao mesmo tempo dançam ao som de seus pensamentos, sonhos e até devaneios. 

E assim, os dançarinos vão se movimentando na pista do tempo construído à semelhança de um rio e onde cada pedra lustra a outra para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo. 

Fonte: Fonte: JB News – Informativo nr. 1.081