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terça-feira, 31 de agosto de 2021

ABERTURA DOS TRABALHOS - TRANSMISSÃO DA PALAVRA

ABERTURA DOS TRABALHOS - TRANSMISSÃO DA PALAVRA
(republicação)

Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Jocely Xavier de Araújo, Loja Hermann Blumenau, REAA, GOB, Oriente de Blumenau, Estado de Santa Catarina.
jxa@tpa.com.br

Por gentileza, poderia se possível, nos tirar a seguinte dúvida - Grau de Aprendiz: na abertura dos trabalhos o Venerável Mestre passa a palavra ao Primeiro Diácono para ser levada ao Primeiro Vigilante. Essa palavra é dada letra por letra e depois soletrada conforme constam da pág. 165 do Ritual de Aprendiz? Ou só letra por letra? 

CONSIDERAÇÕES:

A transmissão da Palavra Sagrada na abertura e enceramentos dos trabalhos tendo como protagonistas o Venerável Mestre, os Vigilantes e os Diáconos, prática esta do Rito Escocês Antigo e Aceito não é dinâmica do Telhamento, portanto ela é dada soletrada, porém apenas por aquele que transmite. Por exemplo: o Venerável ao transmitir a palavra dá a mesma sussurrada e soletrada no ouvido do Primeiro Diácono que nesse momento apenas a recebe. Da mesma forma também procede ao Primeiro Diácono na transmissão para o Primeiro Vigilante, e assim por diante. Nesse sentido a Palavra também não é silabada no final. Levando-se em conta de que os figurantes desse ato são Mestres Maçons, não existe a característica de um dar a primeira letra e o outro a segunda, etc., etc.

Talvez sejam oportunos nesse momento alguns esclarecimentos no tocante a palavra soletrada e ao final silabada durante o telhamento do Aprendiz. Infelizmente existe ainda esse equívoco – silabar - ao término do procedimento nos rituais brasileiros em vigência. Ora, na concepção iniciática o Aprendiz apenas soletra aludindo simbolicamente à infância.

Já silabar a palavra é ato de outro Grau mais adiantado. Na Maçonaria latina esse feitio é composto para exemplificar evolução – soletrar, silabar e dá-la por inteiro.

Nesse sentido, tenho insistido em incontáveis oportunidades, que se faz cogente ao estudante de maçonaria o conhecimento dos dois sistemas principais – o inglês (anglo-saxônico) e o francês (latino). Esse costume de silabar a palavra no primeiro grau é prática do sistema inglês onde o método doutrinário se diferencia do latino. Para os Trabalhos Ingleses (lá não existem ritos), por exemplo, a palavra do Aprendiz é dada partida ao meio, inclusive em alguns costumes invertidas e de trás para frente. Excepcionalmente no Brasil, talvez por descuido, ou mesmo por falta de percepção, essa prática acabou alcançando consuetudinariamente os Ritos latinos que o fazem de maneira correta ao soletrar, porém equivocados ao soletrar no final.

Voltando a questão da transmissão da Palavra Sagrada presente no Rito Escocês Antigo e Aceito, ela não pode ser confundida com telhamento - neologismo maçônico que quer dizer verificação da qualidade do portador de um Grau. A transmissão da palavra no início e no término dos trabalhos menciona simbolicamente a prática antiga de marcar corretamente os cantos da obra utilizando o nível, o prumo e o esquadro para que ela, a obra, estando “justa e perfeita” possa ser iniciada. Assim também no final seja o produto conferido e avaliado “justo e perfeito” para que se possa pagar os obreiros e despedi-los contentes – assim está no ritual.

Como se pode notar, embora em ambas as oportunidades, tanto no telhamento como na transmissão, é feito uso da mesma Palavra, as práticas se distinguem conforme o momento ritualístico.

Finalizando deixo aqui a observação de que embora tenham havidos apontamentos no que se refere à prática equivocada de sílabas na palavra sagrada do Primeiro Grau no Rito Escocês Antigo e Aceito, prevalece sempre o que está escrito no ritual em vigor. Os meus apontamentos se atém à autenticidade, porém nunca no intuito de se insurgir contra o que está legalmente aprovado.

T.F.A. - PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 551, Florianópolis (SC) 01 de Março de 2012.

AS COLUNAS MAÇÔNICAS

AS COLUNAS MAÇÔNICAS
Ir∴ Ronaldo Costa
MI da Loja Antonio Monteiro Martins – 139 -GLMERJ

Para falarmos das principais colunas maçônicas, é preciso conhecer as três Ordens clássicas da arquitetura: Jônica, Dórica e Coríntia.

A ordem jônica tem antecedentes na arquitetura dos assírios, hititas e de outros povos da Ásia Menor. Espalhou-se no século V a.C. por muitas cidades-estado e pelas colônias gregas na Sicília. Em Atenas, foi resultar num estilo característico, o ático-jônico.

Ao contrário da coluna dórica, a jônica não assenta diretamente sobre patamares, mas tem uma base (plinto) que assume diversas formas. A vantagem do plinto é que todo o conjunto ganha maior leveza. O fuste, por sua vez, afina um pouquinho em direção ao capitel. A coluna é elegante não só porque é mais alta em relação ao diâmetro (corresponde a até 9 vezes o diâmetro, enquanto a dórica não passa de 5 vezes e meia) mas também pelo fato de possuir maior número de caneluras – frisos verticais da coluna – de 24 a 44 (na dórica são de 16 a 20). Além disso, as caneluras jônicas não terminam em arestas vivas, mas são biseladas, ou seja, entre uma e outra há um pequeno risco, ajudando a coluna a parecer mais esguia. O capitel é ornado com desenhos em espiral chamados volutas; entre o capitel e a coluna, feito uma gola trabalhada, há outro tipo de enfeite ovalado, o gorjal.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

RESUMO DA SESSÃO NAS CONCLUSÕES DO ORADOR

Em 05.02.2020 o Respeitável Irmão, Raimundo Nonato Rebouças, Loja Emídio Fagundes, REAA, GORN (COMAB), Oriente de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, faz a seguinte pergunta:

RESUMO DA SESSÃO

Caro Irmão Pedro Juk: O Secretário de Liturgia e Ritualística da minha Obediência vai retirar do nosso ritual “o resumo de tudo o que foi tratado na sessão”, alegando que isso já faz parte da ata que será lavrada pelo Secretário e, portanto, não vê necessidade desse procedimento.

Na sua visão isso está correto? O Orador pode no final da Sessão dar as conclusões sem
fazer o resumo da referida Sessão?

Fico na expectativa da vossa opinião.

CONSIDERAÇÕES:

De fato, isso nada mais é do que uma redundância, para não dizer um artifício para dourar a pílula, pois o Orador, ao declarar que os trabalhos transcorreram j∴e pp∴, certamente já os qualificou dentro da legalidade.

Assim, para o bem da liturgia maçônica, o ritual não deveria citar que o Orador, nas suas conclusões finais, fizesse qualquer resumo da sessão.

Considere-se que por si só a simples manifestação do Orador ao final dos trabalhos já denota a legalidade, pois se no curso da sessão, hipoteticamente algo errado tivesse ocorrido, certamente que o Guarda da Lei já teria se manifestado e não esperado o final da sessão para alertar sobre a ilegalidade.

Contudo, é de bom alvitre que o ritual antes seja corrigido, suprimindo assim essa expressão redundante e desnecessária de se fazer um “resumo de tudo que foi tratado na sessão”.

Destaco que essa qualquer intervenção no ritual, a mesma deve obedecer aos trâmites regulamentares, pois o Secretário Estadual, mesmo que coberto de razão, não pode simplesmente, por sua conta, intervir no texto legalmente aprovado.

Corrigido o ritual, entendo que o Orador então deveria apenas saudar os visitantes em nome da Loja e a posteriori simplesmente declarar que os trabalhos daquela sessão transcorreram dentro dos princípios e leis, estando tudo j∴ e p∴.

Por certo que a ata (balaústre) já relata de modo objetivo o decurso da sessão.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

O INÍCIO DA JORNADA

O INÍCIO DA JORNADA

PREFÁCIO

Queridos irmãos,

Em vos iniciando em seus mistérios, a Franco-Maçonaria convida-vos a tornar-vos homens de elite, sábios ou pensadores elevados acima da massa dos seres que não pensam.

Não pensar é consentir em ser dominado, conduzido, dirigido e tratado, muitas vezes, como animal de carga.

É por suas faculdades intelectuais que o homem se distingue do bruto. – O pensamento torna-o livre: ele lhe dá o império do mundo. – Pensar é reinar!

Mas o pensador foi sempre uma exceção. Outrora, o homem tinha a possibilidade de entregar-se ao recolhimento, perdendo-se no sonho; em nossos dias, ele cai no excesso contrário. A luta pela vida absorve-o, a ponto de não lhe restar tempo algum para meditar com calma e cultivar a Arte Suprema do Pensamento.

Ora, esta Arte, – chamada a Grande Arte, a Arte Real ou a Arte por Excelência -, pertence à Franco-Maçonaria fazê-la reviver entre nós.

Oswald-Wirth

A CERIMÔNIA

Tenho ainda fresco na memória minha chegada ao Templo, acompanhado de meu Padrinho e das emoções que me envolviam por completo no dia da minha Iniciação.

A partir do instante em que a venda em mim foi colocada, outro mundo se abriu. Parece uma incongruência: como pode aquele que não mais vê enxergar para si um novo mundo?

Lembro-me da paz que tomou conta do meu ser ao ouvir a voz serena, daquele que se apresentou como meu guia, dizendo-me que nele poderia depositar toda minha confiança. Desse momento em diante os medos e os receios do mundo profano se foram, e iniciou-se uma busca pelo Conhecimento do meu próprio espírito maçom.

Mas ao ser despojado dos metais, lembrar-me de como vim ao mundo, ter ciência da minha ignorância, saber que nada sei, abriu-se então a porta ao espírito que desejava ser iniciado. Nem nu, nem vestido, caminhei para o início de uma nova vida. O nascimento de um novo homem em ideias e essência.

A prova da TERRA me levou às mais profundas reflexões sobre o meu “eu”. Encerrado naquela “caverna”, à luz de uma vela, escrevendo meu testamento, rodeado por símbolos ainda desconhecidos, meus pensamentos caminharam para minha família, esposa e filhos, e como eu estava só naquele momento.

Todas as outras VIAGENS realizadas são capítulos especiais de uma história especial, e acredito que cada irmão tem em si a sua lembrança, seus pensamentos, suas memórias e sentimentos daqueles momentos ímpares.

O fato de “se entregar” ao seu guia, e nele depositar toda sua confiança, sem se ter a mínima ideia de onde está, e pelo que irá passar, já é um ensinamento único, que nos faz crescer espiritualmente e como homens.

Quando “se fez a LUZ” nasci para um novo mundo, Meus olhos se encheram de lágrimas com a emoção que tomava conta do meu ser. Meu coração batia em ritmo frenético e a mente turbilhava em pensamentos. Olhava nos olhos de meus queridos novos irmãos e sentia no corpo a alegria por ser recebido por todos, e a alegria de todos em me receber.

A JORNADA CONTINUA

Posso dizer a todos que tenho orgulho e prazer, inestimáveis, em fazer parte dessa Família. Passado já algum tempo da minha Iniciação, meu espírito está ainda em busca de constante aprimoramento e de conhecimento.

É sempre motivo de grande felicidade e de prazerosa emoção estar entre meus irmãos, e ter a oportunidade de receber seus ensinamentos.

“A ignorância é a mãe de todos os vícios, e seu princípio é: nada saber, saber mal o que saber e saber coisas além do que deve saber. Assim o ignorante não pode medir-se com o sábio, cujos princípios são a Tolerância, o Amor Fraternal e o Respeito a si mesmo.”

Autor: Luiz Marcelo Viegas
Membro da ARLS Pioneiros de Ibirité, Nº 273 – GLMMG
Mestre Maçom

Referências Bibliográficas:
  • Manual de Instruções Grau 1 REAA
  • O Livro do Aprendiz – Lepage, Marius
Fonte: https://opontodentrocirculo.com

domingo, 29 de agosto de 2021

APRENDIZES E COMPANHEIROS NÃO PODEM OCUPAR CARGOS

Em 18.01.2021 O Respeitável Irmão Adão G. Russi de Oliveira, Secretário Estadual Adjunto de Orientação Ritualística da III Região, GOB-MS, Estado de Mato Grosso do Sul, apresenta a questão seguinte:

APRENDIZES E COMPANHEIROS OCUPANDO CARGOS.

Necessito de uma orientação vossa. O assunto se refere a possibilidade de Aprendizes e Companheiros exercerem funções no Ocidente em “Sessão Ordinária”, quando a Loja tiver sete Mestres ou mais, porém não em número suficiente para preencher todos os cargos.

Pergunto se os Aprendizes e Companheiros, na falta de Mestres para preencher todos os cargos (22 segundo o Ritual), podem exercer funções como por exemplo de Mestre de Harm∴ e 2º Diác∴?

É difícil ver uma Loja com sete Mestres se revezando em cargos, que no meu entender necessitariam de pelo menos nove Mestres, enquanto três ou quatro Aprendizes e outro tanto de Companheiros ficam estáticos, simplesmente assistindo.

Resumindo: Aprendizes e Companheiros podem exercer função no Ocidente, como a de Mestre de Harm∴ e 2º Diác∴?

CONSIDERAÇÕES:

Sob o ponto de vista legal, o Art. 229 do Regulamento Geral da Federação do GOB prevê no § 1º que os cargos são privativos de Mestre Maçom.

Sob essa óptica, Aprendizes e Companheiros não podem ocupar cargos sob nenhuma hipótese, mesmo sendo no Ocidente.

De certa forma, iniciaticamente Aprendizes e Companheiros em Loja ocupam lugar nos topos das Colunas do Norte e do Sul respectivamente.

Isso significa que no REAA o exercício de cargos somente é permitido àquele que completou a jornada iniciática, isto é, depois de ter passado pelos topos do Norte e do Sul, recebeu o grau de Mestre Maçom, alcançando assim a plenitude maçônica, condição que, dentre outros, lhe dá o direito de exercer ofício no canteiro simbólico (Loja).

O número de sete Mestres é a quantidade mínima necessária de obreiros para se abrir uma Loja, já que tradicionalmente três Mestres a governam, cinco Mestres a compõe e sete Mestres a completam.

Desse modo, com sete Mestres é possível abrir e fechar uma Loja, não sendo necessário, com isso, que todos os cargos estejam preenchidos, bastando para tal estarem ocupados aqueles imprescindíveis no rito, como as três Luzes governantes (Venerável e Vigilantes), as cinco Dignidades que compõe a Loja (as Luzes mais o Orador e o Secretário) e ainda, para a completar, o Cobridor Interno e o Mestre de Cerimônias.

No caso do REAA, para a liturgia da transmissão da palavra o Mestre de Cerimônias e o Secretário assumem temporariamente o ofício dos Diáconos.

Nessa conjuntura, os obreiros que ainda não alcançaram a plenitude maçônica não podem exercer cargos, mesmo em casos precários onde estejam presentes apenas sete Mestres.

É sob essa óptica que o RGF do GOB menciona no seu Art. 229 que os cargos em Loja são privativos dos Mestres Maçons. Também prevê no Art. 96, item XXII, realizar Sessões com, no mínimo, 7 Mestres Maçons.

Entre outros importantes significados simbólicos, o número de sete Mestres para constituir a Loja é antigo e pode ser encontrado nos velhos manuscritos de obrigações das corporações de ofício da Idade Média que não raras vezes já mencionavam o número de 3 para governar, 5 para a compor e 7 para a completar.

Numa síntese iniciática, dentro da Moderna Maçonaria o maçom somente poderá exercer cargo em Loja após de ter sido consagrado Mestre Maçom, isto é, entre o Esquadro e o Compasso, ou por todos os quadrantes da Loja.

Finalizando, a questão não é só a de quem esteja presente nos trabalhos para assumir um cargo. O caso é o de que não se pular pode nenhuma das etapas da senda iniciática. Só alcança o topo da escada sinuosa aquele que a subiu por 3, 5, e 7 degraus.

T.F.A.
PEDRO JUK - http://pedro-juk.blogspot.com.br
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

IGUALDADE, DIVERSIDADE, TOLERÂNCIA

IGUALDADE, DIVERSIDADE, TOLERÂNCIA
Rui Bandeira

Os maçons prezam a Igualdade. Esta está na matriz genética do que é a Maçonaria. Na Loja, todos são essencialmente iguais, mesmo que alguém dirija, alguém assista quem dirige, alguém ensine e alguém aprenda. Porque todos foram e potencialmente serão tudo, todos fizeram e potencialmente farão tudo em Loja. A dignidade da condição humana é exatamente igual em todos e cada um, quaisquer que sejam as suas habilitações, as suas aptidões, as suas realizações. Cada maçom está entre iguais quando está entre os seus Irmãos. Mais: cada maçom reconhece e preza a essencial Igualdade entre todos os membros da espécie humana, independentemente de cores de pele, de nacionalidades, de crenças, de lugares ou de estilos de vida.

Os maçons prezam, também, e em igual medida, a Diversidade e o corolário desta, a diferença. Em Loja, é patente a riqueza advinda do confronto e da cooperação de diferentes experiências, capacidades, opiniões, formações. Por isso, não tiveram nem têm normalmente êxito avulsas experiências de criação de Lojas "monocolores", de médicos ou de músicos ou do que quer que seja, acumulação de experiências semelhantes que, por regra mais cedo do que tarde, se revela entediante e pouco apelativa. Os maçons aprendem e praticam o inestimável valor da diversidade, aprofundam o estimulante potencial da diferença. Cada um contribui com as suas valências, os seus saberes, os seus gostos, as suas experiências, em suma, com a sua individualidade, para enriquecer o grupo e os demais. E cada um aprende, enriquece-se, com o que depara de diferente, com diversos pontos de vista que lhe aguçam e estimulam o intelecto e o espírito crítico.

A Igualdade não pressupõe, não se faz, de similitude. A Igualdade aceita, resulta, da multitude de diferenças que existem na Diversidade.

A Tolerância é a ferramenta que harmoniza a Igualdade e a Diversidade. Entender que os nossos iguais não deixam de o ser porque pensam diferente de nós, aceitar que as diferenças de aspeto, de cor de pele, de experiências, de culturas, não afetam a essencial Igualdade da natureza humana, expressa na individualidade de cada um, é a natural postura que permite, mais do que possibilitar, mais do que meramente compatibilizar, efetivamente rentabilizar a Diversidade existente na Igualdade. Por isso a Tolerância não emerge de qualquer sentimento de pretensa superioridade do que tolera em relação ao tolerado; pelo contrário, a Tolerância pressupõe, enraíza-se, cresce a partir da noção de que o outro é essencialmente igual a mim e acessória e inevitavelmente apresenta diferenças em relação a mim. Diferenças que é estulto julgar, catalogar ou, pior, ridicularizar ou ostracizar; pelo contrário, diferenças que me enriquecem na medida em que as considerar, com elas aprender, integrar nos meus saberes, nas minhas posturas, na minha individualidade - que, por natureza, é diferente de todas as demais...

A Igualdade é o campo que cada ser humano tem em comum, o solo que todos pisamos, a terra que a todos nós molda. A Diversidade são as diferentes culturas que sobre essa terra comum se semeiam, granjeiam e, a seu tempo, se colhem, todas diferentes, todas importantes, apesar das suas diferenças, afinal devido às suas diferenças. A mesma terra dá o cereal de que se faz o pão, cria o fruto de que se fabrica o vinho, desenvolve o algodão de que se faz tecido. A Tolerância é a alfaia que trabalha a terra e semeia, granjeia e colhe as culturas.

A essencial Igualdade de todos os seres humanos é uma indispensável base com um inestimável potencial, concretizado numa miríade de diferenças que constituem a formidável riqueza da Diversidade. A Tolerância é o meio pelo qual se aproveita o potencial e se cria a riqueza, a forma como, assumindo a comum base de partida, se propicia a inestimável infinidade de caminhos que podem ser traçados, cruzados, percorridos por iguais com diferentes anseios e diversas caraterísticas, sementes diversas lançadas à mesma terra produzindo inumerável variedade de frutos.

Compreender que todos somos essencialmente iguais, valorizar as diferenças inerentes à nossa individualidade, articular o que é comum com o que é diverso com a harmonia da Tolerância, são caraterísticas imanentes da Maçonaria, presentes desde sempre na sua matriz formadora. Para os maçons, reconhecer a Igualdade e Tolerar, isto é, aceitar, valorizar e aproveitar a Diferença, é pura rotina, algo tão natural como respirar.

No dia em que todos em toda a Humanidade conseguirem compreender e praticar que o ser humano, sendo essencialmente Igual aos seus semelhantes só se valoriza. se potencia, se realiza pelo exercício e aproveitamento das suas diferenças, constituindo o conjunto de todas elas a enriquecedora Diversidade da espécie humana, tão mais enriquecedora e propiciadora do progresso e do bem comum quanto mais bem Tolerada, aceite, fomentada for por todos e cada um, nesse dia finalmente as trevas do obscurantismo serão vencidas pela Luz da razão.

Para que esse dia chegue trabalham, dia a dia, incansáveis formiguinhas obreiras, os maçons. Esta a Grande Conspiração Maçónica! Esta a Nova Ordem Mundial por que anseiam! Os maçons e todas as pessoas de bem e livres de preconceitos!"

Fonte: http://a-partir-pedra.blogspot.com.br

sábado, 28 de agosto de 2021

APLICAÇÃO DO SOR E REUNIÃO DE MESTRES INSTALADOS

Em 12.01.2021 o Respeitável Irmão Hiroshi Murakami, Loja Antonio Vieira de Macedo, nº 1.611, REAA, GOB-RJ, Oriente de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, faz a seguinte pergunta:

APLICAÇÃO DO SOR E REUNIÃO DE MESTRES INSTALADOS

Quando poderemos e deveremos iniciar a introduzir na Ritualística do primeiro grau as suas modificações?

Com relação a Reunião de Mestre Instalados para discutir assuntos administrativos o que
sempre se fez nesta Loja poderia dar uma orientação específica para todos?

CONSIDERAÇÕES:

O SOR – Sistema de Orientação Ritualística, GOB-RITUALÍSTICA - https://ritualistica.gob.org.br - traz orientações, correções e adequações para os rituais em vigência do GOB e deve ser aplicado de imediato. 

O SOR é amparado pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral que é o guardião dos rituais do GOB. 

O Decreto 1784 encontra-se publicado no Boletim do GOB sob o nº 31 do mês de outubro de 2019. 

Para acesso ao SOR são necessários o GOB CARD, a Palavra Semestral e o CIM.

Quanto a questão dos Mestre Instalados, pelo que consta eles apenas se reúnem em Conselho quando designado pela Obediência para a Instalação de um Venerável Mestre – vide o Capítulo III, do Mestre Instalado, RGF, Artigos 42, 43, 44 e 45. 

Destaco que Mestre Instalado não deve ser tratado como um grau, mas como categoria especial honorífica. 

É inclusive vedada a criação de Conselhos de Mestres Instalados com o fito de coordenar ou supervisionar as atividades das Lojas.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

MAÇONS FAMOSOS

INICIAÇÃO MAÇÔNICA DE SIMÓN BOLÍVAR

SIMÓN JOSÉ ANTONIO DE LA SANTÍSSIMA TRINIDAD BOLÍVAR Y PALACIOS PONTE-ANDRADE Y BLANCO (Caracas, 24 de julho de 1783 — Santa Marta, 17 de dezembro de 1830). Militar e líder político venezuelano, uma das peças chave nas guerras de independência da América espanhola. Libertador da Venezuela, Colômbia, Equador e Peru. A Ata da Sessão de sua Iniciação encontra-se em poder da Maçonaria venezuelana.

INICIAÇÃO MAÇÔNICA: 1805

Loja: Saint Jean d’Ecosse, Paris, França

Idade: 22 anos

Oriente Eterno: Faleceu aos 47 anos de idade, vítima de tuberculose.

Elevação: 11 de novembro de 1805

Exaltação: 1806

Fonte: famososmacons.blogspot.com

FRIEDRICH ULRICH LUDWIG SCHRÖDER

FRIEDRICH ULRICH LUDWIG SCHRÖDER
Biografia
Autor: Tiago Valenciano

Qual era o contexto da Alemanha e da Europa no Século XVIII? Quais os padrões de conduta influenciaram as pessoas na época? E como a Maçonaria se comportou perante as mudanças políticas e sociais? Estas questões estão implícitas diante da biografia do criador do Rito, Friedrich Ulrich Ludwig Schröder. Nascido em 03 de Novembro de 1744 em Schwerin, na Alemanha, Schröder dedicou-se por um bom período às atividades culturais, sendo ator e autor de peças teatrais e empresário na área.

Antes de relatar a biografia de Schröder, vejamos o contexto político, social e econômico da Europa – em especial na Alemanha do Século XVIII. Organizada sob um império (o Sacro Império Romano-Germânico) de 962 a 1806, o país atravessou por constantes disputas políticas e religiosas. Políticas, após a colisão do poder imperial em 1250, quando o Estado rompeu com a igreja católica e, ao mesmo tempo, religiosas, após a divulgação das 95 teses de Martinho Lutero em 1517. O Império alemão só veio a ser dissolvido após as guerras napoleônicas, isto é, ocorridas após a revolução francesa de 1789.

Os tempos na Europa eram de mudanças econômicas e políticas. As primeiras, pautadas sob a égide da Revolução Industrial, incluindo no dia-a-dia das pessoas o motor a vapor, a máquina de tear, a produção em série, enfim, profundas transformações industriais que ocorrem a priori na Inglaterra e depois se expandiram pelo mundo. Já as mudanças políticas giram em torno da Revolução Francesa, com as idéias de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, pilares que sustentam até hoje a filosofia maçônica.

Neste contexto é que Schröder viveu, em contato direto com os impactos da Revolução Industrial e da Revolução Francesa – além é claro das rupturas igreja / Estado e igreja católica / Estado, capitaneadas pelo protestantismo de Lutero. Filho de pais separados, Schröder iniciou a carreira de ator ainda criança, no grupo teatral de seu padrasto, Konrad Ernest Ackermann. Com vinte anos de idade, conheceu Konrad Ekhof, seu mestre inspirador e, já aos 27 anos, era Diretor do Teatro de Hamburgo – após a morte de Ackermann.

Durante este período à frente do teatro com sua mãe, Schröder foi considerado o “maior ator da Alemanha”, pois encenou diversas obras de William Shakespeare e outros autores ingleses e alemães, evidenciando assim seu excelente domínio de expressão corporal e vocal.

Estudioso da história da Maçonaria, ritos e rituais, foi iniciado aos 30 anos de idade na Loja Maçônica “Emanuel Zur Mainblumen”, que labutava no Rito da Estrita Observância, em 08 de Setembro de 1774. Schröder recebeu a luz sem sequer ser escrutinado, pois gozava de excelente condição moral perante a sociedade.Ainda no grau de Aprendiz, fundou a loja “Elise Zum Warmen Herzen” (Eliza ao coração ardente), que durou apenas três anos. Um ano após a sua iniciação, em 1775, recebeu o Grau de Mestre Maçom e, em 28 de Junho de 1777, foi eleito Venerável Mestre.

Mas, o que fez com que Schröder criasse seu próprio rito? Desde 1764, a Maçonaria Alemã passava por dificuldades e, neste período, os rituais ingleses (até então de caráter simples e organizado), sofreram influências da Maçonaria Francesa, adquirindo costumes vindos do rosacrucianismo, alquimia, misticismo e iluminismo. Em face destas mudanças e, pela própria história de vida de simplicidade de Schröder, este não aceitava as constantes mudanças e alta carga de ritualística nos trabalhos maçônicos. Estes episódios marcam o início do Rito Schröder, em 1790.

Em 29 de Junho de 1801, Schröder submeteu o ritual para a apreciação dos mestres de Hamburgo, sendo aprovado por unanimidade. Para a elaboração do ritual, inspirou-se no Rito de York e no pressuposto de que a Maçonaria é uma união de virtudes e não uma entidade de caráter esotérico. Àqueles que já tiveram a oportunidade de conhecer o rito, este é o pensamento presente, ou seja, um ritual simples, de caráter humanista, voltado para a excelência do trabalho maçônico, sobretudo.

Após um período como Grão-Mestre Adjunto da Grande Loja Provincial da Baixa-Saxônica, em 1814, foi eleito Grão-Mestre, mas permaneceu por pouco tempo na função, já que faleceu em 3 de Setembro de 1816. Homem além de seu tempo, Schröder deixou um legado para a humanidade e para a Maçonaria como um todo, pois reformulou a instituição, fazendo com que esta não perdesse seus antigos princípios e propósitos, bem como seu espírito: moldar o homem enquanto cidadão.

Bibliografia – sites consultados:


Fonte: https://pavimentomosaico.wordpress.com

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

SIMBOLISMO DOS TRÊS DEGRAUS

Em 11.01.2021 o Respeitável Irmão Orlando dos Santos Souza, Loja Amor ao Trabalho do Rio, 10, Grande Oriente do Rio de Janeiro (COMAB), REAA, Oriente de Olaria, Estado do Rio de Janeiro, formula a seguinte questão:

ORIGEM E SIMBOLISMO DOS TRÊS DEGRAUS NA PORTA DO TEMPLO.

Gostaria de alguma informação sobre a origem, o significado e simbolismo dos três degraus que ficam a entrada da porta no Ocidente, na entrado do Templo. Ah, é interessante que ninguém contabiliza como degraus do Templo.

CONSIDERAÇÕES:

O número três como unidade ternária sempre está presente nas concepções iniciáticas da Moderna Maçonaria. Especialmente, no caso dos degraus, aqueles que levam ao sólio.

Corretamente (embora isso muitas vezes não se apresente), no REAA, o espaço de trabalho da sala da Loja deve conter sete degraus assim distribuídos: um degrau para o Oriente, três para o sólio, dois para a cátedra do 1º Vigilante e um para a do 2º Vigilante.

Essa distribuição de degraus na Loja, quando somada chega ao número sete, número este que tem alto valor para a doutrina iniciática.

Dentre outros, o número sete representa no REAA a criação; o shabat, e envolve as propriedades de uma obra construída conforme as exigências da Arte.

Ainda o número sete alude às Sete Ciências e Artes Liberais. Dividida por Boécio em trivium e quadrivium, menciona no primeiro grupo a Gramática, a Retórica e a Lógica e no segundo grupo a Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. Todas matérias apropriadas para as instruções especulativas da Moderna Maçonaria, com destaque para a Quinta Ciência – a Geometria.

Assim o ternário menciona o trivium, como também representa os três graus da Moderna Maçonaria no seu franco-maçônico básico universal, ou seja, Aprendiz, Companheiro e Mestre. Alguns rituais apresentam os três degraus na Loja de Aprendiz, tanto no Painel (pórtico), assim como no sólio, como a representação hierárquica das Luzes da Loja – o 1º degrau para o 2º Vigilante; o 2º para o 1º Vigilante e o 3º para o Venerável Mestre. Essa distribuição pode ser conferida na disposição topográfica dos lugares das Luzes da Loja – três para o trono, dois para o 1º Vigilante e um para o 2º Vigilante.

Algumas gravuras também trazem nos degraus as respectivas joias desses cargos.

Três degraus também sugerem, simbolicamente, o tempo de aprendizado do iniciado na sua primeira etapa da jornada.

Infelizmente, nem sempre encontramos a decoração correta para o REAA, sobretudo na distribuição desses degraus. Tem sido comum encontrarmos quatro degraus para o Oriente, em vez de um, o que é um equívoco, mas que infelizmente é característica em muitos templos do escocesismo que sofreram influência do Rito dos 7 Graus, ainda no século XIX.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

APRENDA A LER EM PÚBLICO

APRENDA A LER EM PÚBLICO
Reinaldo Polito*

A maioria não se dá conta de como deverá se dedicar para ter o domínio total da técnica da leitura. A não ser que você já tenha alguma experiência, precisará de pelo menos cinco horas de exercícios para desenvolver uma leitura de boa qualidade...

Muitas pessoas acham que ler em público é simples, já que basta transmitir o texto que está pronto no papel. Posso garantir, entretanto, que a leitura se constitui na técnica mais difícil e complexa para o orador comunicar uma mensagem.

Ao longo dos últimos 30 anos, tenho treinado pessoas das mais diferentes atividades para falar com desembaraço e confiança diante da platéia. Essa experiência me permitiu constatar que é muito raro encontrar alguém que saiba ler em público de maneira correta e eficiente.

A maioria não se dá conta de como deverá se dedicar para ter o domínio total da técnica da leitura. A não ser que você já tenha alguma experiência, precisará de pelo menos cinco horas de exercícios para desenvolver uma leitura de boa qualidade.

Ao pesquisar os motivos que levam as pessoas a ter tanta dificuldade com essa técnica de comunicação, entre as causas mais relevantes pude observar duas que se destacam:

A primeira é que a maioria teve poucas chances de ler em público. Se você pensar bem, vai concluir que falamos de improviso desde o primeiro ano de vida. Entretanto, as chances de ler em voz alta diante de um grupo de ouvintes são bem mais reduzidas. Alguns passam a vida toda sem nenhuma oportunidade de ler em público.

A outra causa é que além de, normalmente, as pessoas não terem experiência suficiente para ler em público, quando precisam recorrer a esse recurso de comunicação se apresentam sem critérios técnicos adequados.

Embora a técnica seja complexa e exija treinamento, as orientações que você deve seguir para aprender a ler bem em público são bastante simples.

Cuidado - comece agora mesmo a se aprimorar na leitura em público. Se você esperar o momento em que tenha necessidade de ler, talvez a circunstância impeça que se prepare de forma conveniente.

Observe quais os pontos mais importantes para tornar a leitura em público eficiente:

Mantenha contato visual com os ouvintes

Tenha em mente que a mensagem deve ser transmitida para os ouvintes. Por isso, não fique olhando para o texto o tempo todo, como se estivesse conversando com o papel. Durante as pausas prolongadas e nos finais de frases, olhe para os ouvintes e demonstre com essa atitude que as informações estão sendo transmitidas para eles.

Cuidado também para não olhar sempre para as mesmas pessoas. Distribua a comunicação visual olhando ora para um lado, ora para outro.

Assim, todos se sentirão incluídos no ambiente. Uma boa dica para você não se perder, enquanto olha para os ouvintes, é marcar a linha de leitura com o dedo polegar, pois ao voltar para o texto saberá exatamente onde parou.

Outro defeito que aparece com freqüência é o de tirar os olhos do texto, mas em vez de olhar para os ouvintes o orador olha para o teto, revirando os olhos como se estivesse em transe.

Mantenha o papel na altura correta

Se você deixar o papel muito baixo, terá dificuldade para enxergar o texto. Se, entretanto, deixar muito alto, esconderá seu rosto da platéia. Por isso, procure deixar a folha na parte superior do peito, para ler com mais facilidade e não se esconder do público.

Considere também que, se o papel estiver muito baixo, você terá que abaixar muito a cabeça para ler e levará muito tempo para retornar, olhar e ver as pessoas. Deixando a folha na parte superior do peito, bastará levantar um pouco a cabeça para tirar os olhos do texto e já estará mantendo a comunicação visual com os ouvintes.

Falando em não abaixar a cabeça, ao digitar o texto procure usar apenas os dois terços superiores da página, deixando o terço inferior em branco.

Esse cuidado permitirá um contato visual mais tranqüilo e suave, já que para ver as pessoas bastará apenas levantar os olhos, sem movimentar muito a cabeça.

Faça poucos gestos

Se a gesticulação na fala de improviso, sem papel nas mãos, deve ser moderada, na leitura, essa moderação dos gestos deve ser ainda maior.

Exceto nos casos em que a mensagem exigir expressão corporal mais ativa, como nas circunstâncias de grande emoção, ao ler uma página, de maneira geral, você poderá se limitar a meia dúzia de gestos.

É melhor que você faça poucos gestos, que destaquem as informações mais relevantes com convicção e firmeza, do que demonstrar hesitação e insegurança soltando repetidamente a mão do papel e retornando depressa, como se estivesse arrependido de ter feito aquele gesto.

Como a falta dos gestos não trará tanto prejuízo ao resultado da apresentação, se você for muito inexperiente e encontrar dificuldade para gesticular, será melhor que não gesticule. Fique o tempo todo segurando a folha com as duas mãos.

Aqui você poderia perguntar: mas, Polito, se a falta do gesto não prejudica tanto o resultado da leitura, por que gesticular? A falta do gesto não prejudica a apresentação a ponto de comprometer o objetivo da mensagem, mas é evidente que gestos harmoniosos, coerentes e expressivos serão importantes para tornar a leitura ainda mais eficiente.

Em outras palavras. A gesticulação na leitura é boa. Mas, enquanto você não souber gesticular, é melhor não correr riscos.

Faça marcações

Pequenas marcações no texto podem facilitar a interpretação da mensagem. Use, por exemplo, traços verticais antes das palavras para indicar o momento de fazer pausas mais expressivas, e traços horizontais embaixo das palavras que mereçam maior destaque.

Observe que essas marcações não coincidirão necessariamente com a pontuação gramatical. Por exemplo, nessa frase que você acabou de ler, se você fizesse uma pausa depois da palavra 'marcações', poderia dar mais expressividade à leitura.

E se você tremer?

Até oradores muito experientes chegam a temer quando precisam ler diante do público. Se você também costuma sentir tremores nas mãos, uma boa saída é usar folhas de gramatura mais encorpada. 

Somente pelo fato de saber que, com as folhas mais grossas os pequenos tremores não serão percebidos, você irá se comportar com mais tranqüilidade e, provavelmente, não tremerá.

Não se canse de treinar

Você não pode ter preguiça para treinar. Para exercitar, selecione textos de jornais ou de revistas, faça marcações para ajudar na interpretação e treine com auxílio de uma câmera de vídeo - na falta desse equipamento, faça os exercícios na frente de um espelho. Dê atenção especial às pausas expressivas, à comunicação visual e aos gestos.

Um texto para ser bem lido e interpretado necessita de pelo menos quinze ensaios, pois somente aí é que conseguirá soltar-se do papel com tranqüilidade e se comunicar de forma eficiente com os ouvintes. 

Não se esqueça, entretanto, de que para você ter domínio total da técnica precisará daquelas cinco horas que comentei no início.

Cuidado também para não ensaiar muito a ponto de decorar a mensagem e se esquecer de olhar para o papel. Se este fato ocorrer, diante da platéia, pelo menos finja que está lendo.

Situações em que a leitura é recomendável

A leitura deve ser reservada para circunstâncias especiais como:
  • Pronunciamentos oficiais
  • Textos muito técnicos que não possam conter erros
  • Discursos de posse de presidentes de entidades, pois esse é o momento em que apresentam as bases da sua administração e não devem, portanto, improvisar
  • Discursos de despedida de presidentes de entidades, pois ao deixar o cargo, de maneira geral, fazem um levantamento das suas realizações
  • Agradecimentos de homenagens feitas a grupos, especialmente quando a mensagem representar a filosofia das pessoas, ou o discurso tiver de ser distribuído para a imprensa
  • Discursos de oradores de turma, pois nesse momento estão representando a vontade de todos os colegas formandos 
Além dessas situações e de uma ou outra que poderia ser acrescentada, a leitura deveria ser substituída por outros recursos, que tratarei nesta coluna em outra oportunidade.

*Professor de Comunicação Oral - Mestre em Ciências da Comunicação

Fonte: JBNews - Informativo nº 140 - 14/01/2011

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

OS TRIÂNGULOS NAS COLUNAS ZODIACAIS

OS TRIÂNGULOS NAS COLUNAS ZODIACAIS
(republicação)

Questão apresentada pelo Irmão André Luiz A. Pinto, Companheiro Maçom da Loja Luz, Liberdade e Fraternidade, 114, sem declinar o nome do Rito e da Obediência, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná.
andreluizamancio@yahoo.com.br

Em nossa Loja estamos passando por algumas situações em que os trabalhos deveriam ser lidos como regra de conduta, mas infelizmente acho que isto não seria possível. Tenho esperança de que encontraremos o melhor caminho a ser seguido. 

O que me faz entrar em contato com o Irmão é a necessidade de esclarecer uma dúvida. Em Loja, quando da apresentação de um trabalho de Aprendiz, fomos surpreendidos com a pergunta: por que sobre as colunas zodiacais os triângulos são invertidos, um para cima e outro para baixo? Não houve uma resposta satisfatória já que ninguém falou com muita certeza. Estou pesquisando, mas ainda não logrei êxito na busca da resposta. Já enviei alguns emails buscando esta resposta, mas também não recebi retorno. O Irmão poderia ajudar-me ou indicar alguma obra que pudesse fazer esta pesquisa?

COMENTÁRIO: 

SILÊNCIO MAÇÔNICO

SILÊNCIO MAÇÔNICO
Autor: Sérgio Quirino Guimarães

“O exercício do silêncio é tão importante quanto a prática da palavra.” (Willian James)

Esta frase resume bem o ensinamento maçônico do “permanecer calado”, não como uma imposição de grau, mas, sim como uma virtude que alerta para a necessidade de preparo para o “Uso da Palavra”.

Temos alguns Ritos Maçônicos que determinam quais Obreiros podem ou não podem se manifestar durante as sessões e este ponto é inquestionável. Não há de se fazer comparações ou avaliações, se é preconizado pelo Rito que Aprendizes devem permanecer em silêncio, esta é a verdade para o Rito e deve ser seguida, se há Ritos que permitem a fala dos Aprendizes, tudo bem. Jamais devemos deixar de obedecer as normas e procedimentos ritualísticos.

O que não pode acontecer é confundir Silêncio com Sigilo ou Segredo. A todos os Maçons (independentes de Graus e Ritos) é obrigatório o Sigilo quanto ao conteúdo dos Rituais e a manutenção dos Segredos do Rito.

O silêncio é uma virtude aprendida na Maçonaria e que é usada não só nos trabalhos maçônicos, mas na vida profana. O Silêncio Maçônico é a discrição que conquista a confiança dos que nos rodeiam. Esta virtude nos remete ao VITRIOL para silenciosamente corrigirmos nossos defeitos e usar prudência e tolerância em relação aos defeitos dos outros.

Portanto, o propagado SILÊNCIO MAÇÔNICO nada mais é do que a profunda atenção que todos nós devemos ter antes de falar. Quem não conhece frases que comparam palavras com flechas? Após faladas ou lançadas, não há como interromper sua trajetória e ao encontrarem o alvo, o resultado é proporcional à intenção do “arqueiro”.

Há três curiosidades muito interessantes quanto ao Silêncio: Já houve ritos onde havia um Oficial responsável pela manutenção do silêncio durante os trabalhos, era o Mestre Silenciário; em outros ritos dão ao Aprendiz a alcunha de Silenciário e por fim na Roma antiga havia o culto à Deusa Lara ou Deusa do Silêncio.Os romanos prestavam exéquias a Ninfa do Lácio, que recusou-se a auxiliar Júpiter a capturar Juturna e contou a Juno as intenções de seu marido. Como castigo, Júpiter arrancou-lhe a língua.

O ícone maçônico que bem simboliza o Silêncio é a Trolha! Porque com ela recolhemos a fina massa que deve selar nossos lábios as imperfeições humanas.

Bom, se o tema desse artigo é o Silêncio Maçônico, acho que já falei demais. Boa semana a todos. A intenção deste pequeno artigo é despertar em você a vontade de saber um pouco mais sobre o assunto, fazer uma Prancha de Arquitetura e quando ela estiver pronta, levar para sua Loja enriquecendo nosso Quarto de Hora de Estudos.

Lembrem-se que todos nós, independente do Grau ou do Cargo, somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

ROMPENDO O PASSO. PÉ ESQUERDO OU PÉ DIREITO - REAA

Em 08.01.2021 o Respeitável Irmão Errol Foltran, Loja Luz e Fraternidade, 1.828, REAA, GOB-PR, Oriente de Cascavel, Estado do Paraná, solicita o seguinte esclarecimento.

PÉ ESQUERDO OU PÉ DIREITO

Surgiu uma dúvida em uma conversa entre os Irmãos sobre o início da Marcha (seja nos passos ritualísticos, durante entrada em Loja, ou mesmo do Mestre de Cerimônias/ Hospitaleiro, ou qualquer outro Irmão, ao estar em pé e à ordem e saindo para circular pela Loja.

Alguns Irmãos argumentam que, quando estamos em pé e à ordem, com os pés em esquadria, e o pé esquerdo para a frente, o primeiro passo deve ser dado com o pé esquerdo. Outros Irmãos argumentam que deve ser iniciada a marcha com o pé direito.

Você pode nos esclarecer sobre esse assunto?

CONSIDERAÇÕES:

Como bem especifica o SOR (Sistema de Orientação Ritualística) do GOB, forma-se a esq∴ com os pp∴ unidos pelos cc∴. Desse modo, a esq∴ assim formada fica com o ângulo interno voltado para a frente e não para o lado.

O REAA, cujo seu primeiro ritual do simbolismo foi constituído em 1804 na França teve por base a revelação intitulada As Três Pancadas Distintas,  essa pertinente à Grande Loja dos Antigos de 1751 na Inglaterra.

Assim, pelo costume “antigo” no REAA o p∴ e∴ não vai apontado literalmente para a frente, contudo cada pé segue aproximadamente orientado pelas interseções das linhas oblíquas do Pavimento Mosaico.

No caso de se estar à Ord∴ forma-se normalmente a esq∴ com os pp∴ uu∴pelos cc∴. Quem estiver à Ord∴ se posiciona em pé normalmente, de tal modo que o corpo não fique de lado, mas de frente. Essa correção está bem clara no SOR implantado na plataforma do GOB-RITUALÍSTICA.

No que diz respeito a execução da Marcha do Grau, o procedimento com os pés é o mesmo, ou seja, avançando normalmente o p∴ e∴ e em seguida unindo-se a ele o p∴ d∴ formando naturalmente a esq∴. Não há deslocamento de lado, feito um caranguejo, mas com o peito de frente para o destino. Também na execução da Marcha não se arrastam os pp∴.

Com todo o respeito aos autores que colocam as suas posições contrárias ao aqui exposto, no REAA original o p∴ e∴ não vai apontando para frente. É preciso se desvincular das influências do Rito Moderno hauridas ainda da época em que o Grande Oriente da França, no século XIX, recebia o simbolismo do REAA no seu seio. Dado a isso, naquela época muitas práticas do Rito Francês (apontar o pé para frente) acabariam enxertadas no escocesismo, principalmente por convenientes adaptações para que ambos os ritos trabalhassem no mesmo espaço (Templo). Isso faz parte da história do REAA e deve ser levado em consideração nesse contexto.

De fato, na Marcha do Grau do Aprendiz é sempre o p∴ e∴ que avança, contudo sem a necessidade de apontá-lo para a frente. Os pp∴ se juntam com naturalidade, tendo o p∴ e∴ aproximadamente aberto a 45º para a esquerda e o p∴ d∴ do mesmo modo a 45º para a direita.

Desafortunadamente, por muito tempo o REAA no GOB seguiu práticas de outros ritos e ainda aceitou opiniões equivocadas para os seus rituais. Felizmente hoje o SOR veio para corrigir essas distorções.

Desse modo, no REAA, fora os passos do grau (marcha do Aprendiz), o rompimento do passo em condições normais, a exemplo daquele que vai se deslocar normalmente pelo recinto, não existe regra para se começar a caminhada com o pé esquerdo ou direito. Tanto faz o pé. Para o bem da liturgia maçônica, não vamos inventar!!!

Assim, reforço que salvo na Marcha do 1º Grau, não existe nenhuma convenção que determine com qual pé se inicia a jornada. Também não há regra que determine o ingresso no Templo, ou no Oriente, com esse ou com aquele pé.

Antes de concluir, vale mencionar que o Sistema de Orientação Ritualística, coberto pelo Decreto 1784/2019 do Grão-Mestre Geral, publicado no Boletim Oficial de outubro de 2019 está em plena vigência e deve ser aplicado de imediato sobre os rituais do GOB.

Por fim devo lembrar aos Irmãos gobianos que as condutas ritualísticas a serem seguidas devem ser aquelas que estão em vigência e hauridas do GOB. Sem se discutir o que é certo ou errado, cada Obediência segue o seu regulamento, portanto não é lícito inserir numa, práticas da outra.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com.br
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

MINUTO MAÇÔNICO

TOLERÂNCIA

1º - O verbo “tolerare” significa, em latim, suportar. Dá-se-lhe atualmente o sentido de consentir, permitir, condescender relativamente aos pontos de vista alheios. É também uma atitude de indulgência no julgar a outrem e de compreensão para com as suas fraquezas.

2º - Na tolerância, contudo, não há adesão, existe apenas condescendência, isto é, permite-se ou compreende-se que alguém pratique determinada coisa, sem que por isso se tenha desejo de praticá-la também.

3º - A característica da Maçonaria foi a mais absoluta tolerância em matéria de religião e de política, assuntos cuja discussão proscreveu de suas Lojas, diferenciando-se, neste particular, de qualquer agrupamento religioso, político ou de qualquer outra índole.

4º - A maçonaria não tem pretensões a qualquer espécie de poder temporal, a Maçonaria é, no entanto, intransigente defensora da Liberdade e da Democracia, por ela consideradas como os maiores bens conquistados pelo homem.

5º - A Loja maçônica é um lugar onde se devem reunir homens tolerantes de boa vontade, que amem a justiça e a nobreza, homens possuidores de corações puros e sem mancha, desejosos de serem úteis aos outros e que tenham uma verdadeira compreensão desta maravilhosa palavra que se chama Fraternidade.

Fonte: http://www.cavaleirosdaluz18.com.br

SIMBOLOGIA POUCO SECRETA

SIMBOLOGIA POUCO SECRETA
Autor: Antônio Amâncio de Oliveira

A grande força da Maçonaria sempre esteve no fato de ser uma sociedade secreta. Embora não se possa falar, rigorosamente, em sociedade secreta quando o seu endereço está nas listas telefônicas, ela deve se primar, pelo menos, pela discrição. Tal fato, no entanto, não se dá. Hoje, os símbolos maçônicos já estão de tal forma vulgarizados que somente o fato do maçom ter uma necessidade premente de se declarar como tal perante à sociedade é que justifica o seu uso.

A Maçonaria têm formas de identificação para os maçons. Essas formas que nós maçons bem sabemos quais são, já não se justificam, exceto em raras ocasiões. Os símbolos maçons estão nos pára-brisas dos carros, estão na lapela do paletó ou da camisa, na caneta, no anel, no cordão, em toda parte e das mais variadas formas. Até mesmo a tradicional identificação através da assinatura, já está por demais vulgarizada. Tão logo você coloca três pontinhos na assinatura, alguém lhe pergunta se você é maçom. Como dizer que não o é, se você é um bazar ambulante com todos os símbolos maçônicos.

Os maçons do passado, aqueles que introduziram tais coisas na Maçonaria, sabiam o que estavam fazendo, mas hoje, tudo isso vulgarizou e é utilizado porque o maçom tem uma necessidade premente de ostentar a sua condição de maçom, não para os maçons, como deveria, mas para os profanos, para a sociedade. Numa cidade do interior, todos sabem quem é maçom e quem não é. Mas não deveria ser assim. É preciso que o Maçom saiba que se deseja status social, o local não é a Maçonaria; o trabalho maçom tem que primar pela discrição e não pela ostentação.

É fácil notar que muitas lojas têm uma grande preocupação em sair no noticiário, dizer que a Loja fez e aconteceu em tal evento. Isso, no meu modesto entender, revela um total desconhecimento dos objetivos da Maçonaria e, o que é pior, revela também o desconhecimento do maçom sobre o seu papel. Digamos que o maçom esteja precisando dos préstimos de outro maçom, mas se esse atende, logo surgirá a contestação daqueles que foram preteridos que irão gritar aos quatro ventos que aquilo se deu porque ambos são maçons. Então, até por uma questão de bom senso, o maçom não poderá atendê-lo. E se ele não o atende, esse ficará contrariado e decepcionado.

Portanto, essa vulgarização ou profanidade da Ordem está abortando seus princípios e tornando-a inoperante. É preciso que nos conscientizemos disso e passemos a abolir a ostentação dos símbolos maçônicos, nós temos que nos identificar é para os nossos irmãos, mas hoje em dia nos identificamos muito mais para os profanos.

Fonte: https://opontodentrocirculo.com

terça-feira, 24 de agosto de 2021

MUDANÇA DE GRAU POR COMUNICAÇÃO

Em 03.01.2021 o Respeitável Irmão Ivany Régis, Loja Glória de Anamã, 50, REAA, GLOMAM, sem mencionar o nome do Oriente, Estado do Amazonas, apresenta a questão seguinte:

MUDANÇA DE GRAU POR COMUNICAÇÃO

Prezado irmão Pedro Juk, por favor me disserte sobre a Iniciação, Elevação e Exaltação POR COMUNICAÇÃO. Quando surgiu esta prática? Todo e qualquer Rito pode fazer uso deste "recurso" de quebra de interstício? Em que situações legais e legítimas se pode fazer uso desta prática? Ainda se utiliza?

Lhe perguntei, devido a certos textos de assentamentos maçônicos que relatam que "fulano" iniciou na loja Arkbal através do irmão "sicrano" Cavaleiro Rosa Cruz (Rito Moderno) e que este lhe COMUNICOU até o grau de mestre maçom para instalação da Loja supracitada.

Isso ocorreu no Amazonas em 21 de abril de 1898 e consta em documento oficial da grande loja maçônica do Amazonas.

CONSIDERAÇÕES:

A bem da verdade, atualmente nas Obediências Regulares da Maçonaria Simbólica, não existe, sob nenhuma hipótese, aumento de salário sem que o protagonista passe pela cerimônia ritualística prevista do ritual em vigência.

Isso se explica porque a Instituição Maçônica é uma Ordem Iniciática, cujas respectivas cerimônias possuem alto significado simbólico. Para tal, há nelas uma tomada d
e obrigação e uma consagração do candidato.

As etapas iniciáticas do simbolismo universal condizem com as respectivas estruturas ritualísticas dos ritos e não podem ser dispensadas, sob pena de se tornarem práticas irregulares.

Sob esse viés, não há no franco-maçônico básico universal (Aprendiz, Companheiro e Mestre) aumento de salário (passagem de grau) por comunicação. As regras estão claras nos respectivos regulamentos das Obediências.

Graus por comunicação são admitidos em algumas passagens, mas nos ditos Altos Graus, Altos Corpos, Supremos Conselhos, etc., contudo isso nada tem a ver com simbolismo.

É verdade também que no passado, sobretudo quando a Maçonaria, ainda vivendo num período de transição e aperfeiçoamento, essas comunicações de mudanças de grau eram, em certos casos, até admitidas.

Nesse sentido é preciso que se compreenda que numa época em que a Maçonaria atuava firmemente nas conquistas libertárias, muitas vezes as circunstâncias exigiam essas “comunicações”. Até mesmo as dispensas de interstícios eram admitidas nesses casos.

Contudo, atualmente, a Moderna Maçonaria Simbólica, organizada para aperfeiçoar o homem, perscrutar a verdade e construir um templo à Virtude Universal, não admite mais mudanças de grau por comunicação no simbolismo.

Ainda em relação a essas comunicações do passado, é preciso também conhecer a história da Maçonaria Francesa e o do Grande Oriente da França, sobretudo a partir do século XVIII, período em que o GOdF administrava os sete graus do Rito Moderno – do 1º grau até o 7º grau (Rosa-Cruz). Do mesmo modo assim o GOdF procedia com o REAA, do 1º até o 18º Grau (Rosa-Cruz), oportunidade em que eram criadas no escocesismo as Lojas Capitulares.

As Lojas Capitulares perdurariam até o século XIX quando então seriam então extintas, permanecendo o simbolismo sob os cuidados do GOdF e os demais graus – do 4º até o 18º - como o Segundo Supremo Conselho do REAA na França.

Isso também serve para explicar essa interferência capitular, altamente irregular, na Maçonaria Brasileira do século XIX.

Por ser filha espiritual da França, a Maçonaria Brasileira, seguindo a prática do Rito dos 7 Graus (Moderno) adotava também as Lojas Capitulares no REAA onde o Athersata era também o Venerável Mestre da Loja.

Graças as Lojas Capitulares é que aparece o Oriente elevado e separado para acomodar os portadores do grau capitular Rosa-Cruz. No Brasil as Lojas Capitulares perdurariam até 1927 quando houve a cisão no GOB e apareceram as Grandes Lojas Estaduais brasileiras.

Foi debaixo dessa prática capitular, comum no Rito Moderno e, por extensão também no REAA, que provavelmente se deram comunicações de graus como a mencionada na sua questão, já que o dirigente da Loja Capitular era também o Venerável Mestre da Loja Simbólica.

Felizmente, esse tempo já passou e atualmente não vivemos mais essa irregularidade. Com as coisas nos seus devidos lugares, as Obediências Simbólicas governam o simbolismo enquanto que os Supremos Conselhos, Altos Corpos, Excelsos Conselhos, etc., administram os seus altos Graus. Não pode existir interferência de um sobre o outro.

Dando por concluído, reitero que no franco-maçônico básico universal (Aprendiz, Companheiro e Mestre) as mudanças de grau ocorrem obrigatoriamente em Loja aberta seguindo a liturgia e a ritualística prevista pelo rito.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

A MAÇONARIA DE FERNANDO PESSOA

A MAÇONARIA DE FERNANDO PESSOA*

Embora não se tenha levantado, até o momento, uma prova conclusiva de que o poeta Fernando Pessoa era maçom, não há dúvida que ele era iniciado nos segredos da Arte Real. Pelo menos, em seus escritos, ele demonstra muito mais conhecimento do que a grande maioria dos maçons que já atingiram os últimos degraus da Escada de Jacó.

Por prova conclusiva entendemos documentos escritos, tal como uma ata de seção registrando sua iniciação. Todavia, vários outros documentos, como por exemplo, as publicações maçônicas, que ele recebia regularmente, mostram que ele, efetivamente, tinha ligações com a Maçonaria.

A Maçonaria de Fernando Pessoa é espiritualista por excelência. E não poderia ser de outra maneira dado o conteúdo dos seus escritos. Ele não via a Maçonaria como uma sociedade secreta, mas sim como uma sociedade iniciática.

Há diferenças fundamentais entre os dois conceitos. Uma sociedade secreta não tem estatutos nem divulga seus objetivos ou o nome de seus membros. Vive nas sombras e suas atividades só é conhecida de seus adeptos. A sociedade iniciática é , quando muito, seita, ou uma ordem que pratica uma doutrina. Ela inicia seus adeptos nessa doutrina, que não pode, por isso mesmo, ser secreta.

Se o fosse, não poderia ser chamada de doutrina. O segredo, na maçonaria, como próprio poeta diz, é circunstancial. Quer dizer, existem certas particularidades que não podem ser divulgadas a quem não pertencer á Ordem, ou mesmo dentro das diversas hierarquias de graus, a quem não pertencer ao mesmo grau.

Mas isso era simples questão de circunstância e organização hierárquica.

Na verdade, aquilo que as pessoas chamam de secreto na maçonaria, que são os seus símbolos, palavras e toques são muito mais uma forma de linguagem do que propriamente uma fórmula discriminatória, ou de exclusão de pessoas estranhas ao meio, como é o caso das sociedades secretas.

Outra indicação da sua condição de maçom é a estreita amizade que ele manteve com o famoso mago e eminente maçom Aleister Crowley, o qual visitou Lisboa em 1930 para, segundo ele mesmo informou, estabelecer na capital portuguesa uma “delegação da Ordem, sob a autoridade de Dom Fernando Pessoa.” Que Ordem era essa ele não disse. Aleister Crowley era maçom e membro da famosa Golden Dawn, uma espécie de Loja Maçônica espiritualista fundada na Inglaterra em fins do século XIX pelo escritor Bullwer Litton, famoso pela narrativa dos Últimos Dias de Pompéía, livro que o notabilizou. Crowley fundou diversas Lojas Maçônicas, de diversos ritos. Foi um das maiores autoridades em maçonaria, em toda a história da Ordem.

Não temos dúvida que Fernando Pessoa era irmão. Tanto era que se envolveu em acirradas lutas em defesa da Maçonaria, quando o Estado Novo, implantado em Portugal em 1926, sob a direção de Oliveira Salazar, iniciou um sistemático processo de perseguição contra a ordem maçônica em Portugal. Essa perseguição culminou com a lei 1901, de maio de 1935, que proibia e existência das chamadas “sociedades secretas”. Essa lei, que só foi revogada em 1974, quando o regime foi abolido, tinha um alvo bem claro: A Maçonaria. Fernando Pessoa insurgiu-se contra esse decreto escrevendo vários artigos em revistas da época, defendendo a Maçonaria, expressando sua opinião e conceitos á respeito da Ordem e da sua dou-trina. Em razão disso, sua vida durante o regime salazarista, não foi muito fácil.

Para Pessoa a Maçonaria não era uma sociedade secreta, embora suas reuniões fossem fechadas e privativas dos iniciados.

Quem diz que a Maçonaria não é uma religião só está certo em uma coisa, dizia Fernando Pessoa: ela não é religião confessional. Ela é uma religião iniciática. Qual a diferença? Ele mesmo explica: a diferença entre as seitas iniciáticas e as religiões institucionais é precisamente a iniciação e a forma de participação. Nas religiões institucionais o adepto participa, mas não aprende. Ele é cooptado, não pela razão, mas pela fé. Na Maçonaria não há uma fé, mas sim uma doutrina de caráter inciático.

Para Fernando Pessoa havia duas classes de maçons: os esotéricos e os exotéricos. Os esotéricos, em sua opinião, os verdadeiros maçons, eram os espiritualistas, aqueles que viam a Ordem como sociedade de pensamento, onde se podia adquirir uma verdadeira consciência cósmica. Os exotéricos eram aqueles que viam a Maçonaria como um clube de cavalheiros, uma entidade sócio empresarial elitista e pseudo-filantrópica, mais interessada em política e vida comunal do que, propriamente, doutrina.

Na sua opinião, a maioria dos maçons era do último tipo, isso é, exotéricos. Eram do tipo administrativo, pessoas que galgam até os últimos graus da Ordem sem entender absolutamente nada do que aprenderam lá. Isso significa que existe na Maçonaria uma grande quantidade de iniciados profanos, que por falta de uma sensibilidade para com a verdadeira natureza dos ensinamentos maçônicos, ou mesmo pela falta de interesse ou mera preguiça intelectual, jamais serão verdadeiros iniciados, ou maçons no verdadeiro sentido da palavra. São iniciados por fora, apenas formalmente, mas continuam profanos por dentro.

Sua principal crítica era o fato de as Lojas terem se tornado instituições, que faziam seções meramente administrativas. A maioria das Lojas, segundo o poeta, praticavam os rituais de uma forma vazia e puramente formal, sem levar o adepto a entender a riqueza espiritual contida nas lendas, nos ritos e nos símbolos utilizados no ensinamento maçônico. Por isso, dizia ele, cada grau deveria corresponder a um estado de vida, tendente a levar o iniciado a um novo patamar de consciência. Isso tudo se perdeu quando a Maçonaria institucionalizou seus ritos e se transformou numa organização administrativa.

Salientava ainda, o poeta, que a Maçonaria é uma “Ordem de Vale”, isto é, uma Ordem que precisa da qualidade iniciática para se tornar uma “Ordem de Montanha.” Simbolicamente isso significa que a sua função é dirigir o adepto na busca da elevação espiritual. Foi isso que os hebreus fizeram, por exemplo, quando deixaram o Vale do Nilo e se dirigiram para o Monte Sinai sob o comando de Moisés. Os hebreus deixaram a religião formalista e meramente confessional do Egito para buscar a iniciação na montanha. Assim, o Êxodo foi, na verdade, uma grande jornada iniciática.

Dai ele entender, por exemplo, ser o Rito de Heredon, o mais representativo da Ordem maçônica. Isso porque Heredon é o centro supremo do mundo, o polo místico da iniciação planetária, segundo a tradição Rosa-Cruz. De acordo com a lenda Rosa-Cruz, a montanha de Heredon está situada na Escócia, a 60 milhas de Edimburgo.

Não precisamos dizer que concordamos com Fernando Pessoa. Em nosso entender a Maçonaria, enquanto instituição não deve se envolver com questões comunitárias nem se preocupar com a prática da filantropia. Isso deve ser uma preocupação do maçom como pessoa, mas não da Maçonaria como instituição. Uma Loja voltada mais para esses fins torna-se, como disse o poeta, uma unidade administrativa, fugindo da sua verdadeira finalidade, que no nosso entender, é evitar a desintegração cósmica do homem, desintegração essa provocada pelo individualismo e pela luta pela sobrevivência. Afinal, a busca dessa integração é a meta das doutrinas espiritualistas.

Fernando Pessoa nasceu em Lisboa em 1888 e morreu na mesma cidade em 1935. Deixou para a comunidade maçônica um extraordinário legado doutrinário, muito pouco conhecido e por isso mesmo pouco explorado. Esperamos voltar ao assunto em breve para levar aos irmãosmais um pouco da sabedoria maçônica do grande poeta português.

*DO LIVRO O PENSAMENTO MAÇÔNICO DE FERNANDO PESSOA- JORGE DE MATOS, ED. SETE CAMINHOS- LISBOA, 2006

Fonte - JBNews - Informativo nº 140 - 14/01/2011

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

DÚVIDAS RITUALÍSTICAS NO REAA - CIRCULAÇÃO DA BOLSA E RETARDATÁRIO

DÚVIDAS RITUALÍSTICAS - CIRCULAÇÃO DA BOLSA E RETARDATÁRIO
(republicação)

Em 22/05/2017 o Respeitável Irmão Tristão Antônio Borborema de Carvalho, Loja Obreiros de Abatiá, REAA, GOP (COMAB), Oriente de Abatiá, Estado do Paraná, formula suas questões seguintes:

Ao Venerável irmão Pedro Juk: solicito sua habitual e luminar explicação sobre duas questões:

1- Ao final da circulação dos irmãos Mestre de Cerimônias e Hospitaleiro, respectivamente, após encerrarem, ritualisticamente, a coleta na circulação do saco de propostas e informações e bolsa de beneficência, estando já entre colunas, estáticos, aguardando a ordem do Venerável Mestre para a sua conferência, questiono: neste momento, devem ficar com a bolsa cerrada na mão esquerda e, com a mão direita, ficar na posição "à Ordem" ou simplesmente a bolsa é cerrada com a mão direita (ou esquerda) sem ficar nesta posição?

2- Em nosso ritual, havendo visitante retardatário, a praxe é que haja a batida deste do grau respectivo na porta do templo e, não havendo leitura de ata e outras circunstâncias, o irmão Guarda do Templo anuncia ao Venerável que o autoriza a checagem e, feita conferência, após nova autorização do Venerável, o Guarda dá com o punho da espada um golpe na porta (significando que já está descoberto o templo), recepcionando o irmão. A dúvida é a seguinte: após o ingresso de tal irmão retardatário - seguindo as formalidades - novamente o irmão guarda do templo, como fez no início da sessão, dá as pancadas do grau e anuncia ao irmão primeiro vigilante que o templo (voltou a estar) está coberto? Ou simplesmente prossegue a reunião normalmente?

CONSIDERAÇÕES:

1. O procedimento mais comum, não é nem um e nem outro dos mencionados.

O oficial circulante ao encerrar a coleta deveria ficar entre Colunas (do Norte e do Sul) no extremo do Ocidente mantendo a mesma postura. Isto é: segurando o recipiente com as duas mãos encostadas no lado esquerdo do seu quadril. Não existe necessidade de ele cerrar a bolsa e segura-la com uma das mãos, pois quem por primeiro comunica que o giro por ter terminado está suspenso é o Segundo Vigilante. Note que o Vigilante comunica a suspensão da circulação e não que a bolsa está lacrada, fechada, ou algo nesse sentido.

Entretanto, sabe-se perfeitamente que muitas variações foram inseridas indevidamente nos nossos rituais e não me cabe aqui comentá-las, isso porque mesmo que eu não acredite em bruxas; “sei que las hay, las hay”.

Assim, se porventura algum ritual determinar que a bolsa (saco) seja lacrada pelo oficial circulante, então geralmente ele o fará segurando-a com a mão direita e simplesmente aguardará ordens do Venerável em pé, sem sinal, mas com o corpo ereto e os pés em esquadria (não faz sinal porque a sua mão direita estará ocupada).

2. Embora não seja esse o procedimento mais costumeiro, pois qualquer bateria de retardatário na porta do templo, independente do grau em que a Loja esteja trabalhando, ela será sempre a universal (a do Aprendiz), mas respeitando o que exara o ritual vamos a sua questão propriamente dita. Após o ingresso formal do retardatário, o Cobridor simplesmente fecha a porta e retorna ao seu lugar sem a necessidade de bater e comunicar o Primeiro Vigilante que o Templo está novamente coberto.

Apenas um último comentário. Eu estou surpreso com o procedimento do Cobridor dar uma pancada significando que o templo está descoberto (sic). Perdoe-me, mas a meu ver, essa é mais uma invenção.

T.F.A.
PEDRO JUK
jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br