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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

NOSSA MISSÃO

NOSSA MISSÃO 
Ir∴  Anatoli Oliynik

Aquilo que queremos ser deve ter validade para além da morte

Um dia desses, estava eu no centro da cidade e observava aquele corre-corre frenético dos transeuntes que passavam ao meu lado indo a todas as direções.

Aquelas pessoas praticamente colidiam umas com as outras; algumas andavam em desabalada carreira, outras com passos acelerados, enfim, um verdadeiro formigueiro humano. Observando aquele frenesi, inúmeras perguntas emergiram de meu cérebro e então perguntei aos meus botões:

Para que tudo isso? Para onde tudo isso nos levará?

Qual o sentido desse corre-corre frenético?

Chegará o dia em que a velha máquina, já alquebrada pelos anos, paralisará e o frenesi cessará. O que sobrará de tudo isso? 

Postas estas questões, vale à pena se debruçar sobre elas no sentido de encontrar, senão as melhores respostas, pelo menos as mais próximas da realidade de cada um face aos seus objetivos pessoais e projetos de vida, se é que eles existem.

Pessoalmente acredito que cada um de nós tem uma missão a cumprir neste mundo real e manifestado onde vivemos por um período muito curto.

Qual seria essa missão?

Alguns entendem que a missão do ser humano seria estudar, arranjar um bom emprego, preferencialmente no serviço público, ou abrir um negócio, de preferência trabalhar pouco, ganhar muito dinheiro, casar, constituir uma família, viver confortavelmente com “qualidade de vida”, e deixar uma boa herança para seus herdeiros.

Será que Deus criou o homem, dotou-o de inteligência, deu-lhe o dom da fala, que o distingue de todos os outros animais, somente para buscar uma vida confortável? Difícil imaginar que tenhamos sido criados por um desígnio de pura bondade Divina, dotados de uma singularidade que nos distingue de todos os outros animais, somente para algo tão efêmero. Não que isso possa ser ruim em si, mas não pode ser o sentido de vida do ser humano.

Outros entendem que a missão do homem é encontrar a felicidade. Mas o que é felicidade? Terá ela um conceito unívoco? Para alguns é constituir família, arranjar um bom emprego; para outros é ter um carrão, uma casa confortável, uma família de sucesso, qualidade de vida, e por aí afora.

Portanto, o conceito de felicidade sob o plano físico e material está distante de qualquer univocidade.

Uma verdadeira personalidade não pode existir numa vida onde não existe um elemento unificante, onde qualquer sonho acaba sempre por se esfumar por nunca se transformar em projeto. Portanto, identificar a nossa missão é encontrar esse elemento unificante.

Ocorreu-me que, se, por um lado, existem os elementos unificantes, por outro, existem os dispersantes: o Mundo, o Diabo e a Carne. O mundo é a circunstância de Ortega y Gasset. Não existimos num teatro mental concebido por nós, mas num mundo partilhado por todos e que não é feito à nossa medida. O diabo e a carne são elementos que se manifestam internamente, por vezes difíceis de distinguir, que incluem os desejos de prazer, poder e riquezas, mas também, e cada vez mais, a pusilanimidade induzida.

Estes elementos externos e internos, que nos provocam anseios contraditórios, não constituem o que realmente somos, mas são o nosso ponto de partida para o qual devemos ganhar consciência de modo a fazer os arranjos necessários. Fazer com que o fator unificante prevaleça sobre o fator dispersante passa por definir um objetivo que tenha real sentido para nós e buscar a sua consecução sem contar apenas com circunstâncias favoráveis, mas integrando as desfavoráveis. Acabaremos, assim, por realizar a reabsorção da circunstância que Ortega y Gasset dizia ser o destino concreto do homem.

Aqueles que assistiram ao filme “Pequeno Milagre” hão de se lembrar da personagem principal, Simon Birch. Simon sabia que nascera para realizar algo grande.

Ele viveu numa busca constante para descobrir seu destino, ou seja, tentou descobrir a razão de sua presença na Terra, embora tenha se metido em muitas confusões.

Simon dizia que “todos nós somos instrumentos de Deus e Ele tem um plano para cada um de nós”.

Assim como Simon, nós deveríamos descobrir o desígnio divino para o qual fomos criados, e não acreditar que a física quântica pode nos transformar em Deus! A este desígnio chamo de missão.

Para realização da nossa missão o importante é imaginar que realizamos o melhor de nós, algo louvável e que mereça ser contado. Não devemos ter a pretensão de querer cultivar todas as virtudes, algo inacessível ao ser humano, mas apenas algumas e depois estas irradiarão outras.

Vamos conceber um eu ideal sem começar logo a pensar que será impossível alcançá-lo. Temos de imaginar que sim, mas temos de ser sinceros, aquilo tem que corresponder à nossa individualidade e, se não soubermos bem para onde apontar, podemos começar logo por excluir tudo aquilo que não queremos ser.

Coisas podem dificultar a realização da nossa missão, tais como a idolatria do prazer e a pressão que a sociedade coloca sobre nós para desvalorizarmos a realização da pessoa humana.

Fonte: JBNews - Informativo nº 0160 - 03/02/2011

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