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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

sexta-feira, 30 de junho de 2023

PATRONOS DA MAÇONARIA EM GERAL

O Respeitável Irmão Nilton Bustamante, Loja Fronteira Paulista, 448, sem mencionar o nome do Rito, GLESP (CMSB), Oriente de Bragança Paulista, Estado de São Paulo, apresenta a dúvida seguinte:

PATRONOS DA MAÇONARIA

Por gentileza, poderia sanar minha dúvida sobre quem é o "Patrono(s)” da Maçonaria? S. João Batista, S. João Evangelista, S. João Smoler (S. João de Jerusalém).

CONSIDERAÇÕES:

O que tem confundido alguns Irmãos a respeito desse tema são os muitos escritos e opiniões onde o assunto não é abordado na sua amplitude, ou seja, se buscar saber quem é de fato o patrono universal da Maçonaria, e não o padroeiro particular de um rito maçônico. É bom que se diga que a Maçonaria Universal, conhecida como Franco-Maçônico Básico (simbolismo), é formada por ritos, cujos quais nasceram com algumas características próprias, portanto é natural que desde os tempos operativos as confrarias de pedreiros possuíssem particularmente seus santos protetores. Isso nada tem a ver com personagens que sejam patronos de toda a Maçonaria.

A não observação desse importante detalhe por parte de alguns escritores maçônicos, desafortunadamente tem levado muitos maçons a difundirem afirmativas contraditórias que envolvem padroeiros de ritos em vez de propriamente o padroado universal da Ordem. Um exemplo disso é o São João Esmoler, ou de Jerusalém, que de fato é um santo padroeiro, todavia não na totalidade da Ordem Maçônica, porém patrono de um rito maçônico em particular.

 Outro exemplo indevido utilizado como padroeiro maçônico foi o ocorrido na França do século XIX nos primórdios do simbolismo do REAA, oportunidade em que o Guia dos Maçons Escoceses estranhamente trazia um santo padroeiro que nem mesmo existia no hagiológio da Igreja. Esse personagem, inexistente para a Igreja, foi chamado de “São João d’Escócia”. Da “Escócia” provavelmente para tentar conciliar com o nome “Escocês” que o rito possui no seu título.

Embora, esse São João, o da Escócia, tenha desaparecido mais tarde do Rito, o estrago já estava feito, pois mesmo assim por muito tempo alguns rituais do escocesismo ainda mencionavam esse ilustre personagem desconhecido.

Com respeito ao padroado universal da Maçonaria, isto é, independentemente dos ritos que a compõem, ela, a Instituição Maçônica, de fato universalmente possui dois personagens patronais. Esses patronos, por questões históricas possuem uma concreta relação com os períodos solsticiais do verão e inverno que ocorrem no hemisfério Norte.

Nesse cenário, vale ressaltar que os solstícios[1] sempre estiveram em destaque entre os nossos ancestrais dos tempos da Maçonaria Operativa. Em linhas gerais, nos tempos do ofício as épocas solsticiais regulavam o andamento dos trabalhos profissionais nos canteiros de obras da Idade Média.

Operativamente, nos canteiros medievais os solstícios eram uma espécie de calendário do ofício. De certo modo, isso significa que dos doze meses do ano, nove deles eram geralmente satisfatórios para o desenvolvimento dos trabalhos que ocorriam nas construções das grandes catedrais e igrejas medievais.

Essa relação ofício/solstício, de modo comum significa que há épocas que propiciam mais, ou menos luz solar. Nesse sentido, o ápice da luz durante o verão ao Norte, ajudava os Franco-Maçons a exercerem com plenitude os seus trabalhos. Já o inverno ao Norte, com dias curtos e noites longas, ao contrário era insalubre pela presença das baixas temperaturas e ausência de luz. Os três meses de inverno eram desfavoráveis para ofício.

Assim, no período hibernal, quando simbolicamente a Terra fica viúva do Sol (prevalência das trevas e a morte da Natureza), as confrarias de pedreiros dispensavam seus operários pagando-os conforme o merecimento. Dessa forma, os operários contentes e satisfeitos se recolhiam para o merecido descanso até que fossem chamados de volta para o trabalho na próxima primavera.

Esse mecanismo astronômico do Sol, gerador dos solstícios e das estações do ano na Terra, prosseguiu se integrando como uma alegoria especulativa da Moderna Maçonaria. Nesse ambiente, vale lembrar que próximo às datas solsticiais de junho (verão no Norte) e de dezembro (inverno no Norte), também são comemorados a 24 de junho e 27 de dezembro, os dias dos dois Joões padroeiros - o Batista e o Evangelista.

É bom que se diga que universalmente a Moderna Maçonaria celebra os solstícios de inverno e verão relativos ao hemisfério Norte do nosso Planeta. Isso se dá porque foi nesse hemisfério que a Maçonaria floresceu. Dessa forma, convenciona-se que todas as Lojas maçônicas espalhadas pela face da terra, estejam elas situadas ao Norte ou ao Sul, devem celebrar os solstícios de verão, associado a João, o Batista, e de inverno, conexo a João, o Evangelista.

Sob uma conjuntura religiosa, a Igreja, por razões históricas[2], teve que adequar as datas comemorativas aos Joões, Batista e Evangelista à proximidade dos solstícios. Desse modo, emblematicamente João, o Batista, nascido em plena Luz do verão, veio para anunciar a chegada da Luz, ou seja, veio para divulgar o nascimento de Jesus, tomado como a Luz do Mundo. Já João, o Evangelista, que nascera em plena estação sombria do inverno (menos luz), veio para divulgar a boa nova, isto é, pregar o Evangelho de Jesus, a Luz do Mundo.

Graças a isso é que na Maçonaria, independente dos padroeiros particulares dos seus ritos, João, o Batista, é sempre comemorado no verão do Norte a 24 de junho, enquanto que João, o Evangelista, é sempre comemorado em pleno inverno do Norte, a 27 de dezembro. Nesse cenário, é bom que se diga que embora a Maçonaria não seja uma religião, de certo modo ela acabou por influência herdando alguma religiosidade da Igreja, já que historicamente se sabe que a Igreja foi por muito tempo protetora das corporações de ofício medievais, ancestrais da Franco-Maçonaria.

Em razão disso é que a Maçonaria Universal comemora dois patronos, e não apenas um, pois ambos estão intimamente ligados às datas solsticiais, períodos tão caros aos ancestrais que mais tarde dariam origem às Lojas de São João.

Toda essa alegoria solar está expressa em um dos símbolos mais antigos utilizados pela Maçonaria - o Círculo e as Paralelas Tangenciais. Nesse conjunto simbólico, o círculo representa o Sol, e as paralelas tangenciais os trópicos de Câncer e de Capricórnio.

A ideia concebe que cada um dos pontos de tangência marca respectivamente o solstício de inverno e de verão, isto é, o Sol não ultrapassa os trópicos. Nesse argumento simbólico, o Sol é representado pelo círculo, e os dois Joões pelas paralelas (trópicos) tangenciais. O ideograma possui o desiderato de lembrar ao maçom sobre os limites da razão humana perante ao Criador.

Finalizando, no que concerne a São João de Jerusalém, ou Esmoler, ele é o padroeiro particular de um rito maçônico, mas não da Maçonaria como um todo. Vale lembrar que a Maçonaria é composta por ritos. Nesse sentido, muitos dos ritos têm seus próprios personagens patronais, contudo esses personagens nada tem a ver com os solstícios e com os patronos gerais da Ordem, que são o Batista e o Evangelista.

[1] Solstício (sol estático) – é a época em que o Sol passa pela sua maior declinação boreal ou austral, e durante a qual cessa de afastar-se do equador. É um fenômeno astronômico que marca o início do verão ou do inverno conforme o hemisfério da Terra. Ocorre duas vezes por ano e está associado ao eixo de rotação da Terra, cuja posição é inclinada a 23,5° em relação ao seu próprio eixo. Durante os solstícios, o Sol permanece aparentemente estático por um pequeno período em distância máxima da linha do equador.

[2] Cristianismo e o Império Romano - No ano 313, o imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos, até então perseguidos e torturados por sua crença. O cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano através de ato instituído por Teodósio. Com isso a Igreja teve que adequar os seus santos cristãos aos personagens do paganismo romano.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

VOCÊ É DESNECESSÁRIO PARA A ORDEM?

Uma das situações, talvez a mais dolorosa para um homem, é quando ele se conscientiza de que é totalmente desnecessário, seja no ambiente familiar, no trabalho, na comunidade ou, principalmente, para nós maçons, na nossa Instituição.Os maçons tornam-se desnecessários:

Quando decorrido algum tempo de sua Iniciação ao primeiro grau da Ordem, já demonstram desinteresse pelas sessões, faltando constantemente, demonstrando não estarem comprometidos com a Instituição, apesar de terem aceitado a Iniciação e terem JURADO SOLENEMENTE.

Quando, durante as sessões, já "enturmados", ficam impacientes com as instruções, com as palestras ou com as palavras dos Irmãos mais velhos, achando tudo uma chatice, uma bobagem que atrasa o ágape e a esticada noturna ao BAR.

Quando, ao tempo da apresentação de trabalho para aumento de salário, não têm a mínima idéia dos assuntos dentre os quais podem escolher os seus temas. Simplesmente copiam alguma coisa de um livro e apresentam-no, pensando que ninguém vai notar.

Quando, ainda companheiros, começam a participar de grupos para ajudar a eleger o novo Venerável e, não raro, já pensando seriamente em, assim que chegarem a Mestres, começarem a trabalhar para obter o "poder" na Loja.

Quando já como Mestres, recusam-se a admitir que sabem quase nada a respeito da Ordem Maçônica. Acham que estudar e comparecer ao máximo de sessões do ano é coisa para os que aceitaram fazer parte da administração, para os companheiros e os aprendizes.

Quando Mestres, ao participarem das eleições como candidatos a algum cargo na Loja, principalmente para o de Venerável, e não forem eleitos, sumirem ou filiarem-se a outra Loja onde poderão ter a "honra" de serem cingidos com o avental de M∴I∴, que consideram ser " muito mais vistoso do que o de um "simples" Mestre ".

Quando já Mestres e até participando dos graus filosóficos não terem entendido ainda que o essencial para o verdadeiro maçom é o seu crescimento espiritual, a sua regeneração, a sua vitória sobre a vaidade e os vícios, a aceitação da humildade e o bem que possam fazer aos seus semelhantes, e que, a " política interna da Loja , a proteção mútua, principalmente na parte material, também tem lá seu valor, mas não é a ESSÊNCIA para o verdadeiro MAÇOM.

Quando, como Aprendiz, Companheiro ou Mestre, ainda não entenderem que a Loja necessita que suas mensalidades estejam rigorosamente em dia, para que possam enfrentar às despesas que são inevitáveis.

Quando, como Veneráveis Mestres, deixam o caos se abater sobre a Loja, não sendo firmes o suficiente para exercer sua autoridade; não tendo um calendário com programação pré-definida para um período; não cobrando de seus auxiliares a consecução das tarefas a eles determinadas, e não se importando com a educação maçônica, que é primordial para o aperfeiçoamento dos obreiros.

Quando, como Vigilantes, não entenderem que, juntamente com o Venerável Mestre, devem constituir uma unidade de pensamento, pois em todas as Lojas nas quais um ou os dois Vigilantes não se entendem entre si e principalmente não se entendem com o Venerável, o resultado da gestão é catastrófico.

Quando, como Guarda da Lei ( Orador ) , nada sabem das leis e regulamentos da Potência e de sua própria Loja, e usam o cargo apenas para discursos ocos e intermináveis.

Quando, como Secretários, sonegam à Loja as informações dos boletins quinzenais, as correspondências dos Ministérios e, principalmente, os materiais do departamento de cultura, que visam dotar as Lojas de instruções e conhecimentos que normalmente não constam dos rituais, e são importantes para a formação do maçom.

Quando, como Tesoureiros, não se mostram diligentes com os metais da Loja, não se esforçam para manter as mensalidades dos Irmãos em dia e não se importam com os relatórios obrigatórios e as prestações de contas.

Quando, como Hospitaleiros, não estão atentos aos problemas de saúde e dificuldades físicas ,financeiras, ou sociais , dos Irmãos da Loja. Quando constatamos que em grande número de Lojas, com uma freqüência média de vinte Irmãos, se recolhe um tronco de beneficência de R$ 10,00 (dez reais) em média ( significa que 10 irmãos contribuíram com R$ 1,00 e 10 não conseguiram nem contribuir...). Na prática, em condições originais, friamente, todos os 10 que não contribuíram são desnecessários, pois a benemerência é um dever declarado do maçom. Mas a benemerência é também do maçom que PODE mais, atendendo o maçom que agora não está podendo, por seu acidentais motivos de vida.

Quando, como Chanceleres, não dão importância aos natalícios dos Irmãos, cunhadas, sobrinhos e de outras Lojas. Quando, em desacordo com as leis, adulteram as presenças, beneficiam Irmãos que faltam e não merecem esse obséquio.

Quando a Instituição programa uma Sessão Magna Branca para homenagear alguém ou alguma entidade pública ou privada, constata-se a presença de um número irrisório de Irmãos, dando aos profanos uma visão negativa da Ordem, deixando constrangidos aqueles que se dedicaram e se esforçaram para realizar o evento à altura da Maçonaria. Todos esses Irmãos indiferentes, que não comparecem habitualmente a essas sessões, também são desnecessários à nossa Ordem.

Muito mais haveria para se dizer em relação aos Irmãos desinteressados da nossa Sublime Instituição. Fiquemos por aqui e imploremos ao Grande Arquiteto do Universo que ilumine cada um de nós, pra que possamos agir na Maçonaria com o verdadeiro Espírito Maçônico e não com o espírito profano, e roguemos ainda, que em nenhuma circunstância, seja na família, no trabalho, na sociedade ou na Arte Real, tornemo-nos desnecessários, pois deve ser muito triste e frustrante para qualquer um sentir-se sem importância e sem utilidade no meio em que se vive.

Fonte: http://jamilkauss24.blogspot.com

quinta-feira, 29 de junho de 2023

O DEPUTADO E O MESTRE DE CERIMÔNIAS

(republicação)
Questão apresentada sem declinar o nome do consulente.

Com as devidas vênias, dirijo-lhe estas palavras para vossa observação. Na Loja da qual faço parte, o nosso Irmão Mestre de Cerimônias também é o nosso Deputado. Gostaria de vossa análise para as seguintes ocorrências: 1 - Exercendo o cargo de Mestre de Cerimônias o Irmão usa paramentos de Deputado. 2 - Por ser Mestre de Cerimônias o Irmão revela que pode fazer uso da palavra várias vezes em diversas posições do Templo. 3 - Exercendo o cargo de Mestre de Cerimônias o Irmão sobe no Oriente senta-se ao lado esquerdo do Venerável e faz uso da palavra como Deputado. No meu humilde raciocínio, está tudo errado, mas... Sinto-me lisonjeado no instante em que recebo um e-mail seu com uma resposta aos meus questionamentos de eterno Aprendiz.

CONSIDERAÇÕES:

Vaidades de vaidades, disse o pregador. 

Questão 1 – Já que o Irmão Deputado faz questão de usar os seus paramentos de Deputado na sua Loja exercendo o cargo de Mestre de Cerimônias, não existe impedimento para tal. Todavia o nosso Deputado deve vestir o colar com a joia distintiva do Mestre de Cerimônias. 

Questão 2 – Nunca! Ele como Mestre de Cerimônias deve tomar assento no seu lugar de ofício – na Coluna do Sul. Para fazer uso da palavra ele assim o faz no momento oportuno que ela estiver na sua Coluna pedindo a mesma ao Segundo Vigilante. Mesmo sendo ele Deputado, porém exercendo o ofício de Mestre de Cerimônias ele é na oportunidade o Mestre de Cerimônias. Assim o Mestre de Cerimônias tem a prerrogativa de circular em Loja sem obter permissão, todavia, fazer uso da palavra somente no momento oportuno para o uso da mesma na Coluna do Sul. 

Questão 3 – Essa então não merece nem comentário pelo tamanho do absurdo. Nosso nobre edil maçônico deveria saber que a Lei 114 foi declarada inconstitucional, daí ao lado do Venerável, à sua direita toma assento única e exclusivamente o Grão-Mestre Geral, enquanto que ao lado esquerdo toma assento o Grão-Mestre estadual ou o ex-Venerável mais recente da Loja se o Venerável este último convidar.

Agrava-se ainda mais a situação quando o nosso Deputado está exercendo o cargo de Mestre de Cerimônias. Assim no seu raciocínio mano, estás completamente correto quando se referes que esses procedimentos do Deputado estão errados. 

Só para citar um exemplo, eu sou Mestre de Cerimônias da minha Loja – Estrela de Morretes, 3.159 ao Oriente de Morretes, Estado do Paraná. Sob nenhuma alegação no exercício do meu ofício em Loja eu coloco meus paramentos de Secretário de Orientação Ritualística para o REAA∴. Sinto-me muito mais a vontade como meu humilde avental de Mestre Maçom. 

Da mesma forma só faço uso da palavra pedindo a mesma ao Vigilante da minha Coluna quando for oportuno fazer.

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 0946, Florianópolis (SC) – sábado, 06 de abril de 2013

FRASES ILUSTRADAS

RELIGIÃO NA MAÇONARIA

Irmão Yassin Taha - Deputado Federal GOB 
A Maçonaria não é uma religião, nem substituta da religião. Ela exige de seus adeptos a crença em um Ser Supremo, do qual, todavia, não oferece uma doutrina de fé. A Maçonaria é aberta a homens de todas as fés religiosas. Nos trabalhos de Loja é proibido discutir religião.

Os nomes utilizados para indicar o Ser Supremo permitem a homens de fés diferentes unirem-se em prece a Deus, como cada um deles o concebe, sem que o conteúdo da prece seja causa de discórdia. Não existe qualquer deus maçônico. O deus do Maçom é aquele da religião que professa. Os Maçons mantém respeito recíproco pelo Ser Supremo definindo como tal em sua respectiva religião. Não é objetivo da Maçonaria procurar unificar religiões diversas: não existe, portanto, qualquer deus maçônico composto. A Bíblia, considerada pelos Maçons como o Livro da Lei Sagrada, é sempre aberto durante os trabalhos de Loja.

Os Maçons assumem compromisso, jurando sobre o Livro da Lei Sagrada. Eles se empenham em manter, sob segredo, os sinais de reconhecimento e em seguir os princípios da Maçonaria.

As punições físicas são puramente simbólicas, não são objeto de compromisso. O empenho em seguir os princípios da Maçonaria é obrigatório.

Na Maçonaria não existem os seguintes elementos constitutivos de uma religião: 
  • uma doutrina teológica; vetando-se as discussões sobre religião, se deseja impedir o surgimento de uma doutrina teológica maçônica;
  • oferta de sacramentos;
  • a promessa de salvação mediante obras, conhecimento de segredos ou outros meios; os segredos da Maçonaria referem-se a métodos de reconhecimento e não à salvação; e
  • a Maçonaria respeita e religião. 
A Maçonaria não é, de modo algum, indiferente à religião. Sem interferir com a prática religiosa, ela incentiva seus adeptos a seguirem sua fé particular, pondo seus deveres em relação a Deus (em todos os nomes mediante os quais ele seja conhecido) acima de todos os outros.

Os ensinamentos morais da Maçonaria são aceitáveis por todas as religiões. Desta maneira, a Maçonaria respeita as religiões.

Essa declaração teve como objetivo esclarecer todos os equívocos existentes sobre o tema, os quais, infelizmente, ainda permanecem.

Este texto foi traduzido de uma revista do Grande Oriente da Itália:
D. Del Bino, La Massoneria e il G. A. D. U. Um Dio massonico che non esiste. Massoneria Oggi, IV, N 5, 1997, pp 20, 21.

Fonte: Folha do Litoral News - 16/05/2020 - www.folhadolitoral.com.br

Fonte: https://martinlutherking63.mvu.com.br

quarta-feira, 28 de junho de 2023

LACRAR O TRONCO

(republicação)
O Respeitável Irmão Aécio Speck Neves, Loja Nereu Ramos, 2.744, REAA, GOB-SC, Oriente de Florianópolis apresenta a questão seguinte: aeciospeckneves@hotmail.com

Peço-lhe a fineza de comentar a seguinte questão, via JN News: Ouvi dizer ou li (não me lembro) que não se lacra o Tronco de Beneficência no REAA. É fato? Por que, em algumas ocasiões, o Tronco é lacrado "em honra aos Irmãos visitantes", como já ouvi um Venerável Mestre dizer, quando em visita a outra oficina (também aqui a memória não ajuda: não lembro o Rito). 

CONSIDERAÇÕES:

O costume de “lacrar o tronco” é um procedimento altamente equivocado, inclusive não está previsto nos rituais em vigência, no caso do GOB. 

Para a lisura da Sessão, o produto deve ser conferido e anunciado na presença de todos, e também para que possa o Secretário anotar o resultado na ata (balaústre). 

Esse procedimento nada mais é do que uma mera filigrana sob a justificativa de respeito ou homenagem aos Irmãos visitantes. Ora que respeito e homenagem seriam essa que procura esconder o produto apurado. Penso que homenagem só se for ao pão-durismo de alguns Irmãos. 

Na verdade esse esdrúxulo procedimento teve origem provável nas reuniões com a presença de não maçons. As Sessões Públicas chulamente conhecidas com Sessões Brancas, título que só dá margem aos inimigos da Maçonaria a apregoar que se existem Sessões Brancas, deverá também existir uma Sessão Negra. 

Assim corre a deturpação dos nossos costumes ao gosto dos nossos inimigos com a colaboração direta de Irmãos que apregoam esse mistifório. 

Acontece que nessas sessões públicas, geralmente os convidados profanos se retiram antes do encerramento dos trabalhos e aguardam, normalmente na Sala dos Passos Perdidos a finalização maçônica dos trabalhos. 

Nesse particular, corre o Tronco de Solidariedade entre os Irmãos dentro da Loja (os convidados não participam desse procedimento exclusivamente maçônico). 

Assim, por estarem os convidados aguardando o desfecho para as despedidas pessoais ou mesmo para um repasto, o Venerável costuma dizer, nessa ocasião, que em respeito aos “nossos visitantes que nos aguardam, solicito que o tronco fique lacrado para conferência na próxima Sessão”. 

Então assim surgiu esse costume que deve fazer sentido apenas nessas Sessões com a presença de profanos e não nas Sessões ordinárias normais. 

De toda essa filigrana, alguns Irmãos ao longo dos tempos se esqueceram de que não é “homenagem”, porém “respeito” à espera de visitantes não maçons aguardando fora do recinto da sala da Loja. 

Dado a isso o enxerto não demoraria ser peça de um equívoco de que os visitantes são profanos e não visitantes maçons.

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – nr. 0940, Florianópolis (SC) – domingo de Páscoa, 31 de março de 2013

MINUTO MAÇÔNICO

UM SEGREDO

A Maçonaria é uma associação íntima de homens escolhidos, cuja doutrina tem por base o G∴A∴D∴U∴, sendo que seus membros mantém segredo, praticam sempre boas ações, não admitindo distinções entre os homens e lutando sempre contra a ignorância, mentira, injustiça.

O Maçom se faz reconhecer pelo Sinal, Toque e Palavra, os quais jura guardar em segredo.

Para uma loja ser justa, perfeita e regular é necessário que três à governem, cinco a componham e sete a completem. Isto torna obrigatória a presença mínima de sete irmãos sendo três mestres.

Para adentrar-se ao templo usa-se um dos maiores símbolos maçônicos: três pancadas que significam: “Batei e abrir-se-vos-á; pedi e vós será dado; buscai e achareis”.

Nestas últimas palavras “Buscai e achareis”, nos é dada a chave de todos os mistérios que criamos, basta procurar, ou seja pesquisar, estudar, buscar junto a nossas luzes, que acharemos o conhecimento.

Douglas Ribas Busse
(Grande Loja do Paraná)

Fonte: cavaleirosdaluz18.com.br

PRINCÍPIO FILANTRÓPICO NA MAÇONARIA

Autor: Irmão José Geraldo de Lucena Soares
Membro da Loja FRATERNIDADE JUDICIÁRIA, 3614 – Grande Oriente do Brasil
Mestre Instalado, Grau 33″ do rito escocês antigo e aceito

A Filantropia é o terceiro princípio previsto no primeiro artigo da Constituição do Grande Oriente do Brasil conforme assinalamos em trabalho anterior (Princípio Filosófico na Maçonaria) e publicado neste veículo de divulgação.

Sendo a Sublime Ordem caracterizada pelo amor ao próximo, dentre outros elementos de bondade, não poderia mesmo deixar de cultivar essa virtude que integra a essência de toda sua doutrina.

Por filantropia podemos entender o sentimento de amor à humanidade sem nenhuma discriminação ou interesse de recompensa pelo bem que possa ser oferecido ao destinatário considerado merecedor para atender suas necessidades naquele momento ou ainda de caráter temporário. Faz-se necessário que o benefício seja espontâneo e que seja inspirado na caridade sem o propósito de deixar o beneficiário exposto ao desconforto de humilhação ou mesmo qualquer outro constrangimento, mas em situação que possa superar as dificuldades vividas e prosseguir no futuro sua caminhada independente. Aliás, a própria etimologia encerra esse pensamento quando a palavra emana do latim (philanthropia, ae), significando amizade, profundo amor ao próximo, generosidade para com o semelhante, caridade, desprendimento, beneficência.

A História registra que já as guildas medievais costumavam exigir de seus membros uma parte de seus ganhos para auxiliar os necessitados da comunidade, em especial aos da mesma profissão, pedreiros, pintores, cortadores de pedra, lapidadores, encanadores, etc., evidenciando que sempre a filantropia foi exercida pela Ordem desde seus primórdios independentemente de acentuadas preferências desde que os beneficiados sejam realmente merecedores. E a avaliação deste merecimento é medida de conformidade com os critérios de moralidade, ética, honradez, seriedade, legalidade, crença no GADU e vida eterna, além de outros parâmetros adotados pela doutrina maçônica.

Igualmente, a Maçonaria Especulativa consolidada pelo Bispo anglicano James Anderson e responsável pela Constituição Maçônica de 1723, realçou esse princípio, especialmente na fase do Iluminismo quando personagens de expressão intelectual e econômica passaram a integrá-la.

Inúmeros restauros de monumentos da Europa foram custeados pela Fraternidade e auxílios a nosocômios dos mais variados beneficiaram-se com essa dádiva. Entidades que abrigavam crianças, idosos e desafortunados também viram-se contemplados.

Na verdade, toda filantropia origina-se do Amor e Caridade lembrando que todas estas virtudes nos conduzem a Fé e também a Esperança, formando o trio – Fé, Esperança e Caridade, importante alicerce espiritual da Ordem.

Sobre o assunto Raul Silva (Maçonaria Simbólica – Ed. Pensamento – págs. 50 e seguintes) lembra a Escada de Jacó contendo três lances que simbolizam a Fé, Esperança e Caridade. E prossegue: “A Fé é o traço de união que liga a criação ao Criador; portanto, a base da eterna Justiça, o laço de amizade e principal sustentáculo da sociedade humana. Vivemos e agimos alimentados pelo sentimento da confiança que uns aos outros inspiramos, que também nos proporciona esperança, alenta-nos a alma com a convicção que nos dá da existência de um Ser Supremo. A Fé justifica nossos atos de amor pelas coisas incriadas; é como que a evidência psíquica das coisas que escapam aos nossos sentidos físicos…. É pela Fé, tal nos mostra a Maçonaria, que alcançamos as mansões supremas onde nos integralizaremos com o Supremo Arquiteto do Universo… a Esperança é a âncora da alma humana: imóvel e poderosa, firme e consoladora. Tenhamos, pois confiança absoluta no Grande Arquiteto, esforçando-nos por nos manter dentro dos limites de suas sacratíssimas promessas, e alcançaremos nosso alvo.” Por sua vez , continua o autor citado, “A Caridade é uma das mais brilhantes joias com que, mui justamente, se adorna a Sublime Ordem Maçônica. É a pedra de toque e a mais segura prova de sinceridade entre os maçons. A benevolência , acompanhada pela Caridade, honra a Ordem Maçônica, no seio da qual esta soberana Virtude floresce constantemente, por ser um dos escopos que mais preocupa e com maior esmero cumprem os verdadeiros maçons.”

Estes são alguns enfoques do tema filantrópico que a Ordem adota em toda sua plenitude juntamente como tantos outros baseados no amor a todos os seres viventes da Terra na esperança de que se aproximem da Divindade.

O princípio seguinte é o progressista e poderá ser objeto de outras observações oportunamente.


Fonte: http://redecolmeia.com.br

terça-feira, 27 de junho de 2023

MARCHA DO APRENDIZ NO RITO ADONHIRAMITA

(republicação)
Em 05/12/2017 o Respeitável Irmão Luís Torres, sem mencionar o nome da Loja e do Oriente, Rito Adonhiramita, GLESP, Estado de São Paulo formula a seguinte questão:

MARCHA DO APRENDIZ – RITO ADONHIRAMITA.

Lendo algumas matérias que assinou, gostaria de consulta-lo se há alguma informação nova sobre a Marcha do Aprendiz do Rito Adonhiramita – em caso positivo - onde posso encontra-la. O Ritual não é conclusivo, apenas fala de passos, que hoje são interpretados de formas diversas – inclusive a de arrasta-los (que eu não concordo). Estou buscando fundamentos para fazer uma boa prancha sobre o assunto. Se tiver algum material para me enviar, ou mesmo tiver notícia sobre algum Ritual que esclareça a questão, por favor, me avise que tentarei adquiri-lo.

CONSIDERAÇÕES:

Em regra geral as Marchas (passos) nos ritos que as possuem determinam simbolicamente o início do caminho do Aprendiz em direção à Luz – das trevas da ignorância à Luz do esclarecimento.

O que ocorre, entretanto, é que os Ritos possuem suas particularidades doutrinárias e ao mesmo tempo históricas. No caso do Rito Adonhiramita, além dele estar voltado para o conceito metafísico-filosófico do ser humano, ele é também oriundo da corrente teísta de Maçonaria, muito embora ele seja um rito nascido no século XVIII na França.

No caso especialmente da Marcha do Aprendiz no Rito, alguns autores divulgam que ela é executada de forma invertida em relação ao REAA, o que não é verdade, pois isso não pode ser tratado como inversão, senão como uma característica Adonhiramita que provavelmente tenha surgido na época pela tentativa de resguardar os segredos que vinham sendo comumente revelados os jornais semanais sob o título de “revelações maçônicas”. Com essa atitude muitos procedimentos ritualísticos acabaram sendo invertidos em relação a outros na intenção de confundir os bisbilhoteiros do mundo profano.

Assim, a Marcha de Aprendiz do Rito Adonhiramita é sempre executada com o p∴ d∴ à frente, formando a cada um dos t∴ pp∴ uma esq∴. Essa característica a difere do escocesismo que executa a Marcha sempre com o p∴ e∴. Note que isso não é “inversão”, mas característica do Rito.

No que diz respeito ao significado básico dessa alegoria, o mesmo está na retidão (esq∴) associada ao caráter do maçom, pois os t∴ grandes p∴ pela esq∴ têm o desiderato de ensinar ao Aprendiz o caminho que ele deve seguir na Ordem. 

Essa é uma ideia representativa e significa o zelo no caminho percorrido e que será avaliado pelo seu instrutor. Tudo se resume na esq∴ por ser ela o grande símbolo da vereda dos justos.

Ainda os t∴ pp∴, eles revelam o princípio da retomada do caminho após a Iniciação. Nesse particular o maçom revela nos seus primeiros passos a alegoria da sua infância.

Quanto à expressão “arrastar os pés”, eu posso lhe afirmar que bons e verdadeiros rituais não mencionam essa prática, simplesmente porque ela não existe, senão como fruto de imaginação de fantasistas que adoram rechear rituais com as suas “brilhantes ideias”.

A rigor, simplesmente a cada p∴ avança-se por primeiro o p∴ d∴ apontado para frente, unindo-se em seguida o outro p∴ na forma de costume. Originalmente não existe o arrastar de pés nesse movimento.
Dada à característica espiritualizada do Rito Adonhiramita, muitos outros conceitos podem se apresentar na sua doutrina. A questão talvez seja a de separar o joio do trigo.

O verdadeiro Rito Adonhiramita foi construído com três graus simbólicos e mais nove graus ditos superiores, o que lhe deu a originalidade de doze graus. 

A posteriori, segundo alguns autores, em homenagem a Frederico, o Grande, o superado Ragon acabou vendo nele mais um grau pertinente, o que acabou se consolidando como um Rito de treze graus. 

Para piorar as coisas, infelizmente aqui no Brasil, já no final do século XX, alguns rituais Adonhiramitas acintosamente apareceram e foram aprovados com trinta e três graus à moda do escocesismo e sob a justificativa capenga de que o acréscimo de mais graus fortaleceria a prática do Rito. 

Dados esses comentários e concluindo, sugiro ao Irmão que consulte a obra de Gilvan Barbosa que trata da Coletânea Preciosa do Rito Adonhiramita aqui no Brasil. Veja também os rituais Adonhiramitas do Grande Oriente Independente do Estado de Santa Catarina (COMAB) que sem dúvida tem sido por aqui os mais próximos da originalidade. Recomendo o livro Passos de Um Aprendiz Adonhiramita de Amauri de Souza, Editora Maçônica A Trolha, 2016, dentre outros.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

A ORIGEM DA PALAVRA UAI

Na Revista do Correio, do jornal Correio Braziliense, de 18/01/2009, Marcio Cotrim publicou resposta a um pedido de leitor sobre a origem da expressão popular dos mineiros UAI:

"Segundo o odontólogo Dr. Silvio Carneiro e a professora Dorália Galesso, foi o presidente Juscelino Kubitschek que os incentivou a lhe pesquisar a origem.

Depois de exaustiva busca nos anais da Arquidiocese de Diamantina e em antigos arquivos do Estado de Minas Gerais, Dorália encontrou explicação provavelmente confiável.

Os Inconfidentes Mineiros, patriotas mas considerados subversivos pela Coroa Portuguesa, comunicavam-se através de senhas, para se protegerem da polícia lusitana.

Como conspiravam em porões e sendo quase todos de origem maçônica, recebiam os companheiros com as três batidas clássicas da Maçonaria nas portas dos esconderijos.

Lá de dentro, perguntavam: quem é?, e os de fora respondiam: UAI – as iniciais de União, Amor e Independência. Só mediante o uso dessa senha a porta seria aberta aos visitantes.

Conjurada a revolta, sobrou a senha, que acabou virando costume entre as gentes das Alterosas.

Os mineiros assumiram a simpática palavrinha e, a partir de então, a incorporaram ao vocabulário cotidiano, quase tão indispensável como tutu e trem.

Uai, sô..

Fonte: JBNews - Informativo nº 209 - 24 de março de 2011

segunda-feira, 26 de junho de 2023

QUESTÕES SOBRE O REAA NO RITUAL DO GOB

(republicação)
Em 04/12/2017 o Respeitável Irmão Enéas Dourado, Loja Irmão Valdez Pereira, 4.077, REAA. GOB-PA, Oriente de Paragominas, Estado do Pará, solicitas informações abaixo:

QUESTÕES SOBRE O REAA - GOB

Gostaria de merecer sua ajuda no entendimento da ritualística do Rito Escocês Antigo e Aceito jurisdicionado ao GOB.

Fui recentemente nomeado presidente de ritualística de minha Loja.

São muitas dúvidas, se houver um manual com passo eu agradeceria receber, vou citar algumas duvidas expostas pelos irmãos:

Como proceder com a entrada do pavilhão nacional? Posição para segurar a bandeira? Fica entre colunas até acabar o hino ou segue caminhando com o hino acontecendo? Ou entra segue ate o oriente e lá se toca o hino? Quando chegar ao oriente, qual a posição das mãos e braços e da bandeira? A guarda sobe no oriente? E a saída do pavilhão?

Quando se pede a palavra, existe o comando do venerável "podeis ficar sem estar à ordem" ou o obreiro tem que falar a ordem não podendo desfazer ate o final de sua fala?

Quando é solicitado que as colunas fiquem a ordem por ocasião de verificar se são maçons, ficam à Ordem voltados para a Câmara do Meio ou voltados para o Oriente?

Temos muitas duvidas que muitas vezes não estão em letras azuis no ritual para deixar clara sua execução, se houver um material com informações nesse modelo iria nos ajudar muito a compreender a ritualística de forma correta e não correr o risco de transferir a informação de forma errada aos aprendizes.

CONSIDERAÇÕES:

Ingresso do Pavilhão Nacional
a) A Bandeira é conduzida pelo Porta-Bandeira na posição vertical à frente do corpo empunhando o mastro com as duas mãos - à direita logo acima da esquerda. Braços e antebraços respectivos são mantidos horizontalmente na condução.

O Porta-Bandeira ao ingressar no Templo coloca o Pavilhão sobre o seu ombro direito inclinando o mastro para trás e mantendo as mãos na mesma forma da empunhadura da condução. Esse procedimento se dá para que a Bandeira não se choque com a verga da porta na passagem. Passando pela mesma, o condutor volta a posicioná-la na vertical.

b) Ingressando, o Porta-Bandeira, seguido pela Guarda de Honra, para próximo à porta entre Colunas com o Pavilhão empunhado pelo mastro à frente do seu corpo na vertical. A Guarda também com as espadas em ombro-arma (na vertical pelo lado direito do corpo) para ao mesmo tempo na retaguarda do Pavilhão.

c) Assim que o Porta-Bandeira esteja posicionado entre Colunas, dá-se o canto do Hino Nacional. A Comissão de Recepção posicionada no Norte e no Sul abate espadas. A Guarda de Honra permanece com as espadas em ombro-arma. Dá-se então o canto do Hino.

d) Encerrado o canto do Hino Nacional o Porta-Bandeira acompanhado da Guarda de Honra se desloca para o Oriente passando todos pela Coluna do Norte.

e) O Porta-Bandeira ingressa no Oriente enquanto que a Guarda de Honra para no Ocidente próximo à entrada do Oriente se mantendo com as espadas em ombro-arma.

f) O condutor do Pavilhão então coloca o mesmo no lugar devido e se posiciona no seu lugar enquanto que o Venerável Mestre ordena ao Mestre de Cerimônias que desfaça a Guarda de Honra e a Comissão de Recepção.

g) Sugere-se também consultar o Decreto nº 1476 do GOB, datado de 17/05/2016 em vigência e que dispõe sobre o Cerimonial para a Bandeira Nacional, inclusive a sua retirada do Templo.

Em Loja aberta no REAA∴ todo o obreiro que fizer o uso da palavra e estiver em pé, se posiciona à Ordem. Antes de usar a mesma propriamente dita, ele protocolarmente se dirige genericamente (sem a necessidade de individualizar nomes) às Luzes da Loja (Venerável Mestre, Primeiro e Segundo Vigilantes), autoridades presentes e demais Irmãos – isso não é saudação.

Feita a menção protocolar, em casos esporádicos, o Venerável Mestre pode autorizar o usuário da palavra a falar a vontade, isto é, desfazendo o Sinal. Num caso desses, que não deve ser usualmente utilizado, o obreiro desfaz o Sinal e respeitosamente se posta para usar a palavra. Terminando a sua fala ele volta imediatamente a compor o Sinal e, antes de tomar assento, desfaz o mesmo na forma de costume.

É de péssima geometria o que fazem alguns Veneráveis ao dispensar corriqueiramente a composição do Sinal. Essa é uma atitude permitida, porém somente em casos que realmente mereçam esse procedimento. É ilegal também o obreiro pedir para falar à vontade.

É oportuno mencionar que o obreiro estando à Ordem fala objetivamente devido ao desconforto de se posicionar com o Sinal composto. Com essa atitude evitam-se pronunciamentos extensos e providos de rançoso lirismo que mais servem para esgotar a paciência dos demais. Obreiro à Ordem fala pouco e somente o necessário, poupando inclusive o Secretário de ficar anotando verborragias que serão repetidas quando da leitura da ata.

Nem uma coisa e nem outra. Os obreiros ficam sim à Ordem tendo como referencia o assento à sua retaguarda. Conforme estiver disposta a sua cadeira o Obreiro simplesmente dela se levanta. Nesse caso não existem outras recomendações. Em síntese cada Irmão fica em pé conforme o seu lugar em Loja. Não existem movimentos de se voltar para esse ou para aquele lado.

A propósito, o centro da sala da Loja (Templo) não é a Câmara do Meio. A Câmara do Meio é toda a Loja de Mestre e não um lugar específico do Templo. Assim, ficaria mais apropriado o termo “voltados para o eixo do Templo”.

Na realidade um bom ritual, em nome do sigilo, não traz explicativos detalhados. Isso na mão de um não iniciado daria oportunidade para ele conhecer por completo uma Sessão Maçônica. 

O que me parece que está faltando é instrução por parte de ritualistas que verdadeiramente entendam da liturgia maçônica. 

A maioria das questões é elementar e é inadmissível que muitos Mestres não as conheçam. De qualquer modo, espera-se futuramente do GOB um Manual de Dinâmica que possa pelo menos homogeneizar as práticas ritualísticas. Por enquanto no GOB, todos os manuais encontram-se suspensos conforme os Decretos de 2009 do Grão-Mestre Geral que institui os rituais. Aguardam-se providências nesse sentido.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

DESISTÊNCIAS E AUSÊNCIAS - EROSÃO DA ORDEM

Luiz Lobo
Porque será que temos um nível tão elevado de desistências e/ou de não comparências nas Sessões?

Normalmente, o que nos leva a desistir de algo é um sentimento de expectativas não correspondidas, acompanhado pela sensação de que tal não irá ocorrer “em tempo útil”.

Este sentimento aplica-se a tudo que fazemos já que é intrínseco ao processo de avaliação que permanentemente fazemos sobre tudo em que nos envolvemos.

Todos criamos expectativas e as avaliamos face à realidade; desistimos quando achamos que a probabilidade de as nossas expectativas serem correspondidas é mínima ou inexistente, ou o “timing” para que tal se verifique é excessivo.

Ora isto leva-nos a uma segunda pergunta: quais são as expectativas que os candidatos têm e até que ponto consegue a Ordem responder?

Naturalmente, há seguramente expectativas aos quais a Ordem não tem que, nem pode corresponder – estes são os erros de “casting”.

Correspondem normalmente a candidatos com uma visão demasiado distorcida da Ordem, que os leva a criar expectativas muito próprias e/ou baseadas numa ideia de se servir em vez de servir.

Mas se considerarmos que temos candidatos que foram supostamente bem seleccionados; que foram supostamente bem avaliados e que foram supostamente bem escrutinados durante a votação, então os erros de “casting” deveriam ser mínimos – talvez não esteja aqui a resposta à pergunta.

Mas será que podemos considerar isto?

O processo de avaliação do candidato que se prolonga por meses e por vezes até por anos, aliado à “aura” de mistério e ao “secretismo” que são normalmente associados à Maçonaria, ajudam a potenciar ilusões, por mais fantasiosas que elas sejam, criando por vezes, expectativas ao qual a Ordem não consegue dar resposta, até porque, embora cada um de nós construa o seu próprio Templo, a Maçonaria é só uma, não se podendo moldar aos desejos de cada um.

Assim sendo, talvez valha a pena olharmos para dentro, e para o fazermos talvez valha a pena partir de mais uma pergunta: O que é que nós fazemos como Maçons?

Reunimo-nos uma ou duas vezes por mês, vestimos uns aventais, de preferência com ornamentos cintilantes, colocamos alguns símbolos e executamos um ritual.

Durante as sessões, há alguns assuntos que tendem a se destacar: discussão intermináveis de regulamentos e burocracias da Loja (a Grande ou a nossa); leitura de comunicados, inquirições e respectivas votações; de longe em longe, a leitura de uma prancha, nem sempre discutida; de longe em longe também, a discussão de algum assunto mais relevante, mas sempre virado “para dentro”.

Isto é o que temos para oferecer aos neófitos – será que corresponde às suas expectativas?

Ou será que esperavam outra coisa?

Será que esperavam uma Ordem mais preocupada com o exterior e menos voltada para si mesma?

Quando tentamos responder à pergunta: O que é que a Maçonaria faz?

De exterior e de concreto, temos pouco; ou seja, quem procure a Maçonaria como uma via para a intervenção Social no apoio ao seu semelhante, poderá sentir que não está no lugar certo.

Resta-nos esperar que o interior seja suficiente; restamos esperar que “a construção interior de um homem melhor…” dê frutos e ter esperança que a capacidade de fazer com que os recém iniciados percebam o mais precocemente possível o valor deste processo e que o valorizem, permita suplantar eventuais outras expectativas não correspondidas.

Creio ser possível agrupar os candidatos em três grupos, em função das suas expectativas e perfis:
1- Tontos, sonhadores, negociantes e pessoas à procura de substitutos terapêuticos para o dominó no jardim: para este grupo, não temos (nem devemos ter) nada que lhes possa interessar.
Importa detectá-los o mais precocemente possível e desiludi-los – implica desde logo que os seus “padrinhos” tenham consciência disto e sejam o primeiro filtro.

2- Candidatos com um vertente mais espiritual: Creio ser fundamental mostrar-lhes o caminho, o método, e acompanhá-los o melhor possível na sua progressão.
É importante que reconheçam e valorizem as possibilidades de crescimento individual que a Maçonaria lhes pode proporcionar.

3- Candidatos com uma vertente mais forte de solidariedade e ajuda ao próximo: devemos avaliar se temos uma resposta suficiente para este grupo e devemos tê-la – é importante que se identifiquem oportunidades para que a Maçonaria se torne um verdadeiro parceiro em termos sociais, evitando assim que tenda a ser vista (injustamente) como um grupo de pessoas que ninguém sabe o que faz, mas que eventualmente o que faz, é mais em função dos seus interesses, do que em benefício da sociedade.

À laia de conclusão deste texto que já vai longo, deixo mais algumas perguntas:

Até que ponto o foco na quantidade e não na qualidade, abriu a porta a McMaçons, que, até que percebam que aqui não se vende fast-food “maçónico” e que talvez seja preferível ir bater a outra porta, vão deixando a sua marca na Ordem, marca essa que nem sempre é boa?

Como deve ser interpretada a quantidade de Mestres que tendo passado os dois graus anteriores, se afastam, muitas vezes continuando a pagar quotas, como se se quisessem afastar, mas não romper a sua ligação?

Estão os Irmãos que escolhemos para liderar, devidamente motivados / preparados / disponíveis / alerta para a necessidade de termos Lojas motivadoras em que cada sessão e cada actividade acrescente algo à vivência dos Irmãos?

Deverá a tentação de mostrarmos ao exterior aquilo que julgamos que o exterior quer ver – uma instituição focada nos aspectos sociais e na solidariedade -, sobrepôr-se ao que realmente sabemos fazer bem e para o qual a Maçonaria foi criada: uma instituição vocacionada para transformar homens bons em homens ainda melhores?

O futuro da Maçonaria joga-se em quatro “Is”:
1- Identificação dos candidatos,
2- Inquirição dos candidatos,
3- Iniciação dos profanos,
4- Instrução dos membros

Estaremos a preparar convenientemente todos os envolvidos, para assegurar que cada profano que passa por este processo se torne num caso de sucesso como Maçom?

Estaremos bem organizados em termos de acolhimento, formação e acompanhamento, para detectarmos precocemente os problemas e resolvê-los atempadamente?

A análise profunda destes quatro I’s é um excelente tema para trabalhos que desde já desafio os leitores a fazer.

Cá estaremos para os publicar.

Se de cada acto, de cada palavra, não resultar o enriquecimento interior dos Membros da Ordem, se a Ordem não integrar a vida dos Membros, então os Membros poderão não integrar a vida da Ordem.

Fonte: Facebook_Pedreiros Livres

domingo, 25 de junho de 2023

A VAIDADE

Ir∴ CM Juliano Fonseca Tonello
Loja “Caminhos da Verdade nr. 92 - Gaspar SC

Introdução




O Ritual de Iniciação nos Augustos Mistérios da Arte Real, em dois momentos, descreve virtudes às quais nem sempre nos atemos, e que chamam atenção a valores importantes e fundamentais na formação de nosso caráter como cidadãos e Maçons. Diz o Ven... M... aos profanos, em determinado momento do ritual, quando os mesmos deixam de contribuir, involuntariamente, para o Tr... de Sol..., que “a primeira coisa a lembrar, é que estais desprovidos de tudo quanto representa valor monetário, a que damos o nome de metais. Despojados de metais, estais simbolicamente despidos das vaidades e do luxo da sociedade profana.” Seguindo o ritual, em determinado ponto os profanos assumem um compromisso com nossa instituição, através de um solene juramento, e declaram seguir e obedecer aos Landmarks da Ordem Maçônica, que em seu XXII item declara que “Todos os Maçons são absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinção de prerrogativas profanas e de privilégios que a Sociedade confere. A Maçonaria a todos nivela nas reuniões maçônicas.”

Desenvolvimento

Tais passagens aludem à vaidade, substantivo feminino derivado do latim, que descreve a qualidade do que é vão, ostentação, desejo infundado e imoderado de merecer a admiração dos outros. Foi largamente estudada e analisada já nos escritos filosóficos e na mitologia grega, nos dogmas das primeiras religiões de que se tem notícia, e também na literatura. O livro do Eclesiastes, filho de Davi, rei de Jerusalém, atribuído ao Rei Salomão, questiona em seu primeiro capítulo: “que proveito tira o ser humano de todo o trabalho com o qual se fadiga debaixo do sol? Uma geração passa, outra vem, e a terra continua sempre a mesma.” Relata que “Deus põe à prova os filhos de Adão para mostrar-lhes que, em si mesmos, eles são como animais. Pois a sorte dos humanos e a dos jumentos é idêntica: como o ser humano morre assim eles morrem. E todos têm o mesmo sopro de vida: nada tem o ser humano mais do que os jumentos, pois tudo é vaidade. Tudo caminha para o mesmo lugar: tudo vem da terra e tudo volta, igualmente, para a terra.” Afirma ainda: “Esforcei-me de coração em compreender a sabedoria e o conhecimento, e também a tolice e a insensatez. E reconheci que nessas coisas também está a aflição do espírito. E isto porque muita sabedoria, muito desgosto; quanto mais conhecimento, mais sofrimento.” Daí concluímos que a vaidade não se apresenta apenas na ostentação dos metais e bens materiais, mas também no orgulho de termos realizado grandes obras ou sermos detentores de grande conhecimento ou ainda de nossa extensa bagagem maçônica. É a expressão e a síntese de inúmeros defeitos morais, que tomam conta de todos nós, em maior ou menor grau.

A vaidade, paixão à qual devemos cavar masmorras, está diretamente ligada ao orgulho, à inveja, à avareza e à insegurança. Buscamos ininterruptamente reconhecimento, e por vezes lisonjeamos exageradamente outrem, em busca tão somente da mesma distinção. Praticamos a caridade para alcançar um lugar no céu, ou fama, ou ainda recompensas, e dessa forma a caridade não traz qualquer efeito no polimento da pedra bruta, é apenas vaidade. Já homens humildes não devem esconder seus talentos e virtudes, seu conhecimento deve ser usado para o bem, não podem crer serem ruins ou menos importantes que seus irmãos, mas ter clareza quanto ao que precisa ser melhorado, sem vangloriar-se de qualquer conquista ou obra realizada. John Milton, escritor classicista inglês, em seu poema épico Paraíso Perdido descreve, baseado no mito grego de Eco e Narciso, a impressão de Eva ao ver-se refletida em um lago:

“Ao debruçar-me sobre o lago, um vulto bem em frente de mim apareceu curvado para olhar-me. Recuei e a imagem recuou, por sua vez. Deleitada, porém, com o que avistara, novamente eu olhei. Também a imagem dentro das águas para mim olhou, tão deleitada quanto eu, ao ver-me. Fascinada, prendi na imagem os olhos e, dominada por um vão desejo, mais tempo ficaria, se uma voz não se fizesse ouvir, advertindo-me: És tu mesma que vês, linda criatura.”

Diferentemente de Eva no poema de Milton, no mito grego Narciso morreu após perder o vigor e a beleza, depauperado por extensa contemplação de si mesmo. A vaidade, ou extensa contemplação de si mesmo, de seus bens, de suas obras, pode levar-nos à morte espiritual e moral.

Conclusão

Dizem que a vaidade é a virtude dos fracos, e que seremos julgados não por nossas riquezas, mas sim por nossos hábitos e ações. Além da valoração moral e dogmática da vaidade, devemos entender seu papel social, pois que a vaidade nos impõe travestir interesses particulares em ações direcionadas ao bem de nossos irmãos, ações essas que, caracterizadas e mascaradas como atos de benfeitoria e justiça, têm como interesse e único fim, benefícios próprios, sejam eles práticos ou subjetivos, como a satisfação dessa mesma vaidade. Espero não ter cometido grave erro ao me aventurar nessas searas, como imaginou Montaigne ao dizer que: “Talvez não haja vaidade mais clara do que sobre ela escrever de maneira tão vã.”

Referências Bibliográficas

1. Girardi, João Ivo - Do Meio-Dia à Meia-Noite: Vade-Mécum Maçônico; Blumenau/SC: Nova Letra, 2008.

2. Huxley, Aldous - The Perennial Philosophy; New York/NY: Harper & Row, 1996.

3. Montaigne, Michel de - Os Ensaios: Livro I; São Paulo/SP: Martins Fontes, 2002.

4. Montaigne, Michel de Sobre - a Vaidade; São Paulo/SP: Martins Fontes, 2002.

5. Grande Loja de Santa Catarina - Grande Ritual “Da Apresentação do Candidato à Sessão Magna de Iniciação”. Florianópolis/SC, 2000.

Fonte: JBNews - Informativo nº 214 - 30/03/2011

QUESTÕES RITUALÍSTICAS SOBRE O REAA

(republicação)
Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Carlos Alberto de Souza Santos, membro de Loja pertencente ao GOB-RJ. carlossantos1309@yahoo.com.br

Desafio 1. O Cobridor Interno está situado na Coluna do Sul, que fica sob a guarda do Segundo Vigilante e, portanto não pode falar sem autorização daquele Vigilante. No entanto, na abertura dos Trabalhos o Cobridor Interno se dirige diretamente ao Primeiro Vigilante. Pergunto: 1) A quem realmente deve se reportar o Cobridor Interno para solicitar a palavra? 2) O Cobridor Interno se dirigir ao Primeiro Vigilante na abertura dos Trabalhos pode ser considerado um erro no Ritual do REAA? 3) A posição do Cobridor Interno na Coluna do Sul está correta? 4) No Rito Adonhiramita o Cobridor Interno faz triangulação direta com o Venerável Mestre, por isso ele fica posicionado no meridiano da Loja para que possa se dirigir diretamente ao Primeiro Vigilante. Podemos entender que a inversão de posicionamento dos Vigilantes alterou significativamente a ritualística do REAA?

Desafio 2. Hoje, no REAA, já não temos mais a passagem do São João na Cerimônia de Iniciação. Há quem diga que nunca deveria ter essa passagem no REAA. No entanto a passagem do São João na Cerimônia de Iniciação, ainda existente no Rito Adonhiramita, possui direta correlação a passagem do Mestre Hiram, na Cerimônia de Exaltação. Você sabe qual é essa correlação? E Por quê? 

CONSIDERAÇÕES:

Vamos por parte. O Vigilante não guarda a Coluna, porém auxilia o Venerável sendo o responsável, portanto por aquele espaço do Canteiro. Durante a abertura dos trabalhos o Venerável ainda não declarou que “desde agora a nenhum Irmão é permitido falar ou passar para outra Coluna (...)”. 

1 – O uso da palavra que é feito em Loja Aberta o Cobridor Interno por se posicionar na Coluna do Sul pede ao Vigilante da sua Coluna para dela fazer uso. Esse procedimento é completamente diferente da dialética de abertura dos Trabalhos.

2 – Não. Primeiro pelo motivo exposto no começo dessas considerações. Segundo é que pela posição simbólica de ambos no Ocidente, no momento de abertura existe entre eles uma proximidade simbólica de posição. Ratificando que a Loja esta em procedimento de abertura, não estando ainda aberta (no procedimento de abertura mantém-se apenas a circulação por aqueles que por dever de ofício, necessitam deslocamento).

3 – Corretíssima, já que o Externo ao se posicionar dentro do Templo no momento oportuno, senta na Coluna do Norte. 

4 – Bem, o Cobridor Interno no Rito Adonhiramita verdadeiro fica sobre o Equador (eixo), origem dos paralelos a partir do 0º, já o meridiano é a linha imaginária que atravessa o Templo no sentido transversal (norte para o sul ou vice-versa). Daí comumente se dizer que o Segundo Vigilantes no Rito Escocês ocupa o meridiano do Meio-Dia para melhor observar a passagem do Sol pelo meridiano (o Sol passa diante dele do Leste para o Oeste). Outro aspecto é que no Rito Adonhiramita o Primeiro Vigilante senta no lado Sul e o Segundo no lado Norte. Aliás, essa é uma tônica dos ritos de origem francesa, entretanto menos o Rito Escocês que preserva o sistema antigo do Craft inglês. Note que na França as Colunas Solsticiais (B e J) são invertidas em relação ao Rito Escocês. Também nunca é demais lembrar que apesar dessa inversão criada pelos Modernos ingleses e que influenciou diretamente a Maçonaria Francesa (Rito Moderno, por exemplo), os Aprendizes em qualquer circunstância sentam-se no Norte e os Companheiros no Sul. Por assim ser, não houve qualquer alteração na ritualística dos ritos. O que ocorre mesmo é que cada um tem a sua característica doutrinária diretamente ligada a sua própria topografia, liturgia e ritualística. 

No desafio 2 conforme sua descrição. De fato a alegoria do São João (penso que é aquela do ataúde e o degolado apresentado ao iniciando) nunca fez parte da ritualística na cerimônia de Iniciação no Rito Escocês Antigo e Aceito. “An passant“, assim também o é a prova da Taça Sagrada. 

Ocorre que nos rituais brasileiros ao longo dos tempos os “achistas” acharam “bonito” e ampliaram a colcha de retalhos inserindo no escocesismo simbólico procedimentos litúrgicos e ritualísticos do Rito Adonhiramita, entretanto essa história é longa e não cabe aqui uma abordagem, mesmo que sucinta. 

Retomando o raciocínio, a prova da câmara mortuária é verdadeiramente original no Rito Adonhiramita onde existe a cena teatral do perjuro que se inicia na Câmara de Reflexão e tem o seu epílogo quando é apresentada ao Candidato em dado momento da cerimônia de Iniciação. 

Nesse sentido a questão não é de “ainda existe” no Rito Adonhiramita. Ela existe sim porque é tradicional nesse Rito. O que não existe mesmo é essa prática em relação ao Rito Escocês Antigo e Aceito, senão como produto de mero “enxerto”. 

Quanto à cena teatral do “degolado” nada tem a ver com a Lenda do Terceiro Grau. Reconheço sim que muitos até fizeram esse exercício de imaginação, embora não haja qualquer sustentação histórica nessa correlação. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 0939, Florianópolis (SC) – sábado, 30 de março de 2013

O SOLSTÍCIO DE INVERNO - 21 DE JUNHO

Por Ir∴ Diego Sardone
R∴L∴N "Sophia perennis" nº 13 do Or. '. de Cosenza, Itália

Os antigos romanos, aqueles nossos antepassados que haviam eleito a Urbe como o centro de sua vida social e política, mas sobretudo religiosa, usando o dia do solstício de inverno, o utilizavam para celebrar a festa do "Dies Natalis Solis Invicti", recorrência cíclica ligada ao fenômeno da alternância das estações que levam à diminuição ou aumento da duração do curso do sol sobre o nosso horizonte boreal.

O sol, divinizado, vinha supostamente em vida minguante, do solstício de verão até o inverno, e em vida ressurgente do solstício de inverno para o verão, para o qual o episódio invernal de duração mínima do dia assinalava o momento do nascimento, ou re-nascimento, do luminar diurno, fonte de calor, de bem estar, de vida.

Decaída a civilização romana, suplantou o império da Urbe da era cristã, o festival celebrando o nascimento do Sol foi substituído pela festa do nascimento de Jesus.

O inesperado renascimento do interesse geral pela manifestação humana de Cristo repete as perguntas habituais, agora velhas de vinte séculos, a personagem histórica de Jesus.

Se, na ideia dos cristãos, Cristo, (o puro = o santo = o ungido) é simplesmente outro nome para Jesus, para a Gnose, no entanto, identifica-se na primeira emanação da Divindade invisível, que se manifesta, primordialmente, como Puro Espírito.

O Puro Espírito, ou Logos-Cristo, revestindo-se de matéria, torna-se o Homem Celeste crucificado no espaço (os quatro braços da cruz zodiacal, que tem por reflexo os quatro reinos da natureza, que são as quatro grandes expressões de Vida Divina ou as quatro formas do Deus vivo na matéria) e a cruz torna-se o seu corpo, e o Universo a sua imagem; seus braços estão abertos para abraçar tudo, porque ele é a Alma do mundo sobre o corpo do mundo, e seu sacrifício nunca vai terminar, porque Ele é a Vida em seu ritmo de Vida-Morte-Ressurreição: é a porta ou a passagem para o retorno à casa do Pai.

O conceito católico de um Cristo histórico, pregado e morto na cruz, cuja imagem feita de matéria, só serve para nos lembrar a nossa vergonha pelo que fizemos a Ele, deve ser toda revisada.

Deve-se levá-la para fora da escuridão e da poeira das catedrais esfumaçados que os homens do nosso tempo, agora adultos, estão abandonando e onde é confuso entre os arneses do culto externo, para que ressuscite vivo conosco, entre nós; Ele é todo homem que luta, sofre e triunfa sobre a matéria!

"Hosana, ó céu, você que mudo está olhando para a Terra!
Hosana, ó estrelas, iluminai com tanto Amor
para ensinar aos homens a Via da ascensão!
Hosana ao homem que sabe como encontrar a Via! »

O ensino básico de toda a Gnose, antiga e moderna, é esta Natureza Divina no homem: o homem espiritual que se reveste de carne para levantá-la e, em vez permaneceu presa de seus sentimentos grosseiros, e está agora, como adormecido e esquecido desta grande maravilha nele, a sua essência espiritual.

A antiga Gnose ensinava porque o homem tem dentro de si a natureza divina (imortal), mas também, depois de sua queda, o princípio do mal que é constituído da sua natureza animal (o corpo físico considerado como uma prisão ou sepultura da natureza divina), e nessa prisão, ele é escravo do desejo (considerado como ignorância ou esquecimento de sua origem), que formam, de fato, a roda do Destino que o mantém longe de sua verdadeira pátria entre os Deuses celestiais.

A Gnose, ou o Conhecimento (a manifestação do Cristo) o desperta de seu esquecimento e ele então rompe o círculo vicioso formado pelos arcontes em torno de sua alma, fugindo das forças do Destino, torna-se consciente de sua natureza, e começa a sua reintegração. Este processo foi sintetizado sugestivamente no drama de Sofia que, finalmente, juntando-se ao Christos Soter, implementa o resgate dos cosmos. É a essência da Luz caída e aprisionada no cosmos (Sophia Achamoth) que, através dessa União, reintegra-se em seus poderes, isto é, a Psique, ascendendo, despojado de toda a sua realidade contingente – com a qual ela estava coberta em sua primeira queda (as indumentárias ou corpos astrais).

A Gnose, em sua digressão de Adão a Jesus nas Escrituras sagradas, individua assim na serpente (símbolo fálico da queda ou separação de Adão / Eva) a causa do invisceramento do homem na matéria, e, no menino Jesus, identifica o figura do recém-nascido (ou renascido), a expectativa daquele que deve vir a libertar, o Salvador, o novo Adão Celeste.

A Igreja Católica queria limitar a um só Ser, Jesus, a Natureza Divina em vez de propô-lo como um ponto de encontro entre Deus e o homem, esquecendo aquile que ele mesmo tinha dito de si mesmo: "Eu sou o Alfa e o Ômega" significando assim todos aqueles que já haviam encarnado ou encarnarão o Cristo.

Na realidade, com o advento de Jesus Cristo, Deus deixa de ser apenas o Absoluto, fechado em si mesmo e autônomo em sua transcendência, incompreensível e indescritível, e se torna o Homem Novo, nascido precisamente em Jesus, que é finalmente realizado em sua plenitude e pode, portanto, começar a construção do Reino.

Jesus, realizando em si a consciência do Cristo, é o símbolo da nossa futura ressurreição, o Novo Adão vivendo além da morte, aquele em quem a Divindade caiu para se levantar e manifestar a verdadeira Vida, e como Nele, sempre nasce – vive – é crucificado – ressuscita da morte – ascende ao céu em cada filho do homem que, tomando consciência, luta e triunfa transmutando-se no final em "filhos de Deus".

O Cristo-Jesus, assim considerado, amplia-se em uma visão cósmica, quase super-religiosa, porque é o ponto de convergência e objetivo divino supremo da evolução da vida.

Não é uma pessoa, mas o princípio único e eterno, sem começo e sem fim, o Cristo assim anterior a Abraão e até mesmo a Adão, porque é o Verbo/Vida ou Sol Universal, que, em sua natureza exterior, manifesta-se nos Sóis/Astros iluminando e presidindo e, através deles, todo o Reino da vida material, e, na natureza interna, ele é o Sol Místico, iluminador e Senhor de tudo o Reino do Espírito. E como o Sol/Astro é crucificado na Grande Cruz Astronômica para dar vida à Natureza e iluminá-lo, assim o Sol Místico (Cristo) é crucificado na Matéria para iluminar o Espírito do Homem e guiá-lo no caminho para a Morada da Luz, de modo que o Cristo não é só a Vida, mas também a Luz dos homens. E cada homem é uma cruz viva em que um raio vivo de luz eterna é crucificado, raio que ele Ele traz consigo como um germe ou centelha divina: é uma luz secreta que resplandece nas trevas, mas a nossa cegueira espiritual nos impede de vê-la.

Este Verbo se fez carne e habita entre nós: é todos nós e fala com a voz da consciência, do Precursor (vox clamans vox in deserto); mas sua voz muitas vezes é surdo, perdidos como estamos nos caminhos da ilusão e do erro. Mas quando a nossa alma é capaz, com a mortificação, de tornar-se virgem (ou seja, rejeita o orgulho – a paixão – o ódio – o mal em todos os seus aspectos sórdidos), o Espírito da Verdade frutífera fecunda o germe divino latente que se transforma em rebento, torna-se Luz: é então o Sol da alma ou o Cristo em nós, o Salvador nascido na caverna do coração no auge do inverno frio e da noite escura do espírito, e ele nasceu Rei em um estábulo que é o nosso sarcoma miserável; nascidos entre o asno e o boi, símbolos de nossas faculdades sensoriais; é vigiado pela Mãe, que é a nossa alma virgem refeita, e seu Pai adotivo, que é a nossa individualidade. E antes que esta criança divina, nascida em nós por nosso esforço operativo e transmutante ajoelham-se adorando os pastores, isto é, os nossos sentimentos mais simples e bons, e a Ele, os Reis Magos – as faculdades superiores da nossa mente, que são guiadas pela Estrela Brilhante da nossa intuição Mental – trazem presentes: ouro, incenso e mirra, simbolizando precisamente as três fases evolutivas da reintegração humana.

A sucessão dos eventos descrita nas Sagradas Escrituras, portanto, de Adão a Jesus, estão de fato a indicar os esforços da psique humana para superar seu estado de crisálida em que muitas vezes ameaça cristalizar-se, por isso são muito mais do que fatos pseudo-históricos.

A vida, a morte e a ressurreição de Jesus sob Pôncio Pilatos ofusca realmente um processo evolutivo e formativo (a fertilização de um óvulo psíquico), para uma transformação qualitativa efetiva, de modo que o homem-semente se desenvolva no homem maior, o segundo Adão ou Homem Celestial.

Que, então, na realidade histórica, seja mais ou menos o caso narrado nos Evangelhos, pouco importa. O importante para nós é capturar a mensagem que Jesus Cristo, através de sua vida, morte e ressurreição, quer transmitir para nos ajudar a superar o nosso estado de crisálida onde estamos imobilizados pelo medo de enfrentar as incertezas da Realidade ainda oculta, e onde nós anestesiamos com os mitos que transformamos em realidades históricas.

É, de resto, fazer justiça a Jesus, se eliminarmos de sua história todas as superestruturas que nada têm a ver com a verdade profunda que Ele quer revelar com o seu exemplo. E o Cristo cósmico é, com Jesus, o Cristo externo a ser imitado, mas, em essência, é o princípio da santificação imanente no homem e, embora tenha sido, na verdade, encarnado, tanto antes como depois o Jesus dos Evangelhos, ele permanece para sempre – além das diferentes opiniões ou teorias – o Caminho, a Verdade e a Vida.

Nele está a síntese viva e individual de todas as verdades religiosas reveladas no tempo; mas as nossas investigações, especulações e contestações sobre o Jesus histórico nos fizeram perder de vista a Sua Mensagem de Amor universal, e agora a nossa apresentação gnóstica do Cristo quer lembrar precisamente a verdade sobre a origem, a história e a missão do homem. Na verdade o homem e o universo, em sua profundidade, são o corpo físico do Cristo; no entanto, também deve tornar-se seu corpo místico ao longo do tempo e do espaço.

Esta é a vocação do homem!

"O mistério que esteve oculto durante séculos e gerações, mas que agora foi manifestado aos Santos, é o Cristo em vós: a esperança da glória que nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em plena sabedoria, para que nos seja dado apresentar cada homem perfeito em Cristo".

Diz PAULO em sua carta aos Coríntios. (Cor. 11/3)

Jesus, o Cristo, podemos dizer que é quase desconhecido como uma figura histórica, e os textos do Evangelho dificilmente podem ser citados como documentos históricos; Ele, no entanto, está mais vivo do que qualquer outro personagem que se recorde, e é com ele que se inicia uma nova Era.

Toda a história de dois mil anos desde Seu nascimento, foi organizada em torno de sua Personagem, de modo que não é um paradoxo dizer que Ele sucedeu a Cesare no império do mundo: em seu nome os imperadores do Ocidente transmitiram os Poderes, em Byzantium a sua imagem suplantou sobre as moedas de ouro a do imperador, Carlos Magno empunhou o globo encimado pela cruz para afirmar a sual realiza, os exércitos de Constantino ergueram na frente do inimigo, suas bandeiras com a cruz acima da inscrição "In Hoc Signo Vinces" e os exércitos dos cruzados e dos Templários ofereceram suas vidas para defender os lugares consagrados à sua memória.

Quanto, no decorrer dos séculos, até agora foi feito de bom e também de ruim, isso foi feito – em boa ou má fé – em seu nome; em seu nome os homens foram amados e foram odiados, e sob a sua ética foram definidas as relações humanas; nele foi inspirado seja a arte e ou a literatura; e as catedrais majestosas, cujas torres e campanários subiram altas ao céu, como que para se juntar o baixo ao alto, sempre falando Dele.

Milhares de milhões de homens, por Ele, aceitaram carregar a Sua cruz, e assim consagrar cada etapa da sua peregrinação terrena: cada recém-nascido é, com o batismo, consagrado a Ele e crescendo, com o sinal da cruz começa o seu trabalho e seu descanso até a morte, em seu túmulo, o Seu símbolo testemunhará a esperança da imortalidade n'Ele.

Nenhuma revolução foi mais extensa do que aquela causada por Ele e ainda assim nem mesmo a pesquisa histórica mais precisa pode dar o seu rosto, de modo que vão seria procurar seus passos pelas regiões da Palestina e menos ainda nas igrejas, pelo simples fato de que Jesus, o Cristo (Jesus = eu inferior, Cristo = eu superior) não é apenas o judeu de Nazaré, o deus / homem que faz parte de uma tradição para realizá-lo, mas é o modelo de vida autêntica e plena, a encarnação da Verdade de Deus na verdade do homem. E qualquer um ressuscita o Espírito nele, crucificado pelas paixões terrenas e profundamente escondidas no túmulo de sua própria natureza animal, que gira a pedra da matéria que fecha e tranca seu próprio Santuário interior, dá à luz ao Cristo, o seu Salvador.

E, mais cedo ou mais tarde, cada um de nós, não importa o quão longe os caminhos dos desejos e das paixões possam levar os nossos passos, encontrará em si o próprio Salvador, o seu Eu Superior. Mas, se, na verdade, cada um carrega em si o Cristo latente e só pode ser salvo por Ele, na prática, só pode ser o único que decide salvar a si mesmo. E Jesus, com o exemplo da Sua vida e todos os seus ensinamentos, incentiva cada um de nós a não buscar a salvação a não ser por si mesmo, imitando-o, para tornar pura a manifestação viva do Cristo e ser assim o próprio Salvador.

Cabe, portanto, somente a nós fazer uso de nosso livre arbítrio e escolha; ou seja, ignorar a sua mensagem e cada um perseguir seus próprios fins egoístas e os apelos da parte mais baixa de nós, que assume as formas mais sedutoras para nos manter amarrados a nós mesmos, e, assim, contribuir para tornar o mundo ainda pior do que já é; ou decidir, aceitando seu convite, santificar nossas vidas encarnando a verdade de Deus em nosso meio, com a participação na vida dos outros, buscando com aqueles que buscam, sofrendo com os que sofrem para construir juntos um mundo melhor (a realização do Reino de Deus na terra). E, quando o indivíduo se expandiu o próprio círculo de afinidade até abraçar o mundo inteiro, é o Cristo encarnado que caminha sobre a terra! O Cristo é, portanto, o homem ideal ou a plenitude da individualidade esperando para se manifestar em cada homem para a nova criação dos filhos de Deus, em oposição à do Demiurgo; e é anterior a Jesus e também a Adão porque sempre foi o objetivo de todas as Religiões e o cume de toda a verdadeira Iniciação.

Quem buscar nas Sagradas Escrituras de todas as religiões, sempre descobrirá no fundo de cada uma o mesmo princípio: "Cristo"; e todos os Grandes Avatares personificaram esse Princípio. Eons de experiência estão por trás da revelação de Jesus, o Cristo: à medida que o tempo passou, Deus se expressou por meio de processos humanos, através de toda a humanidade e através de alguns indivíduos.

O autêntico Cristianismo Gnóstico Primitivo, originário do paganismo, diz-nos precisamente que Kristos ou Cristo deriva dos cultos arcaicos ao Deus Fogo, e é o seu símbolo, que foi adorado nos Mistérios de Mitra, Apolo, Afrodite, Júpiter, Janus, Vesta etc. e é sempre este símbolo antigo que foi, na antiguidade, a base de todos os cultos.

No Egito, Cristo era Osiris e quem o encarnava era um "osirificato '; na Persia era conhecido como Osmud; na China como Fo-hi, o mago imperador; no México foi Quetzalcoatl; na Índia sagrada foi Krishna, cujo Evangelho se assemelha muito ao de Jesus; n Grécia foi Zeus, em Roma, Júpiter, o Pai dos Deuses, e podemos continuar ad infinitum.

Dois mil anos atrás, esse Princípio se expressa em Jesus, o Grão-Mestre da perfeição, como prosseguimento do que veio antes; mas, sempre, procura expressar-se em cada homem, e nós reconhecemos em Jesus o Cristo, o Super-Homem ou homem completo em quem devemos, todos nós, mais cedo ou mais tarde, nos transmutarmos seguindo o Caminho indicado por Ele.

E se a lenda, ao longo dos séculos, quase submergiu o Jesus histórico, talvez seja exatamente porque Ele se ergue na história da humanidade, mais verdadeiro e real, no esplendor da sua lenda do que na aridez dos traços históricos, porque assim reflete o caráter a parte ideal, essencial e perfeita da personagem: o modelo a imitar.

Em todo caso, qualquer um que tenha estado com aquele que era conhecido como Jesus e sobre o qual interessam as narrativas do Evangelho, Ele foi e continua a ser o veículo judeu puro em quem viveu e se cumpriu o Mistério do Cristo: este Jesus foi então absorvido na Plenitude com sua expansão em Cristo, que desde a eternidade tinha sido o seu verdadeiro e altíssimo Ser , com o é de todos os seres vivos do mundo. E este é, de fato, o significado de sua Gloriosa 

Ascensão final: o estado da natureza humana que é absorvida em Deus, experiência agora para nós somente ideal e transcendente, mas que será um dia, no entanto, através de nosso amadurecimento gradual e crescimento, real.

Os quatro mil anos de história anteriores a Moisés, mil e quinhentos de Moisés a Jesus culminaram dois mil anos atrás ou estão na necessidade das espécies de encarnar aquela que tinha sido a expectativa e esperança da alma, e assim coroar, de forma sublime, os esforços religiosos da humanidade.

São conhecidas as características do ambiente daquela época: a vida antiga era então já em estado de decomposição em que se encontra toda sociedade, quando uma nova Era está prestes a surgir, e um universalismo desconhecido estava se fazendo, em seguida, estrada no Império Romano: os invólucros nacionais estavam gastos e o humanismo estava se dissolvendo.

O paganismo antigo estava desaparecendo na consideração das classes educadas, enquanto o Oriente e o Ocidente já davam e absorviam as respectivas culturas (Indo-grego-romana) favorecendo a fusão de costumes, ideias e aspirações, sinais de advertência de uma Nova Era. Uma nova consciência se estava espalhando e o tempo parecia maduro para fazer sair as Iniciações de santuários fechados, mas, posteriormente, tornou-se indispensável a fim de não permitir a profanação, mostrá-los através de símbolos e imagens.

Os doutores da Gnose, então, fizeram um esforço corajoso, formulando o Cristianismo como uma filosofia universal e síntese das diferentes expressões da Tradição Perene, em que a vida de Jesus se inseria como possibilidade, para o homem de realizar a Unidade da Vida, fazendo-o reviver intuitivamente seu mergulho pia cósmica na matéria, o seu fracionamento em inúmeras formas, a sua manifestação como energia e instinto nos Reinos inferiores da Natureza, sua realização enquanto consciência no reino humano e, por último, em Jesus o Cristo, a possibilidade do retorno às origens, após a árdua tarefa de reunir a sua pessoa humana com a individualidade indestrutível, ou seja, transformar-se assim no Ser imortal.

Jesus segue então para nós, passo a passo, este caminho pela primeira vez como Krestos (o homem da dor), então como Kristos (o purificador) e, finalmente, torna-se o Cristo (o homem glorioso) em que a dissolução do elemento pessoal no elemento divino realiza em si a Consciência Crística.

Jesus é a exteriorização do Mistério do Cristo, quando a humanidade (agora pronta para um salto de qualidade) sente a necessidade de ser atingida na consciência e na imaginação, de modo que Eles representaram o drama da Iniciação, para induzir os maduros a tomar o Caminho da Salvação. E, por Sua vida, Jesus nos dá a prova da perfeição que cada homem pode alcançar; revela o mundo de significados e nos mostra como a encarnar o Cristo, latente em cada homem, a fim de transmutar-se de filho do homem em Filho de Deus e, assim, tornar-se parte do Novo Reino.

Os fatos relativos a Jesus pertencem, de fato, à história das ideias e não a eventos históricos, e toda a história de sua vida é uma representação da natureza sagrada pela qual podemos afirmar que, nas origens do Cristianismo, encontra-se não uma biografia individual, mas uma experiência coletiva mística, em que o Cristo está indicando a alma plástica universal contendo os princípios mentais ocultos, e, portanto, susceptíveis de assumir qualquer forma, de modo que Jesus Cristo não é um homem individual que viveu há muito tempo, mas a força da vida quando ela acorda em cada um de nós.

É também a história eterna do mito solar que se repete constantemente nos ritmos da Natureza (a descida do Logos solar na matéria virgem): nasce no dia em que a duração da luz é mais curta, quando a constelação de Virgem surge no horizonte e retoma o caminho para o norte irradiando luz cada vez mais, dia após dia, até chegar ao Zenith no verão, a fim de promover a renovação da vida.

É um processo cósmico que se repete sem interrupção desde sempre: é um nascimento continuo no universo, assim como em toda a alma em ascensão espiritual, da vida perfeita que quer atuar e expressar a natureza integral de Deus, da qual a única encarnação histórica traduziu sob a forma de drama vivido, os constituintes essenciais; é o fluxo da fonte perpétua do Espírito da Vida Divina que flui incessantemente no álveo do Universo Manifestado.

O nascimento de Jesus, Filho da Virgem Maria não é em si a representação dramática, mas real, do nascimento da Palavra em todos os mundos e em todas as épocas; nascimento, que é comum a todas aquelas almas que despertam par a sua realidade essencial, razão pela qual o Cristo é uma Presença Real para os nascidos Nele.

Paulo de Tarso, o gnóstico, revelou antes dos Evangelhos, o Mistério de Cristo em Jesus: é o Espírito (IIª Corintios 3/47) e foi o Espírito que desceu sobre a Assembleia dos Santos e calou em línguas de fogo e no Ágape sagrado da Eklesia (assembleia ou reunião) as bocas se uniram em comunhão para formar um só corpo em carne e sangue de Jesus. E Paulo sempre se refere ao Salvador não como Cristo externo fora de nós, mas ao Cristo que está em cada homem.

Em Paulo, de fato, o Jesus desaparece continuamente para dar lugar a uma imagem super historica de um Cristo cósmico que toda a antiguidade aguardava; e também no Evangelho de João, o Jesus histórico é superado e quase escondido pela realidade cósmica da Palavra que "no princípio estava com Deus e era Deus", sento também este Evangelho de clara inspiração Gnóstica, em que o protagonista que nos é mostrado é bastante diferente daquele mostrado pelos outros Evangelhos acolhidos entre os Cânones; não está aqui o rabino judeu com dados biográficos precisos que aparece, mas o Iniciado Gnóstico das Religiões dos Mistérios, dos quais o cristianismo posterior das massas viria a se tornar a expressão exotérica e exterior.

É claro que as experiências do Mestre foram divulgadas, a fim de indicar as diferentes fases ou etapas do caminho espiritual que o Iniciado deve percorrer para alcançar a libertação, e desta maneira Jesus assumia o papel do Iniciado, na plena maturidade, depois de receber as iniciações menores, que na terra dão as escolas esotéricas de formação espiritual, enfrentou e venceu as grandes iniciações que podem ser conferidas apenas nos planos superiores e por Entidades Espirituais, a saber: o nascimento virginal, o batismo, a transfiguração, a crucificação-ressurreição e a ascensão-renascimento com o Pai.

E se nós, além da letra morta, buscarmos nos Evangelhos o espírito que os informam, as contradições e as inconsistências desaparecem como por magia, e à luz da revelação iluminará a nossa mente, consolidará os nossos corações e nos conduzirá à superação da nossa condição humana e isso, em vez de destruir a nossa fé, a justificará e lhe dará uma base racional. O homem, tal como é, é incompleto, e a única projeção total é o Cristo que, como o filho de Deus e do homem, realiza o homem-Deus (encarnação do Logos – Pensamento – Vontade – Palavra de Deus ), de modo que todas essas imagens míticas representam o drama iniciático da alma humana, além da nossa consciência: o homem é tanto alguém que está para ser liberado quanto o libertador de si mesmo.

Cristo é o homem interior a se tornar exterior e o homem exterior a se interiorizar: assim como de Adão vieram o mal, as limitações, a morte, do Cristo vem a ressurreição do mal, a imortalidade, a libertação. 

A narrativa do Evangelho descreve, portanto, sob o véu da pesquisa biográfica, a viagem espiritual assim como a faz o Iniciado essênio Jesus: ali está todo o percurso do caminho que ele percorreu e o glorioso sucesso relatado.

Estas etapas mostram a vida interior, o drama da alma, onde cada um de nós, mais cedo ou mais tarde terá que desempenhar o seu papel, que é o principal papel para o qual é essencial para todos nós, entender o espírito: é a experiência espiritual de cada alma que sabe quando deve aproveitar a oportunidade para passar da fase do simples despertar (o segundo nascimento, aquele real) para aquele da Ressurreição gloriosa final, percorrendo o caminho rápido do Monte Gólgota. E é a alma que se manifesta na terra como "Cristo menino", a semente de Cristo sempre presente; mas precisamos crescer e crescer até sua plenitude: nascer espiritualmente (despertar) – crescer expandindo-se – ser crucificado e ressuscitar com Ele na glória dos filhos de Deus.

Sete são as etapas sucessivas e progressivas no caminho da realização de Deus ou autorrealização, que são velados nos Evangelhos sob os principais episódios da vida de Jesus (cenas cruciais deste drama):

1. O nascimento virginal místico ou regeneração espiritual no reino do Ser superior e, dali para o estado de "Jesuidade";
2. O batismo ou a liberação em si do espiritual com a chegada subsequente da "Cristidade";
3. A tentação no deserto, como um teste final, a fim de conseguir o domínio da personalidade egocêntrica;
4. A transfiguração na montanha ou visão reveladora da natureza imortal da alma e seu ingresso no "Reino dos céus";
5. O estreito caminho de Getsêmani (jardim das oliveiras), que é a libertação das amarras do ego para "se possível, seja afastado de mim este cálice, mas seja feita não a minha vontade, mas a tua";
6. A crucificação no Gólgota ou a 'transfiguração' e absorção final da alma individual limitada no Ser Universal;
7. A ressurreição ou realização do espírito humano e a Ascensão ou re-UNIÃO que é a fusão da humanidade na divindade.

É o processo de iniciação que Jesus – a individualização do Cristo – é mostrado através das personagens e acontecimentos de sua vida, a fim de revelar a visão interna do aspirante, o caminho de Retorno ao Pai, que é o caminho que conduz à Verdadeira Vifa. Examinemos aqui agora juntos as principais etapas ou fases.

Jesus é o mistério do Cristo (o Logos) que já existia no Inefável e, quando o "Verbo" foi pronunciado, se fez carne e começou o Mistério: a sua luz penetrou todos os espaços do Pleroma externo e sua palavra o preencheu.

Maria é a figura da alma purificada e operante, qualificada a receber a semente divina que – através do renascimento espiritual – se eleva acima da esfera humana; e é também a imagem da Mãe Celeste (cósmica) que marca o homem com a sua marca indestrutível. Não sendo contaminada, portanto, essa é a parte imaculada e abençoada da carne e do sangue da humanidade que com o fogo gera o mais puro Ouro. Tendo realizado nela a "Grande Obra", Maria é também a Nova Eva: enquanto a primeira Eva era a progenitora da espécie humana em decadência, Maria é a mãe da vida da humanidade redimida. Em Maria, também se pode ver o Princípio Supremo Feminino na "criação", a Mãe Incognoscível que gera o Uno manifesto; obviamente aqui também Maria é virgem enquanto precede na eternidade a aparência do poder gerador masculino: é o zero, de onde emana a unidade, Prakriti – a Virgem fria que despertando para a vida, se torna mãe – o caos e o abismo primordiais, matriz de todas as coisas manifestas, ou ainda a matriz imaculada a que se refere o nascimento místico durante os mistérios da Iniciação (o nascimento do Iniciado por obra do Espírito Santo).

José é a personificação da ação divina silenciosa e invisível (a séfira Shechiná = presença) operando através de todos os justos desconhecidos da terra. Ele é abençoado, o puro, o nazareno (consagrada ao serviço de Deus e do próximo) destinado a ser o guardião da Virgem, que, em silêncio e fielmente, cumpre totalmente a sua missão.

E na Índia, o pai do fogo sagrado era Evvashiri, o carpinteiro divina que fez a Swastika e a Pramantha, cuja fricção produzi o filho divino Agni Ignis = fogo); sua mãe era Maja e ele era chamado Akta – ungido = Kristos) depois que os sacerdotes tinham derramado sobre ele o Soma espiritual ou a manteiga purificada do sacrifício.

O casamento entre José e Maria é o símbolo do verdadeiro sacramento enquanto união santificada por uma integração mútua com um propósito mais elevado; são ambos virgens, tanto antes quanto depois do casamento, para que a sua complementaridade atue em um nível espiritual, superior.

A Estrela Flamejante que viram os reis magos, a vê da mesma forma cada neófito quando, finalmente, no segundo grau iniciático, coloca o pé no "Caminho", e é precisamente essa que o guia até a "caverna" onde receberá sea (re)nascimento.

O nascimento da "Criança Divina" é o acender na alma, da Luz da Jesuidade que ilumina a escuridão da nossa ignorância, isto é, finalmente, tomar consciência deste tesouro escondido em nós: "O Cristo em mim"; e das trevas do animal humano que ainda não tinha percebido! Levanta-se então, a partir de dentro, o Aleluia alegre: a Criança Divina nasce, um novo filho de Deus. O mundo e as suas rodadas psíquicos são vencidas e se sai da cadeia carmica: é o fim do círculo vicioso das vidas sucessivas (morte e renascimento), porque agora nós finalmente estamos inseridos na espiral de retorno ao Pai.

Simbolismo óbvio dos Magos: são três e três é o número substancial – raiz – triangular que está tanto em cima quanto em baixo, este último voltado para formar a estrela sagrada ou hexagrama; e eles oferecem três presentes, (três movimentos de desenvolvimento da humanidade), ou seja, o ouro que é a corrupção do mundo, a mirra, que é a elevação e o incenso, que é o potencial gradual do pensamento que se eleva acima do contingente.

João Batista representa o intelecto iluminado e a sua percepção lógica da verdade, mas ainda não é despertado ou estimulado por seu Ser superior, o Espírito Divino). No entanto, enquanto Arauto, poderia dar o ensinamento preliminar que expurga o coração da hipocrisia e limpa a mente de falsos pressupostos e do egoísmo, que são os principais obstáculos para o progresso espiritual do homem.

As forças místicas superiores do batismo conferido a Jesus são a iluminação interior, que mais tarde será refletido como Amor-Sabedoria e Poder da Cristandade. Além disso, dizer que a pessoa que vai se tornar um Cristo deve ser batizada por João significa que o passo essencial e inicial do homem, para a realização da divindade é a purificação do corpo e do espírito: só com isso aquele assim purificado pode ver, isto é, compreender as verdades espirituais, e só depois que as águas purificadoras passaram por cima de sua cabeça, ele tem a revelação da continuação de sua vida; ele é o eleito (autoeleito) que Deus destina-se a ser o "Messias", ou o "Salvador".

A unção interior, ou a cristicidade de Jesus, enquanto alma plenamente iluminada, exige aparentemente 30 anos para se desenvolver totalmente e ela se manifesta apenas no momento de seu batismo no rio Jordão. O Batista é a personificação da primeira parte da missão de Jesus e, de fato, o processo de formação de Jesus é completado por João.

Iniciação tem como início o casamento de Canaã (casamento do neófito com Sophia): a transmutação da água da vida em vinho de Luz dos Alquimistas indica a fase em que o discípulo se junta a seu eu superior e as seis pilhas (ou potes) nada mais são do que os seis princípios físicos do homem. E Jesus que transforma a água em vinho, como igualmente multiplicou os pães e os peixes, que faz com que cegos vejam e surdos ouçam, os cura os aleijados e purifica os leprosos é a imagem do Adepto, tendo esposado em si mesmo as "águas de baixo", com "as águas de cima" torna-se, por isso exatamente, o 

Alquimista-Mago-Taumaturgo no sentido mais verdadeiro e completo.

Diante dele, as leis do Planeta parecem suspensas: anda sobre a água, comanda as tempestades, chama Lázaro da sepultura, porque, depois de ter expandido na Plenitude Divina e com a vontade solta de todas as restrições causadoras, tornou-se a própria respiração da Alma Única, de modo que todas as forças estão nele vivas e vibrantes, como ele vivem e vibram em si, e por isso podem controlar os Deuses do fogo, do ar, da água e da terra.

A pesquisa de onde celebramos a Páscoa, significa que apenas no plano mais elevado de consciência, na alma, pode acontecer a "nossa Páscoa", bem como "comer o cordeiro pascal" significa que a totalidade do neófito deve ser purificada e transformada e representa o prólogo para as cenas mais trágicas que se seguirão. O Jardim do Getsêmani, o tribunal de justiça, o Gólgota representam depois todos os aspectos sublimes da natureza interior de alguém que está se preparando para a iniciação final; em um sentido místico a fase em que um iniciado passa pela grande renúncia final em que não só o seu corpo é crucificado, mas também a natureza emocional e mental inferior (porque essas duas faculdades sempre privaram a alma do seu direito de nascimento, vida e luz espiritual).

O corpo físico constitui a verdadeira crucificação da alma, portanto, o ideal espiritual é libertar o prisioneiro; e a cruz sempre foi considerada em seu sentido místico, porque representa duas correntes divergentes de força, a vertical mostra a descida da vida divina na forma incorporada, do Espírito na matéria, enquanto a linha transversal indica os obstáculos criados pelas limitações humanas e pela vontade pessoal que separam o homem de Deus.

Judas, cujo nome está sobrecarregado pelo ódio milenar e é sinônimo de traição, representa, pelo contrário, a cooperação com os desígnios do Absoluto (seja feita a tua vontade, custe o que custar!). Observe-se que Jesus pegou um pedaço de pão embebido em vinho, deu-o a Judas como um sinal ("Faça o que você tem que fazer, para que as escrituras sejam cumpridas"), e, lembre-se, apesar de 2000 anos de sucessão apostólica, o único apóstolo com quem Jesus se comunica é Judas, e se ele não lava seus pés não é, como temos sido levados a acreditar, porque aqueles pés eram impuros, mas porque – como com os discípulos ele faz ato de humilhação colocando-se ao nível dos servos – entre Judas e Jesus houve o pleno reconhecimento e aceitação dos respectivos papéis, e, portanto, de identidade, de modo que o drama pudesse começar a se completar, para forçar a consciência a sair de sua ignorância e de suas próprias contradições.

As palavras ditas por Jesus na cruz com uma voz forte: "Eli, Eli, lamà sabachhtani" sobre que tanto se tem falado e escrito, não são um apelo ao Absoluto, mas ao Cristo Celeste ou o Princípio Cristico que havia sido seu fonte de inspiração e de energia durante os três anos de sua missão. Ele é o ser humano que se elevou e ampliou o âmbito da sua consciência, a fim de ser capaz de sair ao final daquilo e habitar onde reside a Cristo e assim poder receber e transmitir a doutrina crística especia ao mundo material; mas estes estão agora, ainda um pouco separados e distintos, embora operando em estreita colaboração.

O que foi deixado nele, quando ele completou trinta anos, foi o suplemento de cristicidade que o dotou da faculdade da consciência universal e isso teve como consequência que o Anjo da sua visão (a Alma) marcou o estado em que se preserva ainda a consciência distinta de ser humano antes de mergulhar na Divindade: é assim que é contado nos Evangelhos "e entregou o espírito", isto é morreu para o mundo, operou a transição de dentro para fora.

O termo Gólgota indica o crânio humano, onde precisamente ocorre a transmutação após o sacrifício da renúncia às proprias exigências, para uma vida de serviço. (Não a minha, mas seja feita a Tua vontade!).

O véu do templo se divide em dois (Marcos 15/38), e o verdadeiro templo de Deus é o ser humano, e enquanto este está no caminho e desenvolve sua faculdade de provação, se sente como separado do Pai, e só depois disso saberá renunciar à própria personalidade para encarnar o Amor impessoal, o último obstáculo será superado, o último véu se abrirá para revelar o Santo dos Santos; aparecerá, em seguida, a Luz vivente do Espírito humano / divino.

Renunciando a tudo, Ele é, agora, tudo: tem o poder infinito do Absoluto. A ressurreição é a manifestação externa da essência espiritual escondido em cada homem e, quando o espírito, crucificado pela paixão, consegue remover a pesada pedra sepulcral elevada pela sua personalidade, a sua consciência ressurge, a luz do espírito brilha e Cristo aparece em Seu manto de glória.

É o triunfo pascal: a Grande Obra está completada!

Fonte: Facebook_Pedreiros Livres