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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

BREVIÁRIO MAÇÔNICO

O PERJÚRIO

É a quebra de um juramento.

A Maçonaria, de modo prosaico, ameaça com os mais cruéis castigos aquele que desonrar o seu juramento.

O Perjúrio é de difícil constatação, pois não envolve assuntos relevantes.

O Perjúrio pode ser banido da Ordem; contudo, isso nunca aconteceu porque os juramentos prestados não passam de atos iniciáticos que cessaram junto com o cerimonial.

Na realidade, porém, o maçom a todo momento falta aos “compromissos assumidos”, como o principal, de amar o seu irmão.

A assistência que o maçom deve dar à sua Loja deveria ser plena e sem reserva; no entanto, o que se vê é a displicência e o desinteresse.

Triste é constatarmos que o maçom da atualidade não é aquele Iniciado em que a Ordem depositou sua confiança e esperança.

Oxalá todo maçom pudesse deter-se em um momento para meditar a respeito de sua atuação e do seu comportamento.

É tão simples ser cordato, amistoso e fraterno! O mais difícil dos compromissos a serem cumpridos, sem dúvida, é a tolerância!

Ela é o caminho mais curto para o extravasamento do amor fraterno.

Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 296.

MEDIDA DAS COLUNAS

(republicação)
O Respeitável Irmão Cleber Barros Cunha, Orador da Loja Acácia de Acesita, 2.229, GOB, REAA, sem declinar o nome do Oriente (Cidade) e Estado da Federação, apresenta a seguinte questão: 
cleberbcunha@uol.com.br 

Aproveito para fazer-lhe outra pergunta que sempre tive: nas instruções para o Aprendiz, constante no ritual, referente às colunas B e J, cita-se as dimensões destas. Existe algum motivo em especial citar tais dimensões?

CONSIDERAÇÕES:

PÍLULAS MAÇÔNICAS

nº 32 - Comportamento Ritualístico

Existem normas básicas para postura e comportamento em Loja.

Abusando e usufruindo mais uma vez dos conhecimentos do Mestre Castellani, vamos ver o que ele escreveu no seu “Consultório Maçônico” editado pela Trolha:

Em Lojas Simbólicas, em qualquer Grau e em qualquer Rito, nosso comportamento ritualístico deverá ser:

NÃO SE FAZ SINAL DE ORDEM, QUANDO EM CIRCULAÇÃO, pois só em pé e parado é que o Maçom pode fazer o Sinal. A exceção é a “Marcha do Grau”, para entrada no Templo. Fora disso, tanto a circulação dos Irmãos que circulam por dever de oficio, quanto a dos demais que a fazem esporadicamente, deve ser feita sem Sinal.

NÃO SE FAZEM OS SINAIS COM INSTRUMENTO DE TRABALHO e isso vale tanto para o Sinal de Ordem quanto para saudação. Assim, Veneráveis e Vigilantes, na abertura e fechamento dos trabalhos, devem deixar os malhetes sobre suas mesas, fazendo os Sinais com as mãos, só usando os malhetes para as baterias. Da mesma forma, os demais portadores de instrumentos (espadas, bastões) não devem usá-los para Sinais.

QUANDO SENTADOS, OS IRMÃOS NÃO FAZEM SINAIS DE ESPÉCIE ALGUMA, pois vale repetir, só em pé e parado é que o Maçom pode fazer sinais. Assim é errado os Veneráveis e Vigilantes responderem à saudação com o Sinal, devendo limitar-se a um simples aceno, com inclinação da cabeça. Estão também, duplamente errados, os Veneráveis e Vigilantes que fazem Sinais como os Malhetes e estando sentados; isso, ritualisticamente, é horrível, mas ocorre, infelizmente, na maior parte das Lojas. A única exceção a essa regra é o Banquete Ritualístico.

Fonte: pilulasmaconicas.blogspot.com

OCULTISMO

A∴M∴ Humberto Jerônimo Vidal Borges
Or∴ de Florianópolis, de setembro de 2009 da E∴V∴

Introdução

O vocábulo é derivado do latim occultus, e significa “oculto”, “escondido”, “ignorado”.

O ocultismo é uma ciência que se distingue das demais ciências uma vez que se refere aos fenômenos os quais não podem ser explicados através das leis naturais. É considerada como uma ciência de fatos misteriosos e relacionada a poderes sobrenaturais, invisíveis, cujo acesso é privilégio de alguns iniciados. Provavelmente sua prática teve origem nos primórdios da civilização, com a magia desempenhando um papel central nos povos de então.

No início eram os feiticeiros com suas máscaras de animais; no Egito havia os Magos com suas orações para favorecer a colheita; Na Grécia, os adivinhos que exerciam uma posição de destaque, servindo de intermediários da vontade dos deuses; em Roma, os sacerdotes que praticavam a hepatoscopia (visualização do fígado a olho nu) bem como a predição do futuro através da observação do movimento das entranhas de um animal recém sacrificado.

O ocultismo se refere a um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos referentes às denominadas Ciências Ocultas, que tomaram impulso como ciência mais elaborada e organizada a partir do desenvolvimento da alquimia. É por isso que a palavra muitas vezes é empregada como sinônimo para “hermético”, termo que se originou das práticas alquímicas.

O cristianismo embora acreditando na veracidade dos fenômenos derivados das ciências ocultas, condena o ocultismo e suas práticas até os dias de hoje, afirmando que são derivados da ação do espírito maligno.

O Ocultismo representa todas as teorias filosóficas que pregam a importância da intuição indutiva para obtenção de conhecimentos.

Desenvolvimento

Nas ciências ocultas, a palavra oculto refere-se a um "conhecimento não revelado" ou "conhecimento secreto", em oposição ao "conhecimento ortodoxo" ou que é associado à ciência convencional.

Para as pessoas que seguem aprofundando seus estudos pessoais de filosofia ocultista, o conhecimento oculto é algo comum e compreensivel em seus símbolos, significados e significantes.

Este mesmo conhecimento "não revelado" ou "oculto" é assim designado, por estar em desuso ou permanecer nas raízes das culturas.

Originalmente no século XIX era usado por ter sido uma tradição que teria se mantido oculta à perseguição da Igreja, e da sociedade e por isso mesmo não pode ser percebido pela maioria das pessoas.

Mesmo que muitos dos símbolos do ocultismo, estejam sendo utilizados normalmente e façam parte da linguagem verbal ou escrita (p.e. a palavra abracadabra seria uma palavra de poder), permanecem assim, ocultos o seu significado e seu verdadeiro sentido.

Desta maneira, tudo aquilo que se chama de "ocultismo" seria uma sabedoria intocada, que poucas pessoas chegam a tomar conhecimento, pois está além (ou aquém) da visão objetiva da maioria, ou de seu interesse.

O ocultismo sempre foi concebido desde o início, como um saber acessível apenas a pessoas iniciadas (ou seja, para aquelas que passaram por uma "iniciação"; uma inserção num grupo separado do comum e do popular; ou mesmo uma espécie de batismo, onde as pessoas seriam escolhidas, então guiadas e orientadas a iniciar numa nova forma de compreender e pensar o que já se conhece, supostamente transcendendo-o).

Contudo, sempre houve curiosos de várias época, que foram capazes de especular à respeito do Ocultismo, sem que este conhecimento se tornasse algo comum em suas vidas. Embora o Ocultismo sempre exigisse da pessoa que o estudava, uma posição e atitude pessoal diversa daquela que a maioria das pessoas assumia. Por isso mesmo, que os estudiosos desta filosofia não eram bem vistos (acusados de pagãos, bruxos, místicos, loucos, rebeldes, sendo excluídos, perseguidos e condenados.

Com certeza eram em sua maioria, muito mal compreendidos. O ocultismo tem como escopo de estudo o que seriam energias e forças de variados tipos e formas, suas fontes e seus efeitos, assim como os seus canais de atuação e seus efeitos produzidos na consciência do Homem.

Segundo os ocultistas a ciência oculta estuda, o contrário da ciência tradicional, a natureza em sua totalidade, assim como as relações entre a natureza e o Homem. Principalmente por professar uma dimensão espiritual, ou sobre-natural, algo que nunca foi empiricamente demonstrado e portanto não reconhecido pela ciência do passado.

Do ponto de vista de quem o professa a percepção do oculto consiste, não em acessar fatos concretos e mensuráveis, mas trabalhar com a mente "transcendendo-se" e o espírito. Ocultismo assim supostamente refere-se ao treinamento mental, psicológico e espiritual que permite um "despertar" de certas faculdades ocultas, o que na visão da ciência ortodoxa consiste em algum tipo de ilusão ou hipnose auto-induzida.

Origens, influências e tradições

O ocultismo teria suas origens em tradições antigas, particularmente o hermetismo no antigo Egito, e envolve aspectos como magia, alquimia, e cabala..

O ocultismo tem relação com o misticismo e o esoterismo e tem influências das religiões e das filosofias orientais (principalmente Yoga, Hinduísmo, Budismo, e Taoísmo

História

As raízes mais antigas conhecidas do ocultismo são os mistérios do antigo Egito, relacionados com o deus Hermes ou Thoth. Essa parte do ocultismo ou doutrina é tratada no Hermetismo.

Na Idade Média, principalmente na Península Ibérica devido a presença de muçulmanos e judeus, floresceu a alquimia, ciência relacionada com a manipulação dos metais, que segundo alguns, seria na verdade uma metáfora para um processo mágico de desenvolvimento espiritual. Tanto a alquimia quanto o ocultismo receberam influência da cabala judaica, um movimento místico e esotérico pertencente ao judaísmo.

Alguns destes ocultistas medievais acabaram sendo mortos na fogueira pela Inquisição da Igreja Católica, acusados de serem bruxos e terem feito pacto com o diabo. Mas existem trabalhos relacionados à cabala relacionados durante toda Idade Média. E de alquimia na Baixa Idade Média.

O ocultismo ressurgiu no século XIX com os trabalhos de Eliphas Levi, Helena Petrovna Blavatsky, Papus e outros.

Ocultismo moderno e ocultistas famosos

O ocultismo moderno, cujo ressurgimento deu-se principalmente ao final do século XIX, teve sua parte teórica sistematizada por Helena Petrovna Blavatsky, no que ficou conhecido como Teosofia. Além dela, também são importantes na definição do moderno ocultismo Eliphas Levi, S. L.

MacGregor Mathers, William Wynn Westcott, Papus e Aleister Crowley, Anton Szandor LaVey, entre outros.

Eliphas Levi divide as preferência de alguns com Papus como o maior ocultista do século XIX, tendo ambos sistematizado boa parte do que hoje conhecemos como ocultismo prático moderno.

Também devemos lembrar a importância de S. L. MacGregor Mathers e da Ordem Hermética do Amanhecer Dourado ("Hermetic Order of the Golden Dawn"), responsáveis em parte pelo ressurgimento da magia ritualística, e que influenciaram fortemente a maioria dos mais conhecidos e importantes magos e ocultistas do século XX.

Já no século XX destaca-se enormemente a figura de Aleister Crowley, que "criou" um sistema mágico próprio - Thelema que deu origem e influenciou diversas escolas mágicas, também escreveu uma extensa coleção de livros que figuram entre as preferências de ocultistas modernos.

Não podemos esquecer também a contribuição do não tão famoso Franz Bardon com seus poucos, mas valiosos, livros.

Sociedades e Fraternidades

Atualmente, as tradições relacionadas com o ocultismo são mantidas por diversas sociedades e fraternidades secretas ou abertas, cuja admissão ocorre por meio de uma iniciação, que é um ritual de aceitação. Esse ritual tem como fundamento uma suposta nova vida que a pessoa deverá alcançar com a iniciação, ela morre simbolicamente e renasce para a vida que passará a ter.

Conclusão

Fico gratificado com esse tema que me acabou sendo fascinante pela riqueza de informações adquiridas, quer pela internet, quer pelas obras consultadas - inclusive da biblioteca de meu pai - quer pelo aprendizado de algumas informações transmitidas pelo Ir. Dagoberto Dalsasso em suas sábias palestras. Daria para se enveredar por essa área com uma peça de arquitetura incomensurável que mais daria para editar um livro.

Todavia, restrinjo-me com o que até aqui foi abordado.

Foi-me e é-me gratificante enveredar por esse misterioso e místico caminho, que traz e trouxe muitas polêmicas desde há séculos atrás, como por exemplo a dos Cavaleiros Templários e o Priorado de Sião – A Ordem de Sião – elites culturais de uma época e que adotaram totalmente os aspectos ocultistas dos Antigos Mistérios, colocando-os em rota de colisão com a Igreja Romana e seus seguidores.

Ao finalizar quero externar meus agradecimentos pela oportunidade.

Declino agora, a bibliografia desta peça de arquitetura, através das seguintes obras consultadas:
  • Tratado de Ciências Ocultas, pela Ed. Três, Coleção Planeta no 8 e 9, São Paulo, 1973, de Gérard Anaclet Vincent Encausse, mais conhecido pelo pseudônimo de Papus.
  • ABC do Ocultismo, Editora Martins Fontes. São Paulo, também do mesmo autor Papus.
  • Magia Prática - O Caminho do Adepto (Título original em inglês: "Initiation into Hermetics" ou "Iniciação ao Hermetismo") - Publicado em 1956 e lançado no Brasil pela Editora Ground, é a única obra de Bardon disponível em português de Franz Bardon.
  • Aspectos do Ocultismo, de Dion Fortune. Editora Pensamento. São Paulo.
  • A Doutrina Secreta, de H.P.Blavatsky. Editora Pensamento. São Paulo.
  • Experiências Práticas de Ocultismo, de J.H. Brennan. Editora Ediouro. São Paulo.
  • “Do Meio-Dia à Meia-Noite” de João Ivo Girardi – Nova Letra Gráfica e Editora Ltda. Blumenau.
Fonte: JBNews - Informativo nº 230 - 15.04.2011

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

ENTREGA DO MALHETE AO GRÃO-MESTRE

Em 22/01/2024 o Poderoso Irmão Derildo, Secretário Estadual de Orientação Ritualística do GOB-ES, apresenta a dúvida seguinte para o REAA.

ENTREGA DO MALHETE

Em sessão ordinária, a entrada se dá obrigatoriamente em família e, nesse caso, o Grão-Mestre Estadual ou o seu Adjunto entra junto com o Venerável. Nesse caso, qual é o lugar correto para a troca de malhete?

Outra pergunta: É correto na sessão ordinária o Grão Mestre Estadual não entrar com o Venerável e aguardar a abertura da Loja para entrar, só, ou em comitiva para a troca de malhete?

CONSIDERAÇÕES:

Faz-se a entrega do malhete ao centro do Templo, conforme prescreve o ritual. No caso de sessão Ordinária, não há formalidades porque o Pavilhão Nacional já se encontra hasteado no lugar de costume dentro do Templo.

Sendo assim, o ingresso do Grão-Mestre se dando depois de estarem abertos os trabalhos, a Loja o receberá apenas à Ordem, sem nenhuma outra formalidade. Vale lembrar que o Grão-Mestre de posse do malhete (recebido do Venerável), chegando no Altar deve devolvê-lo ao Venerável Mestre.
 Destaco que tudo isso está descrito no item 2.7 do Ritual de Aprendiz do REAA.

Outrossim, vale lembrar que atendendo ao Decreto 1767/2019 do Grão-Mestre Geral, o Grão-Mestre Adjunto, na ausência do Grão-Mestre titular, também recebe o malhete (com os mesmos procedimentos).

No caso de o Grão-Mestre entrar em família, ou seja, junto com o Venerável Mestre antes da abertura dos trabalhos durante o préstito de entrada, ele recebe o malhete do Venerável no Altar, devolvendo-o depois para que o Venerável Mestre da Loja conduza os trabalhos.

Outra hipótese é a de que o Grão-Mestre ingresse em comitiva logo após a abertura da Loja. Nessa condição, o Venerável Mestre lhe entrega o malhete no centro do Templo conforme prevê o Ritual. Destaque-se que em comitiva formal o Grão-Mestre ingressa seguido dos demais que o acompanham.

Em qualquer situação, estando a Bandeira Nacional dentro do templo, dispensa-se a formação de abóbada e comissão de recepção com estrelas à qualquer autoridade ou portador de título de recompensa, inclusive o Gão-Mestre – vide Decreto 1476/2016 que dispõe sobre o cerimonial para o ingresso do Pavilhão.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

A CONSTITUIÇÃO DE ANDERSON

A Constituição de Anderson é o marco regulatório que define as bases da Maçonaria Especulativa (ou Moderna - a partir de 1717). Escrita por James Anderson (Aberdeen, Escócia, 1679 - Londres, 1739), um Maçom e Grande Oficial da Loja de Londres em Westminster, ela gradualmente substituiu os preceitos tradicionais da Maçonaria Operativa (anterior a 1717).

Em 1721, Anderson escreveu a história dos maçons, que posteriormente foi publicada em 1723 como a Constituição dos Maçons Livres ou a Constituição de Anderson. Essa obra fundamental, impressa pela primeira vez na América por Benjamin Franklin em 1734, se tornou um pilar da Maçonaria.

Cada Rito Maçônico possui suas peculiaridades, mas todos convergem em um ponto crucial: a Regularidade Maçônica, respaldada pela Constituição de Anderson. Estes regulamentos, considerados os fundamentos da Maçonaria moderna, estabelecem a obrigatoriedade da crença em Deus. O descumprimento deste critério pode levar a atividade maçônica a ser designada como irregular.

Tornar-se membro da Maçonaria não é apenas autoproclamação. É um convite formal, seguido pela iniciação por Maçons, cumprimento de juramentos e obrigações, e integração em uma Loja regular, geralmente Grande Loja ou Grande Oriente, devidamente consagrados conforme as tradições dos Landmarks da Constituição de Anderson.

Assim, a Constituição de Anderson permanece como um farol orientador na vastidão da Maçonaria, unindo tradição, moralidade e busca interior (ou espiritual). Uma jornada de autodescoberta, fraternidade e valores nobres.

Fonte: Facebook_Curiosidades da Maçonaria

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

ALPERCATA E A PREPARAÇÃO DO CANDIDATO

Em 21.08.2023 o Respeitável Irmão Jairo Amaral, Loja Estrela de São Gabriel, REAA, GOB-ES, Oriente de São Gabriel da Palha, Estado do Espírito Santo, apresenta o seguinte:

PREPARAÇÃO DO CANDIDATO

No nosso Ritual do REAA há a descrição: “A seguir, na Cam∴ de Refl∴, o(s) C(C)and∴ é(são) preparado(s) pelo Exp∴, que o(s) ajuda a ficar de cam∴, com o p∴ e b∴ esq∴ des∴; arreg∴ a p∴ da c∴ do lado d∴ acima do j∴ e o p∴ d∴ d∴ ou, se recomendável, c∴ com uma alp∴ ou c∴”.

Me questionaram sobre a questão do p∴ d∴ se d∴ ou não por esses dias, ao passo, que respondi de acordo com o ritual tão somente.

Mas, fiquei me perguntando qual era a ideia original quando criaram o ritual e como e porque houve essa mudança para a atual.

Se o irmão tiver alguma obra que conhece que eu possa ler, agradeço.

CONSIDERAÇÕES:

Ao que me consta nada mudou. O fato é que por uma questão sanitária, em regiões frias e sem calefação apropriada, alguns candidatos podem, ao pisar ddesc∴ sobre o pavimento gelado, obter problemas de saúde.

Evidentemente que para deixar a ocasião mais confortável para o candidato, "permite-se", caso a situação exija, o uso de uma alp∴ ou um chin∴, geralmente um de modelo tipo hav∴. Por uma questão de higiene o costume acabaria se generalizando nos ambientes maçônicos durante as iniciações..

Sem dúvida que o chin∴ nada tem de caráter iniciático, pois a verdadeira alegoria iniciática está no p∴ d∴ desc∴, prática que representa de modo consagrado na Maçonaria a humildade e o respeito pelo ambiente em que o iniciado irá progredir, passo a passo pela sua senda iniciática. Nesse trajeto o andar claud∴ simbolicamente simula o caminhar de um pobre candidato que, despido de todas as vaidades, procura pela Luz Maçônica.

Assim, calç∴ com um chin∴, ou mesmo andando literalmente com o p∴ d∴ d∴, o que vale é o significado de ter o p∴ d∴ desn∴.

Sob o ponto de vista histórico, eu desconheço qualquer registro oficial sobre quando se passou a utilizar uma alp∴, ou outro calç∴ similar.

Sem dúvida isso é costume haurido do período especulativo e nunca foi utilizado nos tempos do ofício, já que se desconhece qualquer existência da alegoria do passo claud∴ nos canteiros da Maçonaria Operativa, senão mais tarde em Lojas de maçons livres e aceitos.

Literatura apropriada para o caso me parece ser algo um tanto quanto disperso.

Nessa conjuntura, entendo que em se levando em conta a ordem de importância dos fatos, me parece muito mais producente é antes se perscrutar o porquê dos pp∴ cclaud∴ na Iniciação. Qual o seu objetivo na liturgia maçônica? Qual o significado dessa alegoria? O que ela representa na Iniciação? Creio que essas respostas são muito mais importantes do que propriamente se saber quando foi usada uma alp∴ para dar conforto ao postulante.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

GETÚLIO VARGAS


Getúlio Vargas não era Maçom, mas o seu pai, Manuel do Nascimento Vargas (1844-1943), foi iniciado na Maçonaria na Loja "Vigilância e Fé", no dia 24 de agosto de 1876, em São Borja, RS.

Em 18 de setembro de 1942, o Coronel Manoel Viriato Dornelles Vargas, irmão biológico de Getúlio Vargas, foi Iniciado na Loja "Brasil", no Rio de Janeiro. Esse coronel tinha um outro Irmão, também Maçom: o Coronel. Protasio Vargas.

Isso faz de Getúlio Vargas nosso sobrinho por parte da Maçonaria, e o seu pai e os outros dois filhos, nossos irmãos Maçons.

Fonte: Facebook_Curiosidades da Maçonaria

OS TRÊS PONTOS DA MAÇONARIA

Léo Gama
Desde a antiguidade os Três Pontos são usados de forma cabal e mágica, sendo que na Maçonaria a sua referência principal é o triângulo equilátero, emblema da existência da divindade.

O uso dos Três Pontos na maçonaria é comum nas abreviaturas da sua escrita, além de frequentemente estar presente na assinatura do maçon, se assim o desejar.

A sua aplicação além de identificação possui inúmeras simbologias e referências, exclusivamente maçonicas ou que remetem a outros significados filosóficos.

Quando observamos a presença dos Três Pontos na forma de um triângulo equilátero num texto, fica claro tratar-se de algo maçonico. O maçon também usa o mesmo símbolo na sua assinatura, como forma de identificação.

Atualmente esta prática é comum e largamente usada pois, o símbolo remete a significados diversos, sendo na Maçonaria o número da Luz, delta luminoso representando os três estágios do Sol, nascimento, meio-dia e quando se põe.

*O SEU USO NA ESCRITA MAÇÔNICA

A forma de escrever maçonicamente usando os Três Pontos é uma tradição em que nada oculta e nada dificulta o trabalho do leitor, mas sim uma forma de identificação de que o texto que lhe cai às mãos é maçónico.

As abreviaturas eram tão comuns nos manuscritos do século VI e o seu emprego tão abusivo que o Imperador Justiniano foi obrigado a proscrevê-las. Em 1304 o imperador da França, Filipe o Belo, também irritado pela prática em actas e nos autos jurídicos, publicou uma ordenação para proibir o seu uso alegando a possibilidade de falsificações ou interpretações incorrectas dos leitores.

Na Maçonaria segundo BOUCHER (1996, p. 76), Ragon assinala que “a abreviação tripontuada” só teve início depois da circular de 12 de Agosto de 1774, dirigida às Lojas da sua correspondência pelo Grande Oriente da França, para anunciar a tomada de posse do seu novo local.

BOUCHER (1996, p. 76) contradiz Ragon e assegura que tal abreviação é anterior e constava nos registos da Loja La Sinceritè (Oriente de Besançon), ao serem mencionadas as eleições de 3 de Dezembro de 1764, isto é, dez anos antes da data apontada por Ragon. Apareciam os pontos sob as seguintes formas: (∴), .),( : .), ( … ).

Seu uso atual entretanto, segue algumas regras de forma que não haja confusões e equívocos, e também escolhidas as palavras de utilização frequente na Maçonaria.

Toda abreviatura, seja ela formada simplesmente pelas iniciais, como por exemplo: G.A.D.U. que significa Grande Arquiteto do Universo, ou por algumas letras, como Ir. que significa Irmão, são seguidas de três pontos, colocados em forma de triângulo; assim teremos G∴A∴D∴U∴, e Ir∴ . Esta maneira de pontuar foi chamada tripontuada e utilizada para certas palavras maçonicas frequentemente utilizadas “(CAMINO, 2004, p. 127).

A tripontuação deverá ser usada após a letra inicial de uma palavra que não possa ser confundida com outra. Havendo a possibilidade de confusão, usa-se a primeira sílaba ou as primeiras letras do vocábulo, escrevendo por exemplo para a palavra Aprendiz: Ap∴ para evitar confusão com outras palavras como Arquiteto, Altar, etc.

Quando existirem duas palavras diferentes e que iniciam com a mesma inicial, esta será usada isoladamente quando a abreviação for consagrada pelo costume. Assim Maçon deve escrever-se Maç∴ bastando escrever M∴ para Mestre, já que foi estabelecido pelo uso. Mestre Maçon abreviado será MMaç∴ .

No plural de uma palavra dobra-se somente a primeira letra. Exemplos:

•Mestres – MM∴

•Veneráveis – VVen∴

•Respeitáveis Lojas – RR∴ LL∴

A Maçonaria foi a grande responsável por divulgar a tripontuação e apesar de os três pontos serem usados inicialmente em abreviaturas, transformou-se com o tempo num símbolo que sugere as mais variadas interpretações. Uma simbologia da discrição, o que constantemente é trazido à lembrança dos maçons no momento em que o integram nas suas assinaturas.

* SIGNIFICADOS

Para CAMINO (2010, p. 231) o Triponto ou Três Pontos não é propriamente um símbolo, mas uma “expressão” gráfica que a Maçonaria recebeu de outrem com os múltiplos significados da Tríade ou da Trilogia.

Os Três Pontos quando unidos formam um triângulo equilátero. Esta forma geométrica é geralmente usada pelos maçons, sendo a primeira figura das superfícies geométricas e origem da trigonometria, base para todas as medidas.

O triângulo equilátero é tido como símbolo da existência da divindade, pois o seu tipo primitivo serve de base à construção de todas superfícies, portanto um símbolo da existência da divindade, na sua potência produtiva e evolutiva.

Seus três ângulos significavam para os antigos a Sabedoria, Força e Beleza, tributos de Deus, e representam também o Sal, Enxofre e o Mercúrio, que segundo os hermenistas os princípios da obra de Deus. Podem ainda representar os reinos da Natureza (animal, vegetal e mineral) e as três fazes da revolução perpétua (nascimento, vida e morte).

O Triponto na maçonaria é o número da Luz, pois cada ponto é um estágio do Sol, quando nasce, ao meio-dia e quando se põe.

Os Três Pontos formam o Delta luminoso e sagrado ao som da exclamação tríplice “Uzzá, Uzzá, Uzzá”.

Ainda segundo CAMINO (2004, p. 128) existem outros significados filosóficos para os Três Pontos, exemplificados em algumas frases seleccionadas abaixo, existindo simbologia e aplicação em cada uma delas.

•Júpiter, Neptuno e Plutão

•Moisés, Jesus e Maomé

•Pai, Filho e Espírito Santo

•Massa, Espaço e Tempo

•Simples, Justo e Perfeito

•Venerável, 1º e 2º Vigilantes

•Ouro, Incenso e Mirra

•Passado, Presente e Futuro

•Corpo, Alma e Espírito

•Terra, Água e Fogo

•Liberdade, Igualdade e Fraternidade

•Bíblia, Compasso e Esquadro

•Entre outros.....

* CONCLUSÕES

O uso dos Três Pontos inicia-se como uma ferramenta para a escrita, como parte de uma abreviatura ou assinatura, mas são muitos os significados que o procedem.

Embora seja largamente utilizado, foi a Maçonaria o principal responsável por divulgar o uso desta forma “tripontuada”.

Nos dias atuais o seu uso é constantemente verificado na Maçonaria, mas isto não significa que é exclusivo à esta instituição pois, a origem e primeiras constatações da sua utilização é antiga e remete a várias interpretações filosóficas atuais.

Fonte: Facebook_O Templo e o Maçom

domingo, 28 de janeiro de 2024

DE FRENTE PARA O DELTA NA ORAÇÃO

Em 21.08.2023 o Respeitável Irmão Jean Carlos, Loja Benedito Valadares, 4440, REAA, GOB, Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, apresenta a dúvida seguinte:

DE FRENTE PARA O DELTA?

Dia desses, vi um irmão virando-se para o Postulante no ato da primeira oração em sua iniciação.

A pergunta é: estando à Ordem nesse momento, em que o Postulante é levado ao Primeiro Vigilante, o correto é virar o corpo, isto é, fazer o sinal de Ordem olhando o ato OU estar de costas e se virar pro Delta?

Ficarei grato em ter a dúvida, que pode parecer boba, mas tem um significado relevante.

CONSIDERAÇÕES:

Na Iniciação, durante a oração que se faz em favor do Candidato, o seu guia (1º Experto) se coloca à Ordem à retaguarda dele, isto é, se coloca voltado para as costas do candidato que está ajoelhado à sua frente.

Assim, durante a oração o Candidato fica voltado para o lugar do 1º Vigilante, enquanto que o seu guia posicionado à sua retaguarda não precisa se voltar para o Oriente, pois ele, como condutor, também é o responsável pela segurança do postulante.

É oportuno salientar que durante os trabalhos não é preciso que se fique à Ordem voltado para o Delta.

Nesse contexto, vale salientar também que ninguém precisa se voltar para o Venerável Mestre quando ele solicita que todos fiquem à Ordem. Nessa condição, cada qual fica posicionado em pé e à Ordem conforme estiver colocado o seu assento na Loja. Não precisa se voltar para o Venerável e nem mesmo para o Delta.

Alerto para não se fundir o ato de se estar à Ordem com saudação pelo sinal ao Venerável Mestre, que aliás são procedimentos distintos, observando-se saudação em Loja é feita apenas ao Venerável Mestre e ocorre apenas na entrada e saída do Oriente ou quando do ingresso formal em Loja após o início dos trabalhos, ou ainda na saída definitiva antes do encerramento.

T.F.A.
PEDRO JUK - SGOR/GOB
jukirm@hotmail.com
Fonte: http://pedro-juk.blogspot.com.br

GILBERTO FREYRE

Gilberto Freyre (Recife, 1900 - Recife, 1987) foi um influente sociólogo, antropólogo, historiador e escritor brasileiro, conhecido por suas contribuições para o estudo das relações raciais, cultura e sociedade no Brasil. Ele é mais famoso por seu livro "Casa-Grande & Senzala" (1933), que foi um marco na interpretação da formação social brasileira.

Gilberto Freyre não era Maçom, mas, o seu pai, Alfredo Freire, foi iniciado na Maçonaria na Loja "Conciliação", em Recife-PE, em 1896. Isso faz de seu Pai nosso Irmão Maçônico e Gilberto, nosso sobrinho.

Fonte: Facebook_Curiosidades da Maçonaria

O GRANDE MISTÉRIO MAÇÔNICO

Ir∴ Douglas Garcia Neto
ARLS Madras, 3359=COSP/COB

Tentam, os profanos, de todas as formas, desvendar os segredos maçônicos. Utilizam sistemas e normas de eliminação, culminando sempre com uma parafernália de conclusões confusas e absurdas.

Nossa simbologia, a vista dos curiosos, torna-se incompreensível. De forma esotérica buscam respostas, os leigos, porém não as encontram. Interpelam llr.'. que na maioria das vezes se utilizam do silêncio, norma quase sagrada de nossa Instituição. A partir disso é difundida a Maçonaria com seita satânica, intrusa Ordem que ataca as várias religiões, um Clube congregando homens a se ajudarem mutuamente. Tudo se fala, tudo se interpela e, na maioria das vezes, em tudo se falha quando esbarram na verdade Final.

Tentemos pois, IIr∴ , decifrar nós mesmo o que seria o nosso maior Mistério ... Seria um mistério nos congregarmos e formar uma família universal? Poderia ser um mistério, nos igualarmos uns aos outros, independente, da Casta social ou racial? Ou um mislério a nossa união em torno de um bem comum, não só para maçons, como também para profanos?

É um mistério nossa crença num ser Onipresente, Onisciente, Onipotente? É um mistério estendermos as mãos para os necessitados sem que ninguém visualize essa ação? Ou seria um mistério o despojar das vaidades com a busca incessante da Verdade?

Quantos mistérios, quantas interrogações ... A Maçonaria, na essência, se reproduz por alegorias e símbolos. Na realidade terrena se apresenta fincada em ações e participações coletivas em prol da humanidade. Ela é justa com os justos, perfeita com os perfeitos, todavia não se descarta os ignorantes, os imperfeitos. Faz deles Instrumentos para o seu desenvolvimento, estudando-os, auxiliando-os. Nossa confraria é uma luz!

O ponto máximo da Maçonaria é o esclarecimento. Várias tentativas são feitas pela Ordem, desde os tempos mais remotos, com a finalidade de introduzir na Terra e seres humanos, o sentimento de aprendizado, disciplina e pesquisa. Nossa Confraria foi uma semente, tomou-se uma árvore e agora, apresenta seus frutos a todos os seres do Universo. Fruto do saber, com sabor de verdade.

Qual seria então, na realidade, o nosso grande mistério? Estaria ele ligado às monumentais construções do passado? Poderia estar na língua dos filósofos do presente, e do passado? Estaria na força dos magos? Em páginas de livros? Não! O Grande Mistério Maçônico está na simplicidade que se configura a palavra amor. O amor e respeito a tudo e a todos. Não creio na existência de um mistério maior que o amor ... Rconhecemos a Ciência, se nela estiver contido um trabalho salutar. Aceitamos o esoterismo desde que, baseado na verdade.

Reconhecemos todos os credos que tenham deus por princípio, meio e fim. Como uma Confraria pode se dirigir a tantos ideais e interesses, senão pela participação ativa junto à sociedade. Como uma Ordem, dita diabólica, procura no Universo o coração divino para o melhor entendimento das misérias humanas'? Na realidade seria necessária a existência de algum mistério?

Não, pois não existe mistério algum, só o amor

E o que é o amor?

Fonte: Revista O Malhete nº 1

sábado, 27 de janeiro de 2024

DÚVIDA NO SINAL DE A∴

(republicação)
Questão apresentada em 15 de setembro de 2.010 e recuperada em 06 de abril de 2.013. O Respeitável Irmão Sidney Torrecilha Basso, Loja Tupy, 955, GOB, Oriente de Araçatuba, Estado de São Paulo, apresenta a questão que segue: 
lojatupy@vivax.com.br 

Para que possamos dirimir duvidas, solicitamos o especial obséquio no esclarecimento do S∴ no G∴ de A∴ poder ser desfeito na g∴?

CONSIDERAÇÕES:

Para o R∴E∴A∴A∴ todo Sinal Penal é composto por duas partes distintas. A primeira é a composição do Sinal e a segunda é a execução simbólica da pena. O sinal somente estará completo se for executado nas suas duas partes – composição e execução.

Todo Sinal Penal será feito pelo obreiro que estiver em pé e parado, corpo ereto e os pés em esquadria (à Ordem). Não se anda com o Sinal composto, exceto durante a Marcha do Grau. 

Compor e desfazer o Sinal Penal não significa efetivamente que é uma saudação, porém toda saudação maçônica é feita pelo Sinal Penal. 

Assim, em relação a vossa questão, nenhum Sinal Penal é desfeito sem a execução da pena, o que vale dizer que não é desfeito diretamente da garganta. Isso acontece principalmente na execução das Marchas dos respectivos graus simbólicos. 

O termo geralmente aplicado “diretamente”, não significa interromper um Sinal e compor o outro sem executá-lo por completo. O termo “diretamente” nesse caso significa que no momento da troca não se faz a saudação às Luzes da Loja, senão no final da Marcha. 

Infelizmente, muitos entendem a expressão como mudança direta de Sinal. É regra: o obreiro que compõe um Sinal, para desfazê-lo, sempre o fará pela execução simbólica da Pena. 

Aproveitando o ensejo, acho oportuno esclarecer uma situação que se tornou consuetudinária nos nossos rituais, todavia ela não condiz com a verdade. É a questão do tal “Sinal de Ordem”. À bem da verdade não existe “Sinal de Ordem”, porém Sinal Penal que só se executa em se estando à Ordem. 

Estar à Ordem significa que o obreiro estará em pé, parado, com o corpo ereto e os pés em esquadria. O obreiro assim postado cumpre a regra de que aquele que estiver à Ordem compõe o Sinal Penal do Grau inerente ao trabalho da Loja. É o caso do “de pé e à Ordem”. Acaso alguém ficaria à Ordem sentado? Também nunca vi nem ouvi um Venerável comandar “de pé com o Sinal de Ordem”. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.033 - Florianópolis (SC) – terça-feira, 02 de julho de 2013

A PRANCHETA

Hercule Spoladore
Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”
Londrina – PR

É uma das três jóias fixas ou imóveis de uma loja que aparece no painel simbólico de cada rito. Sabemos que as outras duas são a Pedra Bruta que corresponde ao aprendiz e a Pedra Cúbica que corresponde ao companheiro.

A Prancheta é um símbolo que pertence ao Mestre tem diferentes nomes conforme o Rito, mas trata-se do mesmo símbolo, com o mesmo significado.

Trata-se de um símbolo que aparece nos painéis dos Ritos REAA, Rito Brasileiro e Rito Adonhiramita em seus rituais do primeiro e segundo graus, mesmo sendo um símbolo do Mestre. No REAA ela tem o nome de Prancheta.

No Rito Adonhiramita no ritual do segundo grau nas instruções aparece com o nome de Pedra de Riscar, fazendo-se alusões às três pedras, bruta, cúbica e a de riscar.

No Rito Moderno ou Francês no ritual do terceiro grau em suas instruções é citada como Pedra de Traçar.

O Rito de Schröder possui em seu Tapete ou seu painel simbólico, o qual é único para os três graus, a 47a Proposição de Euclides que é considerada simbolicamente no Rito como a Prancheta. Segundo instruções do Rito o Venerável Mestre de uma Loja Operativa preparava os planos através da Prancheta que era usada na Inglaterra antes de 1723 e que segundo os mentores atuais do Rito era baseada por analogia na famosa proposição citada. Referências sobre a Prancheta existem nos rituais dos graus um e três do Rito.

No Rito de Schröder o ritual do terceiro grau o Venerável pergunta: Onde trabalham os Mestres?

Resposta: Na Prancheta para com a Régua da Verdade, o Esquadro do Direito e o Compasso da Obrigação executarem seus projetos.

Simbolicamente na Prancheta, ou Prancha a traçar, os mestres gravam ou traçam os planos estabelecidos, bem como as lições para os aprendizes e companheiros. Gravar ou traçar quer dizer escrever. No Rito de Schröder a Prancheta não traz como no REAA a chave do alfabeto maçônico.

A Prancheta ou Prancha a traçar, ou seus sinônimos em outros Ritos aparece no painel simbólico do grau de aprendiz e de companheiro ao alto onde se observa um retângulo no qual figuram dois sinais. Em loja, o símbolo deve estar no Oriente feito de madeira ou outro material em cima de um cavalete ou adaptado em um local à direita de quem está sentado nas cadeiras do Oriente. Ele é um retângulo que representa uma prancha de desenhar, traçar ou gravar na qual, está inserido dois sinais, uma cruz quádrupla (quatro cruzes latinas cristãs) constituídas por duas paralelas cruzadas, símbolo do limitado e também daquilo que homem pode realizar e também uma cruz de ângulos opostos pelos vértices símbolo das díadas e também do infinito. Esta cruz é em forma de X (xis) também é conhecida como cruz de Santo André. Esta cruz para os maçons esotéricos simboliza a união a união do mundo superior com o mundo inferior.

A cruz tem este nome porque segundo a história, Santo André teria sido supliciado numa cruz com esta forma.

A Prancheta é um símbolo que como tal, significa que os mestres simbolicamente guiam os aprendizes e companheiros na sua caminhada, traçando os trajetos a serem percorridos por estes para que progridam na Maçonaria.

A Prancheta apesar de ser um símbolo do mestre, aparece no painel simbólico do aprendiz e do companheiro e também dentro da loja como símbolo no Oriente devendo o aprendiz e companheiro apenas tomar conhecimento da sua função, ou seja, simbolicamente saber que são ensinados e instruídos pelos Mestres através da Prancheta.

Este símbolo também contém a chave do alfabeto maçônico, o qual todos os maçons deveriam conhecê-lo e usa-lo. A cruz representada por duas paralelas cruzadas dá as posições das primeiras dezoito letras e a cruz em X dá a posição das quatro últimas letras.

Todas as letras do alfabeto maçônico têm a forma de esquadro, o qual se relaciona com a matéria não sendo visto o círculo que é o símbolo do espírito, o qual não aparece no alfabeto maçônico, isto segundo Boucher que afirma que o espírito é invisível e desta maneira o maçom se vê convidado a se libertar da letra para abordar o espírito.

Esta descrição tem valor para o REEA, que emprestou do Trabalho de Emulação (Emulation Working) que é o nome correto usado na Inglaterra e não Rito de York como se costuma erradamente a chamá-lo aqui no Brasil. Não existe Rito de York na Inglaterra. Existe sim, o Rito de York, mas este é americano. Os demais ritos simplesmente copiaram o painel do REAA, o qual copiou do painel do Trabalho de Emulação.

Castellani considera a Prancheta como Tábua de Delinear (tracing board) e seria para ele no REAA todo o painel do grau no REAA, igual ao Trabalho de Emulação.

Entretanto, outros autores acham que somente o símbolo Prancheta constante do painel simbólico e a sua representação física no oriente seria a Prancheta em si e não Tábua de Delinear. A tradução de prancheta do inglês para o português segundo Anatoli Oliynik seria clip board e não tracing board.

Será descrito a seguir como é a Tábua de Delinear no Trabalho de Emulação, fazendo- se algumas comparações necessárias com os demais ritos.

A Tábua de Delinear (Tracing Board) é todo o seu painel com os símbolos inseridos nele.

Já no REEA no Brasil, algumas potências adotam o painel simbólico e o alegórico.

O painel alegórico do REAA é cópia da Tábua de Delinear do Trabalho de Emulação.

Todavia, é no painel simbólico do REEA e não no alegórico que aparece a Prancheta.

O Painel do Trabalho de Emulação que é chamado de Tábua de Delinear ou tracing board é um todo e não apenas um símbolo isolado como nos demais ritos onde este é mostrado como um retângulo onde estão gravadas as já citadas duas cruzes. A Tábua de Delinear é, portanto, todo o painel no Trabalho de Emulação.

A Tábua de Delinear dos ingleses serviu de modelo para o REAA acrescentar como um dos seus símbolos constantes do Painel do primeiro e segundo graus a Prancheta. Aliás, diga-se de passagem, que o REEA copiou praticamente toda a Tábua de Delinear do Emulação com exceção de alguns símbolos que foram acrescentados e outros retirados, e hoje é conhecido como painel alegórico no REAA.

Escritores de renome na Maçonaria, não esclareceram bem este detalhe.

Este assunto ainda não está bem elucidado.

Deixaram os leitores confusos, tratando ambos os símbolos como se fossem a mesma coisa, ou seja, Prancheta e a Tábua de Delinear e a realidade não é bem essa. Castellani não deu a interpretação correta. Ele considerava a Prancheta e a Tábua de Delinear como a mesma coisa.

Será escolhida a descrição da Tábua de Delinear (Tracing Board) na linguagem da forma de trabalhar da maçonaria inglesa no Trabalho de Emulação em razão de todos os ritos menos o de Schröder terem copiado e adaptado os primeiros painéis os quais foram todos oriundos do Trabalho de Emulação.

Ele mostra simbolicamente todo o interior de uma loja.

A Tábua de Delinear representa a forma de uma loja que é a de um paralelepípedo com comprimento que vai de leste a oeste e largura de norte a sul. A altura até os céus.  As lojas estão situadas do oriente para o ocidente.

Aparece o Sol a Lua e as sete estrelas. A forma da Lua neste rito é a de lua cheia e não quarto crescente como nos demais ritos.

As três grandes colunas que sustentam a loja representam Salomão, Hiran, rei de Tiro e Hiran Abif, respectivamente , Força e Beleza, sendo as colunas pela ordem Jônica, Dórica e Coríntia. Estas colunas têm as suas miniaturas expostas nos Pedestais do 1º Vigilante, a Dórica, e do 2º Vigilante a Coríntia, fazendo parte da ritualística do grau. No pedestal do Venerável não há uma coluneta representando a Sabedoria

O Círculo com um ponto central gravado no móvel que está suportando o Volume da Lei Sagrada (Bíblia) em cima do qual está representada a Escada de Jacó, a qual tem muitos degraus, tantos quantos forem as virtudes morais necessárias a serem alcançadas pelo maçom no seu progresso na Ordem, mas as três virtudes principais são a , Esperança e Caridade, representadas por uma cruz, um cálice e uma âncora e em cima da Escada de Jacó uma estrela de sete pontas.

O interior de uma loja é composto de ornamentos, mobiliário e jóias.

Os ornamentos de uma loja são: Pavimento Mosaico, a Estrela Brilhante e a Moldura Denteada ou marchetada.

Os mobiliários da loja são: o Livro das Sagradas Escrituras (Bíblia), o Compasso e o Esquadro.

As jóias são: três móveis e três imóveis ou fixas. As jóias móveis são o Esquadro, Nível e o Prumo.

As imóveis ou fixas são a Tábua de Delinear (eis aqui citada novamente como mais um símbolo dentro do painel) a Pedra Bruta e a Pedra Esquadrada (No REAA é a Pedra Cúbica).

Percebe-se que os ingleses repetem no painel a Tábua de Delinear como uma das jóias imóveis. Mas a Tábua de Delinear é também todo o painel conforme já foi citado, Mas como símbolo representando umas das três jóias imóveis permanece ao lado da Pedra Bruta e da Esquadrada que elas ficam expostas para que os aprendizes e companheiros nela se instruam. 

Aparecem ainda a Régua de 24 polegadas, o Escôpro ou Cinzel e o Maço, que são os instrumentos de trabalho do aprendiz neste rito ou trabalho.

Ainda resta comentar um símbolo desconhecido em outros ritos e que se chama Lewis que seria um símbolo triangular, uma espécie de luva de ferro em secções com cunhas ajustáveis e expansíveis, utilizadas para engatar e auxiliar grandes levantamentos. Seria uma ferramenta que levanta grandes pesos com pouca força.

Este termo ainda é usado para o filho de maçom, conhecido no Brasil como lowton.

Pendentes nos quatro cantos da loja estão as Borlas que lembram as quatro virtudes cardeais: Temperança, Firmeza, Prudência e Justiça.

A localização da Tábua de Delinear como jóia imóvel no Trabalho de Emulação está segundo Castellani situada na parte sudoeste do templo à frente do segundo diácono (júnior deacon) o qual está próximo à parede ocidental e não no Oriente como em alguns dos demais ritos.

A Grande Loja Unida da Inglaterra, não está mais usando a Tábua de Traçar desenhada no século XIX pelo Irmão John Harris desenhado especialmente para a “Emulation Lodge of Improvement”; Hoje ela usa a Tabua de Delinear pintada pelo Irmão Esmond Jefferies.

Houve algumas modificações em relação à Tabua de Delinear de Harris.

As colunas mudaram de posição A dórica permaneceu no local em que estava, mas ela deve ficar na mesma linha de perspectiva à esquerda da coluna jônica. Por isso a posição da jônica mudou. A coluna coríntia esta agora à direita isolada.

Na Escada de Jacó, os símbolos da cruz, cálice e âncoras foram substituídos por anjos e a estrela de sete pontas foi substituída por uma estrela muito brilhante.

Foi colocada uma estatua do Rei Hiran sobre a coluna dórica, uma estátua do Rei Salomão sobre a coluna jônica e uma estátua de Hiran Abif em cima da coluna coríntia.

O Pavimento de Mosaico representado no Painel é agora como um tabuleiro de xadrez e não em diagonal como no REAA

Este e é o painel que consta do Emulation Ritual publicado pela Lewis Masonic Publishers Ltd. uma das editoras autorizadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra.

A Prancheta como símbolo faz parte de todos os Ritos e não se chama Tábua de Delinear, nome este que é somente usado pelo Trabalho de Emulação, quando se trata da descrição de todo o painel. Mas dentro do próprio painel do Trabalho de Emulação existe como símbolo a Tábua de Delinear que deveria charmar-se clip board e seria o correspondente à Prancheta, pois o simbolismo é o mesmo. De qualquer forma, tirando estas pequenas diferenças entre os Ritos, ela é um símbolo do Mestre, significando que ele escreve nela os caminhos, os conceitos, os princípios e ensina a ética a serem seguidos pelos Companheiros e Aprendizes.

REFERÊNCIAS

BOUCHER, J. A Simbólica Maçônica. Editora Pensamento – 9a ed.- São Paulo, 1993
CASTELLANI. J. Consultório Maçônico IV e V Editora Maçônica ”A Trolha” Ltda. Londrina, 1994 e 1997
NICOLA. A. . Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Editora Arte Nova – São Paulo, 1975
OLIYNIK, A. Emulação (História, Ritualística e Rituais) Ed. Gráficas Vicentina - Curitiba, 2004
PIRES. J.S. O Suposto Rito de York e outros Estudos Editora Maçônica “A Trolha”. Londrina, 2000
VAROLI T.Fo Curso de Maçonaria Simbólica II tomo – Ed. Gazeta Maçônica São Paulo, 1976 Revista “A Trolha” no 148 – 02/1999

Fonte: JBNews - Informativo nº 230 - 15.04.2011

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

BATERIA DO GRAU NA PORTA DO TEMPLO

(republicação)
Em 29/03/2018 o Respeitável Irmão Carlos Eduardo Flores dos Santos, Loja Ovídio Moraes Leal, 2.420, REAA, GOB-RS, Oriente de Rio Pardo, Estado do Rio Grande do Sul, solicita os seguintes esclarecimentos:

BATERIA DO GRAU NA PORTA

Tenho dúvidas quanto a Bateria do Grau para o ingresso no Templo no Início dos trabalhos, assim está descrito no Ritual:

Na página 44, na abertura ritualística: “o Mestre de Cerimônias pondo-se à frente, dará na porta de entrada do Templo a Bateria do Grau e o Cobridor Interno abrirá a porta”.

Primeira dúvida: em caso de abertura ritualística no Grau de Companheiro a Bateria do Grau seria a universal (de Aprendiz) ou as pancadas fazendo referência ao grau de Companheiro? E para o Grau de Mestre?

Segunda dúvida: o Cobridor dentro do Templo responde com uma batida?

Para o ingresso do Irmão atrasado li no seu blog a dúvida ritualística de um irmão e apresentei uma Peça de Arquitetura chamada "O Cobridor Interno e o uso da Espada" fazendo a devida referência ao seu trabalho.

CONSIDERAÇÕES:

A bateria é dada de acordo com o grau que a Loja irá trabalhar, portanto esse não é procedimento para os “atrasados”. Assim, conforme o ritual, após todos estarem preparados e organizados no Átrio, o Mestre de Cerimônias dá na porta a bateria do grau em que a Loja será aberta.

Dada a bateria para o ingresso do préstito, o Cobridor Interno, que já se encontra no interior do Templo, abre imediatamente a porta sem nela dar nenhuma bateria de réplica. O Cobridor simplesmente abre a porta e se posiciona com a espada em ombro-arma (lâmina na vertical pelo lado direito do corpo e com a ponta voltada para cima). Terminado o ingresso dos Irmãos (por último entra o Venerável Mestre), o Cobridor Interno fecha a porta e se dirige diretamente ao seu lugar.

Ratificando: para o ingresso antes do início dos trabalhos a bateria será igual a do grau em que a Loja será aberta e sem nenhuma réplica.

Quanto ao procedimento que envolve em qualquer situação a bateria universal (de Aprendiz) ele se dará quando porventura um retardatário se apresentar junto à porta do Templo pedindo ingresso. Nessa situação (não existindo Guarda Externo) ele sempre pedirá acesso pela bateria universal, não importando o grau em que a Loja esteja trabalhando. 

Nesse caso pode existir a réplica pela mesma bateria (a universal) dada pelo Cobridor Interno se a oportunidade exigir que o retardatário tenha que aguardar. A réplica significa simplesmente, aguarde! É errado o costume de se aumentar a bateria para outro grau nessa ocasião. Também não existe a “estória” de se dar uma só pancada pelo Cobridor para avisar que a Loja está trabalhando em outro grau. Isso é pura invenção. A porta do Templo não é lugar para se exercitarem “batucadas”.

Assim, o correto é que na ocasião oportuna o Cobridor, ou o Segundo Experto, informe pessoalmente no Átrio ao retardatário o grau de trabalho da Loja antes da sua entrada formal, o que se dará, obviamente, de acordo com o grau de trabalho da Loja.

Concluindo, bateria do grau o Mestre de Cerimônias dá na porta quando do ingresso dos Irmãos do Quadro antes da abertura da Loja (vide ritual). Nessa ocasião, não existe nenhuma réplica por parte do Cobridor. Já um retardatário, em qualquer situação após o início dos trabalhos, pede ingresso sempre pela bateria universal (Aprendiz). Nessa oportunidade haverá réplica pela mesma bateria se a ocasião exigir que o retardatário aguarde. Compreenda-se que orientação de procedimentos para os “atrasados” não aparecem nos regulamentos e rituais porque o “atraso” não pode ser institucionalizado.

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br

O VENERÁVEL MESTRE, O GRÃO-MESTRE E OS OBREIROS DA LOJA

Rui Bandeira
O meu último texto, que intitulei A aventalite, mereceu vários comentários, quer neste blogue, quer numa rede social onde o mesmo foi publicado. Um dos comentadores fez uma afirmação que merece nela nos detenhamos. Rezava esse comentário, na parte que aqui interessa:

"(O Venerável Mestre) como todos sabemos e conhecemos pelo Regulamento Geral, é o único representante em Loja do Muito Respeitável Grão-Mestre."

Factualmente, e no que respeita à GLLP/GLRP, este comentador tem toda a razão no que afirma. O art. 64.º, n.º 3, do Regulamento Geral da GLLP/GLRP dispõe expressamente:

"O Venerável Mestre em Loja representa o Grão-Mestre."

Norma vigente é norma para ser respeitada - e ponto final! Mas tal não implica que não se possa - em bom rigor, mesmo, não se deva! - analisar a pertinência de uma norma, na perspetiva do aperfeiçoamento futuro da regulamentação.

Do meu ponto de vista, esta norma vigora e, enquanto vigorar deve ser respeitada, mas será conveniente que, com calma e na altura própria, se analise se a mesma deve manter-se, no seu preciso teor.

É que, sendo norma em vigor (na GLLP/GLRP) que, em Loja, o Venerável Mestre representa o Muito Respeitável Grão-Mestre, uma serena análise permite-nos concluir que, na natureza da Maçonaria, não é isso que sucede, ou deve suceder. Eu diria até que... pelo contrário! Quem representa o titular de uma função? Naturalmente, que representa quem o designa ou escolhe para essa função!

Ora, o Venerável Mestre de uma Loja maçónica - excetuadas as situações, atípicas, de designação pelo Grão-Mestre até à realização, em prazo que não deverá exceder 180 dias, de eleição para o ofício, designadamente quando uma Loja levanta colunas e está em início de trabalhos ou quando atravessa uma crise que impõe a intervenção administrativa da Grande Loja - é eleito pelos obreiros da Loja! Portanto, em bom rigor, o Venerável Mestre só quando é designado, transitoriamente, pelo Grão-Mestre é que o representa. Só nestas particulares e excecionais circunstâncias, em que, seja no início da atividade da Loja, seja em face de circunstâncias anormais, o Grão-Mestre necessita de transitoriamente intervir na Loja e designar um seu responsável até à normalização da escolha por via de eleição pelos obreiros da mesma, é que se pode dizer que é natureza das coisas que o Venerável Mestre designado representa o Grão-Mestre.

E representa-o então, por natureza, apenas e tão só porque não dispõe de legitimidade conferida pelos seus pares e, portanto, necessita de exercer o seu múnus (transitório, repete-se) beneficiando da legitimidade do Grão-Mestre.

Mas, em situação normal, o Venerável Mestre em funções exerce as mesmas porque foi eleito pelos obreiros da sua Loja para assegurar esse exercício. Exerce, portanto, o seu ofício, em representação dos obreiros da sua Loja, que o elegeram para tal. Em exercício normal de funções, o Venerável Mestre da Loja não tem a sua legitimidade por designação do Grão-Mestre, obtém-na por manifestação da vontade coletiva dos obreiros da sua Loja. E, portanto, é a estes que representa.

Uma afirmação descritiva da Maçonaria de que gosto muito, e que frequentemente utilizo, é a que reza que Maçonaria é um maçom livre numa Loja livre. É uma conceção da Maçonaria que preza e afirma o essencial da Maçonaria e da trilogia que tantas vezes, e orgulhosamente, proclamamos: Liberdade - Igualdade - Fraternidade.

O maçom livre junta-se a outros maçons, também livres e, em conjunto, formam uma Loja livre. Livremente a formam e nela atuam. As limitações à liberdade de cada um são por eles fixadas e assumidas e aceites, em ordem à serena e cabal organização, decisão e atuação coletiva. No seio da Loja que todos livremente formaram ou a que livremente aderiram, todos têm um estatuto de perfeita Igualdade. E a sua atuação pauta-se pela indispensável Fraternidade. Quando isto está reunido, faz-se Maçonaria. E a lideraqnça que em cada momento é exercida resulta da Liberdade de todos, da Igualdade de todos, da escolha efetuada por todos em perfeita Fraternidade. O líder, o Venerável Mestre, no exercício normal de funções recebe a sua legitimidade de quem o elegeu e a quem, assim, representa.

Portanto, em bom rigor, a natureza das coisas é que, apesar de estar escrito em regulamento que em Loja o Venerável Mestre representa o Grão-Mestre, na realidade o Venerável Mestre representa os obreiros da sua Loja, designadamente perante o Grão-Mestre.

Porque existe então a mencionada norma regulamentar? Porque, tal como os maçons sabem que não são perfeitos e necessitam continuamente de se aperfeiçoar, também as suas obras, e escolhas, necessitam de constante aperfeiçoamento. Esta norma em concreto é um resquício de uma dada conceção de Grande Loja, que não é a única e que compete com outra conceção de Grande Loja. O regulamento da GLLP/GLRP, tal como - não tenhamos dúvidas! - os regulamentos de outras Obediências maçónicas, é o resultado de compromisso, balanço, evolução, equilíbrio entre duas conceções de Grande Loja ou Grande Oriente, uma mais centralizadora que outra.

Mas isso será tema para esmiuçar em mais um par de textos que hão de vir!

Fonte: http://a-partir-pedra.blogspot.com.br

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

JÓIAS, PARAMENTOS E SUBSTITUIÇÃO

(republicação)
Questão apresentada em 12 de outubro de 2.010 e recuperada em 06 de abril de 2.013. O Respeitável Irmão Cleber Barros Cunha, Orador da Loja Acácia de Acesita, 2.229, GOB, REAA, sem declinar o nome do Oriente (Cidade) e Estado da Federação, apresenta a seguinte questão:
cleberbcunha@uol.com.br 

Foi-me perguntado sobre quais paramentos o Vigilante usaria no caso de substituir o Venerável em uma sessão normal (não Magna). A princípio, poderíamos dizer que o 1º Vigilante usaria os paramentos do Venerável, o 2º Vigilante usaria os paramentos do 1º Vigilante e o Experto usaria os do 2º Vigilante. Entretanto, lendo e relendo os rituais, especificamente no ritual de Grau 3, à página 35, lemos que os paramentos de Venerável Mestre e Respeitabilíssimo Mestre são sempre usados pelo titular do cargo em sua Loja ou em visita. Sabemos também que o Esquadro é a joia específica do Venerável. Assim sendo, partindo destas colocações, no caso da ausência do Venerável, o 1º Vigilante em o substituindo, usaria os seus próprios paramentos e joia correspondente a ele (Nível). O 2º Vigilante substituiria o 1º Vigilante usando os seus paramentos (2º Vigilante) e sua joia (Prumo). O Experto substituiria o 2º Vigilante utilizando seus próprios paramentos e sua própria joia (o Punhal). Complica quanto ao substituto do Experto: qual paramento e joia este utilizaria? Isto também vale para somente o caso das substituições dos Vigilantes pelos Expertos? Resumindo: quem substitui, leva consigo os seus paramentos e joias (para este caso específico). Correto?

CONSIDERAÇÕES:

Embora eu tenha recuperado essa questão perdida em 2.010, recentemente respondi uma questão parecida com essa e acabei recebendo alguns questionamentos pelo que acabei revendo a minha posição. 

Por tudo que foi dito e debatido, penso que de acordo com as tradições da Maçonaria, o que primeiramente identificava o cargo era a joia distintiva. Nesse embrolho todo adquirido com paramentos distintos, Mestres Instalados em ritos que não possuem o costume, mas que foram impostos por Lei, aventais diferenciados para Vigilantes, etc., seria mais prudente idealizar o seguinte: nas eventuais substituições precárias, a joia deve permanecer como identificadora do cargo, já que para aquele lugar em Loja ela é a conhecida correspondente. 

Bem sei que isso até é contraditório, porém em uma escala de valores, o fato é pelo menos de menor contradição. O que eu não posso concordar é que o Primeiro Vigilante não seja o substituto imediato do Venerável como alguns Irmãos assim defendem, achando que somente um Mestre Instalado pode fazer isso. 

Ora, Mestres Instalados originalmente não existem no Rito Escocês Antigo e Aceito. Essa norma foi copiada do Craft inglês e americano e enxertada no GOB a partir de 1.968. Na França (origem do rito em questão) instalação significa simplesmente posse, enquanto que um Venerável que deixa o veneralato é simplesmente o ex-Venerável. 

Aqui no Brasil alguns ainda defendem que o Mestre Instalado é uma espécie de Grau. Ledo engano, ele é apenas um título distintivo. 

Retomando e sem a intenção laudatória, parto do seguinte raciocínio: um substituto eventual deve usar a joia do cargo que ele está substituindo. O Segundo Vigilante assumindo o cargo do Primeiro, usa a joia do Primeiro; o Primeiro Vigilante substituindo o Venerável usa a joia de Venerável; o Experto assumindo o cargo do Segundo Vigilante, usa a joia do cargo que está sendo substituído. Um substituto do Orador usa a joia do Orador; do Tesoureiro, a do Tesoureiro; do Cobridor, a do Cobridor, e assim por diante se for o caso. 

Se eu estou correto, não sei, todavia penso ser a intenção mais adequada. Se a joia for efetivamente privativa do eleito, ou do nomeado, na eventual falta do titular, dependendo do caso, não existirá sessão. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.032 - Florianópolis (SC) – segunda-feira, 01 de julho de 2013

FRASES ILUSTRADAS

O MALHETE E O SEU MANEJO

Ir∴ Marcos A. P. Noronha
O malhete, que é um martelo de madeira, representa na Maçonaria a autoridade, por isso é utilizado pelo Venerável Mestre, que é o Presidente da Loja e, por consequência, preside os trabalhos maçônicos, e também pelos Primeiro e Segundo Vigilantes, que são os Primeiro e Segundo Vice- Presidentes da Loja, respectivamente. Somente essas três Luzes da Loja fazem uso de malhete.

O malhete “é o símbolo da vontade ativa, da energia posta a serviço da inteligência esclarecida pelo coração”. É dessa forma que o malhete deve ser manejado, principalmente pelo Venerável Mestre: com solidez e segurança, mas com moderação, sem estrondos, para assim demonstrar equilíbrio, serenidade e responsabilidade. Pelo som dos malhetes, pode-se avaliar o grau de comprometimento com a Ordem daqueles que o manejam.

Não é demais recordar que a autoridade de uma Loja é exercida pelo Venerável Mestre e pelos Vigilantes, pois como prescrito no Landmark No 10, dos que foram compilados por Albert Gallatin Mackey, uma Loja será sempre dirigida por três Luzes.

O Irmão Pedro Juk, em uma resposta a uma questão que lhe fora apresentada, afirma que:

“Na mitologia nórdica o malhete era uma ferramenta que tinha por objetivo a elevação da força natural do ser humano. Por isto passou a ser o símbolo da força e do vigor. Com sua origem na Maçonaria Operativa, o malhete é na Loja um símbolo da força superior, da responsabilidade e da ordem do Venerável Mestre e dos Vigilantes. Ele representa a execução das leis, o manejo da ordem através do ritmo das batidas. Com a batida do malhete todas as reuniões são iniciadas e terminadas. À batida do malhete no Templo ou num trabalho maçônico, todo maçom terá que obedecer sem contestação.”

Se acontecer uma batida do Venerável Mestre, não prevista no Ritual, a informação, trazida por uma forma de se comunicar maçonicamente, quando a Loja está aberta, é a de que ele está solicitando a atenção dos Irmãos, principalmente, dos Vigilantes. Este pedido de atenção pode, também, acontecer se ele aumenta a intensidade (devendo, mesmo assim, atender ao quesito de serenidade e equilíbrio).

Salientamos que a Loja está aberta quando a Sessão teve início formal, o que ocorre no Rito Escocês Antigo e Aceito após a abertura do Livro da Lei e a leitura pelo Irmão Orador, na parte prescrita no Ritual do Grau da Sessão.

Quando o Venerável Mestre ou os Vigilantes estiverem fazendo o Sinal e, de acordo com o prescrito no Ritual, tiverem que bater com o malhete, devem completar o Sinal, dar a batida recomendada pelo Ritual, com a mão direita, e voltar novamente ao Sinal. É de bem ressaltar que não se deve bater o malhete, empunhando-o com a mão esquerda.

O nosso Irmão Pedro Juk afirma, ainda, que: “Com o Malhete não devem ser feitos sinais ou saudações maçônicas. O malhete deve estar sobre a mesa quando o titular se colocar no Sinal.”

Quando da Saudação Maçônica, o Venerável Mestre e os Vigilantes devem pousar o Malhete sobre a mesa e executarem a bateria maçônica com as mãos, dando a batida do Grau com a mão direita na esquerda que deve estar parada, na horizontal formando um ângulo de 90º com o braço e o antebraço. (Rito Escocês Antigo e Aceito).

Quando o Venerável Mestre, ou o 1º Vigilante, ou mesmo o 2º Vigilante, deixar ritualisticamente o seu lugar, de acordo com o Ritual, o malhete permanece sobre a mesa e estes lugares não serão ocupados por outro Irmão.

Recordamos que há uma situação em que os malhetes são batidos incessantemente: ocorre quando o Grão-Mestre entra no Templo até a chegada em seu lugar no Oriente, estando a Loja aberta.

Portanto, a título de conclusão, ressaltamos que as batidas com o malhete, efetuadas pelo Venerável Mestre, expressam como está sua preparação, vibracional e energética, para conduzir os trabalhos da Sessão. As batidas não podem ser tão vigorosas e fortes que indiquem um desequilíbrio emocional, nem tão pusilânimes que demonstrem falta de energia ou, ainda, falta de comprometimento com o trabalho que está conduzindo. Assim, as batidas de malhete, efetuadas pelo Venerável Mestre devem atender ao prescrito no Ritual, com a devida intensidade e vibração.

Fonte: Diálogo Maçônico nº 001