O SALMO 133
Ir.’. Valdemar Sansão
O amor
fraterno é dom de Deus, como o
orvalho que impregna. “É a graça de Deus que faz habitar unidos
os irmãos”. (Santo Agostinho).
Significado – Dentre os livros do Antigo
Testamento, o livro dos Salmos
contribui para a edificação pessoal,
como base da devoção familiar, como
o livro de consolação e oração, como
guia nos ajuda a submeter-nos à vontade de Deus nas horas de alegria e de
tristeza.
Qualquer que seja sua
situação, cada qual encontra nesse
livro Salmos e palavras que se aplicam à sua situação e lhe são apropriadas
como se fossem escritas somente para ele.
Os Salmos são uma
coleção de cento e cinquenta poemas de louvor, reunidos num só livro,
para serem cantados durante as solenes cerimônias do Templo de Jerusalém, com acompanhamento de instrumentos de
corda, sopro e percussão. Eles refletem a sabedoria judaica, a piedade e as crenças populares do
povo de Israel.
Mais tarde
descobriu-se que, mesmo sendo poeta, escritor, músico, cantor e
organizador do culto divino, Davi
compôs não mais do que trinta Salmos.
Os outros foram sendo compostos desde a construção do Templo, mil anos antes de Cristo, até 350 anos antes de Cristo. A maioria dos Salmos dirige-se a Deus, sendo, portanto, uma
verdadeira oração.
O Livro dos Salmos
descreve, como louvor, a criação e demais acontecimentos
históricos, iniciando com a criação
e concluindo com o cativeiro. Outros
são meditações, reflexões sobre a
vida, exortações dirigidas ao povo, às pessoas e às outras criaturas. São os mais diversos pensamentos
humanos cantados nas mais diferentes situações: Lamentações, tristeza, dor, penitência, confiança, esperança,
agradecimento, louvores, alegria, exultação, advertências, fé e adoração.
O Salmo 133, por exemplo, nos ensina a entrar em
profunda comunhão de amor e paz. Na
abertura dos Trabalhos do Grau I – Aprendiz
Maçom no R.E.A.A., é lido por ocasião da abertura do Livro Sagrado, é o Salmo 133, que
exalta a união entre os Irmãos. O
Oficiante ajoelha-se, abre o Livro
Sagrado e lhe faz a leitura, emprestando
à sua voz todo sentimento, respeito
e veneração.
Hinos e cânticos espirituais são
usados na Liturgia, alguns até muito
antigos e venerandos como o “Glória”, mas nenhum se compara aos Salmos
bíblicos, que nos ajudará a entrar
no clima de recolhimento, necessário
para uma boa oração e até mesmo a nos preparar para fazer uma leitura bíblica, de onde desejamos extrair a Palavra
de Deus para que ilumine nossa vida.
Por isso, o estilo musical dos
Salmos é diferente, mais sereno, mais meditativo, mais recitativo.
Curiosidades - Eis algumas curiosidades a respeito
dos Salmos: - O estilo poético dos
judeus é bem diferente do nosso. Nós
costumamos fazer rimas alternadas em cada verso, metrificamos as frases, colocamos
o verbo no fim e cadenciamos os acentos tônicos. Tudo isso dá um efeito poético. A poesia dos Salmos está em repetir a mesma coisa com palavras
diferentes, como, por exemplo: “Tua Palavra é luz para os meus passos, é uma lâmpada brilhante em meu
caminho”.
O
menor Salmo é o 117, com dois
versículos apenas. O maior é o 119
com 176 versículos.
O Salmo 133 –“Oh! Como é bom e agradável
viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que
desce sobre os montes de Sião. Ali
ordena o SENHOR a sua bênção, e a
vida para sempre”. As comparações devem ser entendidas desde a
perspectiva do gosto oriental. O
óleo, agradavelmente perfumado, que vai pingando devagar da cabeça
para a barba, era considerado não
somente pelos israelitas, mas também pelos egípcios e gregos da antiguidade
como algo belo e delicado. Igualmente a barba longa e ondulada era para os
orientais (e continua até hoje) sinal
de beleza e dignidade viris.
O poema entra no nó
da questão e busca suscitar atenção e participação como a vivacidade da exclamação
com que frisa o fato de irmãos porque o Mestre é um só, e todos somos irmãos e,
era habitarem juntos exemplo mais belo e agradável.
Composição do Salmo 133 – Para compreender o real significado
do Salmo, devem-se conhecer os
elementos que o compõe:
Davi - tem-se o Rei Davi como autor do Salmo 133. O Rei (viveu provavelmente entre 1015 a 975 a.C) era tido como o grande
cantor dos cânticos de Israel e autor de vários Salmos.
Óleo - o óleo era utilizado na cerimônia
de unção dos Reis e Sumos Sacerdotes.
Esses eram ungidos com um óleo especial,
o qual era derramado sobre suas cabeças,
e dessa forma, eram considerados ”purificados” e “sagrados” para exercer suas funções.
Hermon – montanha considerada sagrada pelos
judeus e chamada pelos árabes de “montanha
nevada”. Localizada ao norte de
Israel, marca a divisão geográfica
entre Israel, Líbano e Síria. Pela sua altitude (mais de 2.800 metros), seu cume está sempre coberto de neve, o que gera um orvalho que literalmente “rega” toda a região ao seu redor, sendo por isso a região mais fértil
de Israel.
Monte de Sião – ao contrário do que alguns possam pensar Sião não
é Hermon. Ambos os pontos são
extremidades de Israel, sendo Hermon
a extremidade Norte e Sião a extremidade Sul. Sião foi o local escolhido pelos judeus para servir de sede, sendo a região onde se encontra
Jerusalém (daí a origem do termo
“sionista”). Após Sião, o que se vê é o deserto.
Aarão - irmão mais
velho de Moisés e primeiro Sumo Sacerdote de Israel, através do qual se originou a linhagem de Sumos Sacerdotes. Aarão era o porta-voz de Moisés (que
possuía problemas de dicção,
provavelmente gago ou fanho) e
servia de Orador dos judeus junto ao Faraó.
Na tradição judaica, Aarão
participou do episódio do bezerro de ouro.
Esclarecendo – Os Irmãos que Davi se refere são
provavelmente, o povo de Israel, divididos em suas tribos e espalhados
entre Hermon e Sião (limites de Israel), mas todos vivendo em união. Davi relembra, então, a unção de
Aarão como primeiro Sumo Sacerdote de Israel, momento que selou o compromisso entre o povo de Israel e seu Deus. Dali nasceu a nação que Davi
representava e defendia. Tal unção
que abençoava Israel podia ser vista
também em sua terra: a neve do cume
de Hermon transforma-se em orvalho,
que desce o monte e se transforma em um ribeirão, Banias, o qual desagua
no Rio Jordão, esse que liga Hermon
até a outra extremidade de Israel,
os Montes de Sião, antes de desaguar
no Mar Morto.
Todas as tribos de
Israel estavam espalhadas de Hermon a Sião,
sempre próximos às margens do Rio Jordão. “Jordão” significa exatamente isso, “que desce”. O Rio Jordão,
alimentado pelo orvalho de Hermon,
desce até a extremidade sul de Israel.
Sião, distribuindo suas bênçãos, assim como o óleo precioso que desce
da cabeça de Aarão até a orla de suas vestes.
Por fim, Davi afirma que, Sião (Jerusalém) é “ungido” pelas águas que vem de Hermon
porque foi o lugar escolhido por Deus para que o povo judeu habite eternamente
conforme suas bênçãos.
Com esse Salmo, Davi disse ao seu povo que eles
deviam permanecer unidos e obedientes às ordens vindas de Sião, pois essa era a vontade de Deus desde
a unção de Aarão, comprovada pela
bênção da água, que sai o alto de um
monte e percorre 190 km de distância, derramando
bênçãos por onde passa, até chegar a Sião.
Concluindo – Assim se fecham as ideias do Salmo
133. Hoje, conhecemos um manancial inesgotável de pesquisas, há uma riqueza de informações imensa, que está à disposição da ciência, não temos o desafio da caminhada no
deserto rumo à terra prometida, enfrentamos
o desafio diário da violência, da
ira, da descrença; a agrura, a aflição, a
insatisfação; nosso povo exaurido, crise aguda de corrupção, resultando em desvios estimados em R$
bilhões e um abismo entre o péssimo gerenciamento e as aspirações populares e o
sistema político corrupto. Deu no
que deu.
Entretanto, ao observarmos e praticarmos os
ensinamentos bíblicos de suas mensagens,
sem atritos, com perdão, muitas amizades, grande paz e seguindo o caminho correto, sem medo e com muita ajuda recíproca entre os humanos.
Para vencê-los, precisamos tão somente
de união, da vida em fraternidade
entre irmãos. O homem justo e
fraterno receberá a retribuição divina, na
forma de benção e vida para sempre.
Praticar a fraternidade é estar
preparado para comparecer diante do Senhor e a retribuição será a benção de
Deus e a vida eterna. Assim foi, é,
e será com todo Poder e toda a
Glória.
excelente
ResponderExcluirÓtimo explicação Deus abençoe sua vida pastor José Valdir.
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