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terça-feira, 31 de maio de 2016

O INCENSO

O INCENSO

Alfredo Roberto Netto

Durante séculos o uso do Incenso (do latim: “incensu”), é um procedimento comum em diferentes cultos espiritualistas, principalmente, no Oriente, ocupando uma função importante com finalidades bem definidas.

É composto por materiais aromáticos, chamados bióticos (originados por seres vivos, no caso plantas) que liberam fumaça perfumada quando queimados. O “incenso” refere-se à substância em si, mais do que ao cheiro que ela produz.

É composto de materiais provenientes de plantas aromáticas, muitas vezes combinados com óleos essenciais. As formas do incenso têm mudado com os avanços da tecnologia, as diferenças de cultura subjacente e a diversidade das razões para queimá-lo.

O uso do incenso se originou no Antigo Egito, onde as resinas de goma e as oleosas de árvores aromáticas foram importadas das costas da Arábia e Somália, para serem usados em cerimônias religiosas.

Segundo alguns autores, o incenso egípcio resultava de uma combinação de 16 ingredientes, processados de acordo com fórmulas místicas. O Incenso egípcio era feito com ingredientes como mel, vinho, passas, resina, e servia tanto para fins místicos como medicinais.


Os hindus sempre foram apaixonados por aromas agradáveis, e a Índia (nos tempos antigos) sempre foi célebre por seus perfumes. A importação de incenso da Arábia foi uma das primeiras, mas outros materiais aromáticos, também, eram usados: benjoim, resinas, cânfora, sementes, raízes, flores secas e madeiras aromáticas. O sândalo era um dos itens mais populares da época. Esses materiais eram queimados em rituais públicos ou em casa.

Entre os gregos, começou a ser difundido no século VIII a.C., vindo da Fenícia. Com os budistas, surge por volta do século VII a.C. e junto com os perfumes, constituía uma das sete oferendas sensoriais, que formam um dos sete estágios de adoração. Com os Romanos, foi muito utilizado na Festa do Pastor, junto com ramos de oliveira, louros e ervas, bem como mirra e açafrão. Os Cristãos foram os que mais demoraram a adotar o incenso em seus ritos. Só após o século V, seu uso foi aumentando lentamente. Por volta do século XIV, tornou-se parte da Missa Solene e outros serviços.

Na seita Islâmica, não há referência ao seu uso no sentido religioso, mas a tradição nos mostra que o seu perfume pode ser usado como uma referência aos mortos.

É presente em outros cultos como um acessório comum às cerimônias mágicas, para neutralizar as energias negativas, por exemplo, ou usado nos métodos de encantamentos.

Na antiguidade, ainda, encontramo-lo nos Templos Persas, nas cerimônias de Mitra e, ainda que em diferentes formas, nos Templos Xintoístas, Chineses e Japoneses.

Na atualidade, é parte dos procedimentos da igreja romana, de algumas anglicanas, nos cultos de origem africana, assim como orientais mais recentes.

Nos tempos antigos, o incenso era uma substância tão desejável e valiosa, que seus ingredientes se tornaram itens importantes no comércio. Caravanas, viajando nas rotas de comércio, traziam-no de países distantes. Relata o Velho Testamento que José, o jovem filho de Jacó, foi vendido para comerciantes ismaelitas, que vinham “desde Gileade, e seus camelos carregavam ládano e bálsamo, e casca resinosa, indo levá-los para o baixo Egito” (Gênese 37:25). A procura de incenso se tornou tão grande, que a rota de olíbano, sem dúvida, estabelecida por mercadores de incenso, aumentou o número de viagens entre a Ásia e a Europa.

Entre os antigos israelitas, queimar incenso era um dos principais deveres sacerdotais no Tabernáculo. Jeová, Deus, prescreveu quatro ingredientes para serem misturados e queimados no Tabernáculo: “Toma para ti perfumes: gotas de estoraque, e onicha, e gálbano perfumado, e olíbano puro. Deve haver a mesma porção de cada um. E tens de fazer disso um incenso, uma mistura aromática, trabalho de fabricante de unguento, salgado, puro, algo sagrado. E um pouco dele tens de reduzir a pó fino e tens de pôr um pouco dele diante do Testemunho na tenda de reunião” (Êxodo 30:34-36).

As substâncias, usadas atualmente, nem de longe lembram as especiarias aromáticas com as quais o incenso era fabricado no passado, como gálbano, estoraque, onicha e olíbano. Se há uma leve semelhança, ela reside na forma obscura da fabricação, o que, provavelmente, justifica as restrições da ciência atual. No passado, o incenso era preparado secretamente por sacerdotes.

Em nossa Ordem, o incenso é parte integrante do Rito Maçônico Inglês, onde um Irmão, denominado de Turiferário (o recipiente em que se queima o incenso é chamado incensário ou turíbulo), tem a função de incensar todos os Irmãos em procedimentos pré-determinados. No R\E\A\A\, costuma estar presente em pedestais, denominados Altares dos Perfumes, durante o curso das atividades.

Mas seu uso não é de consenso, pois é comum encontrarmos Irmãos contestando sua presença e função, assim como artigos profanos, até científicos, afirmando-o como perigoso e indutor de doenças de diferentes gravidades.

Há, no entanto, uma realidade oculta que fundamenta sua utilização, expressa em tratados esotéricos de diferentes linhas de pensamento.

Sabe-se não existir matéria morta, pois tudo se transforma, mas todos os seres e todas as coisas da natureza possuem e irradiam suas vibrações ou combinações de vibrações. Cada elemento químico tem, portanto, suas influências peculiares, úteis em determinado sentido, inúteis ou mesmo nocivas em outros.

Desta forma, é possível, ao se misturarem determinadas substâncias a serem queimadas como incenso, estimular, intensamente, as emoções puras e nobres, tanto quanto outras misturas podem induzir sentimentos indesejáveis.

O incenso, usado em Loja, tende a purificar a parte da natureza do homem, chamada de Corpo Astral, e, além disso, atrai seres cujas presenças favorecerão os trabalhos e afasta entidades não-afinadas com o momento, à custa de suas vibrações.

Segundo alguns textos ocultistas maçônicos, as substâncias, que melhor se afinam com nossos trabalhos, são o Benjoim, o Olíbano e a essência de Rosas.

O Benjoim é um bálsamo aromático, extraído do estoraque ou da Styrax benzoin, conhecido como Benjoim de Sumatra ou da S. tonkinensis, ou outras espécies de Styrax, conhecidas como Benjoim de Sião. O nome “benjoim” vem do árabe “luban jawi”, que significa “resina de Java, incenso”. Esse termo foi entendido pelos europeus como “benjawi”, mais tarde como “benjamin”, e, então, “benzoin”. Na Índia, a fragrância do benjoim é sagrada para a Tríade Brahma-Shiva-Vishnu, enquanto os malaios a utilizam para espantar os demônios durante suas cerimônias de colheita do arroz. A propriedade antisséptica da resina de benjoim é conhecida na Malásia há séculos. No século 14, o viajante marroquino Ibn Batuta chamou a espécie Styrax benzoin de “olíbano de Java”, por causa da semelhança de suas propriedades com o olíbano usado desde os tempos bíblicos. O benjoim, até hoje, é usado na fabricação de incensos apreciados tanto pelos muçulmanos e hindus, quanto pelos cristãos. É um potente purificador, com a capacidade de dissolver pensamentos sensuais grosseiros e emoções negativas.

O Olíbano, também, conhecido como franquincenso, é uma resina aromática muito usada na perfumaria e na fabricação de incensos. É obtido de árvores africanas e asiáticas do gênero Boswellia. Ele, por sua vez, sem produzir o mesmo efeito, permite um ambiente sereno e devocional, estimulando, no Corpo Astral, emoções que permitem aos Irmãos responderem às influências superiores.

A essência de Rosas potencializa e completa a eficácia do efeito produzido por ambos.

Esses elementos podem ser potencializados enormemente quando magnetizados. Se o Venerável Mestre, no momento de introspecção e preparo, que deve realizar antes dos trabalhos e que o conecta com a entidade responsável espiritual da Loja, magnetizar os elementos, usados nos trabalhos, pode aumentar, em muitas vezes, seus efeitos, o que permitirá um rito mais Justo e Perfeito.

O uso do Incenso, como se buscou demonstrar, não somente é potente e eficaz instrumento de harmonização e união dos obreiros, como também elo de contato com os Planos Maiores da Vida, responsáveis pela missão da Maçonaria.

Seu uso permite que a Maçonaria e o trabalho de seus obreiros sejam de acordo com a missão a que foi destinada, servindo à Luz e expargindo-a no Plano Denso e Material em que vivemos.


Matéria extraída da Revista Arte Real, uma publicação e comercialização de assinaturas da Grande Loja Maçônica do Estado de Mato Grosso. www.glemt.org.br –revistaarte@entreirmaos.net e glemt@glemt.org

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