Páginas

PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O SIMBOLISMO DA INICIAÇÃO

O SIMBOLISMO DA INICIAÇÃO

INTRODUÇÃO

Sendo a Maçonaria uma Escola Iniciática, o ingresso de um novo membro se dá através de um Ritual que tem por objetivo trazer ao Iniciado uma nova perspectiva sobre a razão de sua existência, despertar gradativamente, através de símbolos e alegorias, a busca da consciência e da verdade no Iniciado.

Através da Iniciação, se pretende dar ao Iniciado uma responsabilidade maior, não somente como ser humano com vida espiritual, mas também como homem e cidadão. Na Maçonaria, o termo “Iniciado” é traduzido como “ Colocado no Caminho”. A Iniciação é um Ritual de Passagem, onde o profano morre para o mundo dos preconceitos e vícios, renascendo para a Luz, que aqui simboliza o conhecimento e a consciência da realidade, advinda destes conhecimentos.

Basicamente, a Iniciação pode ser dividida em dois momentos:

Primeiro: O acolhimento do Iniciado na Ordem, o seu ingresso formal na Ordem, a recepção do candidato.

Segundo: A transformação espiritual e renascimento do Iniciado, realizados através do processo Ritualístico da Iniciação, onde são empregadas alegorias e provas simbólicas.  Este segundo momento é o que diferencia uma Organização Iniciática das Associações e Agremiações comuns existentes na nossa sociedade.

Através da Ritualística empregada na Iniciação Maçônica, procura-se suscitar o renascimento do Iniciado para uma nova vida em que o homem livre e de bons costumes, isto é, o cidadão com a essência necessária para permitir a transformação é orientado para a descoberta e correção das suas imperfeições, de forma a tornar-se elemento de formação de opinião ética e transformação social.

PREPARAÇÃO DO CANDIDATO

A Iniciação propriamente dita, tem início com a introspecção e meditação imposta ao Profano. O termo Profano é originário do latim pro: que significa fora, ou antes, e fanum: cujo significado é Templo ou Sagrado, ou seja, ao ser que ainda não recebeu a verdadeira luz, ao homem ainda não iniciado. Este é, em nossa interpretação, o momento de maior valor em toda a ritualística da Iniciação, base para toda a transformação esperada no iniciado.

Desde que é trazido de sua casa, o profano tem os olhos vendados, e assim permanecerá por quase todo o tempo, até que receba a luz. Esta venda não é simplesmente o símbolo do estado de ignorância ou cegueira, de sua incapacidade para perceber a verdadeira Luz. Como preparação para ser admitido no Templo, é evidente a necessidade de uma constituição da obscuridade da câmara de reflexões, uma cegueira voluntária, um isolamento das influências do mundo exterior e da luz ilusória dos sentidos como meio para chegar à percepção espiritual da Verdade.

Depois são retirados todos os bens de valor do candidato, simbolicamente chamados de “metais”. Isto tem o significado de despojá-lo dos seus bens materiais, é como matá-lo no mundo profano, retirando-lhe tudo aquilo com o que tem se preocupado até então, ou seja, a matéria, as coisas transitórias.

Então o candidato é simbolicamente despido. O braço e lado esquerdo do peito e a perna direita (até o joelho) ficam desnudos, o que se chama simbolicamente de “nem nu nem vestido”, ou o “triângulo da nudez” em alguns ritos. Isto significa, para além do óbvio que é expor o candidato a uma situação constrangedora, assim pressupondo expor suas vaidades, que o candidato deve também se livrar do orgulho intelectual que o impede de reconhecer a verdade (lado esquerdo do peito), assim como da insensibilidade moral que o impede de praticar as Virtudes (perna direita).

É na Câmara das Reflexões, simbolicamente chamada de “A primeira viagem”, a prova da terra, que esta reflexão deve acontecer. Alguns autores inclusive a associam ao útero, ao ventre em que se dá a transformação do neófito para o seu renascimento na luz. A mesma analogia é feito ao se chamar o período na Câmara das Reflexões de prova da terra, pois é a terra o “útero’ da semente que originará a nova planta, aliás, o termo neófito vem de neo (novo) + fito (planta).

Então, com o propósito de suscitar a reflexão sobre a morte profana e o renascimento maçônico, a Câmara é decorada com símbolos fúnebres, dizeres intimidadores e também é o momento em que o candidato assina seu testamento. Ou seja, a Câmara ao mesmo tempo pressupõe ser o túmulo para a vida profana e a incubadora para a vida de iluminação.

À PORTA DO TEMPLO

Uma das essências do iniciatismo é o símbolo da porta. Ela não é uma coisa nem outra e ao mesmo tempo é as duas coisas que ela separa. Neste momento então que o candidato está à porta, simboliza seu estado intermediário, em que ainda é um profano, mas por ter passado por sua primeira prova e ter sido incentivado à reflexão já dá sinais de aptidão a receber a luz, o conhecimento, portanto, lhe é franqueado o acesso.

Neste momento também, sentindo a espada sobre o peito, esperado que o candidato desperte para todos os acontecimentos que estão por vir, e sinta, que realmente sua iniciação começou, perceba a verdade, simbolizada pela espada (ainda que não a veja).

A TAÇA SAGRADA

O juramento sobre a Taça Sagrada tem um primeiro significado, mais recorrente ao próprio universo maçônico, ou seja, de lembrar do dever de cumprir as leis maçônicas, ser fiel à Ordem e manter segredo sobre tudo o que nela se passa.

Deste significado trivial surgem reflexões muito profundas e pessoais, sobre dois aspectos básicos e ao mesmo tempo extremamente complexos de serem cumpridos na vida profana. De tão simples que são e ao mesmo tempo tão importantes para a vida ética, social, pessoal, tornam-se fardos absurdos e um prélio diário e constante para cumpri-los.

Estes aspectos são a prática em palavras e ações e a defesa da VERDADE. O outro, a qualidade de ouvir e ser leal, o SEGREDO. Pensemos o quão difícil é praticar a VERDADE e o SEGREDO.

AS PROVAS e VIAGENS

A primeira das viagens é feita sobre caminhos tortuosos, cheios de obstáculos, barulhos, provações. Isto alude ao fato de que nada na vida é fácil, e mais, que todos os propósitos humanos elevados são advindos do esforço laborioso. Nesta primeira viagem também o candidato tem o contato mais próximo com o guia. Este contato lembra que estes esforços a serem feitos, obstáculos a serem transpostos e objetivos a serem alcançados não são factíveis ao indivíduo, e sim ao coletivo. Mostrando assim que o próximo, em particular o Ir∴ Maçom é alguém em que se pode confiar e contar para os momentos de dificuldade. Simboliza também a prova e a purificação pelo ar.

A Segunda Viagem é feita ao som incessante do tilintar de espadas e ruído de uma luta de espadas. O significado óbvio desta viagem é o de simbolizar a luta que há de acompanhar o buscador, o maçom erudito, no cumprimento do seu dever e na busca da verdade. É também o símbolo da luta interior, tentando vencer os preconceitos, vícios e todos os seus hábitos negativos. A Segunda Viagem termina com a purificação pela água. A água, símbolo da vida e neste particular, da humanidade, lembra que o maçom deve trabalhar em prol dela. É o primeiro contato com a Virtude essencial do maçom, que é a caridade.

A terceira Viagem é feita em absoluto silêncio, e sem qualquer obstáculo. Ela é terminada com a purificação pelo fogo, e com isso, pressupõe-se limpar o candidato de qualquer vício. Além disso, o fogo e a viagem simbolizam o empenho, o fervor que deve acompanhar o maçom no seu trabalho e na busca dos seus ideais.

Após a purificação e as provas pelos quatro elementos, terra, ar, água e fogo, há ainda a prova de sangue, Ela não ocorre de fato, mas tem por simbolismo mostrar que o maçom tem o dever de defender a Ordem, a Pátria, os IIr∴ e os ideais maçônicos com todas as suas forças.

O JURAMENTO

Como uma conseqüência lógica das viagens em que os candidatos resumidamente são expostos a conceitos como irmandade, trabalho laborioso, honra, abnegação, lealdade e outros, o Juramento é o momento solene em que o candidato se compromete diante de uma assembléia de IIr∴ a cumprir tudo aquilo que afirmou e reafirmar tudo o que passou até o momento com provas e respostas.

A imprecação deste juramento (ter a garganta cortada) obviamente não é praticável no mundo moderno, mas o sentido aqui deve ser o de jurar a si próprio, ter um compromisso interior de confiar segredos e honrar e defender seus próximos.

Neste mesmo momento do ritual acontece o ápice do ritual, o momento em que os candidatos recebem a Luz. A Luz simboliza o maior presente concedido ao neófito, o conhecimento, o espólio recebido da luta entre o homem profano e o homem maçom, o iluminado a ponto de colocar os vícios e preconceitos de lado, e buscar o conhecimento, de forma ética. É o objetivo do ritual, o momento do renascimento.

Finalmente o V∴M∴, que simboliza a Sabedoria e detém o poder para tal, sagra os candidatos, que agora tornam-se A∴M∴ Isto simboliza que somente através da Sabedoria, da busca consciente de valores elevados, é que se atinge a iluminação.

A PRIMEIRA INSTRUÇÃO

Agora, finalmente como maçons, recebem os primeiros ensinamentos. Aprendem o sinal, toque e palavra, métodos indispensáveis no reconhecimento e nas práticas maçônicas. São cingidos pelo avental, que a rigor é o único traje do maçom, o símbolo da sua incumbência, o trabalho.

Finalmente tem a primeira instrução, a alegoria do “aprender a desbastar a pedra bruta”, que simboliza o Aprendiz trabalhando no sentido de eliminar as suas imperfeições, preparando-se para ser um construtor social, lapidando-se para junto com seus IIr∴, ser elemento de transformação social. Esta alegoria encerra em si um enorme significado, de que a Luz Maçônica não é um fim, apenas uma constatação da sua insignificância, o despertar para uma nova vida de incessante e eterno trabalho de auto-aperfeiçoamento e de ajuda ao próximo como fim de sua existência.

CONCLUSÕES

O grande sentido da Iniciação é transmitir, propiciar a morte do homem profano, dando origem ao homem preparado e motivado na busca da Verdade, o maçom.

Para tanto, ele deve deixar algumas coisas e adquirir outras. O que ele supostamente deixa para trás é o vício, o preconceito, a matéria como fim e outros falsos valores mundanos. Em contrapartida ele adquiri a consciência daquilo que é real e que realmente interessa, ou seja, a instrução, o conhecimento, a busca por valores elevados como a ética, compaixão, caridade.

O que aos olhos profanos soaria como um privilégio, ou seja, ser admitido como maçom, aos olhos deste e em particular ao iniciado deve soar como um compromisso solene de buscar aperfeiçoar-se para assim poder auxiliar o seu próximo, construindo assim um mundo melhor.

Bibliografia:

  • Estudos Maçônicos sobre Simbolismo: Aslan, Nicola
  • O Grau de Aprendiz e seus mistérios : Adoum, Jorge
  • Do Meio Dia à Meia Noite :
  • O PURMO n° 173 – A Câmara de Reflexões : Ir∴Alexandre Pinter – Tubarão SC
  • O PRUMO n° 177 – Câmara da REFLESÃO/INICIAÇÃO : Ir\Eduardo Piacentini Urussanga SC


Ir∴Júlio Torniero Coelho

C∴M∴ - A∴R∴L∴S∴ PHOÊNIX N° 55 – Jaraguá do Sul - SC

Nenhum comentário:

Postar um comentário