DIVERSOS
(republicação)
Nesta Edição seguem sete blocos das “Perguntas & Respostas” :
1 - Ocupação de Cargos:
Em 09/07/2016 o Respeitável Irmão Marco Antonio Perottoni, Loja Cônego Antonio das Mercês, GORGS e Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas, GORGS, REAA, Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a questão seguinte.
perotoni.ez@terra.com.br
Saudando o Caro Irmão encaminhamos a consulta abaixo para esclarecimentos desse reconhecido Irmão.
Estamos numa discussão de procedimentos quanto à participação eventual (quando na falta de Mestres) de, em especial, Companheiros e de Aprendizes na composição de cargos em Loja. Tomamos por princípio não passarem para o Oriente, normalmente 2º Diácono, Harmonia, Tesoureiro e Chanceler, assim consultamos, ritualisticamente, é permitido eu se preencha cargos com Companheiros e Aprendizes? Ou é mais correto deixar de preencher os cargos?
Que achaste de nosso Chico da Botica comemorativo da Edição 100?
Pela atenção deixamos um caloroso TFA ou como diz o gaúcho TFQC.
Primeiro, quero me congratular com o Mano pelo informativo Chico da Botica, sobretudo pela sua centésima edição. Parabéns.
No que diz respeito a vossa questão, lembro que cargos em Loja, sob o ponto de vista tradicional da Moderna Maçonaria em sua constelação de Ritos e Rituais, são privativos de Mestres Maçons, até porque para exercer um cargo o Obreiro deve ter atingido a plenitude maçônica (conhecimento de causa).
Por outro lado, é necessária também a observação daquilo que está previsto nos Diplomas Legais das Obediências. Assim, podem existir casos, se previstos na Lei, de serem admitidos Aprendizes e Companheiros no exercício de cargos em Loja, porém isso, sob o ponto de vista da tradição, usos e costumes da Maçonaria, é um elemento contraditório – não deveria existir.
Não sei o que está previsto no Grande Oriente do Rio Grande do Sul. Já no GOB, eu posso lhe afirmar que isso não é permitido e está inclusive previsto no Regulamento Geral da Federação – cargos são privativos de Mestres.
Assim, Aprendizes e Companheiros, sob o ponto de vista da tradição maçônica especulativa, não ocupam cargos. Lembro que outra tradição e costume são de que uma Loja somente pode ser aberta com a presença mínima de sete Mestres, levando-se também em conta se a liturgia do Rito praticado pela Loja não necessita ainda de mais Mestres além dos sete previstos para a execução da sua ritualística.
Outra questão é a dos Aprendizes e Companheiros não poderem ingressar no Oriente em Loja aberta. Essa questão é iniciática e não propriamente de ocupação de cargos. Nesse sentido não existe justificativa para que os detentores dos dois primeiros Graus só ocupem cargos que por dever de ofício não careçam ingressar no Oriente. A situação é a de não poder ocupar cargos nesse caso e não a de adentrar ao Oriente.
Concluindo, na falta de número suficiente de Mestres para ocuparem todos os cargos da Loja, preenchem-se apenas os necessários para o desenvolvimento ritualístico, enquanto que os Aprendizes e Companheiros permanecem nos seus lugares de costume (topo do Norte e topo do Sul respectivamente).
2 - Pavilhão Nacional:
Em 22/07/2016 o Respeitável Irmão Antonio Sergio Nogueira, Loja Dever e Humanidade, 860, REAA, GOB-PE, Oriente Caruaru, Estado de Pernambuco, solicita o seguinte esclarecimento: antoniosergionogueira@yahoo.com.
RETIRADA DO PAVILHÃO NACIONAL.
Em uma reunião magna publica em comemoração ao aniversário da Loja, a entrada do Pavilhão pode ser na presença do publico e a saída? Já que no ritual a saída do Pavilhão é depois do Tronco de Beneficência, neste caso, a saída pode ser, ainda, na presença do publico ou só depois do Tronco e neste caso de portas fechadas?
CONSIDERAÇÕES:
O Tronco de Beneficência somente faz o seu giro em Loja aberta e apenas na presença de maçons.
No caso de uma Sessão Magna Pública, o Pavilhão Nacional em retirada, se faz imediatamente antes da saída dos não maçons. Assim sai por primeiro o Pavilhão Nacional conforme o Decreto 1476 do GOB; em seguida os convidados não iniciados; posteriormente circula o Tronco de Beneficência para, logo depois, saírem às autoridades com direito ao protocolo.
Existem alguns critérios que devem ser observados em nome do bom-senso e da liturgia. Assim, lembro que a Bandeira Nacional é a maior autoridade presente na sessão. Ela é sempre a última a entrar e a primeira a sair. Todos os Irmãos presentes na sessão obrigatoriamente participam do Tronco de Beneficência (todos são obrigados a introduzir a mão direita fechada na bolsa, retirando-a em seguida aberta). Não iniciados (profanos) não participam e nem assistem a circulação da Bolsa de Beneficência.
Dado a esses pormenores ritualísticos, justificam-se os procedimentos acima mencionados.
3 - Compasso em 45 Graus:
Em 23/07/2016 o Respeitável Irmão Sidney Jean Correia Teixeira, Loja Liberdade e Glória, 4.033, REAA, GOB, Oriente de Glória, Estado da Bahia, formula a seguinte questão: sidneymacom@hotmail.com
Gostaria de esclarecimentos sobre o Compasso aberto em 45 Graus nos Graus Simbólicos, inclusive as fontes.
CONSIDERAÇÕES:
A questão não é da abertura do Compasso, porém da forma da exposição do mesmo em relação Esquadro conforme o Grau simbólico – sob o Esquadro no Primeiro Grau, entrelaçado com o mesmo no Segundo e sobre o Esquadro no Terceiro Grau. Destarte, é sabido que o que se altera não é a abertura do Compasso, porém a posição entre um e outro instrumento sobre o Livro da Lei conforme o Grau que a Loja esteja trabalhando (Três Grandes Luzes Emblemáticas).
Geralmente a abertura do Compasso como uma das Grandes Luzes Emblemáticas (Livro da Lei, Esquadro e Compasso), sob o ponto de vista autêntico e sem qualquer conotação oculta ou mística, é de 45º (graus) de tal modo que se adapte sobre tamanho do Esquadro usado.
De modo autêntico e sem invenções esse é o uso correto.
Quanto às fontes, você pode pesquisar em rituais franceses autênticos do REAA no Grande Oriente da França e a evolução desses rituais desde o século XIX, veja também autores como Jules Boucher, Colin Dyer, Theobaldo Varolli Filho, José Castellani e suas bibliografias pertinentes; veja os fragmentos e documentos espúrios das revelações dos catecismos maçônicos no século XVIII a exemplo da exposure de Samuel Prichard e The Masonry Dissected (1730) na Inglaterra e a Ordem dos Francomaçons Traída do abade Luis Perau na França; fora as revelações eu sugiro também o autêntico Bernard Jones e o seu irrepreensível Freemasonry - Guide and Compendium, bem como Harry Carr e o seu Mason’s at Work. Por fim, Francisco de Assis Carvalho e a sua obra intitulada Símbolos Maçônicos e suas Origens.
Saliento que as exposures embora tratadas como revelações espúrias, elas serviram para a história autêntica demonstrar as primeiras práticas especulativas da Maçonaria.
Por fim, devo alertá-lo que não existe nada pronto em Maçonaria, para conclusões laudatórias há que se observar antes o método criterioso da verdade. Devo alertar que muitos autores fantasistas e inventivos já escreveram muitas bobagens a respeito, todavia desses, eu prefiro distância.
4 – Delta:
Em 25/07/2016 o Respeitável Irmão Antonio Sergio Nogueira, Loja Dever e Humanidade, 860, REAA, GOB, Oriente de Caruaru, Estado de Pernambuco, formula a dúvida seguinte:
antoniosergionogueira@yahoo.com.br
No passado, já consegui esclarecer várias outras dúvidas com o irmão e antecipadamente agradeço.
São assuntos que vira e mexe trás dúvidas.
Em nossa Loja, estamos usando dentro do Delta, por trás do Venerável o olho. Em algumas Lojas observamos a letra em hebraico IOD, neste caso, podemos usar tanto o olho como a letra em hebraico? Ou estamos errados?
CONSIDERAÇÕES.
No que diz respeito ao Ritual de Aprendiz em vigência (Edição 2009), página 14, ele apenas identifica como um Delta luminoso de fundo dourado. Todavia em se observando o Delta como parte integrante dos símbolos que compõem o Painel do Grau, página 84, ele se apresenta com a letra hebraica “YÔD”.
Nesse sentido, em se tratando do REAA∴, tanto faz, poderia ser o tetragrama completo (Iôd, Hé, Vav, Hé), ou mesmo apenas a letra “Iôd”.
O Olho Onividente, ou o que Tudo Vê seria mais apropriado para ritos de tendência racionalista, o que não é o caso do Rito Escocês.
Como símbolo da divindade o Delta, comum em todos os Ritos, é representado pelo triângulo equilátero, cujo formato é composto por três lados iguais concomitantes aos ângulos internos de sessenta graus. Enfoca, segundo Plutarco, que Xenócrates comparava o triângulo de lados iguais à divindade, diferenciando-o de outros formatos triangulares que representavam à manifestação da materialidade humana. Assim é interessante observar o método comparativo usado por Xenócrates que confrontava o perfeito equilíbrio do triângulo equilátero aos atributos divinos, enquanto que os gênios eram associados ao triângulo isósceles que possui apenas dois dos seus lados iguais e por fim os homens de uma forma geral eram simbolizados pelo triângulo escaleno que possui todos os lados desiguais, buscando assim uma ideia mais exata e possível de todas as desigualdades propostas pela Natureza.
O termo Delta – substantivo masculino (do grego: delta) se constitui na quarta letra do alfabeto grego, correspondendo à letra “D” do nosso alfabeto. Assim o Delta é representado por um triângulo equilátero que significa em geometria o que tem os lados iguais entre si, simbolizando em primeira instância os ternários ou tríades divinas aplicadas geralmente às antigas civilizações e à maioria das religiões.
Sob o aspecto do misticismo o Delta assume a conciliação dos antagônicos pelo ternário o que traduz o formato da unidade ternária e também o primeiro plano do elemento geométrico que se individualiza como elemento de unidade constituída pelo equilíbrio do número três. Por outro feitio o Delta exprime a natureza neutra e por assim ser representa o perfeito equilíbrio entre os três aspectos da divindade, cujo ápice voltado para cima simboliza as qualidades espirituais, enquanto que o ápice voltado para baixo sugere as manifestações de materialidade.
Ainda de forma ilustrativa, porém sugestiva para o estudo maçônico, o Delta é também a foz caracterizada pela presença de ilhas de formação aluvionar que geralmente possui uma silhueta triangular assentada à embocadura de um rio e que forma canais até o mar. Foi, por exemplo, pelo formato do Delta do Rio Nilo que os egípcios criaram a geometria no intuito de medir as terras férteis deixadas pelas enchentes desse Rio em sua foz. Os gregos, perscrutando a geometria, conduziram-na à Grécia e deram-lhe uma concepção filosófica de Ordem, Harmonia e Equilíbrio do Universo manifestado pelo Grande Geômetra, principio este que viria assumir mais tarde o nome Daquele que arquitetou o Universo.
Em Maçonaria o Delta é indubitavelmente um dos seus principais símbolos, sendo assim chamado de “Delta Radiante”, ou “Luminoso” localizado geralmente e de acordo com os Ritos que o adotam ao centro do Retábulo do Oriente, sob o dossel, porém na parte mais alta de tal maneira que nada possa ocultá-lo, ficando assim visível à compreensão de todos os componentes da Oficina reunida. A sua presença na Loja reproduz a compleição da divindade, ou o “Grande Arquiteto do Universo”, tomada a consideração de que o “canteiro” (Loja) de forma mística, também representa um segmento do Universo (Cosmos) – a Maçonaria é universal e o Universo é uma oficina.
Filosoficamente um triângulo isolado pode ter outras interpretações, porém no Oriente da Loja ele representa a Suprema Perfeição, o Uno, o Ser dos Seres, a Suprema Sabedoria, enfim, a todos os infinitos atributos quanto se possa referir ao “Grande Arquiteto do Universo”.
No que diz respeito ao Olho Onividente dentro do Delta e a sua concepção simbólica, para alguns autores o olho é tomado como representação do “Arquiteto Criador”, porém essa parece ser uma tese limitada de interpretação. Baseando-se nos antigos mistérios o olho, de forma simbólica, está mais de acordo com o conceito de clarividência mais elevada, o que denota a onisciência da divindade.
Em Maçonaria, o “Olho Onividente”, em linhas gerais, objetiva representar a mente onisciente do Criador que tudo vê, portanto tudo conhece e observa, vislumbrando-se num símbolo de Consciência Divina, ou mesmo Consciência Cósmica e ainda, segundo alguns místicos, de Consciência Universal.
Esse formato não implica em nenhuma conotação religiosa, porém o de um governo da Natureza e do coração do próprio Homem. Assim, de acordo com a tese, o Olho vigilante, regendo a Natureza e o Homem como parte dela integrante, dirige o funcionamento de todas as Leis Cósmicas.
Sob o aspecto dos mitos solares da Antiguidade – base da grande maioria das religiões – o Olho, entre os Persas, era a representação de Ormuz, o Sol, a Luz. Sem dúvida essa aparência é considerada como ponto de partida para tantas outras civilizações que adotaram o Olho como símbolo da sabedoria, do discernimento e do equilíbrio. Assim, na Maçonaria, o Olho associado ao Delta, ou inscrito no mesmo, é também o símbolo da Sabedoria, sobretudo apropriado para os ritos racionalistas, enquanto que aos ditos espiritualistas seria mais apropriada a presença do nome inefável de Deus que, segundo a doutrina hebraica, é constituído pelo Tetragrama inefável “Iôd, Hé, Vav, Hé”, podendo, entretanto ser representado apenas pela primeira letra “Iôd”, lembrando que na língua hebraica lê-se da direita para a esquerda.
Entenda-se então que na cultura maçônica e os seus Ritos e Rituais, uns deles seguem diretrizes de cunho racionalista e outros de cunho espiritualista (deísta e teísta).
Nesse sentido seguem alguns apontamentos sobre o fato: a formatação de trabalho de uma Loja Maçônica é regida na Moderna Maçonaria pelos conhecidos “Ritos”, assim a Sublime Instituição objetiva a reconstrução e o aperfeiçoamento do Homem, porém sua doutrina, mesmo que de modo sutil, pode se diferenciar conforme a liturgia e ritualística de um Rito específico - ou pelo apelo “espiritualista” (deísmo-teísmo), ou pelos ritos que possuem apelos do “racionalismo” – isso deve ser criteriosamente observado.
Nesse sentido segue uma breve, mas oportuna explanação sobre os fatos que abordam a vertente dos ritos espiritualistas, isto é, os teístas ou deístas.
Embora ambos preconizem a crença na existência de “Deus”, em linhas gerais, os ritos teístas promulgam a interferência do Criador diretamente nas coisas existentes, inclusive, no próprio Homem. Em filosofia, teísmo é a doutrina que admite a existência de um Deus pessoal, causa do mundo. Já os ritos deístas preconizam também a existência de Deus, porém sem uma Sua interferência direta. Em filosofia é o sistema ou atitude dos que, rejeitando toda a espécie de revelação divina e, portanto toda a autoridade de qualquer Igreja aceitam a existência de um Deus destituído de atributos morais e intelectuais, e que poderá ou não haver influído na criação do Universo.
Esses são os Ritos e Rituais deístas e teístas classificados como “ritos espiritualistas”.
Já para os ritos ditos “racionalistas”, que não devem ser rotulados como ritos ateus ou mesmo agnósticos, na sua exegese deixam aos Homens a consciência de liberdade de escolha sem que haja interferência eclesiástica e mesmo de opiniões particulares. Em filosofia o “racionalismo” tem sido a doutrina que considera ser o real plenamente cognoscível pela razão ou pela inteligência, em detrimento da intuição, da vontade e da sensibilidade.
Observação - quando aqui se apresenta o termo “religião” não há como confundi-lo com diversos segmentos de Igrejas e outros formatos religiosos, a exemplo do Cristianismo como doutrina dos que professam a crença e fé em “Jesus Cristo”, englobando o Catolicismo, os Evangélicos, os Protestantes, etc., portanto a religião Cristã implica na crença e nunca no formato doutrinário construído pelos Homens.
A crença na existência de “Deus” envolve então na hodierna Maçonaria, de forma simplificada o que se poderia chamar de “ritos espiritualistas”, já que estes propõem o aperfeiçoamento do espírito e sua prevalência sobre a matéria como uma das divisas do aprimoramento humano na construção de um templo à virtude universal.
Assim, pelas tendências dos ritos e rituais maçônicos, conforme as suas características eles se dividem em espiritualistas (deístas e teístas) e os racionalistas, que deixam aos maçons a liberdade na escolha da sua consciência religiosa.
Sob essa óptica é que no Retábulo do Oriente da Loja se faz presente o Delta Luminoso, ou Radiante. O que dentro dele vai exposto depende da tendência do Rito ou Ritual. Em sendo o Olho que Tudo Vê, ele fica mais apropriado, mas não como regra imutável, para as tendências racionalistas, já o Tetragrama, ou a sua inicial (Iôd) é mais apropriado aos de tendência espiritualista (deísta ou teísta). Assim o que é devido e correto vai da compreensão do arcabouço doutrinário proposto pelo Rito.
Dos mais conhecidos na vertente francesa da Maçonaria está o Rito Escocês Antigo e Aceito (espiritualista), o Adonhiramita (espiritualista), o Moderno ou Francês (racionalista), dentre outros.
A questão tem sido o uso correto da alegoria, pois muitos rituais tendenciosos, equivocados e enxertados têm adotado símbolos contraditórios infelizmente, já que, certos ou errados, rituais legalmente aprovados e em vigência, por força de lei devem ser criteriosamente observados. Assim, provavelmente muitos maçons ficam confusos com os significados e com a mensagem do símbolo ao se depararem com aspectos distintos e contraditórios em um mesmo Rito, o que é lamentável.
Concluindo, devo justificar a prolixidade dessas considerações. Lamento se me estendi além do necessário, mas essa foi à forma que encontrei de pelo menos não o deixar mais confuso ainda. Assim espero.
5 – Ad-HOC ou Eventual:
Em 26/07/2016 o Respeitável Irmão Antonio Raia, Loja Jesus de Nazaré, 33, REAA, GOB-PE, Oriente de Recife, Estado de Pernambuco, solicita esclarecimento para a seguinte dúvida: antonio_raia@hotmail.com
Visitando Lojas do GOB/PE, onde existem Irmãos Secretários de várias profissões, me deparei com algo para mim estranho; O irmão em sua narrativa na leitura da Ata, quando um Irmão titular de qualquer cargo se encontra ausente e outro assume o cargo, na leitura ele escreve: Secretário EVENTUAL, qualquer cargo sempre acrescido de eventual e não AD-HOC! Estará o Irmão correto? Qual a diferença de Eventual para Ad-hoc? Indaguei porque ele não usava Ad- hoc e ele disse que o relato é Maçônico e não jurídico. Que sabia o que estava fazendo, o que para mim ficou dúvida.
CONSIDERAÇÕES.
Parece-me que esse nosso Irmão pensa que sabe o que está fazendo, mas só pensa, porque o que ele esta propondo não tem nenhum sentido e vai, inclusive, em oposição aos nossos costumes.
Ad-hoc é uma das tantas expressões em Latim usadas pela Maçonaria, cuja etimologia menciona “para isso”, “para esse caso”. Assim a expressão designa o que é de propósito; de caso pensado; intencionalmente. Alude também ao que é designado, por se tratar de perito, para executar determinada tarefa.
Quanto ao adjetivo eventual, esse designa o que depende de acontecimento incerto; casual, fortuito, acidental.
Na comparação entre a expressão latina e o adjetivo, fica obvia a aplicação correta da expressão ad-hoc na Maçonaria, sobretudo quando indica aquele que é designado ou arranjado especialmente para executar determinada tarefa. Exemplos: Orador ad-hoc, Secretário ad-hoc. Na prática maçônica ela designa o Obreiro que é especialmente indicado para exercer a tarefa de um Oficial, na ausência deste, ou por exigência de momento. Ora, isso não é uma questão de eventualidade, porém de necessidade do ofício, pressupondo-se que o que irá ocupar o cargo “ad-hoc” possui competência para designar a função – não é só ocupar um lugar eventualmente, porém, cumprir as funções do ausente.
Esse costume é imemorial na Ordem e nada tem a ver com “eventualidade” - que me perdoe esse Irmão que diz que sabe o que está fazendo. Ademais, a expressão “ad-hoc” não é patrimônio exclusivo dos meios jurídicos.
6 – Ingresso de Retardatário:
Em 28/07/2016 o Respeitável Irmão Valmir José de Oliveira, Loja José Rodrigues Gomes da Silva, 2.252, REAA, GOB, Oriente de Pinheiral, Estado do Rio de Janeiro, apresenta a questão seguinte: valmir_mika@yahoo.com.br
Lendo a publicação com data de 31 de agosto de 2014, solicito ao prezado Irmão esclarecimentos quanto às duvidas levantadas na Sessão Maçônica do dia 26/07/2016 se possível.
a) Qual a maneira atualizada para o ingresso do retardatário na Sessão.
- Através de uma batida na porta do Templo;
- Pela bateria universal maçônica (Aprendiz);
b) Com relação ao uso do Capuz nas Sessões de Iniciações.
- Os irmãos deverão estar encapuzados e com as espadas ao dar-se a luz ao neófito ou não!
CONSIDERAÇÕES:
a) Como não se pode institucionalizar o atraso, eventualmente, o retardatário, não havendo Cobridor Externo dá na porta do Templo a bateria universal (de Aprendiz). Em havendo possibilidade de ingresso, o Cobridor Interno faz a comunicação de costume e os demais procedimentos são cumpridos dando a seguir ingresso com formalidade ao retardatário conforme o Grau de trabalho em que a Loja estiver aberta. Obviamente que, dependendo do Grau, o retardatário só é autorizado a ingressar se possuir Grau suficiente para participar da Loja.
Se por ventura o momento não for propício para o ingresso, o Cobridor Interno responde com a mesma bateria (universal) e o retardatário aguarda o momento de ser convidado a ingressar sem bater de volta. Não existe nenhuma bateria profana e nem aumento de bateria por Grau. Nesse caso a bateria é sempre a de Aprendiz e o retardatário deve ser membro do Quadro, ou pelo menos conhecido da Loja. Outras situações demandam de outras providências e serão passíveis de exame (telhamento) e verificação de documentação.
Ratificando, nessas situações só se bate como Aprendiz. Cabe ao Cobridor Interno verificar quem bate e informar se ele pode ou não ingressar.
b) O capuz só é usado pelo Experto durante os procedimentos na Câmara de Reflexão, cuja finalidade é a de que ele não seja reconhecido pelo Candidato que ainda não está vendado. No mais, não se usa o capuz durante a cerimônia de Iniciação, muito menos por aqueles que, dos seus lugares (nas Colunas), apontam as espadas para o Neófito no momento do “Fiat Lux”. Sugiro que seja consultado o Ritual em vigência. Há que se notar que não existe nenhuma previsão para Mestres que empunham espadas usarem capuz na oportunidade. A propósito, só empunham espadas apontando para o Neófito os Mestres Maçons que ocupam as duas primeiras fileiras do Norte e do Sul. Também, Aprendizes e Companheiros não ocupam cargos e nem empunham espadas.
7 – Letras no Painel:
Em 27/07/2016 o Irmão Durval Tavares Júnior, sem mencionar o nome da Loja, REAA, GOB-PR, Oriente de Matinhos, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:
Recebi uma gravura de um Painel. Gostaria que o Irmão me esclarecesse nele o que significa a letra S e a letra W junto as Colunas.
CONSIDERAÇÕES:
Provavelmente essa gravura deve ser à Tábua de Delinear (Tracing Board) inglesa dos Trabalhos de Emulação (Emulation Ritual) aqui equivocadamente conhecida como Rito de York.
Na verdade esse Painel acabou sendo enxertado no REAA∴ praticado em algumas Obediências brasileiras e recebeu a denominação de Painel Alegórico – pura invenção para justificar o enxerto.
Como Painel da Loja, essa gravura também pode se referir ao Rito Moderno, ou Francês que, por razões históricas, adotou muitos procedimentos dos Modernos ingleses de 1.717, dentre eles a Tábua de Delinear que na França tem o nome de Painel da Loja.
Uma das particularidades dessa Tábua de Delinear no Primeiro Grau é que nela aparecem em destaque três colunas correspondentes às três Ordens de Arquitetura Grega, Jônica, Dórica e Coríntia correspondentes à Sabedoria, Força e Beleza respectivamente. Na base dessas Colunas estão gravadas as letras W, S e B, cujos significados correspondem às iniciais inglesas de “Wisdon” (Sabedoria), “Strong” (Força) e “Beauty” (Beleza).
Finalizando, lembro que tradicionalmente o REAA não possui essa alegoria no seu Painel da Loja.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.342– Florianópolis (SC), segunda-feira de carnaval, 27 de fevereiro de 2017
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