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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quarta-feira, 25 de abril de 2018

LINGUAGEM MAÇÔNICA

LINGUAGEM MAÇÔNICA - O TRIPONTO

Existe na Maçonaria uma linguagem especial apenas compreendida pelos Maçons, e que deveria ser conservada. Todos os grupos têm o seu dialeto particular, daí a gíria escolar, militar, artística. E porque não haveria gíria maçônica?  O assunto foi trazido numa emissão radiofônica da Grande Loja da França e reproduzido em texto na Revista daquela Obediência. Dele destacamos esta passagem:
“Há, no entanto, uma linguagem que os seus construtores desejaram tão universal e imutável quanto possível. Uma aproximação com canteiros de obras operativas atuais permitiu imaginar como os Mestres de Obra de outrora conseguiram fazer-se compreender por todos os seus colaboradores, fossem esses incultos, estrangeiros ou mudos.”
“Ora, nós nos consideramos como os mantedores da tradição desses Mestres de Obra. Isto foi durante muito tempo um jogo, igualmente inofensivo, em última análise, de espalhar pelo mundo e pela cidade o “segredo dos Maçons”. A divulgação começou em 1937, por revelações de alcova, das quais são conhecidas uma dúzia de variantes. Os Maçons eram pessoas que se exprimiam por pontos, traços, números, palavras e sinais misteriosos. Como era divertido e inquietante!  As suas assinaturas falavam também, como os seus adornos vestimentários e os termos cabalísticos que se cochichavam ao ouvido, e como os gestos que entre eles se faziam, esgueirando-se pelas paredes...” 
“A língua de todos os dias e de todas as igrejas empregam centenas de símbolos; nenhuma oferece um sistema tão coerente como o nosso e, ao mesmo tempo, tão simples e tão completo...”
“Quando, em 1773, os representantes das Lojas do Reino, reunidas em Assembléia denominada “Grande Loja Nacional de França”, decidiram “construir um edifício duradouro...” dirigiram a cada Oficina um longo “convite circular” no qual empregaram um vocabulário que permaneceu o nosso, a começar por uma invocação ao G∴ADU, no qual já se sente um princípio de organização e construção.” 
“Esta invocação, a GL de França quis conservá-la. Da mesma forma que permaneceu fiel às alegorias astrais, aos símbolos operativos da régua, do nível, do esquadro, do prumo, do triângulo, da cadeia de união...” 
“Este patrimônio constitui para nós um todo e seria perigoso de se retirar ao edifício um dos elementos graças aos quais o conjunto permanece coerente.” 
“Em outras palavras, e sem que possa ser questão, um instante sequer, de dogmas impostos (mas aqueles que não tem a mínima noção de disciplina livremente consentida não podem, evidentemente, compreender), a Grande Loja conserva, para servir de quadro  aos seus trabalhos, o vocabulário fundamental da Maçonaria de outrora. Não dizemos de um momento dado da história no decorrer do qual teriam, entre nós, à imagem de certos países, submetido à Ordem a uma religião ou a uma determinada ideologia, mas dos tempos em que os Maçons podiam construir o seu próprio templo com uma relativa liberdade...”
É fundamental que a linguagem maçônica seja fielmente observada, principalmente em Loja, não só na palavra falada como na escrita. O tratamento maçônico é rígido, observando-se o uso da segunda pessoa, quer do singular ou do plural. Basta observar como são redigidos os diversos Rituais maçônicos usados no trabalho de uma Oficina.

Deve ser dada atenção também a peculiar terminologia maçônica.

Não só em nossas manifestações verbais, mas notadamente nas escritas são usados termos apropriados, como, por exemplo, Balaústre invés de ata, Prancha no lugar de carta, Coluna Gravada como proposta ou carta depositada no Saco de Propostas e Informações da maioria dos ritos maçônicos. Quando tais documentos são lidos diz-se que são decifrados, quando são escritos dizem que são gravados. Um trabalho escrito e lido pelo seu autor, dizemos tratar-se de uma Peça de Arquitetura, o que já não acontece quando se faz uma apresentação apenas verbal.

A propósito, as principais palavras usadas na Maçonaria, como o nome dos instrumentos simbólicos ou ainda, palavras próprias da nossa Ordem, elas devem ser grafadas com a sua primeira letra maiúscula, embora estejam no meio de uma oração.

Outra prática usual nos escritos maçônicos é o uso de abreviaturas, que é uma forma pela qual os Maçons escrevem certas palavras, para torna-las ininteligíveis ao leitor profano. O seu emprego deve obedecer alguns critérios. Consiste em colocar a letra inicial de uma palavra grafada em letra maiúscula e seguida de três pontos em forma de triângulo com o vértice para cima. Quando uma única inicial se prestar a confusões, deve-se empregar mais letras, minúsculas ou mesmo maiúsculas, até a vogal seguinte que será substituída pelos três pontos e desprezadas as letras restantes. Se a palavra estiver no singular, usa-se apenas uma primeira letra inicial maiúscula, por exemplo, Ir∴ = Irmão. Se ela estiver no plural usa-se a primeira letra repetida duas vezes, por exemplo, IIr = Irmãos.

As abreviaturas maçônicas datam do século XVIII, na Maçonaria francesa. Os ingleses não utilizam a abreviatura tripontuada, mas certos Rituais americanos abusam de tal forma desta semicriptografia, a ponto de se tornarem incompreensíveis. Certos Rituais no Brasil também adotaram essa prática, principalmente no Cobridor dos diversos Graus, quando é usada apenas uma letra minúscula, seguida dos três pontos, por exemplo no Grau de Aprendiz,  m∴ i c t m r. Se o Aprendiz não estiver atento quando for dada a explicação do significado dessas abreviações, dificilmente conseguirá decifra-las. Essa prática foi adotada para dificultar o entendimento não só pelos profanos como também dos Maçons de Graus inferiores ao do Ritual que as contém.  O importante a salientar é que, ao contrário do que ocorre em registros no mundo profano, onde atas e documentos NÃO devem conter abreviaturas tripontuadas, no mundo maçônico nenhuma publicação ou documento deve conter abreviações de palavras que não sejam com o uso dos três pontos, sendo incorreto abreviar “Augusta e Respeitável Loja Simbólica” como apenas ARLS, quando o correto é AR LS, ou  mesmo “Grande Oriente do Brasil” como GOB invés de GOB, ou ainda “Grande Oriente de São Paulo” como GOSP invés de GOSP

Mais alguns exemplos de abreviaturas usadas:

À GDGADU = À Glória do Grande Arquiteto do Universo;

MMAALLAA = Maçons Antigos Livres e Aceitos;

AL∴ = Ano Lucis;

AM = Aprendiz Maçom;

Apr = Aprendiz;

CM = Companheiro Maçom;

Comp = Companheiro;

EV = Era Vulgar;

Emin = Eminente;

GL = Grande Loja

GM = Grão-Mestre;

L∴ = Loja;

LL = Lojas;

M = Maçom ou Mestre, conforme o contexto;

MCCer = Mestre de Cerimônias;

MI = Mestre Instalado;

MM = Mestre Maçom;

Or = Oriente;

PM = Past Máster;

PodIr = Poderoso Irmão;

Resp = Respeitável;

RCr = Rosa Cruz;

SC = Supremo Conselho;

SFU = Saúde, Força e União;

Sob = Soberano;

SSS = Saúde, Saúde, Saúde (Três Vezes Saúde) ou ainda Sapientia, Salus e Stabilitas (significando Sabedoria, Força e Beleza, embora a tradução latina seja imperfeita);

VL = Verdadeira Luz;

Ven = Venerável;

VM∴ = Venerável Mestre;

e outras mais, conforme a necessidade, sempre com três pontos.

Na correspondência maçônica somente são usadas abreviações profanas quando ela se destinar a alguém, pessoa ou entidade profana. No meio maçônico adota-se uma linguagem apropriada e as abreviações são feitas maçonicamente, por exemplo, Pod Ir e  não Ilmo. Sr.

Maçonicamente também devem ser evitados tratamentos do mundo profano, como Dr. ou Sr., pois somos todos Irmãos, ou não somos?

João Otávio Zanini – MM - CIM nº 209,122
Loja “Lealdade e Justiça” nº 2299
Or de São Paulo.

Bibliografia consultada:

Nicola Aslan, Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, Editora Artenova S/A                                                                                                             

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