DINÂMICAS DA SESSÃO EM LOJA
Irmão Holbein M∴ M∴ da R∴ L∴ Dom Pedro IV Lagos (G∴O∴L∴) Portugal
Nesta prancha abordo uma temática
recorrente sobre a qual nunca é demais insistir. A vocação de uma loja maçónica
pode ir além dos objetivos descritos na sua carta patente; pode assumir-se como
uma inclinação para a beneficência e a filantropia, pode incidir
maioritariamente nos estudos filosóficos e esotéricos, pode incluir a ação
cívica no seio da comunidade em que se insere, pode ser mais isto ou mais
aquilo, até poderá ser uma mistura de tudo isto com outras coisas, mas jamais
poderá deixar de ser o palco onde se desenrola a construção individual de cada
um dos seus obreiros.
Esta é a vocação
primordial, o investimento principal do trabalho de uma loja maçónica. A forma
como tal se desenrola é que marca a qualidade e a longevidade de cada oficina,
mormente no que concerne ao rigoroso cumprimento da disciplina ritualística, a
par da observância das normas e regulamentos, e ao importante concurso do
diálogo pedagógico e reflexivo, o condutor da partilha de conhecimento e base
da consciência e da concórdia entre os obreiros.
Não há prossecução na
caminhada sem que se verifiquem estes aspectos, sem que o templo que recebe a
sessão seja impregnado com um ambiente distinto, propício aos trabalhos e
claramente diferente de qualquer ambiente profano. Tal fratura ou suspensão
temporal e espacial - entre lugar profano e lugar sacralizado -, é
indispensável ao evento, a essa singularidade espaço temporal maçónica.
Em sessão, não há lugar
para indisciplinas ritualísticas, posturas incorretas, produção de sons espúrios,
exageros humorísticos. Note-se que não defendemos uma sessão de participantes
múmia, de postura rígida e semblante austero, de expressões anódinas ou
ausentes, não condenamos a ocorrência de um fugaz momento espirituoso; mas a
clareza das falas, o rigor e o ritmo da prática do ritual, emoldurados pela
elegância e suavidade da coluna da harmonia, têm de ser grandiloqüentes.
Muito ajudará a este
ambiente a qualidade de uma iluminação de gradação variável que acompanhe e
enquadre a variação musical e os diferentes momentos do ritual, bem como o
total alheamento ao marcador do tempo profano, o relógio (do analógico ao
digital, incluindo o telemóvel - objectos que deviam ficar nos Passos Perdidos
e não entrar no templo). Toda esta dinâmica disciplinada visa dotar o espírito
do obreiro da necessária serenidade para atingir a concentração que potencia a
formação e a fluidez das energias fundamentais ao trabalho na Arte Real. E nada
disto é difícil de implementar e praticar, pois não?! Nota: Para esta prancha contei
com o precioso contributo do Ir∴Comp∴ Mahatma Gandhi, particularmente nos
tópicos referentes à importância da iluminação do templo e da prestação da
coluna da harmonia, para os quais demonstrou uma sensibilidade notável. A ele o
meu agradecimento.
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