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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

ESTÓRIA DA CÂMARA DE REFLEXÃO


ESTÓRIA DA CÂMARA DE REFLEXÃO
(Conto – Ficção)
Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil” – Londrina – PR


Sessão Magna de Iniciação linda! Durara quase quatro longas horas. Todos satisfeitos, apertos de mãos, abraços tríplices, elogios sem fim, alguns exagerados por parte de alguns Irmãos, mas é assim mesmo nestas ocasiões. A emoção toma conta de todos, mas com maior intensidade especialmente por parte de alguns.

Ele estava satisfeito e feliz, havia se tornado maçom, e agora um antigo sonho seu estava realizado. Seu Pai, grau 33, seu grande modelo de vida, agora no Oriente Eterno, ou onde quer que esteja estará orgulhoso do seu amado filho.

Ele fora o único candidato que se apresentou naquela Iniciação. Por ironia os outros dois não compareceram não puderam ser iniciados naquela noite.


Aliás, ele havia pensado muito neste aspecto quando ele estava na mofada Câmara de Reflexão, situada no velho porão do templo antigo. Quanta coisa lhe passou pela mente naqueles momentos e depois seguindo-se a cerimônia, até lhe tirarem a venda, quanta surpresa. Jamais pensou que ser iniciado na Maçonaria era daquela forma. Ainda estava em estado de graça, em estado alterado da mente, raciocinando normalmente, mas sem poder julgar friamente tudo o que estava se passando consigo. Será que todos os iniciados que passam por aquele lugar cheio de mofo e ácaros, ar impuro, sentem as mesmas emoções?

Foi encaminhado após a Sessão ao salão de banquete, alegre, um pouco cansado, mas muito tranquilo e feliz, admirou todos os maçons presentes todos bem vestidos ternos escuros engravatados, achou bonito estes costume, um pouco inusitado atualmente, mas sabendo que era tradicional, achou bonito.
Durante o banquete quando iniciaram os discursos, achou que estes destoaram muito de toda aquela festa, porque três ou quatro Irmãos proferiram longas e repetitivas falas, algum trecho sem nexo, estando um deles embriagado. Ele pensou: será que maçom tem também este costume? Mas tudo bem. Hoje é dia de festa.

Terminado o banquete o seu Padrinho, seu velho amigo que o havia acompanhado até a porta do templo e o deixado lá horas antes para ser preparado para a iniciação, também o levou para casa.

No caminho, o carro sendo dirigido em baixa velocidade, ambos conversando trocando ideias e impressões sobre a cerimônia que acabava de ser realizada. O afilhado todo entusiasmado começou a fazer perguntas. E o Padrinho respondendo- as em detalhes, com aquele ar de superior solenemente tentava explicar todo o simbolismo da Iniciação.

Conversa vai conversa vem ele começou a citar o que mais lhe havia impressionado durante a Iniciação. Disse que em primeiro lugar foi quando lhe tiraram a venda, não imaginava que havia tantos maçons dentro do templo, alguns com espadas voltadas para si, ficou tomado de forte emoção. Achou até que os Irmãos deveriam estar ao seu lado empunhando as espadas não contra si, mas contra um provável inimigo oculto talvez representado por algum símbolo. Apesar da fala do venerável explicando o simbolismo daquele procedimento, as espadas em realidade estavam voltadas para ele.

O Padrinho sempre explicando que todos estes procedimentos são simbólicos, que as espadas eram para defendê-lo e não agredi-lo.

Em segundo lugar foi quando estava na Câmara de Reflexão. Lembrou-se dos símbolos lá existentes. Começou a comentar os dizeres escritos na parede, a vela acesa, o galo, duas tíbias (ossos), um crânio, a ampulheta e outras coisas mais que se lembrava, além da cobra empalhada que estava num canto da câmara no chão, que por alguns segundos ele teve a impressão de que a vira realizar movimentos leves.

O Padrinho estupefato perguntou: “cobra? Que cobra?”.

O Afilhado respondeu: “Ora, aquela cascavel empalhada num canto do quarto apertado onde eu estava. O que é que a cobra simbolicamente representa na Maçonaria? E porque uma cascavel? Não poderia ser outra cobra?”.

O Padrinho, confuso, engoliu a seco, quis mudar de assunto, mas antes aplicou o famoso golpe de certos mestres que quando não sabem o que os aprendizes e companheiros lhes perguntam respondem solenemente e com ar de grande sabedoria:

“Não posso falar sobre este símbolo agora, você saberá quando chegar lá. Você não iria compreendê-lo agora, no seu grau”.

Falaram sobre outros pormenores Iniciação e por fim deixou o Afilhado em sua residência. O Padrinho estava intrigado. Agora quem não conseguiria dormir era ele. Chegando em casa, telefonou para o zelador da loja e perguntou que brincadeira era aquela, uma cobra empalhada na Câmara de Reflexão. O zelador não sabia de nada, mas disse que no dia seguinte iria verificar.

Realmente havia no chão, num canto da Câmara de Reflexão uma cobra cascavel, de noves guizos contados após o sacrifício do pobre réptil, inquilino solitário e inocente do porão do templo...

Nota: Este conto de ficção maçônica foi baseado num fato verídico ocorrido numa loja do interior do Paraná. 

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