O QUE É UM TEMPLO SAGRADO?

O QUE É UM TEMPLO SAGRADO?
(republicação)

Questão que faz o Respeitável Irmão Montenegro – Loja Apóstolo da Caridade  - GOB-PR, Oriente de Curitiba/PR

montenegro55@terra.com.br

Estimado irmão Pedro Juk.Tudo bem com o irmão? Faz tempo que não o incomodo, mas surgiu uma dúvida e recorro à sua ajuda. Tendo em vista que maçonaria não é religião, por que dizem que loja é templo sagrado? É sagrado mesmo? A quem é sagrado? O que seria um templo sagrado, pois para mim templo sagrado é igreja. Agradeço sua costumeira atenção e colaboração. Aceite meu fraterno abraço.

Resposta:

É verdade, a Maçonaria não é uma religião!!! Sob o ponto de vista da veracidade, em Maçonaria a questão “sagração” nada tem a ver com o significado daquilo que é sagrado (religioso e muitas vezes dogmático). O mistifório se instala por pura incompreensão e conhecimento da nossa história, o que faz alguns (às vezes muitos) a confundirem a Ordem Maçônica com uma espécie de religião, isso sem contar com aqueles que querem impor a sua própria crença nas Lojas Maçônicas.

A questão é bastante complexa, levando-se em consideração que uma grande parte dos rituais ainda expressa termos sagrados bastante atrelados a uma atitude religiosa que era comum no passado medieval por influência da própria igreja.

Veja por exemplo essas expressões: O Templo Sagrado, Juramento sobre a Taça Sagrada, Palavra Sagrada, Sagração do Candidato, etc. Na questão do Templo Sagrado o adjetivo confere uma consagração de respeito e dignidade ao espaço, porém nunca atrelado ao sacro e ao santo, mas a deferência ao recinto de construção especulativa, cuja matéria prima é o Homem. Já o juramento perante a Taça Sagrada (para os ritos que a possui) fica a seguinte pergunta:

O que há de sagrado em uma taça contendo líquido amargo e doce que muitas vezes é até composto por bebida alcoólica, ou mesmo repleta de açúcar? Além do próprio juramento que no nosso modesto entender exprime compromisso e este se presta uma só vez.

No caso da Maçonaria, durante o compromisso prestado pelo candidato no Altar dos Juramentos. Ora, a tal Taça Sagrada nada mais é do que a Taça das Vicissitudes que nada tem de santificado, porém exprime uma belíssima lição de comedimento nos prazeres da vida. À bem da verdade essa prova é original do Rito Adonhiramita, inexistente no  puro escocesismo que adota o exemplo apenas na Câmara de Reflexão chamando atenção do candidato através de duas taças com bebida amarga e doce, sem a necessidade de que o candidato venha a sorver do conteúdo deste ou daquele cálice.

O mesmo se poderia dizer da Palavra Sagrada, ou das Palavras Sagradas, que verdadeiramente nada tem de abençoado, salvo a tradição e o sigilo de um reconhecimento, muito embora muitos ritos maçônicos adotem palavras bíblicas. Por fim, dos meus exemplos, a sagração do candidato que nada tem de santo ou santificado, senão a dignidade do grau que lhe é conferido.

Essa pode ser uma questão bastante abstrusa se tomarmos outros exemplos, porém nos alongaríamos em demasia para o momento. Espero que essa pequena síntese possa esclarecer as suas dúvidas, salvaguardando o que está contido nos rituais adotados pelas Obediências brasileiras que, certos ou errados do ponto de vista autêntico, se traduzem em lei e devem ser rigorosamente cumpridos. O mais adequado mesmo seria não se fazer referência ao espaço destinado aos trabalhos maçônicos como Templo, pois isso acaba dando a ele uma característica religiosa. Entretanto, como “Loja Maçônica” as especulações se reduziriam em muito.

Caro Irmão Montenegro, essas considerações são exclusivamente amparadas nas tradições, usos e costumes da Maçonaria em geral, o que não incita qualquer desobediência às leis legalmente estabelecidas, bem como não faz qualquer censura ou crítica um rito específico.

T.F.A. - Pedro juk - jukirm@hotmail.com

Fonte: JB News – Informativo nr. 393 Florianópolis (SC) – terça-feira, 28 de setembro de 2011