Colaboração: Ir∴ Guaraci José Terlecki
Existem momentos
fortemente marcantes na Iniciação e nas sessões maçônicas normais. Um deles é a
aclamação: “Huzzé, Huzzé, Huzzé”, firmemente pronunciada e três vezes repetida.
Aclamação e não exclamação de alegria entre os Maçons usual no R.E.A.A., cuja
origem é considerada obscura. Aclamar = aplaudir, aprovar bradando, saudar,
proclamar, ovacionar. Exclamar = bradar, gritar. Pesquisas feitas a esse
respeito pelo historiador Albert Lantoine, declara em 1815: “Acrescenta-se a
triplice aclamação Huzzé que deve ser escrita Huzza, palavra inglesa que
significa Viva o Rei e substitui o Vivat dos latinos”. Aclamada por três vezes, Huzza! (pronunciar
huzzé). Eis a causa da diferença entre a ortografia e a pronúncia: é empregada
em sinal de alegria. Citando o mesmo Albert Lantoine, a palavra Huzza (Huzzé!)
é simplesmente sinônimo de Hurrah! , aclamação muito conhecida dos antigos
torcedores das partidas de futebol, com o Hip! Hip! Hurra!...
Existe mesmo na língua inglesa o verbo to huzza, que
significa aclamar. A bateria de alegria era sempre feita em honra a um acontecimento feliz para
uma Loja ou para um Irmão. Era natural que os Maçons escoceses usassem esta
aclamação. O dicionário “Michaelis” diz: huzza, interj. (de alegria) – v.
gritar hurra, aclamar. Traduzindo corretamente do árabe “Huzzah” (Viva),
significa Força e Vigor.
Huzzé era também o nome dado a uma espécie de Acácia
consagrada ao Sol, como símbolo da imortalidade.
“Huzzé,
Huzzé, Huzzé” por constituir uma aclamação, é pronunciada com voz forte. Ela é
feita apenas por duas vezes em cada reunião, por ocasião da abertura e do
encerramento. Alivia tensões que eventualmente possam ter surgido entre os
Irmãos.
Trazemos
às Sessões as preocupações de ordem material que podem criar correntes
vibratórias que põem obstáculos e restringem nossas percepções. Ao contrário,
no decorrer dos trabalhos, o esforço constante para o bem e o belo, forma
correntes que estabelecem as relações com os planos superiores. Nesse sentido,
a aclamação na abertura do trabalho oferece passagem à energia habilitando-nos
a benefícios (saúde, força e vigor) bem mais consistentes e duradouros. O
importante é que, ao iniciar a Sessão, tenhamos presente que, em Loja, tudo,
verdadeiramente tudo, tem uma razão para sua existência. Nada, absolutamente
nada, se faz no interior de um Templo por acaso.
Ao se
aproximar do objeto mais sagrado, existente no Templo Maçônico – o Livro da Lei
-, os maçons lembram pelo nome de Huzzé, expressando com essa aclamação alegria
e contentamento, por crerem que o Grande Arquiteto do Universo se faz presente
a cada sessão de nossos trabalhos.
E é a ELE que os Maçons rendem graças pelos benefícios
advindos de Sua infinita bondade e de Sua presença que, iluminando e espargindo
bênçãos em todos aqueles que ali vão imbuídos do Espírito Fraterno,
intencionados a praticar a Tolerância, subjugar as suas Intransigências,
combater a Vaidade e, crentes que assim procedendo, estarão caminhando rumo a
evolução espiritual do Homem, meta do maçom.
A Maçonaria é uma Obra de Luz; a prática da saudação está
arraigada nos ensinamentos maçônicos. A consideração da saudação Huzzé na
abertura dos trabalhos está relacionada
ao meio-dia, hora de grande esplendor de iluminação, quando o sol a pino
subentende que não há sombra, tornando-se um momento de extrema igualdade –
ninguém faz sombra a ninguém. Lembra também as benesses da Sabedoria,
representada pelo nascer do sol, cujos raios vivificantes espalham luz e calor,
ou seja, a Sabedoria e seus efeitos. Quando do encerramento dos trabalhos, a
saudação está relacionada à meia-noite, nos dando o alento de que um novo dia
irá raiar, pois quanto mais escura é a madrugada, mais próximo está o nascer de
um novo dia. A aclamação ao sol no seu ocaso, lembra que a Luz da Sabedoria
irradiou os trabalhos, agora prestes a terminar, em alusão ao fim da nossa vida
(meia-noite) quando devemos estar certos de que nossa passagem pelo plano
terrreno fora pautada por atos de Sabedoria.
No Rito
Moderno a aclamação é “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”; no Adoniramita é
“Vivat, Vivat, sempre Vivat”; no Brasileiro “Glória, Glória, Glória!” E nos
ritos de York (Emulation) e Schroeder não existe aclamação.
Huzzé! é, pois, a reiteração que os Irmãos fazem de sua fé
no Grande Criador, que tudo pode e tudo governa. E só através DELE encontram o
caminho para a ascensão.
A primeira
reflexão, portanto, em torno da aclamação sugere que analisemos nossa vida e
verifiquemos se sustentamos os propósitos de paz ou espalhamos a agitação.
O Mahatma
Gandhi dizia que alguém capaz de realizar a plenitude do amor neutralizará o
ódio de milhões. Certamente estamos distanciados de suas realizações. Não
obstante, podemos promover a paz evitando que ressentimentos e mágoas fermentem
no coração dos que conosco congregam e se transformem nesse sentimento
desajustante que é o ódio.
Certa feita o Obreiro
de uma Loja queixava-se do Mestre de Cerimônias ao Venerável por sempre lhe
oferecer, na falta dos titulares, os cargos que, segundo ele, eram de mais
dificil desempenho ou de menor evidência. O Venerável, um semeador da paz o
desarmou.
- Está enganado, meu Irmão, quanto ao nosso Mestre de
Cerimônias. Ele o admira muito, sabe que é eficiente e digno de confiança. Por
isso o tem encaminhado para desempenho das funções e encargos onde há
problemas, consciente de que sabe desempenhá-los e resolvê-los melhor que
qualquer outro Obreiro do quadro da Loja.
Desnecessário dizer que com sua intervenção pacificou o
Irmão que passou a ver com simpatia as iniciativas a seu respeito. Desarmou,
assim, o possível desafeto passando a idéia de que o Mestre de Cerimônias não
tinha a mesma opinião a seu respeito, fazendo prevalecer a sugestão de
Francisco de Assis: “Onde houver ódio
que eu semeie o Amor”.
Existem aqueles que
entendem huzzé como força poderosa, ou seja, um mantra, que deve ser com a
consciência de quem a emprega direcionada no sentido do bem. Seria essa a razão
e significação da palavra Huzzé como proposta na ritualística maçônica?
Devemos
acrescer, ainda, que Cristo, em várias oportunidades, saudava os Apóstolos com
um “Adonai Ze” (O Senhor esteja entre vós). Essa aclamação os deixava mais alegres
e confiantes, formando uma corrente de otimismo. Na Idade Média quando um
católico encontrava-se com outro, dizia: DOMINUS VOBISCUM (O Senhor esteja
convosco); PAX TECUM (A paz esteja contigo).
Até pelo
exemplo citado, façamos tudo ao nosso alcance para que reine em nossa Loja uma
atmosfera de carinho, afeição, tranqüilidade, paz, amor e harmonia para nossa
constante elevação e glória do Grande Arquiteto do Universo.
O emprego da
aclamação Huzzé na Maçonaria tem também o sentido esotérico numa indução moral
a que se busque o prazer no que se pratica, para o bem da humanidade (isto no
começo) e, no final, a mesma alegria pelo bem praticado, não sem também invocar
particularmente o duplo sentido do “Ele é ou ele está...” (com todos, evidentemente).
O
importante é que, no momento exato, gritemos de alegria sempre que pudermos
estar reunidos em Templo e rendermos graças por estarmos juntos mais uma vez!. Huzzé, Huzzé, Huzzé!
Nenhum comentário:
Postar um comentário