SIMBOLISMO MAÇÔNICO (1ª PARTE)
Ir∴ Valdemar Sansão
“A beleza dos símbolos está na infinita variedade de seus modos de interpretação”.
PAINEL DA LOJA - Nas lojas maçônicas, especialmente nas simbólicas, cada um dos três graus possui um painel próprio, hoje confeccionado com material rígido, em forma de quadro.
No painel da loja se condensam todos os símbolos que devemos conhecer, e se bem os interpretarmos, fáceis e muito claras ser-nos-ão as instruções subsequentes.
A exposição do painel do grau é obrigatória, em qualquer sessão, pois é ele que identifica em que grau a oficina está trabalhando.
O painel é exposto logo que a sessão é declarada aberta. hoje, esta tarefa é atribuída ao 1º diácono, pouco antes de retornar ao seu lugar; depois de sair do grupo que forma o pálio.
SÍMBOLO - (sinal, emblema) é a figura, a marca, ou qualquer objeto que tenha significação convencional, ou seja, que, quando visto, já sugere um significado consagrado pela tradição e pelo uso.
Na qualidade de instituição filosófica, a maçonaria estimula o desenvolvimento de uma percepção extra-sensorial, utilizando objetos simples do cotidiano, que passam despercebidos pela maioria dos profanos, e os associa a conceitos básicos. Todos os símbolos são ligados à arte de construir, desde os projetos da construção, até ao exercício do ofício de pedreiro, todavia, como a ordem maçônica é uma instituição iniciática, com alto conteúdo moral, espiritual e místico, os símbolos possuem, para os maçons, dois significados diferentes: um exotérico e outro esotérico.
EXOTÉRICO = comum, trivial, é em filosofia, aquilo que é relativo à doutrina ensinada publicamente; figuradamente, significa exterior, comum, vulgar, primário. É, então, aquilo que pode ser de conhecimento público e não só dos iniciados.
ESOTÉRICO = a maçonaria na interpretação da sua liturgia, possui a parte esotérica, ou seja, reservada apenas aos iniciados; é o sentido da espiritualidade.
Dá-se aos símbolos significados comuns, visíveis, materializados e ao mesmo tempo procura-se o sentido oculto, aquilo que deve expressar, na intimidade maçônica, no templo interior de cada maçom. esotérico difere do espiritual, do divino. Trata-se de um aspecto exclusivamente maçônico, sem confundi-lo com a doutrina esotérica.
O esoterismo é uma corrente filosófica sem ligações com a maçonaria. dá-se a interpretação de esotérico àquilo que não pode ser expresso com palavras comuns, é a parte incognoscível da maçonaria.
JÓIAS - A loja maçônica possui três jóias fixas(1) três jóias móveis(2) assim chamadas porque têm a tendência moral que as tornam jóias de valor inestimável.
OBSERVAÇÃO: jóias dos oficiais – são assim chamadas as insígnias dos cargos e dos graus maçônicos. Os oficiais e os dignitários trazem, além das insígnias do grau que possui a jóia característica do cargo. A jóia dos graus é usada em colares em torno do pescoço. Nas lojas simbólicas, a cor dos colares é azul e com as respectivas jóias de metal (prata).
1 - JÓIAS FIXAS (imóveis) = prancheta da loja sobre o altar do venerável mestre; a pedra bruta ao lado do altar do 1º vigilante: e a pedra cúbica, ao lado do altar do 2º vigilante.
a – prancheta da loja – (prancha a traçar) relaciona-se com o grau de mestre, pois serve para o mestre desenhar e traçar, o que, simbolicamente, significa que o mestre guia os aprendizes no trabalho, traçando o caminho que devem seguir para o aperfeiçoamento, a fim de progredir nos trabalhos da arte real. Em certas lojas a prancha a traçar é um retângulo sobre o qual estão indicados os esquemas que constituem a chave do alfabeto maçônico, o que deve fazer lembrar o maçom que deve sempre traduzir o seu pensamento de maneira ―maçônica”, obrando com ―retidão”. Todas as letras têm a forma do esquadro, que se relaciona à matéria, não sendo visto o círculo, símbolo do espírito, pois este último não pode ser visível. Desta forma, o maçom é convidado a libertar-se da letra para tratar do espírito.
b - pedra bruta - na maçonaria, a pedra bruta é um símbolo que representa a necessidade do esquadrejamento, ou seja, do desbastamento das arestas dessa pedra bruta, que ocorre com paciência e com o decurso do tempo, ser estabelecido até ver essa pedra transformada em pedra burilada.
O neófito ou aprendiz maçom é pedra bruta, cujas arestas devem ser removidas; trata-se de uma auto-remoção, pois quem maneja os instrumentos para o aperfeiçoamento até a transformação da pedra informe em quadrado perfeito é o próprio maçom, que se desbasta executando a grande obra, orientado pelo mestre.
c - pedra cúbica – é a pedra bruta já esquartejada e pronta a ser usada na construção do edifício. o aprendiz recebe, simbolicamente, uma pedra bruta que deve desbastar, apresentando como obra prima um cubo ou hexaedro a fim de obter um aumento de salário. Uma vez desbastado pelo aprendiz, o cubo é confiado aos companheiros que têm por missão de poli-lo, tornando-o perfeito. Esta pedra é para o companheiro o que a pedra bruta é para o aprendiz: o símbolo da meta a ser atingida, antes de ser admitido a compartilhar os trabalhos dos mestres. Por isso: a pedra cúbica é a representação da perfeição intelectual e espiritual que o companheiro deve esforçar-se por realizar em si mesmo.
2 – jóias móveis = o esquadro, o nível e o prumo, são as jóias móveis, porque passam dos três oficiais que as portam para os seus sucessores. representando a medida justa que deve presidir a todas nossas ações, as quais não podem se afastar da justiça e retidão.
a- esquadro – figura em todos os graus da maçonaria, como um dos mais eloquentes emblemas. Resulta da união da linha vertical com a linha horizontal, é o símbolo da retidão e da ação do homem sobre a matéria e do homem sobre si mesmo. Significa que devemos regular a nossa conduta e as nossas ações pela linha e pela régua maçônica, pelo respeito a deus, a quem temos de prestar contas das nossas ações, palavras e pensamentos. Emite a idéia inflexível da imparcialidade e precisão de caráter. Simboliza a moralidade. A tradicional composição cruzada do compasso e do esquadro tendo no centro a letra “g” (escudo maçônico), é o mais conhecido símbolo da fraternidade maçônica, tanto entre maçons como entre os profanos.
b- nível – instrumento essencial na construção, nos ensina que devemos pautar nossa vida dentro do equilíbrio, a fim de que nossas ações se ajustem à perfeição do desejo, dando equilíbrio necessário para que nossa obra seja permanente e estável, na medida justa e satisfatória. Devemos nos nivelar com as coisas elevadas, procurando ser exemplo para os fracos e despreparados.
O nível e o prumo formam o dualismo perfeito e conduzem à sabedoria. nossas obras serão equilibradas se soubermos manejar esses instrumentos simbólicos. Dentro da loja maçônica, o equilíbrio é um exercício salutar, que deve ser perseguido constantemente.
c – prumo (perpendicular) - é o emblema da retidão da verdade e do equilíbrio, ―estar a prumo‖ significa estar em forma correta e precisa em qualquer posição na vida, quer familiar, profissional ou fraternal. O prumo exprime a justiça, a fortaleza, a prudência e a temperança. nós todos, maçons, devemos estar constantemente a prumo porque isso nos trará segurança.
Quem mantém na loja uma postura correta, diz-se que ―está a prumo” e com isso participará de forma admirável do cerimonial do ritual.
A perpendicular, isto é, a vertical, representa o ativo. É o fio a prumo, representado na maçonaria fixado no centro de um arco, atributo do 2º vigilante. Em sentido geométrico, é aquilo que está vertical e ereto e sem inclinação nem para um lado nem para outro. Em sentido figurado e simbólico, exprime o significado de justiça, fortaleza, prudência e temperança. Justiça, a que não se inclina para qualquer lado a não ser a verdade.; fortaleza, aquela que não cede ao desfavorável ataque; prudência, aquela que segue sempre o caminho da integridade; e temperança, que não se desvia por apetites e paixões.
Fonte: JBNews - Informativo nº 162 - 05/02/2011
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