PÉ ESQUERDO E A MARCHA DE APRENDIZ
(republicação)
O Respeitável Irmão Paulo A. Valduga, Mestre Instalado da Loja Luz Invisível, Grande Oriente do Rio Grande do Sul, REAA⸫, Oriente de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul, apresenta a seguinte questão:
paulovalduga@gmail.com
Por que a Marcha do Aprendiz começa (ou é rompida) com o pé esquerdo; qual a razão, qual a interpretação? Por que não pode ser iniciada com o pé direito (no REAA⸫)? Procurei, em vão, a respostas em meus alfarrábios!
CONSIDERAÇÕES:
Existem duas correntes de autores que no meu entender tentam justificar o rompimento da Marcha com o pé esquerdo, pelo que posso lhe afirmar que nenhuma delas é da minha concordância. Para alguns o ato de romper a marcha dessa forma pode estar ligada às marchas militares que normalmente o fazem com o pé esquerdo. No meu humilde ponto de vista essa sustentação carece ainda de elementos que possam justificar qual o elo existente entre os “pedreiros” e os “guerreiros”.
Quando me refiro a essa ligação não estou propondo nenhuma tese que possa envolver o equivocado pensamento que sugere a origem da Maçonaria na Ordem Templária e nem mesmo estou fazendo apologia aos “Collegiati” (Collegia Fabrorum) e Numa Pompílio, Imperador Romano no Século VI a.C., cuja associação organizada de ofício era composta por construtores que acompanhavam as campanhas das legiões romanas, reconstruído o que havia sido destruído pelas atividades bélicas.
A outra vertente, mais espessa, é aquela ligada ao ocultismo, cujos adeptos já derramaram rios de tintas tentando justificar dentre outras, essa atitude, com o positivo e o negativo, lado do coração, rompimento das trevas, cabala mística, etc. Eu prefiro ficar longe dessas conjecturas, pois qualquer análise acadêmica não encontrará qualquer guarida nessas afirmativas, sobretudo se a busca possuir elo com a pura Maçonaria, que dentre outros, jamais aplicou ensinamentos sustentados pela aparência e pela imaginação. Interpretações desse quilate somente viriam aparecer em meados do Século XVII e Século XVIII com o ingresso especulativo dessas vertentes na Maçonaria. Talvez essas conjecturas possam fazer parte do pensamento desses adeptos, fato que não os torna unânimes, imemoriais ou universalmente aceitos.
Infelizmente, uma boa parte dos Maçons ainda não compreendeu que a Maçonaria possui características próprias regionais, portanto culturais. Esse fato notório deve ser considerado para que haja a salutar compreensão de que nem todos os ritos maçônicos possuem, por exemplo, a Marcha e por aí concepções místicas e ocultas a ela ligadas não são apanágios da Sublime Instituição. Se bem compreendia a Arte fica bem mais fácil se separar o joio do trigo.
Em se tratando do Rito Escocês Antigo e Aceito, o interessante a se notar é que na organização do seu primeiro ritual simbólico (1.804 na França), não existia essa Marcha tão propalada que em muito tem servido de alicerce para conceitos próprios e imaginativos. No ritual citado, davam-se simplesmente oito passos normais. Essa aplicação seria mais tarde dividida entre os três graus simbólicos – três para o Aprendiz; acrescidos de mais dois para o Companheiro, mais três pontos pedestais para o Mestre. A soma desses passos resulta no total de oito que se baseia no número de passos indicados no primeiro ritual. Não quero aqui nem falar na posição dos pés e a sua relação com a esquadria que é outro mote e tem causado severas discussões.
No tocante a qual pé rompe a marcha, prefiro pensar que no esteio racional da Maçonaria este foi instituído apenas para regular um procedimento dando a ele um caráter unificado e universal do ato no Rito em questão (padronização).
Por fim, acredito que enchi bastante de linguiça o tema, deixando ainda vaga à objetividade da resposta. Penso que não devo fazer afirmativas temerárias quando o tema sugere muita pesquisa. Prometo que dentro das minhas possibilidades de tempo farei uma incursão nesse campo, buscando uma bibliografia documental primária que possa auxiliar o remonte desse mosaico.
É oportuno também salientar que quando faço referência à história da Ordem, busco essa relação nos documentos que compõem os seus quase oitocentos anos da narração metódica ocorridos na existência da Sublime Instituição. Afirmar somente porque está escrito nesse ou naquele livro não faz parte das minhas concepções, até porque a Maçonaria me ensinou que a prudência tem sido a mãe de todas as virtudes.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JBNews n. 722, 18/08/2012
ACREDITO QUE ESTANDO O APRENDIZ A ORDEM NA ENTRADA DO TEMPLO, PARA ROMPER A MARCHA DOS TRÊS PASSOS PARA FICAR ENTRE COLUNAS, É NORMAL COMEÇAR COM O PÉ ESQUERDO, POIS ESTE , ESTÁ A FRENTE , NA POSTURA DE ESTAR A ORDEM.
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