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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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sábado, 7 de maio de 2011

OS TRÊS MALES

Romulo Ferreira Diniz
Antonio Carlos Garcia
Lj. Retidão e Sabedoria # 685 GLMESP
Fonte: Grupo Arte Real/SC

A leitura nos proporciona vários benefícios. Dentre as vantagens que uma boa leitura nos traz, temos o conhecimento que atesta a ignorância, esclarecimentos sobre diversos aspectos da realidade; o prazer que o espírito desfruta ao contato com as idéias de homens de elevada cultura e saber. São textos que fecundam a nossa imaginação, descortinando novos horizontes e ampliando as nossas idéias. Queremos destacar, dentre as muitas vantagens da leitura, uma em particular; as possibilidades que se abrem para o nosso pensamento diante de uma frase, sentença ou parágrafo.

No caso específico, referimo-nos a uma passagem no texto escrito pelo Ir∴ Antonio do Carmo Ferreira, em seu livro "Nas canteiras da Arte Real". Diz o texto, no artigo "Freqüência nas lojas Maçônicas", da referida obra: "Para o sábio mestre Rodrigues, os principais problemas de lá (Maçonaria de São Paulo) são os mesmos de toda a Maçonaria brasileira: deserção e baixa freqüência".

E segue o autor, enumerando o que considera as causas desses problemas:

"Ele entende (O Ir∴ Raimundo Rodrigues) que o Iniciado abandona a Arte Real, porque teria atingido os três males: dois de nascimento e um de crescimento. (...) o mal escolhido (...) o mal iniciado (...) e o mal instruído.

Essa passagem levou-nos a seguidas reflexões, enriquecidas por conversas com a evasão e a baixa freqüência nas Lojas. Analisemos, então, cada um dos males enumerados pelo insigne Mestre Rodrigues.

O MAL ESCOLHIDO

O Maçom tem um perfil que o distingue dos Profanos. É um homem probo, consciente de seus deveres com a família, com a Pátria e com sua religiosidade. Gosta do estudo sério e interessa-se por todas as matérias referentes á iluminação do espírito, ao mistério da existência, à marcha evolutiva da Humanidade. Não compactua com os erros nem com os vícios da alma.Arde-lhe no peito a sagrada chama da Justiça. Acima de todas essas características distintivas, paira, soberana, a humildade. A observação atenta dessas qualidades deveria ser a regra seguida pelos Irm∴ que propõem Candidatos á Iniciação nos Augustos Mistérios. Não raras vezes, os Candidatos são indicados somente pela amizade, pelo parentesco, por subordinação profissional, por interesses materiais, pela influência no mundo profano, pela ostensiva riqueza. Claro que é possível reunir as condições aqui descritas, com o perfil do verdadeiro Maçom. Conhecemos alguns casos. Entretanto, quando as características do verdadeiro Maçom não são levadas em conta, dá-se o que o Ir∴ Raimundo Rodrigues apropriadamente chamou de "o mal escolhido". Este profano, depois de Iniciado, dificilmente dará continuidade à sua vida maçônica. Um leve sopro de adversidade será o suficiente para tirá-lo da rota traçada.

O MAL INICIADO

A Cerimônia de Iniciação é a mais importante na nossa Ordem. É quando ocorre a morte simbólica do profano para ressurgir, radiante de Luz, o Maçom. A Loja deve ser cuidadosa e também rigorosa com esse Ritual de passagem. Todos os Mestres, Obreiros da Oficina, são responsáveis pelo bom desempenho da Cerimônia de Iniciação. Infelizmente, vemos o despreparo, a improvisação, os gracejos. Sem falar nos erros que os MM∴MM∴ cometem como leitura deficiente, ignorância do Ritual de Iniciação, atitudes mecanizadas __ sem dar o devido valor ao Simbolismo que a Cerimônia contém. Falta-lhes circunspeção, energia e vibração.

A Iniciação, que deveria ser gravada no espírito do Neófito, para sempre, torna-se mera formalidade burocrática, sem nenhuma força mística. Nem merece comentários as Iniciações, em uma única Sessão, de cinco, oito, dez ou quinze Profanos. Essas práticas aberram das normas ritualísticas.

Encontramos em Fernando Pessoa, o grande poeta português, este belo poema:

"Tu, místico, vês uma significação em todas as cousas. Para ti, tudo tem um sentido velado. Há uma cousa oculta em casa cousa que vês. O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa".

O MAL INSTRUÍDO

A Maçonaria é uma escola de conhecimento. Quando nos deparamos com Mestres bisonhos, com certeza foi um Aprendiz e Companheiro mal instruído. O erro se perpetua: Mestres que não sabem, ensinam errado aos Aprendizes, que um dia se tornarão Mestres e ensinarão também o que não sabem. Todos os Mestres são responsáveis pela instrução dos Aprendizes e Companheiros. Quando o são diretamente pelo estudo e pela instrução, o são, indiretamente, pelo exemplo, boa conduta e correta execução do Ritual. É comum que alguns IIr∴ apontem os erros que outros IIr∴ cometem, até com um mal disfarçado prazer de repreendê-los, inclusive em loja aberta. Um pequeno deslize na prática ritualística é o suficiente para uma severa admoestação.

As instruções em Loja aberta devem ser rotina da Oficina. Quando isto não corre, cabe á Comissão de Admissão e Graus exigir da Loja que assim proceda. O art. 116, Seção VII, inciso II, do Regulamento Geral da Federação, é muito claro a esse respeito:

Art. 116 –à Comissão de Admissão e Graus compete: (...)

III – fiscalizar e exigir sejam ministrados ensinamentos maçônicos aos membros da Loja, pelos respectivos responsáveis.

Se o estudo maçônico tornar-se o centro de interesse de todos os IIrm∴, o progresso individual será uma realidade, o conhecimento da nossa sublime Ordem será visível e, com certeza, acabaremos com a triste e recorrente prática do trabalho encomendado. É quando um Mestre __ bem intencionado mas vaidoso do saber __ faz o trabalho escrito para outros IIr∴ obterem aumento de salário. Mas não desejamos, meus IIr∴, a cômoda posição de apontar problemas sem propor soluções. Vejamos as nossas propostas:

1 PARA O MAL ESCOLHIDO

Sindicâncias rigorosas, imparciais, feitas com zelo e dedicação. As sindicâncias podem ser a primeira etapa no processo de admissão de novos membros. Atualmente são realizadas no estágio final, quando o Candidato já preencheu a proposta de admissão, respondei questionário e juntou a documentação exigida.

O RGF prevê a alteração na ordem das fases do processo de admissão, desde que seja estabelecida no Regimento Interno da Loja. No Capítulo I, da Admissão, Seção I, art. 1o, § 5o, temos:

O regimento Interno das Lojas da Obediência poderá estabelecer alterações na ordem das fases do processo de admissão, de modo a permitir que sindicâncias e oposições se façam antes da entrega do modelo oficial de proposta de admissão ao pretendente.

2. PARA O MAL INICIADO

Maior rigor na Cerimônia de Iniciação, ensaios regulares das Cerimônias e definição prévia de atribuições.

3. PARA O MAL INSTRUÍDO

Motivar os IIr∴ à pesquisa, com sugestão de temas de relevância para os temos de estudo; mais Sessões de instrução de prática ritualística; incentivar o debate sobre aspectos ritualísticos em loja aberta e tecer esclarecimentos sobre a rica simbólica maçônica. Indicar conceituadas obras maçônicas correspondentes ao Grau do Ir∴; criar Grupo de Estudos maçônicos com reuniões em dia diferente da Sessão.

Todas essas sugestões acabarão com a deserção e a baixa freqüência às Lojas? Talvez, não. Mas, indubitavelmente, trarão motivação extra aos Obreiros.

Quem sabe não seja o que estamos precisando, urgentemente, a bem da Ordem em geral e do quadro em particular.

Fonte: JBNews - Informativo nº 252 - 07.05.2011

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