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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

O QUADRO DO APRENDIZ

O QUADRO DO APRENDIZ
O Painel da Loja de Aprendiz

Ir∴ Fábio Sérgio do Amaral
A∴ M∴ A∴ R∴ L∴ S∴ Theobaldo Varoli Filho 

Introdução 

No início, qualquer local podia ser transformado em Templo. Bastava desenhar com giz, no chão, o “Quadro” simbólico do grau em que a Oficina trabalhava. Após a reunião, bastava apagar o “Quadro”. Mais tarde surgiram as telas pintadas, desenroladas no início das reuniões. Atualmente, os Templos reproduzem todos os símbolos do “Quadro”.

No eixo longitudinal do Templo, estende-se, sobre um cavalete, voltado para o Ocidente, o Painel Simbólico do Grau, de modo a permitir a livre circulação entre o Norte e o Sul. Entre o Painel Simbólico do Grau e o Altar dos Juramentos deve haver espaço suficiente para a passagem de uma pessoa. 

Esse “Quadro” comporta Duas Colunas, encimadas por Romãs, enquadrando uma Porta à qual conduzem Três Degraus; estes, seguidos de um Adro em Mosaico. Vêem-se aí também Três Janelas, uma Pedra Bruta e uma Pedra Cúbica Pontiaguda. Uma Corda com Três Nós emoldura esse “Quadro”, que compreende, além disso, o Sol e a Lua, as duas luminárias, o Esquadro e o Compasso, a Perpendicular e o Nível, o Malhete e o Cinzel, e a Prancha de Traçar

Composição do quadro e seu significado 
As Duas Colunas 


A coluna colocada ao Norte, à esquerda de quem entra no Templo, tem esculpida no fuste a letra B, enquanto que a coluna colocada ao Sul, à direita de quem entra no Templo, tem esculpida no seu fuste a letra J, ambas em posição de leitura para o Venerável Mestre. 

É tão difícil conceber, de acordo com a bíblia, como eram feitas as duas colunas colocadas diante do Templo, quanto o próprio Templo. 

Os autores estão longe de chegar a um acordo e os pormenores dados são tão confusos que os escritores maçônicos só chegam a um acordo quanto às características principais. 

O nome da coluna da direita era Yakhin, que significa “ele tornará estável”,e o da coluna da esquerda era Bo’az, “nele há força”.Variações posteriores conduziram Yakhin aos nomes Yahvé, Yakhun e Jachin, que significa “ele estabelecerá”. Já Bo’az variou para Be’oz, Baïz e Booz, que significa “na força”. As duas palavras significam, portanto, “Deus estabeleceu na força, solidamente, o templo e a religião de que Ele é o centro”. 

As Romãs

O simbolismo religioso da Romã deve ser considerado em primeiro lugar: caridade, humildade e união são as primeiras virtudes que lhe são associadas. 

Pode ser considerada ainda o símbolo representante da fecundidade. 

Os três Degraus 

A passagem do mundo profano para o plano iniciático não pode ser realizada diretamente e os Três Degraus simbólicos são necessários: eles marcam o Iniciado, isto é, o Aprendiz. 

Os Três Degraus representam sucessivamente o plano físico ou material, o plano intermediário, chamado de plano “astral”, e o plano psíquico ou mental. Estes três planos correspondem à divisão ternária do ser humano em corpo, alma e espírito. 

O Pavimento Mosaico 

O soalho do Ocidente é representado pelo Piso Mosaico, constituído de lajes quadradas, brancas e pretas, dispostas, alternadamente, formando um tabuleiro de xadrez. 

Os ladrilhos devem ser de tamanho que proporcione a medida dos passos regulares da Maçonaria que, no Rito Escocês Antigo e Aceito, são seguidos com os pés em esquadria, abertos para frente. 

O Pavimento Mosaico extensivo ao soalho do Ocidente foi a norma nas Grandes Lojas do Brasil até 1942, quando, a partir de então, por iniciativa do Irmão General Joaquim Moreira Sampaio, sucessor do Irmão Mário Behring, ficou restrito ao centro do Templo, com o formato de um tabuleiro de xadrez circundado por uma orla dentada, sobre o qual era proibido pisar, salvo nas passagens ritualísticas previstas. 

O simbolismo do piso pode ter variadas interpretações, tais como: “emblema a variedade do solo terrestre,...simboliza a união de todos os Maçons do Globo...”; ou “o Piso Mosaico é na Maçonaria a imagem da objetividade...”. 

Com efeito, o simbolismo do Piso Mosaico geralmente admitido é o do Bem e do Mal inerentes à existência terrestre. Trevas e Luzes estão ligadas no Piso Mosaico. Mas é também o Corpo e o Espírito, unidos, mas não confundidos. 

As Três Janelas 

Três Janelas são representadas no “Quadro do Aprendiz”: a primeira a Oriente, a segunda ao Meio-Dia e a terceira a Ocidente. Nenhuma janela se abre para o Norte. Essas três janelas são cobertas por uma rede de arame. 

Elas representam as três portas do templo de Salomão. Ora, na Bíblia se diz (I Livro dos Reis, VI, 4): “O Rei fez na casa janelas com grande fixas”. 

A janela do Oriente traz a doçura da aurora, sua renovação de atividade; a do Meio-Dia, a força e o calor; a do Ocidente dá uma luz que, à medida que se torna mais fraca, convida ao repouso. 

Os trabalhos dos Maçons começam, simbolicamente, ao Meio Dia e terminam à Meia-Noite. Os aprendizes são colocados ao Norte porque têm necessidade de serem esclarecidos; eles recebem assim toda a luz da janela do Meio-Dia. 

A Pedra Bruta, a Pedra Cúbica e a Pedra Cúbica Pontiaguda 

Como se sabe, o trabalho do Aprendiz consiste em desbastar a Pedra Bruta, transformando-a num cubo que é um sólido geométrico perfeito, pois se encaixa nas construções perfeitamente, sem deixar espaços vazios. Assim a pedra pode ser polida, sem ter o formato cúbico exigido para o uso nas construções. Portanto, a terminologia correta é Pedra Cúbica e não Pedra Polida. 

A Pedra Cúbica, o hexaedro, é a obra-prima que o Aprendiz deve realizar. A Pedra Cúbica do “Quadro do Aprendiz” é encimada por uma pirâmide quadrangular, chamada Pedra Cúbica Pontiaguda.

A Pedra Cúbica Pontiaguda é destinada a afiar os instrumentos e termina em pirâmide, símbolo do fogo, para que aí sejam inscritos os números sagrados. 

A Corda de Nós 

Dá-se o nome de “Borda Dentada” à corda de nós que rodeia o “Quadro de Aprendiz”. Trata-se de uma corda formando nós, chamados laços de amor, e terminada por uma borla em cada extremidade. 

Os primeiros Maçons deram aos nós da “Borda Dentada” a forma de laços de amor. Esse é um nó muito simples, que consiste num anel onde é introduzida a outra extremidade. Por que esse nó é chamado “laço do amor”? Essa questão não pode ser respondida, pois não se sabe sua resposta. 

Esses nós entrelaçados são a imagem da união fraterna que liga todos os Maçons do Globo, sem distinção de seitas, nem condições. Seu entrelaçamento simboliza também o segredo que deve rodear nossos mistérios. 

O Sol e a Lua 

No alto, à direita e à esquerda do quadro são representados o Sol e a Lua, as duas Luminárias. O sol, ativo, fica à direita, do lado da coluna J, e a Lua, passiva, à esquerda, do lado da coluna B. 

Na Loja, os trabalhos são iniciados simbolicamente ao Meio-dia, quando o Sol está no Zênite, e fechados à Meia-Noite, quando ele está no Nadir. 

As três luzes da Loja, de acordo com os antigos rituais são o Sol, a Lua e o Mestre da Loja. O Sol corresponde ao Orador e a Lua ao Secretário. 

O Esquadro e o Compasso

No simbolismo maçônico, esses dois instrumentos estão sempre associados. O Esquadro é um instrumento cuja propriedade é tornar os corpos quadrados. O Esquadro pendurado no cordão do Venerável significa que sua vontade é a dos estatutos da Ordem e que ela só deve agir de uma maneira: a do bem. 

O Compasso é um dos instrumentos que o homem inventou depois de ter adquirido a noção de círculo. Serve não só para traçar círculos, como também para tomar e transferir medidas. 

O Compasso, instrumento móvel, simboliza o espírito, e o Esquadro, instrumento fixo, a matéria. 

A Perpendicular e o Nível 

A Perpendicular e o Nível dão, respectivamente, a Vertical e a Horizontal. O Nível indica a Horizontal, mas ele próprio está munido da Vertical: a Perpendicular. 

O Nível é, portanto, um instrumento mais completo do que a Perpendicular sozinha, e este é o motivo pelo qual ele é a insígnia do Primeiro Vigilante, o único qualificado para tomar o lugar do Venerável em caso de ausência deste. 

O Nível não é apenas a Horizontal, mas ainda a Cruz, reunião da Vertical com a Horizontal. 

A Perpendicular dá a direção do centro da Terra, enquanto o Nível dá a linha reta em Esquadro, em relação a um ponto dado com a Perpendicular.

A Perpendicular é o símbolo da profundidade do conhecimento e de sua retidão. O Nível mostra que o conhecimento deve relacionar se com o “plano terrestre”, o único capaz de interessar diretamente à criatura humana. 

O Malhete e o Cinzel 

O Malhete, ou Malho, e o Cinzel servem para o desbastamento da Pedra Bruta, estando, portanto, diretamente relacionados com o Grau de Aprendiz. 

O Malho simboliza a vontade ativa do Aprendiz. Não é uma massa metálica, pesada e brutal, pois a vontade não deve ser de obstinação nem teimosia; deve ser apenas firme e perseverante. Mas o homem não pode agir diretamente sobre a matéria. O Cinzel servirá, então, de intermediário, devendo ser continuamente amolado. Isto é, o Aprendiz deve rever continuamente os conhecimentos adquiridos. 

A Prancha de Traçar

A Prancha de Traçar é um retângulo sobre o qual são indicados os esquemas que constituem a chave do alfabeto maçônico. Em outras palavras, a Maçonaria chama, em seu simbolismo, o papel sobre o qual se escreve de “Prancha de Traçar” e substitui o verbo escrever pela expressão “Traçar uma Prancha”. 

Simboliza esta o local onde o Mestre estabelece seus planos e onde os aprendizes se exercitam, esboçando suas idéias, motivo pelo qual esse símbolo já figura no “Quadro de Aprendiz”. 

Conclusão 

É realmente gratificante, apesar de extenuante, dado o pouco tempo de que dispomos em virtude de nossos compromissos no mundo profano, fazer uma pesquisa dessa natureza. 

Essa é a oportunidade de nos forçarmos ao aprimoramento daquilo que freqüentemente vemos e utilizamos, mas não conhecemos exatamente seu significado. 

Assim foi com o “Quadro do Aprendiz”. Exposto em todas as sessões de que participam os Aprendizes Maçons, muitas vezes nos questionamos de seu significado, sem imaginar sua real profundidade. Obviamente, este trabalho de pesquisa não teve por finalidade exaurir o tema, mas apenas trazer à discussão seu significado mais superficial e básico de conhecimento sobre o “Quadro” que nos é afeto. 

Indubitavelmente, o “Quadro do Aprendiz” se revelou um tema empolgante para o trabalho de aumento de salário, pois aborda, dentro da mesma pesquisa, vários assuntos relevantes para a Maçonaria. 

Bibliografia 

BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. 11ª Edição. 2001. 
SILVA FILHO, José Inácio da, M.: I.: Grande Loja do Estado da Paraíba. 

Fonte: Informativo JBNews nº 0168 - 11/02/2011

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