A PRANCHA DE TRAÇAR
Ir∴ Valfredo Melo e Souza (Brasília = DF)
(extraído da Revista A Trolha, edição nr. 190 - Agosto 2002)
A Prancha de Traçar também conhecida como a Prancheta da Loja ou a Pedra de Traçar, é um retângulo sobre o qual são indicados os esquemas que constituem a chave do alfabeto maçônico – a chave de cinco letras – mecanismo que aparece, originalmente, na misteriosa face esquerda da secular Pedra Cúbica Piramidal, considerada a base essencial da Maçonaria e figura de todos os conhecimentos humanos.
A Chave das letras é um sistema (sistema inglês moderno) que permite a decifração da linguagem maçônica. Da Pedra Cúbica foi transposta para o Painel da Loja do Primeiro Grau, onde permanece por tradição. Foi um sistema muito utilizado nos séculos XVIII e XIX, hoje no esquecimento dos Maçons e em completo desuso.
A última vez que constatei o seu emprego foi por um Profano, Antimaçom, bispo da Igreja Católica Romana, Dom Boaventura Kloppenburgo, num livro de sua autoria impresso pela Editora Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro, 1993.
Pois bem, esta chave das letras, disposta em um retângulo, constitui a Prancheta da Loja e é sua ;ultima Pedra na escala hierárquica. Em poucas Lojas Simbólicas se vê esta Jóia colocada em local adrede designado: segundo degrau à frente e à direita do trono do Venerável Mestre, como dispõe o Ritual do Grande Oriente do Brasil, isto no Rito Escocês Antigo e Aceito.
Historiadores afirmam que a Prancheta da Loja serve para o Mestre desenhar e traçar, o que, simbolicamente, exprime que o Mestre guia os Aprendizes no trabalho indicado por ele, traçando o caminho que eles devem seguir para o aperfeiçoamento, a fim de poderem progredir nos trabalhos da Arte Real. E pasmem! Chama-se fixa esta Jóia porque permanece imóvel na Loja, como um Código Moral, aberto à compreensão de todos. É, pois, o traçado objetivo da Loja como o Livro da Lei é o traçado espiritual que nos impele a vencer os nossos dez inimigos interiores, no dizer cabalístico de Trimegistus: a ignorância, a tristeza, a inconstância, a injustiça, a luxúria, a decepção, a inveja, a fraude, a ira e a malícia.
Visitamos várias Oficinas do Rito Escocês Antigo e Aceito, de nossa e outras Potências e não localizamos, em seu local, a emblemática Jóia fixa atinente ao Venerável Mestre, não obstante as outras duas estarem no lado de seus altares correspondentes. Infere-se daí, que o Aprendiz trabalha na Pedra Bruta e o Companheiro na Pedra Polida. E o Mestre, como traça seus planos, se nem sabe onde se encontra a Prancheta da Loja? Vagamente em algumas Lojas, ela consta no desenho do Painel, mas, no plano físico, nada consta.
Voltemos, pois, nossas atenções a este forte aparato emblemático que é a Prancheta da Loja. Ou será que teremos que retornar ao Século XVIII e anteriores quando os planos de trabalho eram desenhados no chão, com giz, para ao final da reunião, serem apagados?
Do que servem op cordel e o lápis se não localizarmos a Pedra de Traçar?
Conclusões cabalísticas nos levam a dizer que a Prancheta de Traçar faz parte do conjunto das Jóias fixas da Loja, representado por três pedras: a Pedra Bruta, a Pedra Polida e a Pedra de Traçar. Sobre estas Pedras edificam-se o Templo da Virtude. Acima delas, colunas às Virtudes. Abaixo delas, masmorras aos Vícios. Virtudes e Vícios – maniqueísmo maçônico imortalizado pela literatura. Agora tirem as palavras da ponta do lápis e as transformem em imagens.
Fonte: JBNews - Informativo nº 149 - 23/01/2011
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