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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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sexta-feira, 21 de julho de 2017

GNOSE E EVOLUÇÃO

GNOSE  E EVOLUÇÃO
(Desconheço o autor)

Gnose deriva de gnosis e significa conhecimento. Gnosiologia em filosofia significa teoria do conhecimento. A gnosiologia filosófica se fundamenta na metafísica. Ela  utiliza a Razão que polariza os conhecimentos através da Lógica: da dedução, da indução e da intuição para estabelecer a sua doutrina.

A Razão é de natureza excludente e a intuição é abrangente pois  vislumbra a “verdade”  sem passar por outras instâncias da Consciência.

Existe a gnosiologia mística, que é uma doutrina embasada na Fé na crença absoluta das revelações das “coisas divinas” que aceitas conduzem à salvação da alma e que quando rejeitadas à perdição. Prega a salvação pela  rejeição da matéria e ao conhecimento das “Verdades reveladas”.

Professa o dualismo que identifica o Mal com a matéria e o Bem com o “espiritual”.

A gnose é accessível somente aos que possuem esse conhecimento.

Essa doutrina originou-se entre as seitas cristãs dos primeiros séculos da Era Vulgar pela fusão de pensamentos helenistas e judaicos.

Na gnosiologia filosófica, a conceituação é fundamentada através de conhecimentos obtidos com recursos racionais com participação dos órgãos sensoriais.

Diante do descrito, é evidente que essas duas formas de conceituação diversamente fundamentadas autodenominam-se mutuamente de gnósticas ou agnósticas, por divergirem-se entre si em seus princípios doutrinários.

Em decorrência dessa divergência os Racionalistas consideram os que apóiam a gnose mística de retrógrados, dogmáticos e intolerantes, e os Fedeístas aos que defendem a gnose dos Racionalistas conferem-lhes  a pecha de hereges e ateístas.

A origem dessa divergência ocorreu no século XVII com René Descartes e Baruch Spinoza que trocaram a “Fé” pela duvida e servindo-se dos recursos racionais deram encarte filosófico à teologia.

Ambos foram perseguidos, e o segundo  excomungado do judaísmo dado que a conotação que procurou dar a Deus fugia das raias do fanatismo religioso, eram fundamentações racionais e não se firmavam na regência doutrinária da bíblia.

Qual é a genealogia dos fanatismos? 

É possível conhecer a realidade em si? 

Podemos comprovar a existência da causa primeira e o absoluto?

Essas indagações envolvem estudos metafísicos.

A metafísica tem por escopo ventilar a possibilidade de se estudar a realidade em si, as primeiras causas e os primeiros princípios,aquilo que se constitui no Ser absoluto.

Kant, rechaçou a hipótese de que a nossa Razão possuísse   estrutura interna suficiente para analisar a organização real do absoluto,  tornando difícil estabelecer ou aventar uma hipótese convincente, para se formular uma teoria embasada em dados abstratos.

Ao nascermos adquirimos unicamente a intuição original que nos aprovisiona gnose de espaço, tempo e causalidade (relação entre a causa e efeito), elementos insuficientes para  se construir uma teoria sobre a natureza do “Ser”. Em vista disso, a filosofia  voltou-se para a gnose e ética interessando-se tão somente pela a ação moral  realizada por liberdade e dever, deixando de se preocupar em se desvendar o “desconhecido”, a realidade em si, o absoluto a fim de se dedicar ao conhecimento do homem enquanto ser racional, e com isso a gnosiologia passou a se preocupar com o estudo das estruturas e formas de consciência humana utilizando o seu modo de expressão, a linguagem, como meio para  desvendar a estrutura fenomenológica da Razão.

Acredito que o “coração” humano seja passível de armazenar em suas raízes, os fundamentos de ensinamentos que recebe originalmente dos pais, escola e estabelecimentos religiosos.  São instruções implicitamente formuladas que devidamente impingidas na tenra infância, se verticalizam e podem adquirir dimensões de opiniões ou dogmas. As lendas e verdades reveladas propostas pelas religiões são impostas como matérias indiscutíveis por se tratarem de “verdades de fé”. São expressões que, embora não “assimiladas” pela razão, são  aclamadas e impostas tradicionalmente  por se tratar de “verdades divinas”.

Os fedeistas das diversas seitas, normalmente em vossa prática de ofício, realizam através de hercúleos esforços seus severos ideais ascéticos compostos  de caprichosos métodos de auto-sacrifício com intuito de “reforçarem” a fé. Eles a praticam exercitando a substituição dos prazeres pessoais por sacrifícios, acreditando que o cumprimento ritualístico permita adquirir o domínio de se  minimizar ou mesmo eliminar  traumas negativos (complexos de culpa) que adquiriram  durante a catequização religiosa. O rito  estimula o sacrifício como  recurso importante para a salvação da alma, conseqüentemente, ao se praticá-los, os fieis acumulam estigmas e malogros derivados das constantes tentativas de uniões místicas a episódios psíquicos, acreditando freneticamente que tais rituais confiram purificações interiores e os sacrifícios serão compensados e se  reverterão em lauréis em “vida futura”.

O rígido respeito à tradiçãoreforça a crença no rito e  ocupa no campo da gnose mística, lugar de destaque, por se tratar de sustentáculo às premissas “absolutistas”,  antievolucionistas e dogmáticas defensoras por princípio e coesão da imutabilidade formal das “criações divinas”.

Ante a fugaz experiência de fatos, embasada na observação da perene  transformação por que sofrem as coisas e a evidente heterogeneidade do acontecer, somos levados a aceitar  que tudo o que ocorre no mundo fenomênico, são fluentes. mutáveis e atinentes à “Vontade Mutante da Natureza” que sobejamente se manifesta por alterações paulatinas que à luz da  experiência sensível, se traduzem em“metamorfoses”, conceito indiscutível muito defendido desde os pré-socráticos aos modernos filósofos racionalistas e naturalistas.

São fenômenos decorrentes de forças causais ligadas às mesologias atuantes que em  moto contínuo é imposto por força da necessidade alterando-se consecutivamente, por estágios, até a completa formação  dos “Seres”.

Tais forças são guindadas pela Natureza atravez de constantes adaptações dos seres ao meio mutante, nunca estacionando numa forma fixa de existência, pois que dinamizam as transformações na medida que elas se aprimoram no espaço e no tempo para dar origem a formas existenciais mais evoluídas.

Como um instante do “relógio cósmico” representa uma eternidade aos humanos em virtude da velocidade relativa do Universo ser imperceptível aos recursos sensoriais, o fenômeno não pode ser observado “à modo de São Tomé”, por isso o raciocínio evolucionista   é taxativamente rejeitado pelos fanáticos defensores da imutabilidade formal das criações divinas. 

O transformismo é evidenciavel não só nas morfologias dos seres mas também no campo do evolucionismo cultural.

Nos finais do século XIX, quando se procurava explicar a diversificação e crescimento das sociedades humanas modernas em relação às antigas, evidenciou-se que derivavam de resultados  seletivos de mesologias, combinações e mutações genéticas.

A sociedade ocidental atual, por exemplo, se constitui na forma cultural mais adiantada, porque  passou progressivamente pelos seus importantes estágios de desenvolvimento para atingir no devido tempo seu grau mais elevado, evidenciando-se então  a aplicabilidade da doutrina darwiniana também às culturas.

Atreveríamos mesmo em  conceber que tais fatos decorram da ação não só de causas circunstanciais mas talvez por influência   de leis universais,  por“Vontade da Natureza”.

O transformismo, naturalmente, valoriza a ”causa primeira” e os primeiros princípios do  “Ser” mas hesita quando os  resultados são instituídos atravez de recursos imaginários que pretendam teorizara fim de se “criar” significado ao Transcendente.

Preconizam os evolucionistas o dever de se analisar metodicamente os dados, sempre se servindo de observações científicas antes de se admitir teses gnosiológicas. 

Por isso, os filólogos (os amantes da Razão), se identificam com os Céticos ao contradizerem informações lendárias em que se utiliza dados que outrora foram nomeadas enfaticamente,  oralmente ou por escritas às gerações como sendo “verdades de fé,” para desmerecer com isso a  consciência dos que alcunham a Razão como autoridade suficientemente reconhecida para  ajuizar Verdades.

Concluindo, temos que a tradição não deva ser considerada senão como força de “expressão” e nunca expressão de força de argumento para desconsiderar o “por vir”.

Criar-se” na consciência, dois departamentos que abriguem  duas verdades contraditórias,  constitui-se num contra-senso.

Pretendemos através dessas considerações realçar o por que de nos filiarmos ao rito francês.

É porque coadunam e propugnam em processo contínuo pela  constante, progressiva e permanente atualização da sua gnosiologia a cada tempo e a medida que fatores externos justifiquem motivos para renovação. Porque é contrária a idealismos que legitimem furtivos tradicionalismos inimigos das evidências e do Livre pensamento.

A liberdade de pensamento propalada pelo rito faculta e  proporciona, quando assessorada pela educação, pela sã moralidade e pela virtude, uma maior resistência ao que é proibido e um menor desejo ao que  é recusado, alem de imbuir um forte desejo de fraternidade, de respeito ao individualismo, igualdade e amor a  humanidade.

Em virtude desses propósitos acredita e concentra seus ideais na grandeza de um “Ser” que se aprimora através de contínuas renovações de identidade tendo por meta à marcha em vigoroso movimento de atualização, um vir-a-ser “que ocupa a cada instante, um estado mais elevado de adequação ao progresso, perseverando e enfrentando aos  desafios históricos, sociais ou intelectuais que se lhes avizinhem e que justifiquem  a necessidade das  renovações”.

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