(Desconheço o autor)
Gnose deriva de gnosis e
significa conhecimento. Gnosiologia em filosofia significa teoria do
conhecimento. A gnosiologia filosófica se fundamenta na metafísica. Ela utiliza a Razão que polariza os conhecimentos
através da Lógica: da dedução, da indução e da intuição para estabelecer a sua
doutrina.
A Razão é de natureza excludente
e a intuição é abrangente pois vislumbra
a verdade sem passar por outras
instâncias da Consciência.
Existe a gnosiologia mística, que
é uma doutrina embasada na Fé na crença absoluta das revelações das coisas
divinas que aceitas conduzem à salvação
da alma e que quando rejeitadas à perdição. Prega a salvação pela rejeição da matéria e ao conhecimento das
Verdades reveladas.
Professa o dualismo que identifica o Mal com a
matéria e o Bem com o espiritual.
Essa doutrina originou-se entre
as seitas cristãs dos primeiros séculos da Era Vulgar pela fusão de pensamentos
helenistas e judaicos.
Na gnosiologia filosófica, a
conceituação é fundamentada através de conhecimentos obtidos com recursos
racionais com participação dos órgãos sensoriais.
Diante do descrito, é evidente
que essas duas formas de conceituação diversamente fundamentadas
autodenominam-se mutuamente de gnósticas ou agnósticas, por divergirem-se entre
si em seus princípios doutrinários.
Em decorrência dessa
divergência os Racionalistas consideram
os que apóiam a gnose mística de retrógrados, dogmáticos e intolerantes, e os
Fedeístas aos que defendem a gnose dos Racionalistas conferem-lhes a pecha de hereges e ateístas.
A origem dessa divergência
ocorreu no século XVII com René Descartes e Baruch Spinoza que trocaram a Fé
pela duvida e servindo-se dos recursos racionais deram encarte filosófico à
teologia.
Ambos foram perseguidos, e o
segundo excomungado do judaísmo dado que
a conotação que procurou dar a Deus fugia das raias do fanatismo religioso,
eram fundamentações racionais e não se firmavam na regência doutrinária da
bíblia.
Qual é a genealogia dos
fanatismos?
É possível conhecer a realidade
em si?
Podemos comprovar a existência da
causa primeira e o absoluto?
Essas indagações envolvem estudos
metafísicos.
A metafísica tem por escopo
ventilar a possibilidade de se estudar a realidade em si, as primeiras causas e
os primeiros princípios,aquilo que se constitui no Ser absoluto.
Kant, rechaçou a hipótese de que
a nossa Razão possuísse estrutura
interna suficiente para analisar a organização real do absoluto, tornando difícil estabelecer ou aventar uma
hipótese convincente, para se formular uma teoria embasada em dados abstratos.
Ao nascermos adquirimos
unicamente a intuição original que nos aprovisiona gnose de espaço, tempo e
causalidade (relação entre a causa e efeito), elementos insuficientes para se construir uma teoria sobre a natureza do
Ser. Em vista disso, a filosofia
voltou-se para a gnose e ética interessando-se tão somente pela a ação
moral realizada por liberdade e dever,
deixando de se preocupar em se desvendar o desconhecido, a realidade em si, o
absoluto a fim de se dedicar ao conhecimento do homem enquanto ser racional, e
com isso a gnosiologia passou a se preocupar com o estudo das estruturas e
formas de consciência humana utilizando o seu modo de expressão, a linguagem,
como meio para desvendar a estrutura
fenomenológica da Razão.
Acredito que o coração humano
seja passível de armazenar em suas raízes, os fundamentos de ensinamentos que
recebe originalmente dos pais, escola e estabelecimentos religiosos. São instruções implicitamente formuladas que
devidamente impingidas na tenra infância, se verticalizam e podem adquirir
dimensões de opiniões ou dogmas. As lendas e verdades reveladas propostas pelas
religiões são impostas como matérias indiscutíveis por se tratarem de verdades
de fé. São expressões que, embora não assimiladas pela razão, são aclamadas e impostas tradicionalmente por se tratar de verdades divinas.
Os fedeistas das diversas seitas,
normalmente em vossa prática de ofício, realizam através de hercúleos esforços
seus severos ideais ascéticos compostos
de caprichosos métodos de auto-sacrifício com intuito de reforçarem a
fé. Eles a praticam exercitando a substituição dos prazeres pessoais por
sacrifícios, acreditando que o cumprimento ritualístico permita adquirir o
domínio de se minimizar ou mesmo
eliminar traumas negativos (complexos de
culpa) que adquiriram durante a
catequização religiosa. O rito estimula
o sacrifício como recurso importante
para a salvação da alma, conseqüentemente, ao se praticá-los, os fieis acumulam
estigmas e malogros derivados das constantes tentativas de uniões místicas a
episódios psíquicos, acreditando freneticamente que tais rituais confiram
purificações interiores e os sacrifícios serão compensados e se reverterão em lauréis em vida futura.
O rígido respeito à
tradiçãoreforça a crença no rito e ocupa
no campo da gnose mística, lugar de destaque, por se tratar de sustentáculo às
premissas absolutistas,
antievolucionistas e dogmáticas defensoras por princípio e coesão da
imutabilidade formal das criações divinas.
Ante a fugaz experiência de
fatos, embasada na observação da perene
transformação por que sofrem as coisas e a evidente heterogeneidade do
acontecer, somos levados a aceitar que
tudo o que ocorre no mundo fenomênico, são fluentes. mutáveis e atinentes à
Vontade Mutante da Natureza que sobejamente se manifesta por alterações
paulatinas que à luz da experiência
sensível, se traduzem emmetamorfoses, conceito indiscutível muito defendido
desde os pré-socráticos aos modernos filósofos racionalistas e naturalistas.
São fenômenos decorrentes de
forças causais ligadas às mesologias atuantes que em moto contínuo é imposto por força da
necessidade alterando-se consecutivamente, por estágios, até a completa
formação dos Seres.
Tais forças são guindadas pela Natureza
atravez de constantes adaptações dos seres ao meio mutante, nunca estacionando
numa forma fixa de existência, pois que dinamizam as transformações na medida
que elas se aprimoram no espaço e no tempo para dar origem a formas
existenciais mais evoluídas.
Como um instante do relógio
cósmico representa uma eternidade aos humanos em virtude da velocidade relativa
do Universo ser imperceptível aos recursos sensoriais, o fenômeno não pode ser observado
à modo de São Tomé, por isso o raciocínio evolucionista é taxativamente rejeitado pelos fanáticos
defensores da imutabilidade formal das criações divinas.
O transformismo é evidenciavel
não só nas morfologias dos seres mas também no campo do evolucionismo cultural.
Nos finais do século XIX, quando
se procurava explicar a diversificação e crescimento das sociedades humanas
modernas em relação às antigas, evidenciou-se que derivavam de resultados seletivos de mesologias, combinações e
mutações genéticas.
A sociedade ocidental atual, por
exemplo, se constitui na forma cultural mais adiantada, porque passou progressivamente pelos seus
importantes estágios de desenvolvimento para atingir no devido tempo seu grau
mais elevado, evidenciando-se então a
aplicabilidade da doutrina darwiniana também às culturas.
Atreveríamos mesmo em conceber que tais fatos decorram da ação não
só de causas circunstanciais mas talvez por influência de leis universais, porVontade da Natureza.
O transformismo, naturalmente,
valoriza a causa primeira e os primeiros princípios do Ser mas hesita quando os resultados são instituídos atravez de
recursos imaginários que pretendam teorizara fim de se criar significado ao
Transcendente.
Preconizam os evolucionistas o
dever de se analisar metodicamente os dados, sempre se servindo de observações
científicas antes de se admitir teses gnosiológicas.
Por isso, os filólogos
(os amantes da Razão), se identificam com os Céticos ao contradizerem
informações lendárias em que se utiliza dados que outrora foram nomeadas
enfaticamente, oralmente ou por escritas
às gerações como sendo verdades de fé, para desmerecer com isso a consciência dos que alcunham a Razão como
autoridade suficientemente reconhecida para
ajuizar Verdades.
Concluindo, temos que a tradição não deva ser
considerada senão como força de
expressão e nunca expressão de força de argumento para desconsiderar o por
vir.
Criar-se na consciência, dois
departamentos que abriguem duas verdades
contraditórias, constitui-se num
contra-senso.
Pretendemos através dessas
considerações realçar o por que de nos filiarmos ao rito francês.
É porque coadunam e propugnam em
processo contínuo pela constante,
progressiva e permanente atualização da sua gnosiologia a cada tempo e a medida que fatores externos justifiquem
motivos para renovação. Porque é contrária a idealismos que legitimem furtivos
tradicionalismos inimigos das evidências e do Livre pensamento.
A liberdade de pensamento
propalada pelo rito faculta e
proporciona, quando assessorada pela educação, pela sã moralidade e pela
virtude, uma maior resistência ao que é proibido e um menor desejo ao que é recusado, alem de imbuir um forte desejo de
fraternidade, de respeito ao individualismo, igualdade e amor a humanidade.
Em virtude desses propósitos
acredita e concentra seus ideais na grandeza de um Ser que se aprimora
através de contínuas
renovações de identidade tendo por meta à marcha em vigoroso movimento de
atualização, um vir-a-ser que ocupa a cada instante, um estado mais elevado de
adequação ao progresso, perseverando e enfrentando aos desafios históricos, sociais ou intelectuais
que se lhes avizinhem e que justifiquem
a necessidade das renovações.
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