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domingo, 2 de julho de 2017

O GRAU DE APRENDIZ E O LIVRO DA LEI

O GRAU DE APRENDIZ E O LIVRO DA LEI
Ir.'. Kleber de Toledo Siqueira

Este ensaio procura abordar e desenvolver um aspecto básico da doutrina maçônica não apresentado de modo frontal pelos nossos Rituais, qual seja:
A IMPORTÂNCIA DOS TEXTOS BÍBLICOS PARA A COMPREENSÃO E APROFUNDAMENTO DO ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL MAÇÔNICA
Um outro objetivo deste ensaio é despertar o interesse dos maçons pelo estudo de temas como "RELIGIÕES COMPARADAS" e "INFLUENCIA DO JUDAÍSMO E DO CRISTIANISMO NA MAÇONARIA", cuja a importância é fundamental para uma perspectiva mais ampla dos estudos propostos em nossos Rituais.


Por ser considerada uma das Três Luzes Emblemáticas da Maçonaria, nada mais coerente e natural supor que a doutrina maçônica advém dos referidos textos sagrados contidos no Livro da Lei , sendo esta, portanto, a mais genuína e primaria fonte da sua Moral e da sua Ética.

Como ponto de partida para uma correta perspectiva de tais estudos é preciso reavivar em nossas mentes que o Livro da Lei definido pelos Rituais, sem qualquer margem de dúvida é a Bíblia Sagrada dos cristãos. Ainda como parte das considerações pertencentes ao ponto de partida, tem-se o fato de que o Livro da Lei, por definição, contém a Palavra de Deus revelada aos homens (seres humanos).

Apesar da clareza meridiana com a qual estas definições fundamentais e seus corolários são apresentados nos Rituais, muitos maçons ainda admitem que o Livro da Lei a ser adotado poderia ser qualquer outro, isto é, de outras religiões), visto que existem muitas similaridades entre as religiões. Entretanto, também existem muitas e fundamentais diferenças entre elas!

Uma outra forma de se concluir ser, esta, uma opinião equivocada, é o fato de não existir nenhum Rito Maçônico regular, formulado e estruturado, em termos de ritualística e liturgia, com base em outro texto sagrado que não a Bíblia Sagrada.

Por outro lado, pode-se considerar, em tese, que no momento de sua iniciação e, portanto, ainda sem conhecer a doutrina maçônica, o candidato cuja crença religiosa seja diversa e fundamentada em outras escrituras sagradas, poderia ser solicitado a prestar seus solenes juramentos iniciais sob a égide do Livro da Lei de sua particular crença. Esta providencia, neste crucial momento, seria apenas uma garantia adicional da sinceridade do candidato aos compromissos e juramentos assumidos com a Fraternidade testemunhados pelos seus pares e por Deus, o qual encontra-se simbolizado pela presença da Bíblia Sagrada.

Esta destacada participação do Livro da Lei na ritualística e na liturgia maçônica, muitas vezes passa desapercebida para um recém iniciado ou mesmo para um maçom mais vivido nas lides maçônicas, o que proporciona o risco de uma leitura incompleta e superficial dos aspectos religiosos que permeiam os ensinamentos maçônicos.

Existe ainda a possibilidade de um outro risco, talvez até mais insidioso e pérfido do que o anterior, qual seja o risco de nivelamento das elevadas doutrinas maçônicas com versões ateístas ou humanistas ou, ainda, baseadas em outras religiões estranhas ao pensamento judaico-cristão.

Paradoxalmente, apesar de possuir tão magnifica fonte inspiradora para seus ideais e contradizendo o conteúdo básico dos seus ensinamentos, o contexto atual da maçonaria brasileira, através de muitas de suas publicações oficiais (Rituais, Revistas, etc) ou oficiosas (palestras, seminários, estudos e artigos produzidos por seus membros) tem-se a impressão de que o proselitismo de movimentos ligados a cultura religiosa oriental, tal como o movimento Teosófico e o movimento denominado Nova Era não só pretendem dominar o pensamento maçônico contemporâneo, como estão realizando, de modo sutil e sistemático, modificações substanciais ou mesmo, em alguns casos, desconsiderando e omitindo os ensinamentos originais previstos pelos organizadores da Ordem, em 1717 e anos subseqüentes.

Como conseqüência de tais distorções doutrinárias e da omissão quanto ao incentivo do estudo das Sagradas Escrituras como fonte referencial básica para a sua formação, um iniciado pode ser induzido a grave erro e vir a desviar-se doutrinariamente dos ensinamentos contidos nos Rituais, os quais, por hipótese, contém a estrutura central da Ética e da Moral maçônica. Esta preocupação tem especial profundidade se analisada quanto a correta compreensão de Deus, cognominado pela Fraternidade como Supremo Geômetra ou Grande Arquiteto do Universo.

O escopo deste ensaio trata da doutrina maçônica sob uma perspectiva bíblica e procura desenvolver a idéia de que as mensagens subjacentes a cada um dos textos bíblicos selecionados para cada Grau, é a base para a fundamentação da Ética e da Moral e da Filosofia praticada pela maçonaria e podem, conseqüentemente, ser considerados como "pano de fundo" da base Ética, Moral e Filosófica da Maçonaria Simbólica.

A título de exercício, analisemos o texto bíblico escolhido para compor o "pano de fundo" da Moral e da Ética do Grau de Aprendiz, o qual, por ser o primeiro, é a referência introdutória aos estudos maçônicos do neófito e dos maçons em geral ao estudo das Sagradas Escrituras.

A EXCELÊNCIA DO AMOR FRATERNAL
Salmo 133 - Cântico de Romagem. De Davi
1 Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.
2 E como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, que desce sobre a orla de seus vestidos.
3 E como o orvalho do Hermon, que desce sobre os montes de Sião, onde o Senhor ordena a benção e a vida para sempre.

A união que este Salmo descreve depende tão-somente da união de cada irmão, individualmente com o Senhor Deus. Somente esta união pode apresentar um testemunho eficiente perante o mundo, e uma atmosfera na qual nossa fé pode florescer.

A unção do sumo sacerdote Aarão, nessa passagem, simboliza a sua vocação de manter o povo de Israel em comunhão com Deus, sendo esta, portanto a grande e mais significativa mensagem transmitida por esse texto bíblico e esta reunida no titulo resumo que encima os versículos citados, ou seja, A EXCELÊNCIA DO AMOR FRATERNAL.

A citação do orvalho do Hermon alude ao fato que, naquelas regiões do Oriente, apesar do clima muitas vezes inóspito, o orvalho faz os campos florescerem e produzir boas ceifas. Simbolicamente demonstrando aos maçons que, apesar das dificuldades em semear bons e verdadeiros ensinamentos no coração humano, não se deve desanimar, pois sempre se pode contar com o orvalho simbólico, da fé em Deus, para se obter uma excelente ceifa, ou seja, para atingir o desiderato de bem formar homens para a construção Moral e Social a que se propõe a Ordem.

Segundo a palavra de Jesus Cristo, o AMOR AO PRÓXIMO está associado ao AMOR DE DEUS, que lhe dá, portanto, a mesma importância e o mesmo destaque. Tal paridade de importância está registrado no Livro de Lucas, cap. 12, vers. 28 a 33. Do ponto de vista maçônico, encontramos na terceira Instrução do Ritual de Aprendiz Maçom a assertiva de que a inteligência, quando dirigida por uma sã Moral, é suficiente para discernir o Bem do Mal.

A Moral ensinada pela Maçonaria baseia-se no AMOR AO PRÓXIMO, nesse mesmo amor ensinado por Deus e por Jesus Cristo, que podemos conhecer pelos textos bíblicos acima citados é que nos dão a certeza do cuidado de Deus para com todos nós.

É esse amor fraterno que o verdadeiro Maçom deve praticar, não só dentro das Lojas, mas, sim e principalmente, na vida profana, para exercitar aquilo que foi aprendido nos nossos templos; do contrario seremos apenas acadêmicos bem formados.

Nos três graus simbólicos, o V.:M.:. ergue uma prece ao G.: A.: D.: U.: na qual se diz "... subjuguemos paixões e intransigências a fiel obediência dos sublimes princípios da Fraternidade, afim de que nossa Loja possa ser o reflexo da Ordem e da Beleza que resplandece em Teu trono."

Esta prece reitera para os maçons, que o amor fraternal é a preparação indispensável para pretender-se alcançar o cimo da Escada de Jacó, que os verdadeiros Maçons haverão de galgar, um por um, todos os seu degraus, na busca Deus e de sua perfeita conformidade com Ele (Deus), tendo sempre presente em sua mente e em seu coração, o solene e fundamental dever de estreitar os laços de amizade fraternal que nos une (os maçons) como verdadeiros irmãos.

Os principio da Fraternidade, ou seja, da HARMONIA FRATERNAL podem e devem ser realizados na família, na Nação, na Loja e no mundo, uma vez que as condições essenciais para tanto sejam observadas, ou seja, para irmãos poderem HABITAR juntos HARMONIOSAMENTE é preciso: 

          ALTRUÍSMO e consideração pelos outros 
          TOLERÂNCIA das convicções ou escrúpulos dos outros 
          SIMPATIA para com as aspirações e interesses dos outros 
          ACORDO em querer promover os interesses da família 
          LAÇO DE PARENTESCO natural ou espiritual 
       AMOR comum aos pais, ou, no caso de uma irmandade ou fraternidade, o mesmo amor e obediência a Deus 
          AMOR FRATERNAL, por todos pertencerem a mesma família 

Como vimos, o texto básico do grau de Aprendiz e a Moral maçônica estão perfeita e explicitamente consoantes com os textos das Sagradas Escrituras, as quais, como recomendam os próprios Rituais, devem ser permanentemente estudadas pelos Maçons como fonte mais pura de ensinamentos, principalmente pelo fato de sermos, ao mesmo tempo,

LIVRES PENSADORES POR EXCELÊNCIA E INCANSÁVEIS BUSCADORES DA VERDADE.

Bibliografia:
1- Bíblia Sagrada - Edições Vida Nova - 12a. edição - 1989
2- Ritual de Aprendiz Maçom - G.L.E.S.P. - Edição de 1983
3- Ritual de Aprendiz Maçom - G.O.B. - Edição de 1965
4- Cerimonias Exactas da Arte Maçônica - G.O.B. - Grande Capitulo do Rito de York - Edição de 1920
5- Ritual de Instalação e Posse - G.L.E.S.P. - Edição de 1983
6- New Grolier Electronic Encyclopedia - Edição de 1993
7- Dicionário Eletrônico Aurélio - Edição de 1995

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