O MANUAL DO APRENDIZ FRANCO-MAÇOM
- Introdução ao estudo da Ordem da
Doutrina Maçônica
- Dedicado aos Irmãos Aprendizes
Qualquer que tenha sido o vosso
propósito e o anseio de vosso coração ao ingressar na Augusta Instituição que
fraternalmente vos acolheu, como um de seus membros, é certo que não tereis
entendido, a princípio, toda a importância espiritual deste passo e as
possibilidades de progresso que com ele vos foram abertas.
A Maçonaria é pois, uma
Instituição Hermética no tríplice e profundo sentido da palavra. O segredo
maçônico é de tal natureza, que não pode nunca ser violado ou traído, por ser
mística e individualmente realizado por aquele maçom que o busca para usá-lo
construtivamente, com sinceridade e fervor, absoluta lealdade, firmeza e
perseverança no estudo e na prática da Arte.
A Maçonaria não se revela
efetivamente senão a seus adeptos, aqueles que a ela se doam por inteiro, sem
reservas mentais, para tornar-se verdadeiros maçons, isto é, Obreiros
Iluminados da Inteligência Construtora do Universo, que deve manifestar-se em
sua mente como verdadeira Luz que ilumina, desde um ponto de vista superior,
todos os seus pensamentos, palavras e obras.
Isto é conseguido por intermédio
das provas que constituem os meios pelos quais torna-se manifesto o potencial
espiritual que dorme em estado latente na vida rotineira, as provas simbólicas
iniciais e as provas posteriores do desânimo e da decepção. Quem se deixar
vencer por elas, assim como aquele que ingressar na Associação com um espírito
superficial, deixará de conhecer aquilo que a Ordem encerra sob sua forma e seu
ministério exterior, deixará de conhecer seu propósito real e a Força
Espiritual oculta que interiormente anima a Ordem.
Seu tesouro acha-se escondido
profundamente na terra. Só escavando, ou seja, buscando-o por baixo da
aparência, podemos encontrá-lo. Quem passa pela Instituição como se fosse uma
sociedade qualquer ou um clube profano, não pode conhecê-la; somente
permanecendo nela longamente, com fé inalterada, esforçando-nos em tornarmo-nos
verdadeiros maçons e reconhecendo o privilégio inerente a esta qualidade, ela
nos revelará o seu tesouro oculto.
Deste ponto de vista, e qualquer
que seja o grau exterior que possamos conseguir, ou que já nos tenha sido
conferido para compensar de alguma forma nossos anseios e desejos de progresso,
dificilmente poderemos realmente superar o grau de aprendiz. Na finalidade
iniciática da Ordem, somos e continuaremos sendo aprendizes por um tempo muito
maior que os simbólicos três anos de idade. Oxalá fossemos todos bons
aprendizes e continuássemos sendo-o por toda nossa existência! Se todos os
maçons se esforçassem primeiro em aprender, quantos males que tem sido
lamentados e que ainda serão lamentados, não mais teriam razão de existir!
Este pequeno Manual, quer ser um
Guia Sintético para os aprendizes de todas as idades maçônicas, apresentando em
suas páginas, de forma clara e simples, as explicações que nos parecem
necessárias para entender e realizar individualmente o significado deste grau
fundamental, no qual se encontra todo o programa iniciático, moral e operativo
da Maçonaria.
Ser um aprendiz, um Aprendiz ativo
e inteligente que envida todos os esforços para progredir iluminadamente no
caminho da Verdade e da Virtude, realizando e pondo em prática (fazendo-a carne
de sua carne, sangue de seu sangue e vida de sua vida) a Doutrina Iniciática
que se encontra escondida e é revelada no simbolismo deste grau, é sem dúvida
muito melhor que ostentar o mais elevado grau maçônico, permanecendo na mais
odiosa e destruidora ignorância dos princípios e fins sublimes de nossa Ordem.
Não devemos ter, portanto,
demasiada pressa na ascensão a graus superiores. O grau que nos foi outorgado,
e pelo qual exteriormente somos reconhecidos, é sempre superior ao grau real
que alcançamos e realizamos interiormente, e a permanência neste primeiro grau
dificilmente poderá ser taxada de excessiva, por maiores que sejam nossos
desejos de progresso e os esforços que façamos nesse sentido. Compreender
efetivamente o significado dos símbolos e cerimônias que constituem a fórmula
iniciática deste grau, procurando a sua prática todos os dias da vida, é muito
melhor que sair prematuramente dele, ou desprezá-lo sem tê-lo compreendido.
A condição e o estado de
aprendiz, referem-se, de forma precisa, à nossa capacidade de apreender; somos
aprendizes enquanto nos tornamos receptivos, abrindo-nos interiormente e
colocando todo o esforço necessário para aproveitarmos construtivamente todas
as experiências da vida e os ensinamentos que de algum modo recebemos. Nossa
mente aberta, e a intensidade do desejo de progredir, determinam esta
capacidade.
Estas qualidades caracterizam o
Aprendiz e o distinguem do profano, seja dentro ou fora da Ordem. No profano,
(segundo se entende maçonicamente esta palavra) prevalecem a inércia e a
passividade, e, se existe um desejo de progresso, uma aspiração superior, encontram-se
como que sepultados ou sufocados pela materialidade da vida, que converte os
homens em escravos completos de seus vícios, de suas necessidades e de suas
paixões.
O que torna patente o estado de
aprendiz, é exatamente o despertar do potencial latente que se encontra em cada
ser e nele produz um veemente desejo de progredir, caminhar para a frente,
superando todos os obstáculos e limitações, tirando proveito de todas as
experiências e ensinamentos que encontra em seus passos. Este estado de consciência
é a primeira condição para que seja possível tornar-se maçom no sentido
verdadeiro da palavra.
Toda a vida é para o ser ativo,
inteligente e zeloso, uma aprendizagem incessante; tudo o que encontramos em
nosso caminho pode e deve ser um proveitoso material de construção para o
edifício simbólico de nosso progresso, o Templo que assim erigimos, cada hora,
cada dia e cada instante à G. D. G. A D U. isto é, do Princípio Construtivo e
Evolutivo em nós mesmos. Tudo é bom no fundo, tudo pode e deve ser utilizado
construtivamente para o Bem, apesar de que possa ter-se apresentado sob a forma
de uma experiência desagradável, de uma contrariedade imprevista, de uma
dificuldade, de um obstáculo, de uma desgraça ou de uma inimizade.
Es aqui o programa que o Aprendiz
deve esforçar-se em realizar na vida diária. Somente mediante este trabalho,
inteligente, zeloso e perseverante, pode converter-se num verdadeiro obreiro da
Inteligência Construtora, e companheiro de todos os que estão animados por este
mesmo programa, por esta mesma finalidade interior.
O esforço individual é condição
necessária para este progresso. O Aprendiz não deve contentar-se em receber
passivamente as idéias, conceitos e teorias vindas do exterior, e simplesmente
assimilá-las, mas trabalhar com estes materiais, e assim aprender a pensar por
si mesmo, pois o que caracteriza a nossa Instituição é a mais perfeita
compreensão e realização harmônica de dois princípios de Liberdade e
Autoridade, que se encontram amiúde em tão franca oposição no mundo profano.
Cada um deve aprender a progredir por meio de sua própria experiência e por
seus próprios esforços, ainda que aproveitando segundo seu discernimento a
experiência daqueles que procederam nesse mesmo caminho.
A Autoridade dos Mestres, é,
simplesmente Guia, Luz e Apoio para o Aprendiz, enquanto não aprender a
caminhar por si mesmo, mas seu progresso será sempre proporcional a seus
próprios esforços. Assim é que esta Autoridade - a única que é reconhecida pela
Maçonaria - nunca será o resultado de uma imposição ou coação, mas o implícito
reconhecimento interior de uma superioridade espiritual ou melhor dizendo, de
um maior avanço na mesma senda que todos indistintamente percorremos. Aquela
Autoridade natural que somente conseguimos conhecendo a Verdade e praticando a
Virtude.
O aprendiz que realizar esta
sublime Finalidade da Ordem, reconhecerá que em suas possibilidades há muito
mais do que fora previsto quando, inicialmente, pediu sua filiação e foi
recebido como irmão.
O impulso que o moveu desde
então, foi sem dúvida, radicalmente mais profundo que as razões conscientes
determinantes. Naquele momento, atuava nele uma Vontade mais elevada que a da
sua personalidade comum, sua própria vontade individual, que é a Vontade do
Divino em nós. Seja ele pois, consciente desta Razão Oculta e profunda que
motivou sua afiliação a uma Ordem Augusta e Sagrada por suas origens, por sua
natureza e por suas finalidades.
A todos nós é dado o privilégio e
a oportunidade de cooperar para o renascimento iniciático da Maçonaria, para o
qual estão maduros os tempos e os homens. Façamo-lo com aquele entusiasmo e
fervor que, tendo superado as três provas simbólicas, não se deixa vencer pelas
correntes contrárias do mundo profano, nem arrastar pelo ímpeto das paixões,
nem desanimar pela frieza exterior, e que chegando a tal estado de firmeza,
amadurecerá e dará ótimos frutos.
Mas, antes de tudo, aprendamos.
Aprendamos o que é a Ordem em sua essência, quais foram suas verdadeiras
origens; o significado da Iniciação Simbólica pela qual fomos recebidos; a
Filosofia Iniciática da qual provêm os elementos, o estudo dos primeiros
Princípios e dos símbolos que os representam; a tríplice natureza e valor do
Templo alegórico de nossos trabalhos e a sua qualidade; a palavra dada para uso
e que constitui o Ministério Supremo e Central. Receberemos assim o salário
merecido como resultado de nossos esforços e tornar-nos-emos obreiros aptos e
perfeitamente capacitados para o trabalho que de nós será exigido.
(Desconheço o autor)
(Desconheço o autor)
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