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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

sexta-feira, 13 de março de 2020

DÚVIDAS DO RITUAL

DÚVIDAS DO RITUAL 
(republicação)

Em 19.05.2015 o Respeitável Irmão Simões Souza, Loja Liberdade e Glória, REAA, GOB, Oriente de Glória, Estado da Bahia, formula as seguintes questões sobre ritualística: dr.simoes@hotmail.com

Gostaria de solicitar do Irmão que me tirasse algumas pequenas duvidas sobre a ritualística do Rito Escocês, espero que seja possível, pois estaremos assumindo a próxima gestão e certamente precisaremos de todas as informações possíveis, segue abaixo: 1 - (Pagina 45) - Quando o Primeiro Vigilante ordena que todos fiquem em Pé e a Ordem, também ficam os Vigilantes, inclusive ele próprio? 2 - (Pagina 49) - Quando os Diáconos fazem a circulação em Loja para transmissão da palavra, eles devem fazer alguma saudação ao Venerável Mestre? Ou qualquer Irmão que circule antes da abertura do Livro da Lei? 3 - (Pagina 50) - Quando o Mestre de Cerimônias convida o Orador para a abertura do Livro da Lei, ele deve conduzir à frente ou atrás do Orador? 4 - (Pagina 54) - Quando houver alguma lei ou decreto para o Orador ler, os demais irmãos devem permanecer sentados também ou em pé? 5 - (Pagina 78) A palavra será dada pelo Venerável Mestre ao 1° Diácono novamente? Não deveria retornar seguindo a sequência contraria ao inicio da sessão para que haja a verificação? (a exemplo do Rito Brasileiro).

CONSIDERAÇÕES:

1. Assim como sempre, faltam melhores explicações. Como todos ficam à Ordem em ambas as Colunas, os Vigilantes também assim procedem, deixando os seus respectivos malhetes e compondo o Sinal com a mão. 

2. Os Diáconos embora cumprindo o giro, já que a Loja está em procedimento de abertura, não fazem qualquer saudação nesse momento. Devo lembrar que saudação em Loja somente é feita ao Venerável em Loja aberta ao se ingressar e sair do Oriente ou às Luzes da Loja por ocasião da Marcha do Grau. Durante a circulação no Ocidente ninguém faz qualquer saudação ou parada formal ao transpassar de uma para outra Coluna. Antes da abertura do Livro da Lei ninguém faz Sinal, salvo aquele pelo qual o Vigilante cumpre a sua segunda obrigação em Loja verificando os presentes nas Colunas. Não confundir o procedimento de compor e fazer Sinal com o ato de se circular em Loja. 

3. O Mestre de Cerimônias sempre conduz e, quem conduz, vai à frente do conduzido, portanto na sua questão o Orador acompanha o seu condutor. 

4. O Orador bem como todos os demais permanece sentado. Conforme o RGF, ninguém fica em pé nesse momento. 

5. Estamos tratando do REAA e não do Rito Brasileiro. Assim a transmissão da Palavra é feita na abertura e no encerramento dos trabalhos – não existe no escocesismo esse conceito de retorno da Palavra. Na verdade o escocesismo simbólico pela influência oriunda dos “antigos” (da Maçonaria Operativa) revive alegoricamente os procedimentos dos construtores medievais (Associações Monásticas, Confrarias Leigas e a Francomaçonaria) que, antes de iniciar os trabalhos operativos no canteiro, o Mestre da Obra (atual Venerável) solicitava aos seus auxiliares imediatos (hoje os Vigilantes) a aprumar e nivelar os cantos das construções (veja as joias dos Vigilantes – nível e prumo). 

Assim os auxiliares imediatos nivelavam e aprumavam ao mesmo tempo em que comunicavam o Mestre através dos antigos Oficiais de Chão (atuais Diáconos) que tudo estava “justo e perfeito”, ou o mesmo que um ambiente propício para se iniciarem os trabalhos no canteiro. Assim sendo o Mestre da Obra determinava o início do período laboral abrindo a Loja Operativa. Concluída uma das etapas da construção, ou da empreitada, o mesmo Mestre definia que fossem conferidos (mensurados) os trabalhos, cujo confronto tinha o intuito de pagar devidamente o salário aos operários. 

Nesse sentido os mesmos auxiliares imediatos (Vigilantes) voltavam e conferiam os cantos e o nivelamento para verificar se tudo estava nos conformes na etapa concluída da construção. Assim permanecendo, os mensageiros (Diáconos) informavam ao Mestre que tudo estava “justo e perfeito” e o Mestre então determinava que se pagasse aos Obreiros os seus justos salários e que eles fossem despedidos contentes e satisfeitos até o próximo ciclo da construção (outro solstício). 

Entretanto, na Moderna Maçonaria há que se levar em conta que os trabalhos são especulativos e não mais operativos – a matéria prima (pedra) é, portanto o próprio Homem passível de aperfeiçoamento. 

Nesse particular, o REAA revive essa antiga prática como tradição haurida dos Canteiros Medievais do passado, o que faz especulativamente não se nivelar e aprumar literalmente, mas se verificar a Grande Obra transmitindo de modo velado uma Palavra que, se pronunciada corretamente, ou “justa e perfeita”, o Venerável faz abrir os trabalhos da Loja. 

Do mesmo modo o procedimento se repete no encerramento. Em sendo transmitido de modo correto a Palavra, então o Venerável solicita ao Primeiro Vigilante que feche a Loja (veja esses procedimentos no Ritual). 

Com isso há que se observar que no REAA não existe nenhum retorno da Palavra, porém metodologias distintas que, hora significam os propósitos para abertura da Loja, e hora para o seu encerramento - tudo de conformidade com costumes hauridos da história e das origens da Maçonaria. 

Não menos importante esses procedimentos explicam também a origem do termo “justo e perfeito” na liturgia da Moderna Maçonaria.

Como última observação nesse tópico, cabe um alerta. Procedimentos que muitas vezes se parecem iguais nem sempre se comportam dessa maneira. Tudo às vezes depende da doutrina e da vertente cultural de cada Rito ou Trabalho maçônico que os praticam. Assim, não confundir práticas de Ritos, fazendo delas como se fossem expressões análogas. 

Infelizmente os nossos Rituais deixam muito a desejar nas práticas e explicações. Neles existem inúmeras contradições, quando não a própria interferência dos Regulamentos. 

Assim fica o alerta aos “fazedores de ritual” e àqueles que se dizem “entendidos de ritualística”. Em não se conhecendo a contento a “Arte e a Geometria”, muitos desses acabam se tornando vetores de ervas daninhas que disseminam dúvidas, equívocos e contradições, sobretudo quando se embasam em velhos rituais anacrônicos, tendo-os como seus oráculos da falsa sabedoria.

T.F.A. 
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.840 – Florianópolis (SC) – quarta-feira, 14 de outubro de 2015 

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