Muito se fala sobre iniciação, seja em um grupo, ou sozinho, da sua importância, do seu papel na vida do magista, do ser humano como um todo. Muito se fala sem saber, muito se sabe sem falar. Pouco se sabe, muito se fala.
Vejo a iniciação não como uma etapa isolada, mas como uma parte constante, com influencias tanto antes quanto depois de sua realização, um processo que acompanha a vida do magista.
Apenas ao morrer aprendemos a viver, e simbolicamente a iniciação representa isso: a morte de uma vida profana, para o renascimento em uma nova vida, buscando novos horizontes, novos caminhos, deixando de lado o ego e nosso lado mais animal, afastando-nos da besta, compreendendo sua parte em nós e aproximando-nos do divino, descobrindo nossa própria centelha, tornando-nos estrelas iluminando o caminhos dos justos.
Um rito de passagem, onde o que fica, o resultado dos nossos esforços, nosso trabalho se torna o nosso presente para o mundo. Viemos ao mundo para aprender, para contemplar, para ensinar. Não vejo nada mais belo do que nosso próprio mundo, síntese material de tudo o que há no universo, de tudo o que é sutil e efêmero, onde ao descobrirmos o que é nosso, o que devemos fazer torna-se a descoberta do que é do mundo, do que pertence a nossos irmãos, e aos poucos o mundo acorda e percebe o que é de cada um. Resta-nos viver e descobrir quem somos, e fazer de nosso caminho o caminho do mundo, da humanidade, da divindade.
A iniciação representa uma quebra, um rompimento, uma mudança à nível espiritual, e que sua vida a partir desse momento jamais voltará a ser o que era. É ver o mundo com outros olhos, ser alguém melhor, diferente do que se era, é deixar velhos vícios e buscar novas virtudes. Uma iniciação onde não há essa ruptura é no máximo simbólica, e pouco muda na vida do dito iniciado, sendo apenas simbólico. O rito de passagem, a Iniciação, deve conter esse corte, essa ruptura, e para que isso possa ocorrer o Iniciador deve conter o toque, mostrar-se merecedor e possuidor da linhagem à qual o novo candidato está para ingressar.
Sejam 3, 7 ou 15 neófitos iniciados em um mesmo ritual, a Iniciação é puramente individual, cada um tem sua percepção, e a visão do divino, do real sentimento se ingresso na egrégora deve ser sentido por si mesmo, e mesmo com sentimentos e visões diferentes as sensações serão iguais em efeito, o real marco da entrada no Templo.
A iniciação em um grupo, o marco de entrada do ser renascido para uma nova vida coroado e divinizado pela egrégora dos que o cercam, é motivo de jubilo, de votos de sucesso e de trabalho, de luta por sua evolução e autoconhecimento, afirmação de si perante a divindade suprema. Motivos divididos pelos que foram acolhidos como irmãos, como iguais, indiferente das diferenças, papéis e subtrações impostos socialmente. Não é apenas o grupo que acolhe o iniciado, é uma troca, um diálogo de idéias, de forças, por um bem comum maior.
Sejam os do esquadro e compasso, da rosa e da cruz, dos símbolos da natureza, ou dos buscadores solitários, somos todos artistas, moldando a realidade perante nossa vontade, buscando o Éden em nossos próprios jardins, fazendo de nós, assim, a síntese de todo o macrocosmo em nossos corpos profanos, veículos talvez toscos da luz divina que é nossa alma, centelhas do principio criativo superior.
Somos um só, um principio e uma alma, uma mesma energia que se propaga e se manifesta das mais variadas formas, com o mesmo papel: evoluir, elevar-nos ao nosso verdadeiro lugar, a despeito da negatividade, intempéries e desafios, nossos fados enquanto divindades em treinamento.
Fonte: https://www.deldebbio.com.br
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