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PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

O RITO DA CIRCUNVOLUÇÃO

“ALBERT MACKEY” e outros
"Temos dentro de nós uma energia, um princípio vital, que é o dínamo permanente da vida. Nos dá os movimentos, o raciocínio, os sentidos e os sentimentos.

O Templo tem também essa energia. Tudo possui energia....

Tudo é vibração, tudo é sintonia. Podemos produzir boas e más energias."

O rito da circunvolução é um símbolo ritualístico que vem em apoio da identidade da Francomassonaria com as cerimônias religiosas e místicas dos antigos.

“Circunvolução” é o nome que os antigos estudantes da arqueologia sagrada davam ao rito religioso praticado nas antigas iniciações, o qual consistia em fazer uma procissão em redor do altar ou de outro objeto consagrado e santo.

Este rito parece ter sido praticado universalmente pelos antigos, e a princípio fazia alusão ao curso aparente do sol no firmamento, que vai do oriente para o ocidente, pelo sul.

Na antiga Grécia os sacerdotes e o povo giravam ao redor do altar cantando hinos e odes sagradas enquanto realizavam os ritos de sacrifício. Somente os sacerdotes podiam dar três voltas em torno do mesmo, circulando pela direita e pulverizando-o com água e colocando alimentos.

Ao fazer a circunvolução era necessário que se iniciasse pelo lado direito do altar, e por conseguinte que a procissão se movesse do Oriente para o Sul e do Sul para o Ocidente e para o Norte até chegar novamente ao Este. Dessa maneira se representava aparentemente o curso do Sol.

Os gregos diziam que essa cerimônia se dirigia da direita para a esquerda, pois esta era a direção do movimento do sol, e os romanos chamavam esse movimento de dextrovorsum ou dextrorsum, que significam a mesma coisa,[1] Por exemplo: “Plauto teria dito a Palinuro, personagem de sua comédia Curculio: “se queres reverenciar aos deuses, dêem voltas a seu altar, a fim de que possam proteger suas mãos da pedra e da argamassa.”[2]...

O importante é enxergarmos o Sol como enxergavam os antigos, ou seja como divindade e como vida e não somente como um astro, ou como o astro-rei.

Todos sabemos que os altares ou Aras foram e ainda são símbolos das religiões. Nos primórdios, neles eram realizados sacrifícios de oferendas vivas aos seres sagrados. Um desses episódios bíblicos é o que se refere ao sacrifício proposto por Abraão do seu primogênito. No mitraismo o touro era sacrificado com muita violência e dor ao Deus Invictus, representado pelo Sol.

O Círculo é o símbolo da Criação, do Universo e do espaço/tempo que são infinitos.

Círculo com um ponto dentro significa a representação do espírito ou o universo enclausurado.

A figura geométrica do círculo liga o profano ao Divino. Seja Parâmartha = o desconhecido – para os Hindus, onde se sobressai SHIVA, o deus da libertação; seja o Absoluto, o Altíssimo, para os Cristãos; seja o oniabarcante (local para onde retornaremos) – para os babilônios e os astecas; seja os sublimes valores dos nativos do continente americano. O Círculo representa o Sol, associado ao princípio da Vida e de todas as coisas e portanto, A GERAÇÃO, conservação e sustentação da Vida e esotericamene o próprio ESPÍRITO.

Há na Loja um pedestal ou Ara, chamado de Altar dos Juramentos, que é o símbolo do antigo altar dos sacrifícios, das oferendas.

Os Altares sempre foram os símbolos, por excelência, das Religiões. Neles sacrificavam-se, durante os ofícios, as oferendas vivas aos seres sagrados.

A Circunvolução é observada, em várias religiões. Conservamos assim, os atos correspondentes praticados, nos antigos mistérios, egípcios, hindus, gregos, romanos, celtas, indo-iraniano e outras religiões. O número de evoluções, os textos, as orações, os hinos, os cantos exclamados, variavam de acordo com o emprego e a origem desses inúmeros Ritos. Na índia por exemplo, em reverência a um morto nobre a Circunvolução é cumprida com grande exatidão e respeito.

Pela disposição bem ordenada de todos os trabalhos, a fim de que cada um dos participantes possa tirar todo o proveito da Força, da Beleza e da Sabedoria da Maçonaria. Pelo nosso sentimento de dedicação absoluta de um Irmão para com outro. Pela nossa franqueza e pela nossa sinceridade. Pela conformidade com o direito e pela virtude de se dar a cada um aquilo que desejamos para nós mesmo, ou pelo menos aquilo que já se possui, vamos respeitar as prescrições, praticar com mais cuidado, afeição e pertinácia o Ritual da Circunvolução em Loja.

No mês de outubro de 1.383, segundo narra um documento daquela época, compraram-se três dezenas de pares de luvas que foram distribuídos aos operários que começavam a construir o Monastério de Dijon.

Depois, por volta de 1.486 ou 1.487, foram entregues aos pedreiros e aos artífices de pedras ou trabalhadores em pedra de Amiens, vinte e dois pares de luvas.

É, pois, evidente, que os construtores da Idade Média usavam luvas para proteger suas mãos durante o trabalho. É também evidente que os maçons especulativos tenham recebido dos maçons operativos o avental e as luvas e passaram a utilizá-los em fins mais nobres que seus predecessores.

Acreditamos ser desnecessário dar mais exemplos. Não há dúvida de que o uso das luvas na maçonaria é uma idéia simbólica oriunda da linguagem universal do simbolismo e que o seu uso expressava a necessidade imprescindível de se levar uma vida pura.

Vemos que o avental e as luvas procedem de uma mesma fonte simbólica. Vejamos também se tem a mesma origem histórica.

A adoção do avental na maçonaria se deve indubitavelmente ao uso que faziam dele os predreiros da Idade Média. Essa é uma das provas mais evidentes de que nossa ciência especulativa deriva da arte operativa.

Os construtores, associados a empresas que viajavam através da Europa construindo palácios e catedrais, nos legaram como seus descendentes, seu nome, sua linguagem técnica, e essa vestimenta que protegia a roupa das manchas produzidas pelo trabalho. Nos deixaram também as luvas?

Nos Anais Arqueológicos de Didron há uma gravação feita na vidraçaria de uma grande janela da catedral francesa de Chartres. Essa obra foi feita no século XIII e representa vários operários trabalhando. Três deles adornados com coroas de louro. Representariam eles as três luzes ou cargos importantes das Lojas? Todos os obreiros aparecem de luvas. Didron manifesta que nos antigos documentos que examinou se menciona com detalhes as luvas que eram presenteadas aos pedreiros e artífices da pedra. Em um número seguinte dos Anais Arqueológicos cita outros três exemplos:

No ano de 1.331, o castelão de Villaines, em Duemois, comprou uma grande quantidade de luvas para os profanos antes de serem admitidos nos ritos sagrados, Por exemplo, no templo da Ilha de Creta se lia a seguinte inscrição: “limpa teus pés, lava tuas mãos e depois entra”.

Não cabe nenhuma dúvida de que lavar as mãos, como símbolo de pureza, era um rito característico dos antigos. Ninguém ousava orar aos deuses sem lavar as mãos. Homero disse a Hector: “Temo ofertar a Jove o vinho incessado com as mãos sujas”

Enéas se nega, quando parte da ardente Troya, a entrar no Templo de Ceres, sem antes lavar suas mãoes em água corrente, manchadas na recente luta: “vindo de guerra e luta recente seria ímpio de minha parte tocar as coisas sagradas antes de banhar-me em água corrente.”

A mesma prática prevaleceu entre os Judeus. Exemplo notável disso é Pilatos, a quem pediram os Judeus que crucificassem a Jesus. Ele se apresentou ao público lavando as mãos e dizendo: “Sou inocente do sangue desse justo, verão vocês”.

Na Idade Média os bispos e sacerdotes colocavam luvas para celebrar as funções religiosas. Essas luvas eram de linho de cor branca. Durandus, o célebre ritualista disse: “as luvas brancas significam castidade e pureza; porque as mãos se conservam limpas e livres de toda impureza.”

Esse objeto faz parte da vestimenta maçônica nas Lojas e nas circulações. Em muitas Lojas regulares seus membros levam metodicamente os aventais e as luvas.

O simbolismo das luvas não é na realidade mais que uma modificação do avental. Os dois significam a pureza da vida. O Salmista disse: “quem escalará a montanha do Senhor”? quem permanecerá em seu lugar sagrado? O que tem as mãos limpas e puro o coração.”

Pode se dizer que o avental se refere ao coração puro e as luvas às mãos limpas. Porém ambos significam purificação que sempre simbolizou a ablução[3] que precedia as antigas iniciações nos mistérios sagrados. Porém, apesar de que os maçons ingleses e americanos aceitem tão-somente o avental e rejeitam as luvas como símbolo maçônico, parece que essas últimas são mais importantes na ciência simbólica, pois em todos os antigos escritores se encontram abundantes alusões às mãos limpas e puras.

“As mãos são os símbolos das ações humanas; as mãos puras produzem ações puras; as mãos sujas produzem injustiças” disse Wemyss, em a Chave Symbólica. Tanto os autores profanos quanto os sagrados aludem com frequência a esse símbolo. O lavar as mãos é o símbolo externo da purificação interna. É por isso que o Salmista disse: “lavarei minhas mãos em inocência e darei voltas ao teu altar, Oh, Jeová!” Nos antigos mistérios o lavar as mãos precedia a cerimônia de iniciação e servia para indicar simbolicamente que era necessário estar puro de todo.

Os antigos tinham o costume de dar três voltas lentamente em torno do altar dos sacrifícios cantando e fazendo oferenda de alimentos. Na Idade Média isso era feito com avental e luvas.

As Wiccas, na Irlanda, foram trucidadas pelos cruzados por serem pagãs. Numa única invasão mais de vinte mil irlandeses pereceram. O único crime era possuirem como Templo a própria natureza, pois se julgavam indignos de construir um Templo de alvenaria com as mãos sujas.

O Templo é um local sagrado, dínamo vivo de energias infindáveis e é por isso que devemos cuidar bem dele no macro e no microcosmo. Da mesma forma que cuidamos da construção física devemos cuidar da construção espiritual.

Nossas vibrações procedem da nossa mente que em harmonia também é uma fonte de energia. Quando estamos nessas condições atraímos coisas boas, produzimos sentimentos bons e, consequentemente, inundamos nossos templos individuais de energias positivas e com elas poderíamos transformar o mundo.

A CIRCUNVOLUÇÃO EM LOJA

Antes de questionar como devemos circular em loja, temos que precisar bem os termos usados.

O movimento do ponteiro do relógio é sinistrorsum, ou seja, vai da esquerda para a direita. O sentido inverso é o dextrorsum, realiza-se da direita para a esquerda.

Para melhor esclarecer, diremos que o sentido dextrocêntrico se faz quando nos voltarmos tendo constantemente a direita voltada para o interior e a esquerda para o exterior do círculo, e o sinistrocêntrico quando nossa esquerda ficar voltada para o interior do círculo, e a direita para o exterior.

De um modo geral, a direita é considerada benéfica e a esquerda maléfica nas figurações estáticas, (entre os áugures romanos, o que “ficava á esquerda” era desfavorável e de “mau agouro”, daí veio o significado da palavra sinistro).

Com efeito, as circum-ambulações sinistrocêntricas estão ligadas, na maioria das vezes, a operações nefastas.

René Guenón chama estes movimentos de polar e solar. Em seus primórdios, a Maçonaria Operativa adotava a circulação polar ou sinistrógira (no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio), e de acordo com este ritual, o “Trono de Salomão” era colocado no Ocidente, e não no Oriente, a fim de permitir que seu ocupante “contemplasse o sol ao nascer”. Atualmente, a Maçonaria Especulativa adota em seus rituais a circulação solar ou dextrógira (sentido dos ponteiros do relógio). Em sânscrito, o sentido dextrocêntrico chama-se pradakschina, e que está e um uso, particularmente nas tradições hindus e tibetanas, enquanto que o sentido sinistrocêntrico encontra-se notadamente na tradição islâmica.

É interessante notar que o sentido das circum-ambulações corresponde igualmente á direção da escrita nas línguas sagradas dos respectivos povos.

A rotação real do sistema solar é sinistrocêntrica. Por conseqüência, como a Loja representa o Universo, e os Oficiais, os Planetas, parece lógico fazer com que estes circulem no sentido real. Mas neste caso entramos em choque com a tradição, que considera todo movimento sinistrocêntrico maléfico. De qualquer modo, é necessário e imprescindível que se adote um sentido “ritual” de circulação, e inadimissível que se faça indiferentemente num sentido ou no outro. No R E A A , adotamos o sentido dextrocêntrico

Bibliografia

– Arbert Mackey. El Simbolismo Fracmasónico – pag. 124 – Capítulo XXI – EL RITO DE LA CIRCUVALACIÓN .[4]

- Portal Maçom - Ir.´. Tibério Sá Maia

Jules Boucher – A Simbólica Maçônica – Ed. Pensamento

Notas 

[1] Dextro = direita
[2] Tito Mácio Plauto (em latim Titus Maccius Plautus; Sarsina, cerca de 230 a.C.- 180 a.C.) foi um dramaturgoromano, que viveu durante o período republicano
[3] ablução
s. f.1. Lavagem; purificação por lavagem.2. Vinho e água com que o celebrante lava os dedos e o cálice, na missa.3. A parte da missa em que essa cerimónia é praticada
[4] Albert Gallatin Mackey (12 de Março de 180720 de Junho de 1881), foi um médico americano, e é mais conhecido por ter sido autor de vários livros e artigos sobre a Maçonaria, sobretudo, nas Landmarks da Maçonaria. Ele serviu como Grande professor e Grande Secretário da Grande Loja de Carolina do Sul; e Secretário-geral do Conselho Supremo do Antigo e Aceito Rito da Jurisdição Sul dos Estados Unidos

Fonte: http://joseroberto735.blogspot.com

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