Páginas

PERGUNTAS & RESPOSTAS

O “Perguntas & Respostas” que durante anos foi publicado no JB News e aqui reproduzido, está agora no “Blog do Pedro Juk” . Para visita-lo ou tirar suas dúvidas clique http://pedro-juk.webnode.com/ ou http://pedro-juk.blogspot.com.br

sábado, 22 de abril de 2023

FAÇA-SE A LUZ!

Este trabalho foi elaborado para o ERAC da 19a Região Maçônica do Gr∴Or∴de São Paulo, em 1998, pelos AAp∴MM∴IIr∴ JOSÉ HENRIQUE GONÇALVES e JOSÉ REYNALDO AMOR JR., da A∴R∴L∴S∴ SOL LUCET n° 2774 DUARTINA – SP

Este trabalho está voltado basicamente para a interpretação mística e ritualística da Luz, porém não obstante, esta intrigante manifestação da natureza é apresentada também, sob o aspecto da ciência, ou seja, que a traduz como uma das formas pelas quais a energia se manifesta.

Mas não seria de muito interesse para este nosso evento, explicações distantes do mundo ritualístico e simbólico da maçonaria, até porque, não só ela, mas diversas religiões, ritos e procedimentos de cultos trazem em seu bojo destaques especiais à propagação luminosa.

Contudo, no momento em que se usa a expressão Luz, esta assume várias interpretações, tudo dependendo da inserção em contexto próprio, daí surgirem expressões como: “Sob a Luz do Direito...”, “Mestre peço-te uma Luz...”, “A Luz do Sol brilha para todos..”, “Senhor, dai a todos sua Luz que não se apaga...”, entre muitas outras. Bem, no que tange o ritual maçônico, esta palavra Luz, assume um valor ainda mais destacável, pois a Luz do saber maçônico ou aquela irradiada do Oriente é a que conduz o obreiro pelo caminho da busca incansável da perfeição e é algo tão brilhante, que o neófito jamais poderia ter visto uma clareza comparável.

No marcante ritual iniciático, quando o VM, atendendo ao pedido, repete as palavras do GADU, ao princípio do mundo, ”Faça-se a Luz....”, o neófito encontra-se no ápice da sua condição de iniciante na maravilhosa Ordem e a Luz, que lhe é concedida premia-o pela sua perseverança, após longo período de cegueira, a qual, passa agora a iluminar seus passos, evitando tropeços e tirando-o das “Trevas da conduta Profana”.

Ao principiar no conhecimento dos mistérios espirituais e dos segredos ritualítiscos, o APM presencia a Luz viva emanada do Oriente através do VM e dos 1° Vig e 2° Vig.'. nas respectivas colunas. Formam assim, a Trilogia, a Trindade, o Triângulo ou ainda o número da Luz, pois cada ponto é um estágio do Sol: quando nasce, ao meio-dia e quando se põe. Também é dado a ele saber, que a Luz externa, não pode invadir o Augusto Templo, mantendo a propagação luminosa do seu interior protegida de qualquer influência do mundo profano.

1 - LUZ e COR – NOÇÃO CIENTÍFICA

1.1 - EVOLUÇÃO

Muito embora sejamos, dependentes naturais da Luz , pois é algo imprescindível à sobrevivência do homem, plantas e animais, os pesquisadores não conseguiram estabelecer princípios que expliquem a totalidade dos fenômenos luminosos. Existe atualmente uma proposta teórica, a do modelo onda-corpúsculo, que engloba os dois estudos clássicos por excelência, o modelo corpuscular e o ondulatório. No modelo corpuscular, é considerado que a luz é formada por pequenos corpúsculos (fótons) que se propagam em grande velocidade e em linha reta no espaço. Esta teoria explica fenômenos como o da reflexão, mas deixa outros sem a devida explicação. Já no modelo ondulatório, a teoria diz que a luz parte de uma fonte luminosa em movimento ondulatório e não precisa de nenhum meio material para se propagar. Isto é, trata-se de uma onda de tipo eletromagnético. Essa teoria permite explicar a reflexão, a refração e difração, entre outros fenômenos luminosos. Neste modelo onda-corpúsculo, o cientista francês Louis De Broglie (1892-1987) uniu as duas teorias. Segundo este pesquisador, tanto a luz como a matéria parecem ter um comportamento ora corpuscular, ora ondulatório, conforme se observe o fenômeno.

O Sol, as estrelas, uma lâmpada ou uma vela são objetos que emitem luz própria, isto é, produzida por si próprios. São corpos luminosos. A maioria dos corpos que nos cercam, porém, enviam luz somente depois de receberem de algum corpo luminoso. São os chamados corpos iluminados. A mesa, o Livro ou a poltrona são corpos iluminados porque simplesmente refletem a luz emitida por corpos luminosos. A Lua fica visível ao anoitecer porque reflete a luz do Sol.

Conforme a quantidade luz que deixam passar, os corpos iluminados são classificados em: transparentes, translúcidos e opacos. Assim exemplificados, como transparentes os vidros, o ar e a água pura; os translúcidos poderiam ser lembrados através do papel vegetal e os vidros esmerilhados; e os opacos, exemplificado pela madeira, metais e outros.

Inúmeras experiências demonstram que luz se propaga em linha reta e em todas as direções, em qualquer meio homogêneo. Chama-se raio luminoso a reta que indica a direção de propagação da luz. O conjunto de raios que parte de um ponto é um feixe. Se o ponto de onde procedem os raios está muito distante, os raios são considerados paralelos.

A formação de sombras e penumbras pode ser explicada pelo fato de a luz se propagar em linha reta. Colocando-se um corpo opaco entre uma fonte luminosa (que pode ser lâmpada) e uma tela de anteparo, observa-se que se formam na tela três zonas distintas: uma zona iluminada onde chegam todos os raios de luz; uma segunda aonde chegam alguns raios; e uma terceira aonde não chegam qualquer raio, aí configurando uma sombra. Os eclipses do Sol e da Lua são fenômenos naturais de sombras e penumbras produzidos periodicamente.

1.2 - VELOCIDADE

A luz se propaga com extrema rapidez. Sua velocidade depende do meio em que ela viaja. O tempo que um raio luminoso leva para chegar a nossos olhos é tão insignificante que até poucos séculos atrás se acreditava que a propagação da luz era instantânea. O primeiro pesquisador que tentou medir sua velocidade foi o italiano Galileu Galilei (1564-1642). Sem conseguir chegar a resultados concretos, o astrônomo concluiu que a luz viajava a uma velocidade infinita. No século XVII, outros cientistas chegaram a um valor aproximado de 200.000 km/s. Em 1929, o físico norte-americano Albert Michelson (1852-1931), usando técnicas mais avançadas, determinou um valor de 299.790 km/s. Atualmente admiti-se o valor médio de 300.000 km/s para valor padrão da luz no ar e no vácuo. Valor que, já no início do século, Albert EinsteIn afirmava ser a velocidade máxima que poderia ser alcançada no Universo. Em outros meios, a velocidade da luz é menor. Na água por exemplo, é de 225.000 km/s, e no diamante, 124.100 km/s. A relação entre a velocidade da luz no vácuo e em qualquer outro meio chama-se índice de refração e é representada pela letra n . Um ano-luz equivale a 9.460 milhões de quilômetros e é uma medida astronômica.

1.3 - COR

A luz branca ou visível não passa de um pequeno grupo daquelas do espectro de ondas eletromagnéticas. Na verdade, ela é formada pela mistura de diferentes cores e cada cor tem um comprimento de onda diferente. Em 1666, o Ir.'. Isaac Newton descobriu que a luz é formada de diferentes cores. Ele fez incidir um feixe de luz solar sobre um prisma de cristal e observou que sobre a parede se projetavam sete franjas de cores diferentes: vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Esse leque de cores que aparece no arco-íris, chamado de espectro de luz visível, é o fenômeno conhecido como dispersão da luz.

Quando a luz incide sobre um objeto, uma parte dela é absorvida e outra se reflete e chega aos olhos. Se vemos um objeto de cor vermelha é porque ele absorveu todas as outras cores, exceto a vermelha. A cor da luz refletida determina a cor do objeto. Um objeto negro absorve todas as cores, enquanto um objeto branco reflete todas elas.

A retina humana é formada por três famílias de células, cada uma capaz de distinguir uma das cores primárias, o vermelho, o azul e o verde. No cérebro se faz uma síntese delas, o que permite a percepção das outras cores.

1.4 - FOGO

O homem pré-histórico, só conseguiu sua evolução a partir, do relativo domínio do fogo; sua utilidade é sem dúvida alguma muito variada, mas foi e ainda é fonte básica de luz, isto fez a chama assumir um destacável lugar no dia-dia do homem, a qual passou a ser utilizada por motivos de ordem práticas, esotéricas, tradicionais entre várias outras.

2 - A LUZ NA MAÇONARIA

2.1 - LUZ  DA VELA

Seguindo, as observações do PodIrNicola Aslan, “a Câmara da Reflexões é fracamente iluminada apenas pela bruxuleante luz de uma vela ou de uma lamparina.

Como todo símbolo, este clarão tremulezente pode ter várias interpretações. Nele podemos ver a primeira luz da Maçonaria que o profano recebe, de início fraca para que o profano, através dos pensamentos que o ambiente lhe sugere, possa acostumar a sua visão espiritual à Luz deslumbrante das verdades que lhe serão reveladas.

Dentre elas, a primeira a lhe ocorrer será, por certo, a Unidade de Deus, o Um infinito, fonte e princípio de todas as coisas que constituem um conjunto único e harmônico.

A luz desta vela é o reflexo e a representação da Divindade no plano terrestre. É Ela o único asilo seguro contra as paixões e perigos do mundo e que nos proporciona o repouso, o discernimento e a luz da inspiração, quando a Ela recorremos.”

Afirma ainda o Ir Aslan, que outra interpretação, é que ao entrar neste poço mal iluminado o fundo do homem, que não é outra coisa senão o interior do homem, dando-lhe assim a esperança de um mundo novo e diferente, que se abre à sua frente, mundo do qual ele não pode fazer uma idéia precisa, mas que a iniciação há de lhe descobrir, quando passadas as provas simbólicas a que será submetido, provas físicas e morais e intelectuais, através das quais ele mesmo poderá analisar o seu “EU” interno, e retirada então a venda que lhe cobre os olhos, poderá ver, finalmente, a Verdadeira Luz em todo o seu resplendor.

Agora tratando-se das velas que são acesas durante a sessão da Loja, são de suma importância o acendimento, visto que tais velas não tem por finalidade um sinal de alegria e representação da luz interior. O número de velas, a sua composição e o seu simbolismo são minuciosamente determinados nos rituais maçônicos, assim como no cerimonial eclesiástico. A vela é uma tradição que remonta à Maçonaria operativa.

No entanto, pelo simbolismo que encerra, a vela transcende da condição de simples acessório e devem ser-lhe dispensados os mesmos cuidados que os antigos dedicavam ao Fogo Sagrado do lar, que devia permanecer em toda sua pureza.

2.2 - LUZ FILOSÓFICA

As origens remotas da Maçonaria, não dão conta deste nome, muito menos ainda da sua atual estrutura, obstando era sim um Movimento, de reação envolvendo interesses sociais, políticos, econômicos e religiosos.

Era contudo um movimento que surgia dada a necessidade de se pôr ordem dentro de um sistema caótico de organização primitiva social. Tal movimento, espalhava-se em todas as direções do globo terrestre, na dependência do tipo de aflição social que caracterizava cada região. O aspecto filosófico tem maior realce com a luta entre o bem e o mal representados pela Luz e Trevas. Os iniciados são os Sacerdotes da Luz, e os inimigos, as próprias trevas; Os iniciados obrigam-se a propalar o bem e a combater o mal, até que venha a ser destruído, reinando o Bem, sozinho sobre a Terra, fim este perseguido, incessantemente, por toda sociedade secreta.

Já no Egito, após a caída dos sacerdotes que haviam usados símbolos de tal forma que transformaram, totalmente, a concepção religiosa, criando do nada, mesmo de uma oportunidade passageira, um novo deus, os iniciados abandonam reuniões em Templos, refugiando-se da casta sacerdotal, mas criando novos ambientes, devidamente fechados às indiscrições, instituindo palavras de passe, senhas, e todos os cuidados, iguais ou mais rigorosos, ainda, que os seguidos pela Maçonaria atual.

Os iniciados, adotaram, também no Egito, o princípio filosófico da Luz e das trevas em constante luta e o mito de Ísis e Osíris, afirmando que a luta seria regular e permanente.

O Ir Ivan Segura, cita a prática do fogo nas antigas iniciações, como elemento mais sutil, de que nascem todas as coisas e em que todas se dissolvem, afirmando tratar-se do domínio do mundo do Espírito de Vida, cujas fronteiras tocam o mundo Divino; e acrescenta, que a descida do Espírito sobre o iniciando com seu fogo, faz desaparecer as trevas dos sentidos, e com ela toda dúvida e vacilação, dando-lhe essa Serenidade Imperturbável em que a alma descansa para sempre ao abrigo de todas as influências, tempestades e lutas externas.

Esse fogo é a essência do Amor Infinito, impessoal, livre de todo desejo, impulso pessoal que dá poder ao iniciando de operar milagres porque nele converte em FÉ ILUMINADA e em força ilimitada por haver vingado os limites da ilusão.

O mercúrio integrante da Pedra Filosofal, representado pelo GALO, é um símbolo de intrepidez e de vigilância, como também de pureza.

Consagrado a Mercúrio ou Hermes, guia das almas e indicador por excelência, o Galo, em Maçonaria, anuncia a Luz que o Recipiendário vai receber e representa o signo esotérico desta Luz; segundo o Princípio Hermetista do graus filosóficos. Na Câmara das Reflexões, este simboliza o alvorecer de uma nova existência, visto que Recipiendário vai morrer para a vida profana e renascer para a vida maçônica.

2.3 - LUZ MAÇÔNICA

Descreve, com muita sabedoria o Ir Aslan: Tendo sido considerado digno de ser admitido na Maçonaria pela coragem e perseverança demonstradas, o Neófito, completamente vestido e vendado é novamente introduzido no Templo.

O VM pergunta ao 1° Vig o que pede em seu favor, recebendo como resposta: “Que lhe seja dada a Luz !”, e o VM∴ segue explicando no princípio do mundo, disse o GADU “ FAÇA-SE A LUZ!”, e entre pancadas de malhetes e outras expressões, propositadamente aqui suprimidas, a venda é deixada cair dos olhos do Neófito, que ao receber a Luz nasce pela segunda vez.

Luz, em Maçonaria tem o significado de verdade, conhecimento, ciência, saber, instrução e prática de todas as virtudes. É por isso que se diz, quando um profano é iniciado, que ele “Recebe a Luz”. E dando continuidade a idéia, segue citando Mackey:

“Luz é uma palavra importante no sistema maçônico, transmitindo um sentido bem mais longínquo e oculto do que geralmente pensa a maior parte dos leitores. É de fato, o primeiro de todos os símbolos apresentados ao Neófito e que continua a ser apresentado, de várias maneiras, através de todo o seu futuro progresso na carreira maçônica.”

De acordo com Mackey, a palavra Luz contém uma grande alusão à verdadeira essência da Maçonaria, pois encerra, em sua extensa significação, todos os outros símbolos da Ordem. Os Maçons tem sido denominados “Filhos da Luz”, por serem julgados possuidores do verdadeiro sentido do símbolo, enquanto se considera os não-iniciados, que não receberem este conhecimento, como estando nas trevas.

Entre antigos, a luz foi adorada como fonte do bem e a escuridão, negação da luz, abominada como causa do mal. Em consequência dessa doutrina, acreditam os antigos na existência de dois princípios antagônicos em constante luta para se apoderarem do governo do mundo e, sobre tais bases, fundaram-se a maior parte das religiões.

Nos Antigos mistérios, o Candidato passava, durante a iniciação, através de cenas de completa escuridão, terminando as suas provações pela admissão no santuário esplendidamente iluminado, dizendo-se que tinha alcançado a luz pura e perfeita. Lá recebia as instruções que lhe davam o conhecimento da verdade, objetivo que procurava atingir.

2.4 - GRANDES LUZES

O Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso, colocados em cima do Altar dos Juramentos, constituem as Três Grandes Luzes da Maçonaria.

Enquanto a Bíblia é o código moral que deve servir de guia na conduta do Maçom, este deve regular seus pensamentos pelo Compasso da Razão, e ajustar sua ações como o Esquadro do Dever. Ambos representam o Guia e a Base dos ensinamentos maçônicos, sendo a mola reguladora dos nossos trabalhos, assim como os fiéis indicadores do caminho da Virtude e da Perfeição.

O Livro da Lei colocada sobre o Altar dos Juramentos, a Bíblia representa a lei divina e pode ser, de acordo com a religião dominante em cada país, o Livro sagrado da religião nele seguida.

O Livro da Lei significa Sabedoria e representa a espiritualidade do Maçom. Também simboliza o GADU, porque, segundo se julga, é por meio deste livro que tem revelado mais preceitos e provas do seu divino poder do que por outro qualquer meio. Este Livro nos dá, por conseguinte, a luz para podermos cumprir nossos deveres para com Deus.

No ato de prestar o Juramento, a Bíblia é considerada como o símbolo da vontade Divina ou sejam os Ditados de Deus, ou do Espiritualismo maçônico que todo Maçom deve possuir.

O Esquadro é um dos símbolos mais venerados da Ordem, e junto com o Compasso representa o Escudo Maçônico, o signo mais conhecido da Maçonaria. É composto de dois ramos de comprimento igual e provém da metade de um quadrado que é o símbolo da Terra onde desencadeiam as paixões humanas, e é por isto que se diz que o verdadeiro Maçom encontra-se entre o Esquadro e o Compasso, ou seja entre o Céu e a Terra.

O Esquadro, que o VM, porta apenso em um Colar, deriva do triângulo retângulo, também chamado de Pitágoras, ou Triângulo Sagrado, e mantém a proporcionalidade 3-4-5.

O Esquadro figura em todos os graus da Maçonaria, como um dos mais eloquentes emblemas. Assim o Aprendiz usa o esquadro como seu único e verdadeiro signo, marcando-o, por isso, a cada passo que dá no decorrer de sua marcha em direção ao Altar.

Ensina-se ao Aprendiz que “o Esquadro serve para regular as nossas ações e o compasso para nos traçar os justos limites a conservar em nossa conduta para com os nossos semelhantes, e particularmente para com os nossos irmãos”. O Esquadro e o Prumo previnem o Maçom para que seja justo e equitativo, ao lado do Compasso que representa o Infinito, e que indica ao iniciado onde deve dirigir constantemente suas vistas de admiração e estudo.

O Compasso é outro dos atributos com que a Divindade é representada e explicada, visto que o vértice do mesmo é uma alegoria do olho de Argos da Divindade que tudo vê, e seus ramos a claridade dos eflúvios que se derramam sobre o homem ou a matéria que neste caso, estão representados pelo Esquadro. O Compasso representa o céu, para onde o iniciado deve dirigir suas vistas; o Esquadro representa a Terra onde o iniciado acorrenta os seus vícios e paixões.

Por isto que o Compasso simboliza o dever imperativo de dominar nossas paixões e refrear nossos desejos nos devidos limites. É o emblema mais notável da Virtude e a única e verdadeira medida do Maçom. 

Podemos dizer que ele nos ilumina em nossos deveres para conosco mesmo. Sabe-se que o Compasso é usado como símbolo de perfeição nas artes, visto que dele surgem as mais complicadas figuras, todas elas perfeitas obedecendo a um centro comum, e desse mesmo modo pretende-se explicar que a Divindade, foco central de toda beleza e inspiração, derrama sobre os homens seus dons por igual.

Mas o Compasso de ouro traça o círculo sem começo e sem fim; é o símbolo do espírito infinito, eterno e universal.

2.5 - PEQUENAS LUZES

Em volta do Altar dos Juramentos colocado no centro do Templo, e delimitando o Pavimento Mosaico, esta porção do Templo onde não se pode penetrar por ser considerado consagrado, sendo o lugar onde o influxo supraterrestre se faz sentir, há três velas postas sobre altos candelabros.

Tais candelabros têm recebido várias interpretações, segundo as épocas.

Representam o Pai, o Filho e o Espírito Santo, os quais correspondem ao Sol Levante, ao Sol do meio-dia e ao Sol Poente. Tiveram a significação do Sol, Lua e Mestre da Loja, referindo-se na atualidade, aos três Oficiais principais da Loja: VM, o 1° Vig.'. e 2° Vig, ou seja, de acordo com a tradição, à Sabedoria que inventa, à Força que executa, à Beleza que orna, estas três virtudes que sustentam, o Templo.

Estes grandes candelabros apresentam, muitas vezes, o aspecto das colunas Jônica, Dórica e Coríntia que também correspondem ao Venerável e aos Vigilantes. Devem ser acesos no sentido solar, ou seja: Oriente, Sul e Ocidente, devendo esta ordem ser respeitada no acendimento das três velas, pois elas inundam a Loja com Luz espiritual que se transmite aos Três Oficiais, os quais, desta forma, irão trabalhar sob a direita inspiração do Grande Arquiteto do Universo.

Relativamente às Três Pequenas Luzes, o simbolista Oswald Wirth dá ao Aprendiz as seguintes explicações:

“Entregue às suas reflexões, o Aprendiz compreende que a concepção de uma idéia deve proceder o ato realizador, necessário pensar justo para agir bem, daí a Sabedoria fixando o plano, com efeito na execução do qual a Força desenvolve a sua energia; mas ação só é sábia se ela for bela, a idéia só é justa se se realiza em Beleza.

A Sabedoria do Venerável consiste em dirigir o trabalho construtivo e seu papel é intelectual, tornando-se o intérprete da Sabedoria da Arte maçônica e não de sua própria. É portanto uma Sabedoria especializada, modesta e realmente sábia em sua ambição limitada.

O Primeiro Vigilante rege a Força, fazendo observar a disciplina na Loja. 

Chama a atenção dos retardatários e controla a assiduidade. Exige que cada um fique em seu lugar e cumpra a sua tarefa...A Força está em nós, da mesma forma que a Sabedoria; mas só chegamos a ser realmente fortes quando nos aplicamos ao trabalho com constância e regularidade.

Não basta agitar-se com zelo para satisfazer as exigências da Arte. Agitação não é sinônimo de trabalho: quando trabalhamos, entendemos produzir, modificar, transformar, fazer melhor; ora, o que é melhor realiza uma harmonia que se traduz em obra de Beleza.

O Segundo Vigilante é o esteta da Loja, tendo-se em vista que ele ensina a bem trabalhar, a construir solidamente a todos respeitos; ele sabe que, mesmo materialmente, nada que não seja belo é durável: a admiração faz respeitar a obra do artista puro.”

2.6 - DELTA SAGRADO

No Oriente, bem no centro, por cima do lugar onde se situa o Trono do VM, encontra-se o Delta Sagrado ou Luminoso ou ainda Delta Radiante, formado por um Triângulo equilátero, tendo no centro o Olho Simbólico, uma irradiação e Nuvens.

O Triângulo entre as superfícies, é a forma que corresponde ao número três, e tem a mesma significação. Assim como o número três é o primeiro entre os números, da mesma forma o triângulo é o primeiro de toda as formas.

O Triângulo equilátero com vértice para cima é também o símbolo da Sabedoria e do justo equilíbrio entre forças opostas: a Força que empreende, a Beleza que orna e a Sabedoria que harmoniza.

O Olho Luminoso é o olho da Consciência e o símbolo do Sol. É o Olho da Divindade à qual nada permanece oculto. É o Olho Onividente. Figura também o Princípio Divino, o Poder do Criador Onipotente, animador de todas as coisas.

O Sol e o Olho são idênticos por analogia. Posto que o olho vê o Sol que ilumina, e o olho pode refletir o raio do Sol que recebe, ipso facto e em consequência torna-se Sol. Porém, para representá-lo, deve ser figurado o olho direito. De fato, no culto de Mitra, o olho direito era o símbolo do Sol.

Do ponto de vista iniciático, o Sol é o símbolo do Intelecto que concede o Pensamento. E de fato, é pelo Pensamento que se chega ao Conhecimento.

2.7 - SOL E A  LUA

No painel da Loja de Aprendiz, a janela do Oriente é ladeada pelas imagens do Sol e da Lua.

O Sol e a Lua simbolizam os cultos antigos, o ativo e o passivo, o positivo e o negativo, o macho(J) e a fêmea(B), todas elas forças que se equilibram.

O Sol representa a Razão que ilumina a inteligência, a Lua figura a imaginação que reveste as idéias com uma forma apropriada, e o Mestre da Loja simboliza o Princípio consciente que é iluminado sob dupla influência do Raciocínio e da Imaginação.

A Sombra e o Frio são características da Noite iluminada fracamente pela Lua, ao passo que o Sol, pela viva Luz que irradia em todos os sentidos, espalha o Pensamento sobre os seres humanos. No Sol que simboliza o Intelecto, a Alma adquire a Faculdade do Raciocínio pela Reflexão e pela Imaginação.

CONCLUSÃO

O tema Faça-se a Luz, foi escolhido levando-se em conta, a importância assumida pela Luz no meio simbólico e ritualístico maçônico. Muito embora, haja ainda vasta teoria interpretativa sobre o assunto, procuramos aqui dar maior ênfase nas frequentes observações, no primeiro grau.

Tudo indicou no entanto, que a importância da Luz no Universo Maçônico, remonta os princípios desta Ordem, e tornou-se destacável e imprescindível desde então, até porque, está presente em praticamente todos os Graus e Ritos, e é fundamental para evolução do conhecimento espiritual e filosófico do iniciado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • CAMINO, RIZZARDO DA, Simbolismo do Primeiro Grau (APRENDIZ) 6a Edição - Editora Aurora R.J. - Brasil
  • ASLAN, NICOLA, Comentários ao Ritual de Aprendiz - Vade-mécum Iniciático, 2a Edição - Editora Aurora R.J. - Brasil
  • SEGURA, IVAN, A Iniciação Maçônica, 1a Edição – Editora Joarte – Bauru /SP – Brasil
  • RITUAL - GOB, 1º Grau – Aprendiz - Rito Escocês Antigo e Aceito
  • CARVALHO, ASSIS, Cargos em Loja, 6a Edição – Editora Maçônica “A Trolha” – Londrina/PR – Brasil
  • CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE HELP – O ESTADO DE SÃO PAULO
  • Sistema de Consulta Interativa– M.E.C./Jornal o Estado de São Paulo, 1a Edição – Editora THEMA – São Paulo/SP
Fonte: JBNews - Informativo nº 0161 - 04/02/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário