ORIENTAÇÕES RITUALÍSTICAS PARA O REAA
(republicação)
Em 27/06/2017 o Respeitável Irmão Wesley J. Gonçalves, Loja Augusto Gonçalves, 3.311, REAA, GOEB-GOB, Oriente de Itagimirim, Estado da Bahia, solicitas informações para as questões seguintes:
Meu Irmão, tenho lido há alguns anos diversos trabalhos publicados pelo Irmão na internet, que contribuem sobremaneira para esclarecimento de dúvidas e aumentar o nível de conhecimento maçônico.
Estou Venerável Mestre de uma Loja no interior da Bahia que em sua fundação (2000) praticava o Rito Brasileiro, posteriormente mudou-se o Rito para o REAA.
Acontece que ainda existem influências que ao longo do tempo foram "modificando" o REAA de acordo com os "achismos" e "experiências" de alguns irmãos. Já consegui colocar muita coisa de volta no seu lugar, principalmente a circulação na abertura e encerramento dos trabalhos (sem sinal penal ao cruzar a linha do equador/delta), dentre outras situações.
Mas, tenho algumas dúvidas e espero que possa me ajudar, vamos lá:
1 - Os Aprendizes e Companheiros podem subir no Oriente para receber seu Diploma de Aprendiz/Companheiro? Uma vez que o Aprendiz recebe lá seu avental, presta seu juramento, etc..., seria possível receber no Oriente seu Diploma?
2 - Sabemos que não há padronização de circulação no Oriente, mas pode haver circulação entre o Livro da Lei e o trono de Salomão? (No Rito Brasileiro existe e alguns insistem em continuar a fazer).
3 - Ao término da Cadeia de União, alguns irmãos "sacodem" os braços ao tempo que dizem saúde (3x), isso é correto? (não consta isso no ritual, em minha opinião está incorreto). Outra questão também sobre a Cadeia de União, no ritual ela só é mencionada por ocasião da transmissão da Palavra Semestral, alguns insistem em fazê-la por outros motivos (oração por alguém, por exemplo), existe essa possibilidade? (no meu entendimento, não pode).
4 - Qual a pronúncia correta da aclamação (Huzzé), seria Uzé ou Ruzé?
5 - Quanto ao ex Venerável, (acredito ser o termo correto do REAA e não Past Master), existe a denominação de Venerável Mestre de Honra para se referir a ele?
6 - Pode haver no Oriente circulação sem a condução do Mestre de Cerimônias? (O Orador é conduzido, enquanto o 1º Diácono o faz sozinho na transmissão da Palavra).
7 - Na circulação do Saco ou Tronco, pela ordem: Venerável Mestre, 1º Vigilante, 2º Vigilante, Orador, Secretário, Cobridor Interno, Mestres do Oriente, Mestres do Ocidente, Companheiros e Aprendizes, mas havendo irmãos em companhia do Venerável Mestre no trono de Salomão, é recolhido de todos ou somente do Venerável Mestre e depois recolhe dos demais na ocasião em que se recolhe dos mestres do oriente?
CONSIDERAÇÕES:
Resposta p/nº 01 – Pois é mano, esse é um erro gravíssimo que ainda permanece no nosso Ritual. Iniciaticamente, somente ingressam no Oriente da Loja, os Mestres Maçons.
O erro vem desde quando elevaram o Oriente na época das Lojas Capitulares (século XIX) na França, hoje extintas. Antes disso não havia demarcação do Oriente da Loja, já que o mesmo era apenas a parede oriental e os que imediatamente à sua frente tomavam assentos. Infelizmente, mesmo depois de extintas as Lojas Capitulares, o Oriente no REAA permaneceu elevado e dividido à moda capitular.
Para resolver esse grave erro, algumas Lojas, durante a Iniciação e a Elevação, desloca o Altar dos Juramentos para bem próximo ao limite com o Ocidente. Assim, o protagonista (Aprendiz ou Companheiro) não entra no Oriente durante o juramento, ficando no Ocidente diante do Altar que continua no Oriente.
Do mesmo modo, algumas Lojas também não entregam os paramentos no Oriente. O Venerável faz a entrega sem que o protagonista precise ingressar no Oriente.
Entretanto é preciso lembrar que vivemos em uma Maçonaria latina com seus carimbos e convenções onde existe a regra de se cumprir o que está escrito.
Desse modo e sob a óptica do “está escrito”, segue-se o ritual, embora ele esteja nesse particular completamente errado.
Espera-se que em algum dia no futuro uma “alma iluminada” consiga convencer os guardiões dos rituais que normalmente não estão nem um pouco preocupados com a razão e o porquê da liturgia maçônica.
Para que isso aconteça, o ritualista precisa compreender a razão pela qual os Aprendizes ocupam o topo do Norte e os Companheiros o topo do Sul. Do mesmo modo ele precisa compreender o porquê o Oriente só é ocupado por aquele que atingiu a plenitude maçônica.
Quanto à entrega de Diploma ou qualquer outro procedimento que envolva a presença de Aprendiz ou Companheiro no Oriente eu não recomendo, pois penso que o ideal é primeiro reparar o erro e não aumenta-lo ainda mais.
Resposta p/nº 2 – A prática se refere ao REAA⸫ e não ao Rito Brasileiro. Assim, no escocesismo não existe circulação no Oriente, senão a regra de que nele se ingresse a partir da Coluna do Norte pelo nordeste e dele se retire em direção à Coluna do Sul pelo sudeste.
Devido à inexistência de circulação, não existe nenhuma regra que ordene alguém em deslocamento necessite passar primeiro pela frente ou por trás do Altar dos Juramentos. Geralmente se transita pelo espaço que oferecer melhor fluidez.
Resposta p/nº 3 – A forma de se executar a Cadeia de União é aquela que está prevista no ritual em vigência (edição 2009), ou seja, apenas cruzam-se os braços (o direito por sobre o esquerdo) na oportunidade em que se dão as mãos na forma de costume.
Não existe nenhum outro movimento, a exemplo do de “sacudir” os braços ou proferir exclamação durante a sua realização.
A Cadeia de União somente é realizada no REAA⸫ após estarem encerrados os trabalhos e apenas para dar conhecimento à Loja da Palavra Semestral. Nela não existem preces, orações e outros afins e dela somente participam os obreiros do Quadro. Não existe Cadeia de União para outra finalidade.
Resposta p/nº 4 – A pronúncia dessa aclamação se inicia com o som da letra “U”, embora a sua grafia se inicie com a letra “H”.
A aclamação é uma saudação simbólica à Luz (Sol) e tem origem nos antigos cultos solares da Antiguidade. O termo H⸫ está intimamente ligado aos costumes dos árabes, cujos quais saudavam a volta do Sol no solstício de inverno no hemisfério norte. Na oportunidade eles agitavam um ramo florido de Acácia e pronunciava H⸫ Mais tarde Maomé viria proibir essa prática.
Em Maçonaria no REAA⸫ a saudação é feita simbolicamente na abertura dos trabalhos ao Meio-Dia pela plenitude da Luz e no encerramento à Meia-Noite pela certeza de que quanto mais escura é a madrugada, mais próximo está o nascer de um novo dia.
Essa aclamação só existe nos dois primeiros graus, já que na Câmara no Meio, por razões iniciáticas, a alegoria não prevê Luz em alusão ao inverno e a prevalência das trevas (dias curtos e noites longas).
Assim, a tríade aclamada nada tem a ver com elucubrações ocultistas ou outros aparatos imaginativos do gênero. Na pura Maçonaria não existe espaço para ilações dessa envergadura. A Maçonaria é uma construtora social e não palco de proselitismos e crenças particulares.
Resposta p/nº 5 – Não. É pura invenção. Cumprido o tempo previsto na legislação, o Venerável Mestre é apenas o ex-Venerável e se distingue, em alguns casos, pelo termo “mais recente”.
De fato, ex-Venerável é o termo correto, já que “Past-Master” é costume utilizado pela vertente inglesa de Maçonaria. O REAA⸫ é filho espiritual da França, portanto da vertente latina de Maçonaria onde o Venerável que deixa o cargo é o ex-Venerável.
Por si só no Brasil, pela generalização do título distintivo de Mestre Instalado, seria redundante o termo Past-Master, já que qualquer Mestre Instalado (que não é grau) é um ex-Venerável.
Como já não bastasse toda essa massagem no “ego”, ainda inventa-se o Venerável Mestre de Honra! Como dizia Eça de Queirós: essa é mesmo d’escrachar.
Resposta p/nº 6 – Isso é uma questão ritualística. Os Diáconos, originários dos “antigos oficiais de chão”, são os mensageiros do Venerável para a conferência simbólica que propicia a abertura e o encerramento dos trabalhos na Oficina.
Alguns deslocamentos previstos na liturgia maçônica nem sempre carecem do Mestre de Cerimônias como condutor – é o caso dos Diáconos, por exemplo.
Quanto ao caso da condução do Orador, o Mestre de Cerimônias obedece a uma ordem do Venerável como está previsto no ritual.
Não existe uma regra única determinando que qualquer deslocamento em Loja seja feita por condução do Mestre de Cerimônias. Existem casos que sim e outros que não. Isso não é uma constante e se dá apropriadamente de acordo com o momento litúrgico.
Resposta p/nº 7 – Mesmo que ocupadas às duas cadeiras de honra, não importando quem as esteja ocupando, o giro da bolsa é feito primeiro abordando as Luzes da Loja (Venerável e os Vigilantes), Orador, Secretário e Cobridor Interno. Em seguida os demais ocupantes do Oriente (podendo começar pelos ocupantes das cadeiras de honra), depois os Mestres da Coluna do Sul, os do Norte, os Companheiros e os Aprendizes. Por último recolhe o próprio oficial circulante que assim se comporta ajudado pelo Cobridor Interno.
Em qualquer situação, os primeiros a serem abordados são os seis cargos mencionados, sempre se começando por aqueles que detêm o malhete. Em hipótese alguma se faz a coleta de alguém junto com a do Venerável Mestre, mesmo que ao seu lado estejam os Grão-Mestres.
Outras observações – Somente existem duas cadeiras de honra colocadas à direita e à esquerda do Venerável Mestre. Nenhuma, além delas, pode ser ali colocada. O Decreto 1469/2016 do Poder Central regula as suas ocupações.
No site do GOB em Ritualística – Grande Oriente do Brasil existem orientações que alteram procedimentos nos Rituais do REAA de Aprendiz Maçom. Recomendo consulta. Somente tem acesso ao site o que for portador do GOB-CARD.
T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: pedro-juk.blogspot.com.br
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