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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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domingo, 21 de maio de 2023

REFLEXÕES DE UM MAÇOM

José Antônio Ribeiro - C∴ M∴ (Brasília – DF)

O mundo atual com todos os seus paradigmas, todas as suas incoerências requer uma profunda reflexão sobre o nosso destino, o destino da humanidade.

Nós Maçons, tidos como pessoas escolhidas, mesmo sendo uma minoria em termos quantitativos, temos o dever de rever nossas posições frente ao mundo atual que ora enfrentamos, não dentro das lojas, mas na vida profana.

Queiramos ou não fazemos parte de um mundo em constante mudanças, extremamente rico em desenvolvimento tecnológico e globalizado que nos mostra cada vez mais injusto e cruel com a grande maioria da população. Somos também, como Maçons, responsáveis pelos rumos que a nossa civilização está tomando, por fazermos parte de uma elite: Política, Cultural e Científica.

Não é à toa que contamos em nosso quadro médicos, engenheiros, políticos, empresários, advogados etc. Por isso, não podemos nos enclausurar em nossas lojas em busca dos conhecimentos teóricos que a ordem nos proporciona, enquanto “do lado de fora” as drogas destroem nosso jovens, a corrupção política desfaz os ideais das pessoas honestas, levando o povo em sua grande maioria a sofrer as agruras da fome, da cegueira intelectual, da discriminação racial e cultural e das guerras: é a violência oficializada, que nos apresenta.

A essência de nossas instruções diz para “pormos em prática” os conhecimentos adquiridos; e eu me pergunto: estamos pondo em prática esses conhecimentos? Em outras palavras, estamos de fato exercendo a nossa função social? Estamos realmente exercendo a práxis de construção dos templos à virtude e cavando masmorras aos vícios...? É nosso dever contribuir de alguma forma para as mudanças necessárias que o presente momento exige; não só na forma de exemplos, de atitudes no interior das lojas e de nosso lar, mas no mundo profano. Posicionando-se, atuando, contribuindo de alguma forma para amenizar a fome dos nossos irmãos, intercedendo em prol dos injustiçados, não sendo agentes passivos das mudanças. Devemos nos colocar estrategicamente nos pontos vulneráveis da sociedade e proteger os princípios da solidariedade, da fraternidade e da igualdade.

Quando afirmamos ter vislumbrado a Estrela Flamejante queremos dizer que adquirimos a autoconsciência através dos conhecimentos transmitidos, mas o que vemos são irmãos munidos de postos hierárquicos e movidos pela ganância fugir do ideário Maçônico, apavoneando-se de sua posição social e esquecendo-se do compromisso assumido.

De que nos adianta o significado da Letra ”G”, se não os vivemos realmente? Saber do significado simbólico da geometria através do cubo lapidado ou da perfeição tridimensional da pirâmide? O mesmo que a gravidade, o que nos interessa é a atração do amor fraterno, que é o princípio vital da ordem, da harmonia e da estabilidade, comparada à gravitação dos corpos celestes ou do microcosmos.

A consciência do Maçom é fundamentada na razão e a razão é a capacidade mental de perceber ou discernir o certo do errado, o justo do injusto, o bem do mal. Somente quando evoluímos através do exercício da imaginação e da sensibilidade, é que passamos a raciocinar e agir corretamente, daí que estamos aptos a receber o CONHECIMENTO. Passamos a entender as causas dos fenômenos nos planos físico, social e espiritual.

Não sei realmente se a minha pedra bruta já se tornou cúbica, muito menos consigo vislumbrar a decantada inflexibilidade da lei moral que se diz imutável; não vejo com muita clareza o uso das ferramentas como instrumentos simbólicos que traçam ou determinam os nossos limites, o direito inflexível e a lei moral no que ela tem de mais rigorosa e imutável, rumo ao infinito.

Certa vez um irmão me falou que o grande segredo da Maçonaria é que nela não existem segredos; enquanto que um profano me falou que na realidade existem duas Maçonarias: uma que a gente vê e outra que não vemos: Se assim é, qual é a verdadeira?

Um Maçom tem como princípio amar os seus irmãos em toda sua plenitude, reafirmando diariamente a sinceridade desse sentimento, porém acredito ser necessário acender a luz através do cultivo da razão e da imaginação para que possamos agir com inteligência e compreensão. Assim sendo, podemos ver nossos irmãos e semelhantes como iguais e nos colocar acima de todas as coisas mesquinhas de que são exemplos o egoísmo, inveja, sede de poder e orgulho. Este é nosso quinhão, nosso salário que se multiplique como a semente de trigo que morre no inverno sob a terra, para renascer na primavera sob a forma de uma nova planta.

Portanto, para captar o princípio ou as causas dos fenômenos que nos cercam, devemos lapidar nossos sentidos ampliando a ponte que liga nosso mundo interior com o exterior.

Fonte: JBNews - Informativo nº 206 - 21/03/2011

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