Gurdjieff explicou que o homem nasce como uma essência, isto é, com a sua parte mais verdadeira - aquela determinada pelas influências planetárias do momento e do lugar e do seu nascimento - que o tornam algo absolutamente único e irrepetível; porém, posteriormente, os acontecimentos traumáticos da vida inibem a possibilidade de evoluir da melhor forma. Essa capacidade, que ainda está em nós, pode ser recuperada através do trabalho sobre nós mesmos.
Existem escolas esotéricas muito antigas que transmitem secretamente os ensinamentos para poder fazê-lo; A Maçonaria é talvez o exemplo mais importante disso.
Ainda assim, seria fácil: bastaria reaprender a focar nos gestos, passos e palavras do nosso ritual, e redescobrir os tesouros que eles encerram.
A reconstituição do nosso Eu Real é simbolizada na Maçonaria pela obtenção do grau de Mestre, em que os fragmentos da nossa personalidade - espalhados pelo mundo pelos golpes que sofremos na vida profana - são recompostos (para ser preciso, na mito original de Osíris, havia quatorze peças). O ritual de maestria é, portanto, principalmente um ritual de cura e é potencialmente uma cura definitiva; mas, se quisermos colher os frutos dela, devemos evitar cair nos erros anteriores - por exemplo, evitar desperdiçar energia em excesso de atividade, se não for necessário, e se for, evitar ficar muito identificado com o que fazemos.
A luta contra a identificação, ensinamento hermético antiquíssimo, consiste em perceber que se um homem se entrega inteiramente às suas atividades profanas, cria-se um prejuízo: para que tudo funcione da melhor maneira, é necessário que sempre fique uma parte de nós desapegado do que estamos fazendo, e você observa de fora.
Se conseguirmos colocar em prática este ensinamento (há exercícios para aprendê-lo), descobriremos que o agir e o ocupar-se, por mais frenéticos que sejam, já não nos tiram a energia como acontecia antes, mas nos dão mais.
A partir disso podemos perceber que o aprendizado correto do esoterismo maçônico não é algo abstrato e desvinculado da realidade, como muitos acreditam: a Maçonaria nasceu como uma escola operativa, o que significa que sua ritualidade é um método comportamental, concebido para nos auxiliar e nos aprimorar em vida cotidiana.
Na perspectiva de Gurdjieff, o trabalho sobre si e a construção do Real I servem sobretudo para harmonizar os três centros presentes no Homem, físico, mental e espiritual. Esta é uma das possíveis interpretações do triângulo que carregamos representado em nosso avental; e outra é que os dois pontos inferiores representam os hemisférios esquerdo e direito do cérebro (emoção e raciocínio), e o ponto superior é Real I, que como supervisor (ou como Mestre Superintendente da Maçonaria de Marca) coordena sua ação.
A parábola do filho pródigo vem à mente. Aquele menino tinha tudo: pessoas que o amavam, boa comida e riquezas - ele podia fazer o que quisesse da vida. Mas faltava-lhe consciência dos dons recebidos: não os via, sentia-se vazio. Ele teve que sair de casa para perceber o quanto havia perdido; e quando voltou, aprendeu a olhar a realidade com novos olhos. Algo aconteceu que fez sua essência, sua parte mais verdadeira, despertar; aprendera a trabalhar pelo bem e pelo progresso da humanidade.
(Extraído de: Reflexões sobre o esoterismo, de Giovanni Domma) ALEF Esoterica
Fonte: https://omalhete.blogspot.com
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