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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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domingo, 7 de maio de 2023

MESTRE INSTALADO

(republicação)
O Respeitável Irmão Cláudio Rodrigues da Obediência Grande Loja de Minas Gerais, Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, através do Irmão Jerônimo Borges do Oriente de Florianópolis me apresenta o seguinte comentário e pede parecer.
voclarodrix@yahoo.com.br

Mano Jeronimo, recebi o seu Informativo JB NEWS nº 779 em duplicata, porém, as peças de arquiteturas - sempre - bem elaboradas pelo Ir José Maurício Guimarães, somente me foi possível abrir a que trata sobre M∴I∴ e ainda, nela, ele aborda os termos Past Venerável, quanto a este, o Ex-Venerável é mais apropriado ao nosso vernáculo, todavia, o M∴I∴, na minha modesta opinião, trata-se de título distintivo ao Mestre que uma vez eleito fora Instalado, pois se assim não fosse, não ascenderia à cadeira para comandar a Loja, e, na reeleição, não se repetirá a Instalação, como abordado. Mano Jeronimo, é um tema tão palpitante que solicitaria, por seu intermédio, a ajuda do também sapiente Irmão Pedro Juk.

CONSIDERAÇÕES:

Tenho escrito inúmeras vezes a respeito do título de Mestre Instalado. Todavia não me furtaria agora em atender o Respeitável Irmão Cláudio.

A instalação de um Mestre eleito para o cargo de veneralato de uma Loja Maçônica não é tradição no Rito Escocês Antigo e Aceito. Na verdade não só no Rito em questão, porém na Maçonaria de origem francesa. 

Na França existe originalmente simplesmente a posse do Venerável Mestre e um ex-Venerável é simplesmente o “ex-Venerável” e não um Mestre Instalado, ou um Mestre Instalado Passado. 

Muito menos para nós latinos caberia o título de Past Master. Aliás, esses termos ingleses viraram mania entre nós brasileiros: cofee break, feed back, etc.

Ainda na questão da Instalação de um Mestre que exercerá o cargo de Venerável é prática comum nos Trabalhos Ingleses, todavia desde o aparecimento desse “enxerto” no costume maçônico brasileiro, o mesmo se arraigou, virou lei e, queiramos ou não, está entre nós.

Em tese esse costume não nos tiraria o sono se pelo menos os nossos Mestres Instalados, que não são “Ex-Mestres Instalados”, pois um Mestre Instalado será sempre um Mestre Instalado, já que o que realmente existe é o ex-Venerável mais recente, ou o Mestre Instalado que acabou de ocupar o cargo de Venerável, assim entendessem.

Outro aspecto nesse sentido é que no Brasil não todos, mais a grande maioria, “pensa”, ou “acha” que Mestre Instalado é grau, quando o mesmo é apenas e tão somente um título distintivo – o Franco Maçônico básico universal é composto de três graus desde 1.724 com a criação do grau de Mestre, já que anteriormente existiam apenas dois graus. 

Já os ditos “graus superiores” é característica de Ritos que, como eu tenho dito não os faz melhor do que outros que porventura não possuam essa característica. 

Se a Maçonaria Universal é composta por apenas três graus, então que “estória” seria essa de se achar que um Mestre Instalado seja um, digamos, quarto grau? Quem assim pensa está irremediavelmente equivocado. 

Dada a essas facetas no Brasil existe esse costume de se querer distinguir esse título entre os demais Mestres. Isso tem realmente causado situações por aqueles que pensam serem eles detentores de decisões no canteiro simbólico, fato que não é verdade. 

Como há a prática distintiva, esse caráter já é bastante suficiente em se tratando da ocupação dos seus lugares no Oriente da Loja, porém não ao lado do Venerável no sólio. Mestres Instalados ocupam lugares no Oriente, porém abaixo do sólio. 

Justamente pela boca se entortar de acordo com o uso do cachimbo, é que talvez com base no costume inglês, onde existe a figura do Past Master, que ajuda o Mestre da Loja (Venerável) quando necessário (é ele inclusive que também pode abrir o Livro da Lei), porém não ocupa distintivamente cadeira ao lado do dirigente. 

Aliás, um Mestre Instalado deveria ajudar pela sua experiência de forma humilde nos trabalhos da Loja e não ficar procurando lugar ao lado do Venerável. Por exemplo, a figura de um Mestre Instalado no costume Inglês, não raras vezes, quando o cargo não está na linha sucessória, trabalha como Guarda interno, ou mesmo o Tyler. Infelizmente as coisas por aqui não são bem assim. Alguns Mestres Instalados acham que podem interferir nos trabalhos, criam “conselhos” e por aí vai. 

Há de se entender que já que existe essa classe maçônica no Brasil, um conselho só é criado legalmente pela Obediência para instalar um novo Venerável. Cumprida a missão, o conselho é desfeito e pronto. 

Existe também a prerrogativa dos detentores desse título distintivo na Maçonaria Brasileira de empunhar a Espada Flamejante, instrumento usado para a sagração de um obreiro. Por esse feitio é que somente a eles é dado esse direito, todavia isso não altera a regra do Canteiro em entender que a posse desse direito possa ser um grau maçônico. 

Ainda dentro desse costume no Brasil, aquele que foi eleito passa pela cerimônia de Instalação que é privativa da Obediência. Uma vez Instalado e na hipótese de ser reeleito, ele não precisará mais passar pela dita cerimônia. Ele simplesmente toma posse. 

Finalizando, quero aqui deixar bem claro que nada tenho contra o título distintivo dos Mestres Instalados, até porque também faço parte desse grupo. O que combato veementemente é a ideia de se dar a ele uma feição de grau maçônico. 

Assim também me oponho ao conceito de grupos que se acham no direito de tomar assento ao lado do Venerável em exercício intervindo nos trabalhos e decisões da Loja. 

Essas considerações prendem-se a tradição, daí não quero expressar a ideia de estar me insurgindo nem me contra pondo às leis das Obediências brasileiras. 

Esse é um comentário sucinto sobre o tema. Eu poderia apontar mais de uma dezena de contradições – desde a lenda mal copiada, a indução, os sinais contraditórios, etc., etc. 

Como a “aura de mistério” sobre a Instalação está viva e latente no Brasil, eu acabaria por conta dos “puristas de plantão” por arrumar de graça uma grande e sonora dor de cabeça – dizem que em boca fechada não entra mosquito. 

T.F.A.
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 0883 Florianópolis (SC) 02 de Fevereiro de 2013.

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