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PERGUNTAS & RESPOSTAS

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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

TELHAMENTO OU TROLHAMENTO

(republicação)
O Respeitável Irmão Gutemberg L. N. Ribeiro, Loja Fraternidade Universal, 70, Grande Loja do Paraná, REAA⸫, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão: 
gutalvar@ig.com.br 

Conheci-o pessoalmente em Itapoá-SC, quando se fazia acompanhar do Irmão Paulo Guntowski, no clube Camboão. Peço sabedor de seu tempo precioso e dedicado às pesquisas, algo a respeito de trolhamento/telhamento, origem, significado, etc., a coberto, coberto, etc. Nos dicionários de Aslan, Rizzardo, Gervásio Figueiredo, revistas A Trolha, Rituais, Caderno de Pesquisas, normalmente, encontro trolhamento. Também observei o Landmark comentado por Aslan e sobre Trolhamento do autor Walter Pacheco Junior, este em seu livro "Guia da Adm. Maçônica". 

CONSIDERAÇÕES:

A origem dos “trabalhos cobertos” vem dos canteiros medievais onde os planos da obra, contratos de trabalho e o ensinamento da “arte” eram sigilosos. Essa prática estendeu-se para a Maçonaria Especulativa e por extensão a Moderna Maçonaria. 

Nesse caso a referência feita à “cobertura” significa exatamente o sigilo no trato dos acontecimentos e assuntos maçônicos dentro da Loja. Assim o rótulo assumiu o neologismo maçônico de “telhamento” pela cobertura dos trabalhos – ninguém pode ver nem ouvir o que se passa no canteiro. 

Desse costume apareceria o cargo do Cobridor como aquele que figuradamente cobre os trabalhos na Loja. Dependendo da vertente maçônica existe o Guarda Externo (francesa) e o Tyler (inglesa), assim como os conhecidos Cobridores Internos.

Como o termo se refere ao sigilo, os sinais, toques e palavras guardados como verdadeiros segredos da Ordem assumiram também a característica de “cobridores do grau”, posto que além de afastar bisbilhoteiros, preserva os segredos de cada grau, dando o caráter de qualidade para o maçom participar ou não de uma sessão de acordo com o seu nível de aprendizado. 

Assim o termo “cobertura” identifica-se com “telha” que, por extensão dá o caráter de “telhamento” (neologismo – termo encontrado no idioma vernáculo é telhadura). Também dessa associação apareceria o uso da palavra “goteira” para um não iniciado (costume adquirido pela má cobertura do recinto). 

Infelizmente, embora já exaustivamente explicado, alguns ainda produzem o equívoco de confundir “telhamento” com “trolhamento”. Essa interpretação enganosa foi inserida nos rituais brasileiros de há muito tempo atrás e veio se reproduzindo como uma erva daninha, embora alguns autores “tentem” achar uma justificativa para a mesma. 

A palavra “trolha” rotula um instrumento usado pelo pedreiro no seu ofício. Ela pode ser a “colher de pedreiro”, ou a “desempoladeira” donde o artífice se serve da argamassa e alisa a superfície para aparar arestas. 

Desse procedimento operativo, surgiria o termo figurado de “trolhamento” sugerindo a ação de aparar rusgas por eventuais desentendimentos entre os Irmãos. Assim, o ato do trolhamento significa apaziguar, enquanto que telhamento implica em cobrir. Afinal cobre-se um recinto com telhas ou com trolhas? 

Na questão dos Landmarks estes merecem uma observação profunda e acurada, pois muitas das classificações que conhecemos atualmente não são na sua totalidade verdadeiros Landmarks, dado que para assim os classificarem é preciso que ele seja “autêntico, imemorial e universalmente aceito”. 

Na questão do sigilo ele é realmente um Landmark – autêntico por fazer parte das tradições, usos e costumes; imemorial porque se desconhece o seu autor e universalmente aceito pelo fato dele fazer parte de toda a Maçonaria Universal (Aprendiz, Companheiro e Mestre). 

O que não faz sentido é fazer analogia do trolhamento com o sigilo e o segredo maçônico, já que no Landmark específico o sigilo e o segredo fazem parte da “cobertura dos trabalhos maçônicos”, e nunca da digamos, trolhadura dos trabalhos. 

Ainda na questão de estar cobertos, ou a coberto, muitos rituais e manuais ainda insistem no engodo de se referir “cobrir o Templo” para aqueles que porventura precisem se retirar dos trabalhos. 

É comum observarmos ainda a chula manifestação: “Irmão Mestre de Cerimônias fazei os Aprendizes cobrirem o Templo, ou fazei com que o Irmão Fulano de Tal cubra o Templo”. 

Ora, os que precisem se retirar pela ocasião momentânea não cobrem o Templo, porém eles terão o Templo a eles coberto. Quem cobre o Templo, é o Cobridor. Se os Aprendizes cobrissem o Templo, então os demais é que deveriam sair do recinto e eles ficariam diante da porta pelo lado interno cobrindo o Templo! Veja se isso faz sentido. 

T.F.A. 
PEDRO JUK - jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr.1016, Florianópolis (SC) – sábado, 15 de junho de 2013

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