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sábado, 19 de julho de 2025

ANOSOGNOSIA MAÇÔNICA

Luiz Sergio Castro

Anosognosia Maçônica: Quando o Esquecimento dos Juramentos se Torna uma Doença da Alma

No vasto campo da neurologia, existe um termo intrigante chamado anosognosia. Derivado do grego — a (negação) + nosos (doença) + gnosis(conhecimento) — descreve uma condição em que o indivíduo perde a capacidade de reconhecer sua própria enfermidade. Em casos clínicos, como o de pacientes que sofreram um AVC, é comum que, mesmo com a paralisia de um lado do corpo, a pessoa insista em acreditar que está em perfeitas condições. Essa recusa da realidade não é uma simples teimosia, mas sim um distúrbio genuíno e inconsciente.

E se aplicássemos esse conceito ao universo maçônico?

A Transposição para a Maçonaria: Entre Esculápio e Psique

Ao abandonarmos o domínio físico de Esculápio — o deus grego da medicina — e adentrarmos o reino simbólico e espiritual da deusa Psique, abrimos caminho para uma analogia ousada e provocadora: a anosognosia maçônica.

Nessa perspectiva, o “paciente” não sofre de uma paralisia física, mas sim de uma desconexão espiritual e ritualística. Ele esqueceu — ou pior, nega — seus juramentos iniciáticos. Continua frequentando a Loja, participa dos trabalhos, mas já não reconhece ou respeita o que está prescrito nos rituais. Age conforme sua própria vontade, ainda que com boa intenção, e torna-se irritadiço quando confrontado com os erros que comete.

O Maçom Anosognóstico: Quem é ele?

O maçom anosognóstico é aquele que, mesmo instruído, ignora os marcos, gestos, palavras e práticas rituais. Seu comportamento é monocrático, movido por “achismos” ou por uma memória seletiva. Ele acredita que sua conduta está correta simplesmente porque a aprendeu com um Irmão mais antigo ou porque "sempre foi assim".

Um exemplo prático ajuda a ilustrar:

"Durante uma sessão do Rito Escocês Antigo e Aceito, um Irmão acende as velas do altar — prática que pertence exclusivamente ao Rito Adonhiramita. Ao ser advertido de que o gesto não corresponde à ritualística correta, o Irmão recusa-se a aceitar o equívoco. Usa justificativas como "os antigos faziam assim" ou "fica mais bonito desse jeito".

Essa negação da realidade ritualística não é uma questão de estética ou tradição familiar. A Maçonaria, como sistema iniciático, exige fidelidade à forma e ao conteúdo, pois ambos carregam significados simbólicos profundos.

A Origem do Mal: O “Achismo Maçônico”

A porta de entrada da anosognosia maçônica é o que chamamos de “achismo”. Diante de uma dúvida, ao invés de buscar a resposta nos textos oficiais, o Irmão diz: “Acho que é assim mesmo”. Essa prática, ainda que involuntária, mina a exatidão ritual e a integridade simbólica da Ordem.

A cura começa com o silêncio humilde e a busca pelo conhecimento. Quando a dúvida surgir, deve-se nomear um Irmão para estudar a questão com rigor e apresentar o resultado à Loja. Não há demérito algum em admitir que não se sabe — o erro é fingir que se sabe ou agir de modo leviano com o sagrado.

Prevenção e Tratamento da Anosognosia Maçônica

A prevenção começa com:

Grupos de estudo ritualístico regulares;

Revisões constantes dos marcos históricos e simbólicos da Ordem;

Sessões Magnas bem conduzidas, onde cada passo e palavra sejam compreendidos e respeitados;

Leitura contínua dos rituais, leis e normas, em linguagem clara e acessível.

Além disso, é essencial cultivar uma cultura de humildade e pesquisa, onde o erro é tratado como uma oportunidade de aprendizado — e não como ofensa pessoal.

E se houver desacordo com o ritual?

Se um Irmão ou Loja perceber que determinada prática ritual precisa ser revista, o caminho legítimo é encaminhar a sugestão à Comissão Ritual do Poder competente. Até que qualquer alteração seja aprovada, todos os compromissos firmados — inclusive o de obedecer aos rituais e às autoridades — devem ser respeitados integralmente.

Conclusão: O Juramento Não É Opcional

Na Maçonaria, os juramentos não são adornos poéticos; são compromissos com a Verdade, com a Ordem e com os Irmãos. A anosognosia maçônica, portanto, não é apenas uma falha de memória: é uma doença da alma, uma erosão do caráter simbólico do iniciado.

Combater esse mal exige disciplina, humildade, conhecimento e vigilância constante. Só assim permaneceremos livres de contaminações internas, mantendo nossas Lojas fortes, coerentes e fiéis ao espírito iniciático que nos uniu.

Lembremo-nos: o esquecimento dos juramentos é o primeiro passo para a dissolução da identidade maçônica. E a cura começa no reconhecimento do erro.

Fonte: https://www.gadlu.info

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