Ir.: Álvaro Rodriguez Perez
A palavra irmão, tal como se encontra no dicionário, significa pessoa que descende de um ou dos dois pais comuns. Essa definição baseada na origem biológica da pessoa, embora bastante simples e precisa, não é suficiente para definir a palavra irmão no sentido mais amplo do termo.
Muitas religiões, notadamente a evangélica no Brasil, utilizam o termo irmão para definir aquele que professa a mesma religião que a sua. Esse sentido deriva da crença de que todos somos filhos de um único Deus e, portanto, a humanidade formaria, segundo esse entendimento, uma grande família sendo todos irmãos. É sem dúvida uma bela e filosófica visão e, talvez, seja um fim a ser alcançado.
Nos Estados Unidos da América, os índios Sioux tinham uma tradição que era a seguinte: todo menino nascido dentre eles, durante os primeiros meses era amamentado por todas as mulheres da tribo, dessa forma ele, ao tornar-se um guerreiro, considerava todas as mulheres da tribo como suas mães, todos os velhos como seus avós, e todos os demais guerreiros eram seus irmãos e, estando em batalha, cada um cuidaria da sua vida e da vida de seus irmãos, sendo esse um sentimento tão forte que jamais um deles seria abandonado no campo de batalha. Se tivessem que morrer, morreriam juntos; irmãos na vida e na morte.
Na Maçonaria temos o costume de nos tratar como irmãos, demonstrando dessa forma o caráter fraternal de nossa organização.
A partir desse momento, todos o tratam por irmão; os filhos de seus irmãos passam a tratá-lo como tio e as esposas dos irmãos passam a ser suas cunhadas. Forma-se, nesse momento, um elo firme entre o novo membro da ordem e a família maçônica.
É difícil precisar, no entanto, como esse vínculo se cria e se mantém. Por que, ao sermos reconhecidos como Maçons, nosso interlocutor prontamente abre um sorriso amigo e nos abraça, como se já nos conhecesse por e toda a vida? Que força é essa que nos une e faz com que pessoas de diferentes, raças, credos, profissões e classes sociais, tenham um sentimento de irmandade mais forte entre eles, que entre irmãos de sangue? A Maçonaria, que passou por várias fases em sua existência, desde a operativa até as atuais Lojas Simbólicas, foi refinando a maneira pela qual seus membros são escolhidos e convidados para integrar nossas colunas. O possível candidato, sem que o saiba, está sendo observado em seus atos e na forma de conduta na vida profana, e assim, ao ser formalmente convidado, parte de sua avaliação já foi concluída, bastando agora cumprir os regulamentos da respectiva potência maçônica, para levar a cabo o ingresso do novo membro.
Talvez, devido ao fato que todo o Maçom sabe dos rigores dessa seleção, e em que pese o fato de que algumas vezes cometemos erros, iniciando irmãos que nem de longe mereceriam essa honra, nós temos a tendência a confiar em um irmão porque sabemos que ele é livre e de bons costumes. Aquele que, ao apor sua assinatura em uma folha qualquer, acrescentar os três pontinhos deve saber que está dizendo ao mundo: "Sou Livre e de Bons Costumes". E, como tal, será cobrado em suas ações e atitudes tanto dentro dos templos como no mundo profano.
Creio que muitos irmãos adentram à nossa ordem sem a devida reflexão da responsabilidade que isso lhes impõem. Repetem os juramentos sem entender a verdadeira abrangência de suas palavras, e o fazem por que isso faz parte do ritual, da mesma forma que pessoas que jamais freqüentaram a Igreja, casam-se, juram amor eterno e fidelidade diante do sacerdote sem, no entanto, ter a menor intenção de cumprir esse juramento.
È compreensível que muitos irmãos entrem na Ordem sem o devido conhecimento da mesma, até porque esse conhecimento é pouco divulgado e, muitas vezes, os padrinhos e aqueles que fazem as sindicâncias não esclarecem o profano devidamente sobre as responsabilidades que estará assumindo. O que não é aceitável é que,depois de ingressar e conhecer nossas normas e formas de conduta exigidas, o irmão continue agindo como antes do ingresso, ou seja, ele se transforma naquilo que costumamos chamar de "Profano de Avental"; aquele irmão que, embora imbuído de boas intenções, não permeou seu espírito com os ensinamentos da Maçonaria e, mesmo que permaneça na Ordem por toda a vida, jamais será um Maçom no mais amplo sentido da palavra.
Nossa ordem necessita de irmãos que mantenham entre si aquele sentimento de fraternidade e solidariedade, tal qual os guerreiros Sioux que, mesmo sendo filhos genéticos de pais diferentes, se sintam irmãos, porque participam de algo que é maior que cada um deles individualmente. Nossas Lojas precisam de irmãos de verdade, aqueles que têm orgulho de pertencer a essa instituição e estão dispostos a sacrifícios pessoais em benefício da mesma. Cada um deve lembrar-se sempre que não escolheu a Maçonaria, mas foi por ela escolhido por reunir as condições necessárias para tal. No entanto, se ele escolheu ficar deve ser fiel aos seus juramentos.
Precisamos, portanto, de Irmãos com três pontinhos de verdade.
Fonte: Facebook_O Templo e o Maçom
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